Buscar

28 PRESSUPOSTOS EPISTEMIOLOGICOS-FILOSOFIA E EDUCAÇÃO

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Fundamentos de Filosofia e Educação
Pressupostos epistemológicos da educação: empirismo, apriorismo e construtivismo. 
	
Será que toda teoria pedagógica pressupõe uma teoria epistemológica? Será que todo professor na sua atuação prática faz uso de uma teoria do conhecimento? Pode‑se afirmar que toda teoria pedagógica pressupõe uma teoria epistemológica, da qual o professor faz uso, mesmo que ele não tenha consciência disso, ou seja, mesmo que o professor não saiba qual teoria do conhecimento sustenta sua práxis pedagógica, ele faz uso de alguma, ainda que isso não lhe seja claro, isso porque o ato de educar pressupõe a quem educar e como educar. Quem eu vou educar já sabe alguma coisa? Quem eu vou educar não sabe nada, é como uma lousa em branco? Se concebo meu aluno como uma lousa em branco, eu, professor, serei o transmissor exclusivo do conhecimento. Se não concebo meu aluno como uma lousa em branco, meu procedimento deverá ser diferente.
OS PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Na pedagogia diretiva, o professor é o centro do processo de conhecimento. Ele é o portador do conhecimento que deve ser transmitido aos alunos. O aluno é concebido como uma lousa em branco, como uma tábula rasa ou mesmo um balde vazio, que deverá ser preenchido com os conhecimentos transmitidos pelo professor. 
A epistemologia que sustenta essa prática é o empirismo. Nessa concepção, o indivíduo nasce como uma folha em branco, que será preenchida no seu contato como o meio físico e social. Na escola, quem representa os conhecimentos, conteúdos e valores a serem transmitidos são os professores. Daí que, na relação sujeito e objeto, o professor é o sujeito do processo de conhecimento, o detentor do conhecimento, e o aluno, o não sujeito ou: ainda não dotado de conhecimento. Dessa forma, tanto o conteúdo dos conhecimentos quanto a capacidade do aluno de conhecer vem do meio físico ou social. O professor é o agente do conhecimento e considera seu aluno como uma folha em branco, não apenas quando nasceu ou quando chegou à escola, mas sempre que inicia um novo conteúdo da matéria (cf. BECKER, 2001, p. 17). Sendo assim, cabe ao professor transmitir os conhecimentos e depois avaliar, medindo o “nível de conhecimento” que foi transferido aos alunos (MACHADO, 2004, p. 16).
Empirismo e a pedagogia diretiva
Portanto essa relação preconizada pela pedagogia diretiva é caracterizada pela passividade dos alunos, já que eles devem ficar sentados, enfileirados, em silêncio, prestando atenção, para, assim, obterem o conhecimento transmitido pelo professor. Tal modelo epistemológico favorece a reprodução da ideologia e a manutenção do status quo, ou seja, da situação existente, uma vez que não há incentivo ao questionamento, à reflexão e à criatividade (cf. BECKER, 2001, p. 18).
Empirismo e a pedagogia diretiva
A concepção pedagógica não diretiva ou apriorista, do ponto de vista epistemológico, apoia‑se na concepção idealista que admite a existência de ideias inatas ao indivíduo. Para ela, o aluno é o centro do processo de conhecimento, e o professor é um mediador, um facilitador da aprendizagem. O aluno é concebido como dotado de potencialidades inatas, por sua bagagem genética. Cabe ao professor despertar o que cada um já tem em potência. O aluno aprende não porque o professor ensina, mas porque ele já nasceu com o dom de aprender, ou seja, a inteligência é algo dado a priori, nasce com o aluno e necessita ser desenvolvida. Cabe ao professor auxiliar, ajudando a despertar o conhecimento já existente no aluno. Se na concepção anterior, o professor era o centro do processo e seu poder e autoridade eram legitimados pelo modelo epistemológico, aqui isso já não poderia ocorrer. Por outro lado, já que o modelo epistemológico não legitima o poder do professor, esse poder acaba, em geral, assumindo uma forma mais dissimulada e perversa que no modelo tradicional (ibidem, p. 21). Segundo Becker,
Apriorismo e a pedagogia não diretiva
[...] essa mesma epistemologia, que concebe o ser humano como dotado de um saber “de nascença”, conceberá, também, dependendo das conveniências, um ser humano desprovido da mesma capacidade, “deficitário”. Esse “déficit”, porém, não tem causa externa; sua origem é hereditária. Onde se detecta maior incidência de dificuldades ou retardos de aprendizagem? Entre os miseráveis, os malnutridos, os pobres, os marginalizados [...]. A criança marginalizada, entregue a si mesma, em uma sala de aula não diretiva, produzirá, com alta probabilidade, menos, em termos de conhecimento, que uma criança de classe média ou alta. Trata‑se, aqui, de acordo com o apriorismo, de déficit herdado; epistemologicamente legitimado, portanto (ibidem, p. 22).
Apriorismo e a pedagogia não diretiva
Na pedagogia relacional ou construtivista, os polos sujeito/objeto, aluno/professor não estão dicotomizados, conforme exposto nas teorias anteriores. Nessa concepção, o conhecimento não é visto como algo que vem do exterior para o interior, como na tendência com base no empirismo, ou como algo dado de forma inata, como na tendência com base no apriorismo.
Na pedagogia construtivista, o conhecimento é algo concebido como uma construção contínua, realizada na interação entre sujeito e objeto. Tanto a bagagem hereditária quanto o meio social são importantes para o processo de conhecimento, mas nenhum desses fatores pode assumir uma independência em relação ao outro. Desde que nasce, a criança irá, na sua relação com o meio, construir conhecimento por meio de um processo que alterna mobilidade e estabilidade, avançando sempre a novos equilíbrios mais consistentes que os anteriores. Segundo Becker, o professor construtivista:
Construtivismo e a pedagogia relacional
[...] não acredita na tese de que a mente do aluno é tábula rasa, isto é, que o aluno, frente a um conhecimento novo, seja totalmente ignorante e tenha de aprender tudo da estaca zero, não importando o estágio do desenvolvimento em que se encontre. Ele acredita que tudo o que o aluno construiu até hoje em sua vida serve de patamar para continuar a construir e que alguma porta se abrirá para o novo conhecimento – é só questão de descobri‑la; ele descobre isso por construção (ibidem, p. 24).
Construtivismo e a pedagogia relacional

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais