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27/5/2013 1 Espiroquetas Leptospira Microbiologia Veterinária UFBA – 2013.1 Espiroquetas • Gram negativas • Delgadas e helicoidais • Ordem Spirochaetales: • São 14 gêneros, dentre os mais importantes: – Treponema – Borrelia – Leptospira 27/5/2013 2 Espiroquetas • São bactérias móveis, helicoidais. – São impulsionados por rotação em ambiente líquido – Móveis – filamento axial Família: Leptospiraceae Gênero: Leptospira • Acomete cães, bovinos, ovinos, suínos e equinos. • Doença septicêmica, hepática e renal. – Bovinos, suínos e equinos – aborto – Equinos – uveíte (cegueira periódica) 27/5/2013 3 Espécies patogênicas: •Leptospira interrogans •Leptospira santarosai •L. borgpetersenii •L. kirschneri •L. noguchi •L. weilii •L. alexanderi Espécies saprófitas: •Leptospira biflexa •L. wolbachi Sorovares e sorogrupos baseados nos antígenos de superfície celulares O gênero é dividido em 17 espécies segundo análises de DNA. http://www.bacterio.cict.fr/l/leptospira.html 27/5/2013 4 Taxonomia • A composição antigênica usada com propósitos taxonômicos é o sorovar (ou sorotipo). – Determinado a partir de aglutinação microscópica. • Sorogrupos (conveniência) – Organização dos sorovares antigenicamente relacionados. – São 23 sorogrupos – 260 sorovares ou sorotipos Espécie Sorogrupo Sorovar Principais hospedeiros L.interrogans (sensu stricto) Icterohaemorrhagiae icterohaemorrhagiae* Rato (Rattus) copenhageni Rato (Rattus) lai Camundongos do campo (Apodemus) Pyrogenes manilae Rato Pomona pomona Porcos Canicola canicola Cães Grippotyphosa grippotyphosa* marsupiais, guaxinim Sejroe hardjo* Bois, carneiros Australis bratislava Cavalos L.kirschneri Grippotyphosa grippotyphosa* marsupiais, guaxinim Cynopteri cynopteri morcegos Autumnalis bim Camundongos domésticos (Mus) L.borgpetersenii Ballum ballum Camundongos domésticos (Mus) Sejroe hardjo* Bois, carneiros Tarassovi tarassovi Porcos Javanica javanica Ratos L.santarosai Shermani shermani Ratos L.inadai Icterohaemorrhagiae icterohaemorrhagiae* Rato (Rattus) Seletividade de hospedeiros Tabela de classificação genômica e sorológica das principais leptospiras patogênicas de interesse médico e veterinário - adaptado de Faine 1999 , Bharti 2003 e Brenner 1999 . Nota: * algumas sorovares estão distribuídas em mais de uma espécie genômica. 27/5/2013 5 Leptospira - As leptospiras são bacilos helicoidais – Aeróbio obrigatório – Extremidades encurvadas em forma de gancho, com grande motilidade. – Possuem 0,1m de diâmetro por 6 a 12m de comprimento. Microscopia eletrônica de varredura: é possível observar a forma em espiral típica das leptospiras. 27/5/2013 6 Microbiologia • Meio líquido de EMJH (Ellinghausen-McCullough-Johnson- Harris): – 1% de albumina bovina e tween 80 (fonte de ácidos graxos de cadeia longa). • Meio de Korthof modificado • Meio de Stuart modificado • Meio semi-sólido de Fletcher Microbiologia • Temperatura ideal de crescimento in vitro entre 28oC e 30oC. • pH ideal entre 7,2 a 7,6. • A oxigenação é um fator de crescimento limitante. • Possuem crescimento lento: a maioria das culturas mostra-se positiva em 2 semanas, mas pode levar até 4 meses. Tempo de geração – 12 horas... 27/5/2013 7 Curva de crescimento de Leptospira patogênica Lepto Growth Curve 30oC 36oC L1-130 HRB 4,7 Density 4,3x108 lepto/ml (start day 0 with: 3x103 lepto/ml) 1,00E+03 1,00E+04 1,00E+05 1,00E+06 1,00E+07 1,00E+08 1,00E+09 1,00E+10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11121314 days Le pt o pe r m l Virulent L1-130 lepto 30oC Virulent L1-130 lepto 36oC Microbiologia • São catalase positiva e oxidase positiva. • Gram negativos. • Observados a fresco em microscópio de campo escuro. 27/5/2013 8 Estrutura da Leptospira Proteínas, lipídeos, LPS 27/5/2013 9 Genoma da Leptospira (dois cromossomos circulares) • Sequenciamento de L. interrogans sorovar Copenhageni: A cepa do genoma foi isolada durante o surto de 1996 em Salvador • Projeto da FAPESP, FIOCRUZ e universidades federais • O genoma foi sequenciado de 2002 a 2004 (J Bacteriol 2004; 186;2164) Leptospira interrogans 27/5/2013 10 Leptospirose • Zoonose de importância global. • Distribuição mundial – Ocorrência favorecida por condições ambientais (clima tropical, elevada temperatura, época de chuvas) – surtos epidêmicos de caráter sazonal. • Animais reservatórios – Rato, cães, bovinos, equinos, animais silvestres. – Roedores são portadores sadios, albergando a Leptospira nos rins e eliminando-as vivas no meio ambiente. Rato marrom Rattus norvegicus Epidemiologia • Transmissão através de lesões de pele e através de pele intacta – Invasão, colonização e replicação em tecidos (fígado e rim). • Contato indireto – Solo, água, alimentos contaminados com urina de animais infectados – Ingestão de leite de vacas contaminadas • Contato direto – Manipulação de tecidos de animal infectado 27/5/2013 11 Características do agente que favorecem o aparecimento de surtos • Elevado grau de variação antigênica • Relativo grau de sobrevivência a nível ambiental: – 180 dias, com umidade, protegido de raios solares • Ampla variedade de hospedeiros suscetíveis Espécie Sorogrupo Sorovar Principais hospedeiros L.interrogans (sensu stricto) Icterohaemorrhagiae icterohaemorrhagiae* Rato (Rattus) copenhageni Rato (Rattus) lai Camundongos do campo (Apodemus) Pyrogenes manilae Rato Pomona pomona Porcos Canicola canicola Cães Grippotyphosa grippotyphosa* marsupiais, guaxinim Sejroe hardjo* Bois, carneiros Australis bratislava Cavalos L.kirschneri Grippotyphosa grippotyphosa* marsupiais, guaxinim Cynopteri cynopteri morcegos Autumnalis bim Camundongos domésticos (Mus) L.borgpetersenii Ballum ballum Camundongos domésticos (Mus) Sejroe hardjo* Bois, carneiros Tarassovi tarassovi Porcos Javanica javanica Ratos L.santarosai Shermani shermani Ratos L.inadai Icterohaemorrhagiae icterohaemorrhagiae* Rato (Rattus) Seletividade de hospedeiros Tabela de classificação genômica e sorológica das principais leptospiras patogênicas de interesse médico e veterinário - adaptado de Faine 1999 , Bharti 2003 e Brenner 1999 . Nota: * algumas sorovares estão distribuídas em mais de uma espécie genômica. 27/5/2013 12 Barreiras para prevenção • Controle de fontes ambientais – difícil • Transmissão contínua entre animais silvestres e domésticos • Alta densidade de ratos – controle difícil Apresentação clínica • Cães – forma aguda em filhotes – L. interrogans sorovar Canicola – L. interrogans sorovar Icterohaemorrhagiae • Bovinos – aborto, bezerro enfraquecido – L. borgpetersenii sorovar Hardjo – L. interrogans sorovar Pomona • Equinos – aborto, uveíte – L. interrogans sorovar Pomona – L. kirschneri sorovar Grippotyphosa 27/5/2013 13 Apresentação clínica - humanos Amplo espectro de manifestações clínicas: – Curso subclínico ou sintomas semelhantes ao resfriado comum. – Forma ictérica grave (doença de Weil -1886) associada à insuficiência renal aguda e outras complicações potencialmente fatais: • Falência renal • Alteração hepática • Icterícia • Hemorragias – Hemorragia pulmonar (associada com >75% de mortalidade). Apresentação clínica - humanos • Grande variedade de manifestação clínica, uma vez que cepas de Leptospira podem afetar diferentes órgãos. • A leptospirose é confundida com gripe, meningite séptica, encefalite, dengue, hepatite, febre amarela, gastrenterite etc. • Todos estes aspectos causam confusão no diagnóstico clínico. 27/5/2013 14 Hemorragia pulmonar Exposição •Contato com água suja, água da chuva, lama, esgoto, caixa de gordura, ratos. • Primariamente relacionada a trabalhos rurais. • Em países desenvolvidos, está mais relacionada a esportes aquáticos. 