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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS GRADUAÇÃO 2016.2 Aluno: ___________________________________________________ ECO1134 - ECONOMIA 1 72 h/a 4 Créditos MÓDULO 2 – ANÁLISE ECONÔMICA Prof.: Egenilton Rodolfo de Farias Email: aegenilton@yahoo.com.br © Copyright Egenilton 2016 Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 1 CONTEÚDO PÁGINA Análise Econômica: conceito de Economia 01 Análise Econômica: os problemas econômicos fundamentais 03 Análise Econômica: divisão do estudo econômico 06 Análise Econômica: multidisciplinaridade da Economia 08 Análise Econômica: métodos da ciência econômica 11 Questões sobre análise econômica 14 Referências usadas no módulo 2 15 ANÁLISE ECONÔMICA: CONCEITO DE ECONOMIA ALGUNS SIGNIFICADOS DA PALAVRA ECONOMIA Contenção ou moderação nos gastos, ex. ele fez economia e o dinheiro foi suficiente; Sistema produtivo de um país ou região, ex. a economia brasileira cresceu muito na década de 70; Ciência que trata dos fenômenos relativos à produção, distribuição e consumo de bens (ou teoria econômica), ex. ele estuda Economia; O mundo dos negócios, ex. o Governo intervém na economia para prevenir e combater abusos do poder econômico; Curso ministrado em faculdades de Ciências Sociais, ex. ele matriculou-se no curso de economia. DEFINIÇÃO DE ECONOMIA Em termos etimológicos a palavra “economia” vem do grego oikos e nomos (norma, lei). Teríamos, então, a palavra oikonomia que significa a “administração de uma unidade habitacional (casa)” podendo também ser entendida como “administração da coisa pública” ou de um Estado. Assim, quando nos referimos a uma pessoa dizendo que ela é econômica, estamos querendo dizer que ela é cuidadosa e parcimoniosa no gasto de dinheiro ou na utilização de materiais, ou seja, que ela é cuidadosa na administração dos seus recursos. Em Economia, por sua vez, estudamos as maneiras pelas quais os diferentes tipos de sistemas econômicos administram seus limitados recursos com a finalidade de produzir bens e serviços objetivando satisfazer as necessidades da população. Formalmente, podemos definir economia como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Estuda os processos de produção, distribuição, comercialização e consumo de bens e serviços, bem como as variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho, tecnologia), na distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços das mercadorias. Estuda também como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir os mais variados tipos de bens. Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica. NECESSIDADES Entende-se por necessidade humana a sensação da falta de alguma coisa unida ao desejo de satisfazê-la. Sabemos, por experiência própria, que as pessoas necessitam de ar, água, alimentos, roupas e abrigo para que possam sobreviver. Sabemos, também, que não há limite à variedade e número das necessidades humanas. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 2 ESCASSEZ E ESCOLHA A escassez é o problema econômico central de qualquer sociedade. Se não houvesse escassez não haveria necessidade de se estudar Economia. Por que ela existe? As necessidades humanas a serem satisfeitas através do consumo dos mais diversos tipos de bens (alimentos, roupas, casas etc.) e serviços (transporte, assistência médica etc.) são ilimitadas. Por outro lado, os recursos produtivos (máquinas, fábricas, terras agricultáveis, matérias-primas etc.) à disposição da sociedade, e que são utilizados na produção dos mais diferentes tipos de produtos são insuficientes para se produzir o volume de bens necessários para satisfazer as necessidades de todas as pessoas. O fenômeno da escassez está presente em qualquer sociedade, seja ela rica ou pobre. É verdade que para países como os Estados Unidos e a Suécia ela não é um problema tão grave como para a Somália e a Etiópia, em que sequer as necessidades básicas da população são satisfeitas. Mesmo assim, a escassez continua sendo um problema uma vez que as aspirações das pessoas por bens e serviços em geral superam a quantidade de bens e serviços produzidos pela sociedade. Da dura realidade da escassez decorre a necessidade da escolha. Já que não se pode produzir tudo o que as pessoas desejam, devem ser criados mecanismos que de alguma forma auxiliem as sociedades a decidir quais bens serão produzidos e quais necessidades serão atendidas. Portanto, pode-se dizer que a escassez é a preocupação básica da Ciência Econômica. Somente devido à escassez de recursos em relação às ilimitadas necessidades humanas que devem ser atendidas é que se justifica a preocupação de utilizá-los da forma mais racional e eficiente quanto possível. RECURSOS Os Recursos Produtivos (também denominados fatores de produção) são elementos utilizados no processo de fabricação dos mais variados tipos de mercadorias as quais, por sua vez, serão utilizadas para satisfazer necessidades. O trabalho, a terra, matérias-primas, combustíveis, energia e equipamentos são, entre outros, exemplos de recursos produtivos. Os Recursos Produtivos podem ser classificados em quatro grandes grupos: Terra, Trabalho, Capital e Capacidade Empresarial. Terra: é o nome dado pelos economistas para designar os recursos naturais existentes, ou dádivas da natureza, tais como florestas, recursos minerais, recursos hídricos etc. Compreende não só o solo utilizado para fins agrícolas, mas também o solo utilizado na