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Funções de várias Variáveis Notas de Aula 3 o Bimestre/2016 2 o ano - Licenciatura em Física Cálculo Diferencial e Integral IV Prof a Dr a Analice Costacurta Brandi Sumário 1 Funções de várias Variáveis 2 2 Funções de várias Variáveis reais a valores reais 3 3 Grá�co e Curvas de Nível 7 4 Superfícies de Nível 14 5 Limite e Continuidade 15 Referências Bibliográ�cas 23 1 1 Funções de várias Variáveis Recordemos que uma função f é uma correspondência que associa a cada elemento de um conjunto X um único elemento de um conjunto Y . Se X e Y são subconjuntos de R, f é dita função de uma variável real. Se X é subconjunto de Rn e Y é um suconjunto de R, f é uma função de n variáveis reais. Como ilustração, consideremos a temperatura T em um ponto da superfície da Terra em dado instante de tempo que depende da longitude x e da latitude y do ponto. Podemos pensar T como uma função de duas variáveis x e y, ou seja, T = f(x, y). O volume V de um cilindro circular depende de seu raio r e de sua altura h. Assim, V é uma função de r e h, ou seja, V (r, h) = pi r2h. Dizemos que a variável (dependente) V é uma função de duas variáveis (independentes) r e h, e escrevemos V = f(r, h). Aqui daremos ênfase ao estudo das funções reais de duas variáveis reais, pois não é difícil generalizar os resultados para funções de mais de duas variáveis. Observações: 1) O conjunto R = R1 é o espaço numérico 1 - dimensional, representado por uma reta (1D). 2) O conjunto R2 é o espaço numérico 2 - dimensional, representado por um plano (2D). 3) O conjunto R3 é o espaço numérico 3 - dimensional, representado pelo espaço tridimen- sional (3D). 4) Para n ≥ 4, não conseguimos representar geometricamente este conjunto. 2 2 Funções de várias Variáveis reais a valores reais De�nição 1: Uma função de duas variáveis reais a valores reais é uma função f : A→ R, onde A é um subconjunto de R2. Uma tal função associa, a cada par (x, y) ∈ A, um único número f(x, y) ∈ R. O conjunto A é o domínio de f e será indicado por Df . O conjunto Im(f) = {f(x, y) ∈ R/(x, y) ∈ Df} é a imagem de f . As palavras aplicação e transformação são sinônimas de função. f transforma o par ordenado (x, y) no número f(x, y). Se a relação f transforma o par ordenado (x, y) de A no número real z, escrevemos z = f(x, y). E ainda, z é chamada variável dependente enquanto x, y são ditas variáveis independentes. As funções a três ou mais variáveis são de�nidas por uma extensão óbvia da De�nição 1, como se segue. De�nição 2: Uma função de n variáveis reais a valores reais é uma função f : A → R, onde A é um subconjunto de Rn. Uma tal função associa a cada n-upla ordenada (x1, x2, . . . , xn) ∈ A, um único número real z = f(x1, x2, . . . , xn). O conjunto A é o domínio de f . Na equação z = f(x1, x2, . . . , xn), z é chamada variável dependende e x1, x2, . . . , xn são ditas variáveis independentes. A imagem de f é o conjunto Im(f) = {f(x1, x2, . . . , xn) ∈ R : (x1, x2, . . . , xn) ∈ A}. Exemplos: 1. Seja f a função de duas variáveis reais a valores reais dada por f(x, y) = x+ y x− y . a) Determine o domínio de f . Solução: 3 b) Calcule f(2, 3), f(1, 0) e f(a+ b, a− b). Solução: 2. Represente gra�camente o domínio das funções: a) f(x, y) = √ y − x+√1− y Solução: b) f(x, y) = 5x2y − 3x Solução: 4 c) w = f(u, v) dada por u2 + v2 + w2 = 1, w ≥ 0 Solução: d) z = f(x, y) dada por z = √ y − x2 Solução: e)f(x, y) = xy − 5 2 √ y − x2 Solução: 5 f) f(x, y) = √ x+ y + 1 x− 1 Solução: g) f(x, y) = x ln(y2 − x) Solução: h) f(x, y) = √ 9− x2 − y2 Solução: 6 3 Grá�co e Curvas de Nível Outra forma de visualizar o comportamento de uma função de duas variáveis é considerar seu grá�co. De�nição 3: O grá�co de uma função f : A ⊂ R2 → R é o conjunto de todos os pontos (x, y, z) ∈ R3 tais que z = f(x, y). Considerando um sistema ortogonal de coordenadas cartesianas, o grá�co de f pode ser pensado como o lugar geométrico descrito pelo ponto (x, y, f(x, y)), quando (x, y) percorre o domínio de f . Observação: O grá�co de uma função f de duas variáveis é uma superfície que representa o conjunto de todos os pontos no espaço tridimensional cujas coordenadas cartesianas são dadas por triplas ordenadas de números reais (x, y, z). Como o domínio de f é um conjunto de pontos no plano xy, e como cada par ordenado (x, y) no domínio de f corresponde um único valor de z, nenhuma reta perpendicular ao plano xy pode interceptar o grá�co de f em mais de um ponto. A representação geométrica do grá�co de uma função de duas variáveis não é fácil. Assim sendo, quando se pretende ter uma visão geométrica da função desenha-se suas curvas de nível, cuja representação geométrica é sempre mais fácil de ser obtida do que o grá�co de uma função. De�nição 4: Sejam z = f(x, y) e c ∈ Im(f). O conjunto de todos os pontos (x, y) ∈ Df tais que f(x, y) = c é denominado curva de nível de f correspondente ao nível z = c. Assim, f é constante sobre cada curva de nível. O grá�co de f é um subconjunto do R3. Uma curva de nível é um subconjunto do domínio de f , portanto, do R2. Exemplos: 1. O grá�co da função constante f(x, y) = k é um plano paralelo ao plano xy. Solução: 7 2. Esboce o grá�co das seguintes funções: a) f(x, y) = 6− 3x− 2y Solução: 8 b) g(x, y) = √ 9− x2 − y2 Solução: 9 c) f(x, y) = x2 + y2 Solução: 10 3. Esboce o grá�co das curvas de nível da função f(x, y) = 6 − 3x − 2y para os valores k = −6, 0, 6 e 12. Solução: 11 4. Esboce as curvas de nível da função g(x, y) = √ 9− x2 − y2 para k = 0, 1, 2 e 3. Solução: 12 5. Esboce o grá�co da função f(x, y) = x2 + y2 e suas curvas de nível para k = 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Solução: 6. Construa o grá�co das curvas de nível de f(x, y) = x2 + y2 + 1, para k = 3, 4 e 5. Solução: 13 4 Superfícies de Nível Seja f : A ⊂ R3 → R uma função que associa a cada terna (x, y, z) ∈ A um único número real w = f(x, y, z). Temos que G(f) = {(x, y, z, w) ∈ R4 : w = f(x, y, z), (x, y, z) ∈ A}. O grá�co de f é então um subconjunto de R4, não sendo, portanto, possível representá-lo geometricamente. Para obter uma visão geométrica de tal função utilizamos as superfícies de nível. Se c ∈ Im(f), o conjunto de todos os pontos (x, y, z) ∈ A tais que f(x, y, z) = c denomina-se superfície de nível correspondente ao nível w = c. Exemplos: 1. Determine as superfícies de nível da função f(x, y, z) = x2 + y2 + z2. Solução: 2. Se f(x, y, z) = y, a superfície de nível correspondente é o plano y = c, para cada c ∈ R. Solução: 14 5 Limite e Continuidade O conceito de limite pode ser estendido facilmente para funções de duas ou mais va- riáveis. Por exemplo, a�rmar que f(x, y) tende ao limite L quando (x, y) tende a (x0, y0) signi�ca que o número f(x, y) pode estar arbitrariamente próximo do número L desde que o ponto (x, y) esteja su�cientemente próximo de (x0, y0), contando que (x, y) 6= (x0, y0). A notação é lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = L ou lim x→x0 f(x, y) = L. De�nição 5: Sejam f : A ⊂ R2 → R uma função, (x0, y0) um ponto de acumulação de A e L ∈ R. De�nimos lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = L ⇔ ∀ ε > 0, ∃ δ > 0 tal que para todo (x, y) ∈ Df , 0 < ‖(x, y)− (x0, y0)‖ < δ ⇒ |f(x, y)− L| < ε. lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = L signi�ca que dado ε > 0, existe δ > 0 tal que f(x, y) pertence ao intervalo (L−ε, L+ε) quando (x, y), (x, y) 6= (x0, y0) varia na bola aberta de centro (x0, y0) e raio δ. Exemplos: 1. Se f(x, y) = k (função constante) então lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = k, ∀(x, y) ∈ R2. 2. Se f(x, y) = x,∀(x, y) ∈ R2, então lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = lim (x,y)→(x0,y0) x = x0, ∀(x0,y0) ∈ R2. 