27/5/2013 15 Epidemiologia • Em Salvador, epidemias ocorrem principalmente em regiões pobres onde faltam saneamento básico e em períodos de chuva intensa. • As epidemias estão associadas com índices de letalidades superiores a 15%. 27/5/2013 16 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 M J N M J N M J N M J N M J N M J N M J N M J N M J Mês de Hospitalização N o. d e C as os -100 0 100 200 300 400 500 600 700 P re ci pi ta çã o P lu vi m ét ric a (m m ) Unconfirmed Probable Confirmed Precipitation 19 96 19 97 ` 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 Epidemias Anuais de Leptospirose Grave em Salvador-Bahia, 1996-2004 (N=2,300 casos) 27/5/2013 17 Diferenças pela idade e sexo na incidência e soroprevalência da Leptospirose grave Taxas de leptospirose grave em Salvador (1996-2001) 0 5 10 15 20 25 30 35 0 - 9 10 - 19 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 60 - 69 70 - 79 Total idade (anos) In ci dê nc ia a nu al d e le pt os pi ro se g ra ve Homens Mulheres • Foram capturados 142 Rattus norvegicus nos domicílios dos casos. • Leptospiras foram isoladas da urina de 76% dos ratos. • Todos os isolados foram do mesmo sorovar, Copenhageni, e do mesmo genótipo dos isolados dos pacientes (N=80) identificados durante a vigilância (1996-1999). Investigação dos Reservatórios (Surto em 1998): 27/5/2013 18 Patogenia • A patogenia da leptospirose ainda não é bem compreendida. • Complicações mais graves surgem na fase imune, após surgimento de anticorpos específicos. • Estudo de série de casos correlaciona níveis séricos de TNF- com gravidade da doença aguda e mortalidade na leptospirose (Tajiki e Salomao, 1996). Fatores de virulência • Invasão direta e multiplicação nos tecidos Membrana plasmática da célula invadida Núcleo da célula invadida 27/5/2013 19 Túbulo renal com grande colonização por leptospiras Túbulo renal de rato 27/5/2013 20 Leptospira em íntimo contato com a superfície do epitélio tubular renal. Como evitar • Evitar ao máximo o contato com água suja proveniente de enchentes, esgotos, margens de córregos. • Se o contato for inevitável, utilizar botas e luvas de borracha 27/5/2013 21 Diagnóstico • Microbiológico: – Microscopia: • Coloração de Gram • Exame em campo escuro • Coloração pela prata – Cultura (isolamento demorado – até 4 meses): • Sangue • Líquido cefalorraquidiano • Urina • Biologia molecular: • Amplificação através de reação em cadeia da polimerase Diagnóstico • Imunológico – Microaglutinação (MAT): • Teste padrão para confirmação de casos • Requerimento de amostras de soro pareadas • Somente podem ser realizados em laboratórios de referência • Sensibilidade baixa (<60%) para detecção da doença na fase precoce 27/5/2013 22 Diagnóstico – Métodos Imunohistoquímicos ou fluorescentes: • Autópsia para confirmação de diagnósticos – Hemaglutinação indireta (IHA) – DOT-ELISA IgM – Western Blot – Dipstick IgM (Lepto Dipstick) – ELISA: • B-ELISA IgM (Biolisa), P-ELISA IgM (Pan-Bio), S-ELISA IgM (Serrion Elisa ) Barreiras na identificação da leptospirose • O desafio para o diagnóstico é identificar a infecção na fase inicial da doença, para prevenir infecções graves. • Casos de leptospirose identificados erroneamente como dengue na fase inicial da doença. 27/5/2013 23 Desenvolvimento de vacinas • Leptospiras inativadas – Utilizadas na veterinária – Imunidade específica de sorovar – China e Cuba • Reações adversas • Imunidade de curta duração em animais • Induzem a formação de anticorpos aglutinantes Estratégias alternativas • Proteínas definidas – menos reações adversas • Não induzem a formação de anticorpos aglutinantes • Utilização de proteínas conservadas em todos sorovares patogênicos – proteção cruzada
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