construção de estradas, casas etc. Trabalho: é o nome dado a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens e serviços. Assim, constitui trabalho no sentido econômico o serviço prestado por um médico, o trabalho de um operário empregado na construção civil, a supervisão de um gerente de banco, o trabalho de um agricultor no campo. Capital (ou Bens de Capital): pode ser definido como o conjunto de bens fabricados pelo homem e que não se destinam à satisfação das necessidades através do consumo, mas que são utilizados no processo de produção de outros bens. O capital inclui todos os edifícios, todos os tipos de equipamentos e todos os estoques de materiais dos produtores, incluindo bens parcial ou completamente acabados, e que podem ser utilizados na produção de bens. Capacidade Empresarial: alguns economistas consideram a “Capacidade Empresarial” como sendo também um fator de produção. Isto porque o empresário exerce funções fundamentais para o processo produtivo. É ele que organiza a produção, reunindo e combinando os demais recursos produtivos assumindo, assim, todos os riscos inerentes à elaboração de bens e serviços. É ele quem colhe os ganhos do sucesso (lucro) ou as perdas do fracasso (prejuízo). A remuneração dos proprietários de recursos: Terra Aluguel Trabalho Salário Capital Juros Capacidade Empresarial Lucro Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 3 ANÁLISE ECONÔMICA: OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS Questão central do estudo da economia: como alocar recursos produtivos limitados (escassos) para satisfazer a todas as necessidades da população? Esse questionamento levou a sociedade a repensar sobre os modelos de sistema econômico. Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do homem, origina-se os chamados problemas econômicos fundamentais. PRINCIPAIS QUESTÕESQUE SE LEVANTAM EM ECONOMIA Que bens devem ser produzidos e em que quantidades? A resposta a esta questão determina o conhecimento do efeito dos recursos na economia. Geralmente não é indiferente, por exemplo, produzir mais Kms de auto-estrada ou mais habitações novas. No limite, costuma dar-se o exemplo das chamadas economias de guerra que produzem mais canhões e menos manteiga. Dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas. Como devem ser produzidos os bens? Esta é uma questão que determina o conhecimento da tecnologia de produção. Os bens alimentares agrícolas, por exemplo, podem ser produzidos a partir de uma utilização mais intensiva da terra, com o uso de maior quantidade de agro-químicos ou, pelo contrário, seguir-se uma via de produção extensiva (medidas agro-ambientais). A sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível. Como é que é feita a distribuição de bens e serviços? Esta questão determina o conhecimento da riqueza que os diferentes grupos sociais detêm. Genericamente, pode falar-se em termos da divisão do Rendimento Nacional: a parte detida pelos trabalhadores por conta de outrem e a parte detida pelos proprietários e profissões liberais. A sociedade terá também de decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por herança. O modo como as sociedades resolvem os problemas econômicos fundamentais depende da forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de cada nação. Qual a eficiência da Produção e Distribuição? A noção de eficiência da produção determina a possibilidade de se produzir mais uma unidade de um bem sem produzir menos de qualquer outro, isto é, a partir de um melhor aproveitamento dos recursos. A eficiência da distribuição determina que a riqueza possa ser melhor distribuída sem piorar a situação de outro indivíduo ou grupo social. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 4 São todos os recursos de um país utilizados? Esta é uma das questões centrais na moderna economia: por que existem desempregados? Por que existem fábricas que vão à falência? Apesar disso, continua por vezes a verificar-se faltam de determinado tipo de bens ou o país tem de comprar no mercado internacional para fazer face à procura interna. A economia está crescendo? Esta questão determina a riqueza futura de uma economia. Tem que crescer mais rápido do que a população e mais forte que as economias mais ricas. A escassez em Economia: noção de custo de oportunidade O conceito de custo de oportunidade permite relacionar a escassez e a escolha através da medida do custo de obter uma unidade de um produto em termos do número de unidades de outros produtos que poderiam ser obtidos. A fronteira de possibilidades de produção mostra todas as combinações que podem ser produzidas por uma economia. O movimento de um ponto para outro sobre a linha de fronteira mostra uma mudança no montante de bens a serem produzidos, obrigando a uma readequação dos recursos. Quem escolhe e Como? As economias modernas baseiam-se na especialização e divisão do trabalho, a partir da troca de bens e serviços. A troca é feita nos mercados e é garantida através da utilização do dinheiro. Grande parte da economia é dedicada ao estudo de como os mercados funcionam, coordenando milhões de decisões individuais e descentralizadas. Os governos assumem um papel muito importante nas economias modernas. É o governo que tenta contribuir para a criação de condições para o aumento da eficiência econômica, corrigindo situações onde os mercados não coordenam eficientemente as suas funções. É o governo que deverá garantir a redistribuição do rendimento e da riqueza visando uma menor desigualdade. CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO A fronteira de possibilidades de produção representa as quantidades máximas de produção que podem ser conseguidas numa determinada economia dadas as tecnologias e as quantidades dos fatores produtivos de que dispõe. Devido às limitações de recursos e de tecnologias, as quantidades de produção também são limitadas. Numa economia imaginária em que sejam produzidos apenas dois bens, se todos os recursos fossem utilizados para produzir um deles, conseguir-se-ia produzir uma determinada quantidade máxima desse mesmo bem e nada do outro. De igual forma, se os recursos fossem transferidos na sua totalidade para o outro bem, seria conseguida uma determinada quantidade máxima de produção desse mesmo bem e não se produziria nada do primeiro. Além destas duas possibilidades extremas, existem inúmeras situações intermédias de repartição dos recursos para a produção dos dois bens e que resultam em diferentes quantidades máximas de produção de cada um deles. Para facilitar a sua compreensão, a fronteira de possibilidades de produção pode ser representada num gráfico. Para isso, em cada um dos eixos é representada a quantidade de cada um dos bens: o conjunto de todos os pontos máximos de produção representa a fronteira de possibilidades de produção; os pontos exteriores à fronteira de possibilidades de produção são inatingíveis dadas as tecnologias e a quantidades de fatores produtivos disponíveis; pontos interiores representam ineficiência produtiva, ou seja, quantidades que estão abaixo das possibilidades da economia. Essa ferramenta analítica para lidar com esses problemas é a curva de possibilidade de produção (CPP). No caso mais simples, uma economia produz apenas dois bens. Então a CPP é uma tabela ou gráfico (como mostrado a seguir) que mostra as diferentes quantidades de dois bens. A tecnologia e os insumos (como terra, capital e trabalho) são tidos como "dados". Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 5 O ponto A no gráfico, por exemplo, mostra que FA de filmadora e CA de computadores podem ser produzidos quando a produção é eficiente. Assim como FB de filmadoras e CB de computadores (ponto B). Cada ponto na curva mostra um total máximo para a economia, que é a produção máxima de um bem, dada uma quantidade de produção do outro bem. A escassez é representada na figura pelas pessoas poderem querer, mas não poder consumir além da CPP. Se a produção de um bem aumenta, a produção do outro diminui, numa proporção inversa. Isso ocorre porque uma maior produção de um bem requer a transferência de insumos da produção do outro bem, diminuindo-a. A inclinação da curva em um ponto fornece o trade-off entre os dois bens. Ele mede quanto uma unidade adicional de um bem custa em unidades proporcionais do outro bem, um exemplo de custo de oportunidade. O custo de oportunidade é definido como uma expressão "da relação básica entre escassez e escolha". Ao longo da CPP, escassez significa que escolher mais de um bem implica viver com menos do outro. Ainda assim, numa economia de mercado, o movimento ao longo da curva também pode ser descrito como uma escolha que ‘vale o custo’ para os agentes. Por construção, cada ponto na curva mostra a eficiência produtiva, por maximizar a produção para um total de insumos dados. Um ponto "dentro"da curva é possível e representa ineficiência produtiva (uso de insumos com desperdício), no sentido de que a produção de um ou ambos os bens poderiam aumentar movendo-se no sentido nordeste em direção a um ponto na curva. Um exemplo de uma ineficiência pode ser de uma alta taxa de desemprego durante uma recessão. Estar na curva pode ainda não satisfazer completamente a eficiência alocativa se a curva não consistir de um mix de produtos que os consumidores queiram. Em coerência com os problemas econômicos comuns citados acima, muito da economia aplicada em políticas públicas está preocupada em determinar como a eficiência de uma economia pode ser aumentada. A atividade de reconhecer a realidade da escassez para então descobrir como organizar a sociedade para ter o uso mais eficiente dos recursos, foi descrita como a "essência da economia". Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 6 ANÁLISE ECONÔMICA: DIVISÃO DO ESTUDO ECONÔMICO A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em quatro áreas de estudo. MICROECONOMIA OU TEORIA DE FORMAÇÃO DE PREÇOS Examina a formação de preços em mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado e como decidem os preços e a quantidade para satisfazer a ambos simultaneamente. Estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do sistema, por meio de preços e quantidades relativas, ou seja, estuda o comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e pelas famílias; as empresas, suas produções e custos; a produção e o preço de diversos bens, serviços e fatores produtivos. Para exemplificar, pode-se citar a análise do funcionamento de empresas. MACROECONOMIA Estuda/ analisa a determinação e o comportamento dos grandes agregados nacionais, como o produto interno bruto (PIB), investimento agregado, a poupança agregada, o nível geral de preços, entre outros. Seu enfoque é basicamente de curto prazo (ou conjuntural), e busca explicar como a economia opera sem a necessidade de compreender o comportamento de cada indivíduo ou empresa que dela participam. Preocupa-se com o comportamento da economia como um