15 3. Prove que lim (x,y)→(1,2) (3x+ 2y) = 7. Solução: Enunciaremos algumas propriedades para limite de funções de duas variáveis: 1. Se lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = L1 e lim (x,y)→(x0,y0) g(x, y) = L2, então: a) lim (x,y)→(x0,y0) [f(x, y) + g(x, y)] = L1 + L2 b) lim (x,y)→(x0,y0) [f(x, y)− g(x, y)] = L1 − L2 c) lim (x,y)→(x0,y0) [k f(x, y)] = k L1 (k constante) d) lim (x,y)→(x0,y0) [f(x, y).g(x, y] = L1.L2 e) lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) g(x, y) = L1 L2 , desde que L2 6= 0. 2. (Teorema do Confronto): Se f(x, y) ≤ g(x, y) ≤ h(x, y) para 0 < ‖(x, y)−(x0, y0)‖ < r e se lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = L = lim (x,y)→(x0,y0) h(x, y) então lim (x,y)→(x0,y0) g(x, y) = L. 16 3. Se lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = 0 e se |g(x, y)| < M para 0 < ‖(x, y) − (x0, y0)‖ < r, onde r > 0 e M > 0 são números reais, então: lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) g(x, y) = 0. 4. lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = 0⇔ lim (x,y)→(x0,y0) |f(x, y)| = 0. 5. lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = L⇔ lim (x,y)→(x0,y0) [f(x, y)− L] = 0. 6. lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = L⇔ lim (h,k)→(0,0) f(x0 + h, y0 + k) = L. Exemplos: 1. lim (x,y)→(0,0) 1√ 4− x2 − y2 Solução: 2. lim (x,y)→(−1,2) 5x2y + 2xy − 3y 2 x+ y Solução: 3. lim (x,y)→(0,0) [esin(5x 2+y2) + cos(3xy)] Solução: 17 4. lim (x,y)→(0,0) x3 x2 + y2 Solução: Observamos que lim x→a f(x) existe se, e somente se, os limites laterais lim x→a+ f(x) e lim x→a− f(x), existem e são iguais. Tratando com um limite de uma função f a duas variáveis, isto é, lim (x,y)→(a,b) f(x, y), devemos supor que o ponto (x, y) se aproxime do ponto (a, b) não apenas pela direita ou pela esquerda, mas também por qualquer outra direção. Podemos ainda su- por que (x, y) se aproxime de (a, b) ao longo de uma curva. Dizer que lim (x,y)→(a,b) f(x, y) = L signi�ca que (x, y) tende a (a, b) por qualquer direção, f(x, y) tende ao mesmo limite L. Portanto, um meio conveniente de mostrar que um particular limite lim (x,y)→(a,b) f(x, y) não existe é mostrar que f(x, y) tende a dois limites diferentes quando (x, y) tende a (a, b) por duas direções diferentes. Assim, se f(x, y) → L1 quando (x, y) → (a, b) ao longo da curva C1 e f(x, y) → L2 quando (x, y)→ (a, b) ao longo da curva C2, com L1 6= L2 então lim (x,y)→(a,b) f(x, y) não existe. 18 Exemplos: 1. Mostre que lim (x,y)→(0,0) x2 − y2 x2 + y2 não existe. Solução: 2. Calcule, caso exista, lim (x,y)→(0,0) x2 x2 + y2 . Solução: 19 3. Se f(x, y) = xy2 x2 + y4 , será que lim (x,y)→(0,0) f(x, y) existe? Solução: 4. Determine, se existir, lim (x,y)→(0,0) 3x2y x2 + y2 . Solução: 20 De�nição 6: Seja f : A ⊂ R2 → R uma função de duas variáveis e (x0, y0) ∈ A. Dizemos que f é contínua em (x0, y0) se: a) Existe lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y); b) lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y) = f(x0, y0). Exemplos: 1. Veri�que se f(x, y) = x2 − 4y2 x− 2y , se x 6= 2y 5, se x = 2y é contínua em (2, 1). Solução: 2. Determine se f é contínua em (0, 0) se f(x, y) = 3x2y x2 − y2 se (x, y) 6= (0, 0) 0 se (x, y) = (0, 0) . Solução: 21 Propriedades da Continuidade: Se f e g forem duas funções contínuas em um ponto (x0, y0), então: i) f + g é contínua em (x0, y0); ii) f − g é contínua em (x0, y0); iii) f.g é contínua em (x0, y0); iv) f g é contínua em (x0, y0) desde que g(x0, y0) 6= 0. Exemplos: 1. Determine todos os pontos em que f é contínua se f(x, y) = { x2 + y2, se x2 + y2 ≤ 1 0, se x2 + y2 > 1 . Solução: 22 Referências Bibliográ�cas [1] Fürkotter, M., Notas de Aula - Cálculo Diferencial e Integral II, FCT/UNESP - Pre- sidente Prudente, 1995. [2] Guidorizzi, H. L., Um curso de cálculo, vol. II, Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Cientí�cos, 1986. [3] Stewart, J., Cálculo, vol. 2, 6. ed., São Paulo, Cengage Learning, 2009. [4] Thomas, G. B., Cálculo, vol. 2, 11. ed., São Paulo, Pearson, 2009. 23 Funções de várias Variáveis Funções de várias Variáveis reais a valores reais Gráfico e Curvas de Nível Superfícies de Nível Limite e Continuidade Referências Bibliográficas
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