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Estabelecimento empresarial

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Estabelecimento empresarial
Quando se fala na atividade empresária não há como deixar de pensar no investimento que é realizado para a sua prática. Isto porque o próprio conceito fala em organização dos meios de produção de bens ou de serviços. Sendo assim, ainda que minimamente, esse investimento necessário irá se transformar no patrimônio do titular da empresa, constituindo o estabelecimento empresarial.
*Decorrência do capital inicial. 
*O patrimônio é do titular da empresa, não da empresa.
O estabelecimento é o complexo organizado de bens, estruturado para o exercício da empresa. Por empresário ou sociedade empresária. É uma universalidade de bens que possui uma destinação: A realização da atividade empresária.
De acordo com o Art.1142 do código civil, o conceito moderno de estabelecimento empresarial engloba os dois que existiam antes do diploma civil de 2002: Estabelecimento comercial e fundo de comércio.
Natureza jurídica do estabelecimento: Discussão doutrinária.
Universalidade de fato X Universalidade de Direito
Art. 1143.  Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
Esse pode é que causa a discussão na doutrina: Se diz que o bem é uma universalidade de fato quando se origina da vontade dos particulares. 
Diz-se universalidade de direito quando esta universalidade é declarada pela lei. Sendo apenas considerado desta forma.
O impasse doutrinário é que a lei determina que pode (pode é faculdade não obrigatoriedade) seria assim a universalidade determinada pelo titular da empresa. Esses doutrinadores defendem que a empresa seria universalidade de fato, dos materiais que a compõe (Ex. Lanchonete- Freezer, mesas...).
A segunda parte da doutrina defende a universalidade de direito, como sendo o estabelecimento e tudo que o integra (Ex. Lanchonete- Ponto+ mesas + freezer...). Apesar do “pode” criar a ideia de faculdade a segunda parte acredita que para o estabelecimento empresarial ser considerado complexo organizado de bens, deve ser considerado universalmente. 
*Não é pacífico*
*A maioria das bancas tem escolhido a interpretação literal do art. 1143- universalidade de fato.*
O estabelecimento é um bem (pode ser móvel, imóvel, material ou até imaterial). Até a clientela, que antes estava dentro do conceito de fundo de comércio, hoje faz parte do conceito de estabelecimento empresarial.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.
Modernamente o estabelecimento não é mais conceituado apenas no seu aspecto estático, mas também no seu elemento dinâmico isto principalmente no que diz respeito à sua valoração.
É neste contexto que surge a teoria do Aviamento para dizer que na caracterização do estabelecimento empresarial deverá ser levando em consideração a maneira como os bens são estruturados, como por exemplo, a escolha do ponto comercial, as estratégias de marketing, fazendo com que a capacidade de lucros aumente ou diminua de acordo com a melhor capacidade de organização. 
O contrato de trespasse é aquele que tem por objeto a alienação, arrendamento ou usufruto do estabelecimento empresarial. 
O código civil regula tal contrato e estabelece os requisitos para a produção de efeitos, bem como delimita como serão tais efeitos. 
O contrato de trespasse tem que ser registrado e publicado. Isto é necessário para preservar o interesse dos credores. Assim essas formalidades são pressupostos de eficácia perante terceiros e não pressupostos de validade. 
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
*São dois registros um pra quem vendeu e um pra quem comprou*
Há ainda outro requisito de eficácia do contrato de trespasse, previsto no artigo 1145 do código civil.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
*só será aceito o desacordo expressamente*
Serão, então, três requisitos: Registro em cartório, Publicação em diário oficial e pagamento dos credores.
O contrato de trespasse possui 3 efeitos principais: Haverá cessão de crédito para o adquirente, que também assumirá as dívidas. Os contratos usados na exploração do estabelecimento também serão alterados, ocorrendo a sub- rogação do adquirente nos contratos existentes. 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
*Se o débito estava vencido antes da publicação do trespasse a solidariedade dura um ano a partir da data de publicação do contrato. Se os débitos só se venceram após a publicação do trespasse a solidariedade permanece por um ano a partir da data do vencimento do débito*.
Como o novo conceito de estabelecimento envolve também a clientela, o Art. 1149 prevê que os créditos referentes à exploração do estabelecimento também passarão a ser de propriedade do adquirente. 
Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.
Em relação à clientela fazer parte do estabelecimento, há que se observar também o art. 1147 que impede que o alienante faça concorrência ao adquirente.
O último efeito previsto em lei, diz respeito aos contratos existentes para a exploração do estabelecimento.
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal ( contrato feito levando em consideração a pessoa), podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
Exceções- Não haverá sub-rogação se houver caráter pessoal no contrato, só poderá acontecer se houver justa causa e no prazo de 90 dias a contar da publicação do ato.
Portanto, são efeitos do trespasse: Os débitos contabilizados são assumidos pelo adquirente, Os contratos existentes para a exploração são sub-rogados ao adquirente e os créditos são cedidos ao adquirente. 
Penhora do estabelecimento- Possibilidade
Súmula Nº 451 do STJ: “É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial”.
O estabelecimento é quem responde pelas obrigações do titular da empresa.

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