todo, por meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego. Têm como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados estatísticos: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o consumo, a poupança e o investimento totais. ECONOMIA INTERNACIONAL Analisa as relações econômicas entre residentes e não-residentes do país, as quais envolvem transações com bens e serviços e transações financeiras. Por que as nações comerciam? Essa é uma pergunta interessante que esta disciplina pretende responder mais adiante. Segundo Carvalho (Carvalho, M.A e Silva, C.R., Economia Internacional. Ed. Saraiva, 4 ed: São Paulo, 2007): “O bom senso nos leva a crer que as nações comerciam porque podem obter vantagens.” Que tipos de vantagens? Todos os países têm vantagem em suas transações comerciais? A denominada Teoria clássica do comércio internacional estuda exatamente este aspecto. Para tanto, segue um breve resumo das principais teorias sobre o comércio internacional: Mercantilismo Teoria das Vantagens Absolutas Teoria das Vantagens Comparativas Teoria de Heckscher- Ohlin John Locke Adam Smith David Ricardo Eli Heckscher e Bertil Ohlin Entre 1500 e 1800 1776 1817 1933 Principal riqueza de uma nação: metais preciosos Principal riqueza de uma nação: trabalho Principal riqueza de uma nação: trabalho Principal riqueza de uma nação: trabalho Idéia central: acúmulo de metais Idéia central: especialização do trabalho. O comércio seria vantajoso sempre que houvesse diferenças nos custos de produção de bens entre países. Idéia central: o comércio é válido mesmo entre as nações sem vantagem absoluta na produção de nenhum bem Idéia central: cada país se especializa e exporta o bem que requer utilização mais intensiva de seu fator de produção abundante. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 7 Os adeptos do mercantilismo, doutrina econômica prevalecente entre os séculos XV e XVIII, acreditavam que a riqueza e o poder de uma nação eram determinados pelo tamanho de sua população e por seu estoque de metais preciosos. Defendiam que a ocorrência de superávits comerciais era a única forma de um país se tornar mais forte e abastado. Essa meta só seria alcançada com políticas de incentivos às exportações e restrições às importações. Se todos os países seguissem esses preceitos, o resultado seria a virtual ausência de comércio entre as nações. Os mercantilistas foram alvo das críticas de Adam Smith quando formulou sua teoria do comércio internacional. Smith era um entusiasta do livre comércio e sustentava que as transações internacionais colaboravam para o aumento do bem-estar dos países, pois colocavam à disposição de suas populações quantidades maiores de bens e serviços. Sua teoria das vantagens absolutas atestava que o comércio seria vantajoso sempre que houvesse diferenças nos custos de produção de bens entre países. David Ricardo, com a sua teoria das vantagens comparativas, resolveu um problema que Adam Smith deixou em aberto: o que ocorreria quando, em um dado país, os custos de produção de todas as mercadorias fossem maiores do que no resto do mundo? Ricardo demonstrou que não são os custos absolutos que importam, mas os relativos ou comparativos, que, por sua vez, são determinados pela produtividade do trabalho. Os economistas Eli Heckscher e Bertil Ohlin construíram uma teoria que justifica a existência de comércio a partir das diferenças nas dotações relativas dos fatores de produção. Eli Heckscher Bertil Ohlin DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da coletividade ao longo do tempo. O enfoque é também macroeconômico, mas centrado em questões estruturais e de longo prazo (como progresso tecnológico, estratégias de crescimento). O processo de desenvolvimento econômico supõe que ajustes institucionais, fiscais e jurídicos são necessários, incentivos para inovações e investimentos, assim como fornecer condições para um sistema eficiente de produção e distribuição de bens e serviços à população. Sua caracterização não se restringe ao crescimento da produção em uma região, mas trata principalmente de aspectos qualitativos relacionados ao crescimento. Os mais imediatos referem-se à forma como os frutos do crescimento são distribuídos na sociedade, à redução da pobreza, à elevação dos salários e de outras formas de renda, ao aumento da produtividade do trabalho e à repartição dos ganhos dele decorrentes. Também ao aperfeiçoamento das condições de trabalho, à melhoria das condições habitacionais, ao maior acesso à saúde e à educação, aos aumentos do acesso e do tempo de lazer, à melhora da dieta alimentar e à melhor qualidade de vida em seu todo envolvendo condições de transporte, segurança e baixos níveis de poluição em suas várias conotações, para citar alguns. Em essência, desenvolvimento significa a transformação das estruturas econômicas da sociedade a fim de se atingir um novo nível de capacidade produtiva. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 8 ANÁLISE ECONÔMICA: MULTIDISCIPLINARIDADE DA ECONOMIA Embora a Economia tenha seu núcleo de análise e seu objeto bem definidos, há muitos pontos de contato, onde são estabelecidas relações entre ela e outras áreas do conhecimento. ECONOMIA, FÍSICA E BIOLOGIA O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas nos séculos XVIII e XIX. A construção do núcleo científico inicial da Economiacomeçou a partir das chamadas concepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). Segundo o grupo organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo. Daí utilizarem-se termos como órgãos, funções, circulação e fluxos na teoria econômica. Já para o grupo mecanicista, as leis da Economia se comportariam como determinadas leis da Física. Daí advém os termos de estática, dinâmica, aceleração, velocidade, forças e outros. Com o passar do tempo, predominou uma concepção humanística, que coloca em plano superior os móveis psicológicos da atividade humana. ECONOMIA, MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA Apesar de ser uma ciência social, a Economia é limitado pelo meio físico, dado que os recursos são escassos, e se ocupa de quantidades físicas e das relações entre essas quantidades, como a que se estabelece entre a produção de bens e serviços e os fatores de produção utilizados no processo produtivo. Daí surge a necessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas para estabelecer relações entre variáveis econômicas. A Matemática toma possível escrever de forma resumida importantes conceitos e relações de Economia e permite análises econômicas na forma de modelos analíticos, com poucas variáveis estratégicas, que resumem os aspectos essenciais da questão em estudo. Tomemos como exemplo uma importante relação econômica: "O consumo nacional está diretamente relacionado com a renda nacional". A expressão diz que o consumo (C) é uma função (f) da renda nacional (RN). Ou seja, dada uma variação na renda nacional (RN), teremos uma variação diretamente proporcional (na mesma direção) do consumo agregado (C). Como as relações econômicas não são exatas, mas probabilísticas, recorre-se à Estatística. Em Economia tratamos de leis probabilísticas. Na relação vista anteriormente, conhecendo o valor da renda nacional num dado ano, não obtemos o valor exato do consumo, mas sim uma estimativa aproximada, já que o consumo não depende só da renda nacional, mas de outros fatores (como condições de crédito, juros, patrimônio). Se a Economia tivesse relações matemáticas, tudo seria previsível. Porém, não existem no mundo econômico regularidades como equivalência entre massa e energia (leis de Newton). Na Economia, o "átomo" aprende, pensa, reage, projeta, finge. Imagine como seria a Física e a Química se o átomo pudesse aprender: aquelas regularidades desapareceriam. Os átomos pensantes logo se agrupariam em classes para defender seus interesses: teríamos uma "Física dos átomos proletários", "Física dos átomos burgueses" e outros. Contudo, a Economia apresenta muitas regularidades, sendo que algumas relações são invioláveis. Por exemplo: o consumo nacional depende diretamente da renda nacional; a quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente proporcional com seu preço, tudo o mais constante; as exportações e as importações dependem da taxa de câmbio. A área da Economia que está voltada para a quantificação dos modelos chama-se Econometria, que combina teoria econômica, Matemática e Estatística. Lembremo-nos, porém, de que a Matemática e a Estatística são instrumentos, ou ferramentas de análise necessárias para testar as proposições teóricas com os dados da realidade. Permitem colocar à prova as hipóteses da teoria econômica, mas são meios, e não fins em si mesmos. A questão da técnica nos deve auxiliar, mas não predominar, quando tratamos de fatos econômicos, pois esses sempre envolvem decisões que afetam relações humanas. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 9 ECONOMIA COM O DIREITO Os sujeitos da economia (indivíduos, empresas e governo) são ajustados e limitados pelas leis; buscam maior interdependência entre as áreas; e é ligada a estrutura jurídica do sistema. E compete à lei situar o homem, a empresa e a sociedade diante do poder político e da natureza. O objetivo das empresas é maximizar os lucros. As normas jurídicas, entretanto, têm por fim proteger a sociedade de abusos e delimitam o campo de atuação das empresas. A Lei n.º 8884/94 (Que criou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC) tem a finalidade de evitar a formação de estruturas de mercado que impossibilitem a concorrência, gerando um ambiente propício para a extorsão dos consumidores por parte das empresas, ou seja, esta lei visa limitar o poder de monopólio das empresas, em benefício dos consumidores. As leis antitrustes são leis que atuam sobre a estrutura de mercado, de forma a evitar a concentração do mercado, a qual daria as empresas poder para expropriar os consumidores (cobrando preços abusivos), por meio da formação de cartéis, conluios ou a criação de monopólios que possam gerar fortes elevações de preços e/ou reduções da oferta de determinados produtos. A competência para a execução da política monetária, de crédito, cambial e de comércio exterior, pela constituição federal de 1988, é da União. A presença do Estado no mercado de locação tem sua razão de ser. Visto existir a diferença de poder de barganha entre as partes, dado que o inquilino não tem como esperar um prolongado processo de discussão de contratos de locação (pois precisa ter um lugar para morar), tendo uma taxa de impaciência muito maior que a do proprietário, que tem o imóvel normalmente como uma fonte de renda adicional. Com isso, há uma desigualdade de condições que geraria contratos extremamente prejudiciais para os inquilinos. ECONOMIA E POLÍTICA Começou com a Grécia e Roma antiga, onde os estudiosos procuravam entender a economia, a ética e a ciência política com a finalidade de desenvolver estudos sobre a agricultura, comércio, indústria, tributos, escravatura, organização sócio-política, moeda, valor, juros, salários. Mais tarde, na Idade Média, buscou-se também estudar a organização do estado e do relacionamento entre dirigentes e dirigidos. No ocidente atual, a relação entre a economia e a ciência política foi acentuada a partir da grande depressão causada pela crise da bolsa de valores de NY (1929), ocorrendo uma modificação da estrutura do sistema capitalista. Crianças carregam cartazes em manifestação de trabalhadores durante a Grande Depressão, em St. Paul, Minnesota, EUA, 1937. No cartaz que o menino segura lê-se: Por que você não dá um emprego meu pai? A Economia e a política são áreas muito interligadas, tornando-se difícil estabelecer uma relação de causalidade (causa e efeito) entre elas. A política fixa as instituições sobre as quais se desenvolverão as atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica se subordina à estrutura e ao regime político do país (se é um regime democrático ou autoritário). Porém, por outro lado, a estrutura política se encontra muitas vezes subordinada ao poder econômico, Citemos apenas alguns exemplos: política do "café com leite", antes de 1930, quando Minas Gerais e São Paulo dominavam o cenário político do país; poder econômico dos latifundiários; poder dos oligopólios e monopólios; poder das corporações estatais. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 10 ECONOMIA E HISTÓRIA Não é a principal fonte da analise econômica, mas auxilia bastante a acompanhar as mudanças e transformações culturais, a conhecer melhor o passado, entender o presente e antecipar o futuro. A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para a Economia, pois facilita a compreensão do presente e ajuda nas previsões. As guerras e revoluções, por exemplo, alteraram o comportamento e a evolução da Economia. Por outro lado, também os fatos econômicos afetam o desenrolar da História. Alguns importantes períodos históricos são associados a fatores econômicos, como os ciclos do ouro e da cana-de-açúcar no Brasil, e a Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de Nova York (1929),a crise do petróleo, que alteraram profundamente a história mundial. Em última análise, as próprias guerras e revoluções são permeadas por motivações econômicas. ECONOMIA E GEOGRAFIA A Geografia não é o simples registro de acidentes geográficos e climáticos. Ela nos permite avaliar fatores muito úteis à análise econômica, como as condições geoeconômicas dos mercados, a concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas e a composição setorial da atividade econômica. Atualmente, algumas áreas do estudo econômico estão relacionadas diretamente com a Geografia, como a economia regional, a economia urbana, as teorias de localização industrial e a demografia econômica. Estuda divergências ou diferenças do comportamento econômico (instituições econômicas, formas de organização da atividade produtiva) de país para país e às vezes de região para região em um país. ECONOMIA E SOCIOLOGIA Analisa a interação social, os comportamentos entre os grupos, sua mobilidade e estratificação (formação de classes sociais), condições de vida, níveis de organização, e cultura da sociedade. Ela é considerada uma Ciência Social porque as ciências sociais estudam a organização e o funcionamento da sociedade. A Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, e as Ciências Políticas são ciências sociais, uma vez que cada qual estuda o funcionamento da sociedade a partir de um determinado ponto de vista. A Economia ocupa-se do comportamento humano, e estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de bens e serviços. Na realidade, existem muitas definições da Economia como ciência, e elas têm evoluído ao longo da história, desde as primeiras escolas econômicas, datadas do século XVIII, até o presente. Veja a definição de um dos maiores economistas contemporâneos: “A economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados e para distribuí-los para consumo, agora ou no futuro, entre várias pessoas e grupos da sociedade.” Paul A. Samuelson (Nasceu em 1915. Foi um economista americano de ascendência judia, nascido na cidade de Gary, Indiana. Foi o primeiro norte americano a receber o Prêmio Nobel da Economia em 1970. Representou e defendeu a doutrina Keynesiana. Morreu em 13 de dezembro de 2009.) ECONOMIA COM A RELIGIÃO, MORAL, JUSTIÇA E FILOSOFIA No período anterior à Revolução Industrial do século XVIII, que corresponde à Idade Média, a atividade econômica era vista como parte integrante da Filosofia, Moral e É tica. A Economia era orientada por princípios morais e de justiça. Não existia ainda um estudo sistemático das leis econômicas, predominando princípios como a lei da usura, o conceito de preço justo (discutidos, dentre outros filósofos, por Santo Tomás de Aquino). Ainda hoje, as encíclicas papais refletem a aplicação da filosofia moral e cristã às relações econômicas entre homens e nações. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 11 ANÁLISE ECONÔMICA: MÉTODOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA TEORIAS E MODELOS Como qualquer outra ciência, a Economia preocupa-se com a previsão e a explicação de fenômenos. Para tanto, utiliza-se de teorias. E o que significa construir teorias? Em economia, construir teorias significa extrair conhecimentos sobre o funcionamento do sistema econômico. Uma teoria pode ser apresentada sob a forma de um modelo. Um modelo é a representação simplificada da realidade ou das principais características de uma teoria. Ele é composto por um conjunto de relações que podem ser expressas sob a forma de palavras, diagramas, tabelas de dados, gráficos, equações matemáticas ou qualquer combinação desses elementos, o que possibilita a simulação de fenômenos, observados empiricamente ou não. MÉTODOS DE ANÁLISE Os métodos científicos caracterizam-se pelo raciocínio lógico e classificam-se em Indutivo e Dedutivo. Método Indutivo É um método de raciocinar que parte de fatos particulares para se chegar a conclusões gerais. Aprendemos pela experiência do dia a dia, ao classificar observações ou fatos específicos e, em seguida, ao descobrir de que modo eles nos levam a uma generalização. Por exemplo: “O sol se levantou hoje. O sol tem se levantado todos os dias. Por conseguinte, o sol se levantará amanhã”. Método Dedutivo É um método de raciocinar que parte de premissas gerais para conclusões específicas. Tais premissas são afirmações que, acredita-se, sejam verdadeiras para um problema em particular. Por exemplo: “Toda empresa tenta maximizar o lucro. A Petrobras é uma empresa. Logo, ela tanta maximizar seu lucro”. É importante notar que uma conclusão pode ser válida sem que seja necessariamente verdadeira. Distinção entre Argumentos Positivos e Normativos Os argumentos que compõem a teoria econômica classificam-se em “positivos” e “normativos”. Os argumentos positivos procuram entender e explicar os fenômenos econômicos como eles realmente são; qualquer rejeição a esses argumentos pode ser confrontada com a realidade. Por exemplo: “São Paulo é o primeiro Estado na produção industrial brasileira.” Se duas pessoas discordarem em relação a essa questão, devem estar em condições de dirimir a divergência à vista dos fatos. Os argumentos normativos, por sua vez, dizem respeito ao que “deveria ser”. Os argumentos normativos são pontos de vista influenciados por fatores filosóficos, sociais e culturais; dependem de nossos julgamentos a respeito do que é certo e do que é errado, do que é bom e do que é ruim. Por envolverem “juízos de valor” sobre o que deve ser, tais argumentos não podem ser confrontados com os fatos objetivos da realidade. Por exemplo: “O combate ao desemprego deveria ser uma prioridade em relação ao combate da inflação”. Quanto à análise econômica, propriamente dita, a análise econômica positiva tem por objetivo maior a compreensão e previsão dos fenômenos econômicos do mundo real, sem que haja qualquer intenção de julgar essa realidade, ou de alterar o curso dos acontecimentos. Já a análise econômica normativa preocupa-se em compreender e prever a realidade, tendo por meta atingir determinados objetivos. Para tanto, utiliza-se de formulação de políticas econômicas para intervir no mundo real. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 12 ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS Bens e Serviços De modo geral, pode-se dizer que Bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias necessidades humanas. Por essa razão um bem é procurado: porque é útil. Os bens são classificados, quanto à raridade, em Bens Livres e Bens Econômicos: Bens Livres: são aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano (luz solar, ar, mar etc.). Satisfazem necessidades, mas cuja utilização não implica em relações de ordem econômica. A principal característica dos Bens Livres é a que não possuem preço (têm preço zero). Bens Econômicos: ao contrário, são relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano na sua obtenção. Tais bens apresentam como característica básica o fato de terem um preço. Quanto à natureza, os Bens Econômicos são classificados em dois grupos: Bens Materiais, ou bens propriamente ditos, e Bens Imateriais ou Serviços: Bens Materiais: são de natureza material sendo, portanto, tangíveis, e a eles podemos atribuir características como peso, altura etc. Alimentos, roupas, livros etc. são exemplos de bens materiais. Serviços: ao contrário, são intangíveis, ou seja, não podem ser tocados. Fazem parte dessa categoria de bens os cuidados de um médico, os serviços de um advogado, os serviços de transporte etc., que acabam no mesmo momento de sua produção. Isso significa que aprestação de serviços e sua utilização são praticamente instantâneas. Outra característica dos bens imateriais é a de que eles não podem ser estocados. Exemplificando, pode-se estocar bilhetes de metrô que dão ao seu possuidor o direito de viajar nesse meio de transporte; as viagens de metrô, entretanto, que são a própria prestação de serviços, não podem ser estocadas. Quanto ao destino, os Bens Materiais classificam-se em Bens de Consumo e Bens de Capital: Bens de Consumo: são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das necessidades humanas. Podem ser de uso não-durável, ou seja, que desaparecem uma vez utilizados (alimentos, cigarros, gasolina etc.) ou de uso durável, que têm como característica o fato de que podem ser usados por muito tempo (móveis, eletrodomésticos, etc.). Bens de Capital (ou Bens de Produção): são aqueles que permitem produzir outros bens. São exemplos de Bens de Capital as máquinas, computadores, equipamentos, instalações, edifícios etc. Tanto os Bens de Consumo quanto os Bens de Capital são classificados como Bens Finais, uma vez que passaram por todos os processos de transformação possíveis, significando que estão acabados. Além dos Bens Finais existem ainda os Bens Intermediários, que são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Eles são produtos utilizados no processo de produção de outros produtos, sendo, também, classificados como bens de capital. A título de exemplo podemos citar o fertilizante usado na produção de arroz, ou o aço, o vidro e a borracha usados na produção de carros. Os bens podem ser classificados ainda em Bens Privados e Bens Públicos: Bens Privados: são os produzidos e possuídos privadamente. Como exemplo temos os automóveis, aparelhos de televisão etc. Bens Públicos: referem-se ao conjunto de bens gerais fornecidos pelo setor público: educação, justiça, segurança, transportes etc. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 13 Agentes Econômicos As Famílias (ou unidades familiares): incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços objetivando o atendimento de suas necessidades de consumo. As Empresas: são unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e serviços. A produção é realizada através da combinação dos fatores produtivos adquiridos junto às famílias. O Governo: inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle o Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais. Muitas vezes o governo intervém no sistema econômico. Mercado Entendemos por mercado um local ou contexto em que compradores (o lado da procura) e vendedores (o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos estabelecem contato e realizam transações. Fluxos e Estoques Variável é qualquer mensuração capaz de variar. Assim, o preço de um produto será considerado variável se puder aumentar ou diminuir, ou seja, caso não seja tabelado. A variável “fluxo” é medida dentro de intervalo de tempo. A variável estoque, por sua vez, é medida em pontos (ou momentos, ou instantes específicos) do tempo. Condição Coeteris Paribus Expressão em latim que significa que “tudo o mais permanece constante”, nos permitindo analisar um mercado específico. Somente utilizando esta condição sine qua non (necessária e imprescindível) é que se pode realizar a análise parcial e estática do mercado. Assim, o foco de estudo fica dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que cada variável nele exerce, supondo que outras variáveis não interfiram no mercado de maneira absoluta, naquele exato momento do tempo. Adotando-se essa condição, torna-se possível o estudo de um determinado mercado selecionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes econômicos – consumidores e produtores – nesse mercado em particular, desconsiderando a influência de outros fatores, que estão em outros mercados. Papel dos preços relativos Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. Por exemplo, se o preço do guaraná cair em 10%, tudo o mais permanecendo constante (condição coeteris paribus), deve-se esperar um aumento na quantidade demandada de guaraná, e uma queda na demanda dos demais refrigerantes, que tiveram seus preços inalterados. Embora não tenha havido alteração no preço absoluto dos demais refrigerantes no mercado, seu preço relativo aumentou quando comparado ao do guaraná (que teve redução de preço). Racionalidade dos agentes econômicos Pelo lado da demanda, o foco de estudo é o comportamento do agente família enquanto consumidor de bens e serviços. Assim, o consumidor será orientado por um comportamento racional, onde irá maximizar a satisfação das suas necessidades, mediante uma restrição orçamentária (renda disponível). Pelo lado da oferta, o foco de estudo é o comportamento do agente empresa enquanto ofertante de bens e serviços. Assim, o produtor será orientado por um comportamento racional e buscará maximizar seu objetivo de obter lucro. Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 14 QUESTÕES SOBRE ANÁLISE ECONÔMICA 01) Por que os problemas econômicos fundamentais (o quê, quanto, como e para quem produzir) originam-se da escassez de recursos de produção 02) O que mostra a curva de possibilidades de produção? 03) Defina custo de oportunidade. 04) Conceitue: bens de capital, bens de consumo e bens intermediários. 05) Para fins didáticos, qual a divisão usual do estudo da economia? Qual a finalidade de cada área de estudo? 06) Qual a diferença entre escassez e pobreza? 07) Por que não pode haver custo de oportunidade sem escassez? 08) O objetivo das empresas é maximizar os lucros. As normas jurídicas, entretanto, têm por fim proteger a sociedade de abusos e delimitam o campo de atuação das empresas. Você acha que a Lei n.º 8884/94 tem essa finalidade? 09) Qual a importância da Matemática e da Estatística para estudos econômicos? Exemplifique. 10) O que diz a Teoria das Vantagens Comparativas? Quem foi seu autor? Economia 1 Módulo 2 ♦ Página 15 REFERÊNCIAS USADAS NO MÓDULO 2 www.editorasaraiva.com.br Carvalho, M.A e Silva, C.R., Economia Internacional. Ed. Saraiva, 4 ed: São Paulo, 2007. Capítulo 2 -5. Número de Chamada: ... ... www.editoraatlas.com.br ROSSETI, José Paschoal. Introdução à economia. 20. Ed. São Paulo: Atlas, 2008. Capítulos 2 a 6. Número de Chamada: 33 R829I www.editorasaraiva.com.br VASCONCELLOS, Marco Antonio S.; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2008. Capítulos 1, 3 e 4. Número de Chamada: 330.1 V331f www.editorasaraiva.com.br WESSELS, Walter J. Economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Capítulos 1 e 2. Número de Chamada: 33 W515e
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