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VIDRO Introdução ao estudo dos sistemas vítreos A sílica cristalina apresenta ordem em seu arranjo tetraédrico, entretanto a sílica vítrea tem um alto grau de aleatoriedade. Uma ordem de curto alcance é encontrada tanto na sílica vítrea como na sílica cristalina. Definição Vidro é um sólido amorfo, geralmente formado pela solidificação de um material fundido sem cristalização. A diferença básica entre a estrutura do vidro e de uma substancia cristalina cristalina está demonstrada na figura 1 Segundo o senso atual o termo vidro é usado para designar um produto inorgânico resultante da fusão e posterior resfriamento de forma a atingir um estado rígido sem cristalizar. Outras maneiras de definir vidro: Vidro é um liquido super resfriado. Vidro é um material sólido que não apresenta em sua estrutura a longa distancia. Vidro é um líquido que perdeu sua capacidade de fluir. Como são feitos os vidros ? A fusão não é a única maneira de produzir vidro. Existem outras técnicas: -condensação de vapores, -conversão de cristais ao estado amorfo por meios mecânicos ou por irradiação de nêutrons, desidratação e sinterização de géis, etc. Alguns autores designam os produtos destas técnicas como amorfos, usam o termo vidro apenas para os produtos obtidos pelo resfriamento de um fundido. Ambos são sólidos não cristalinos Ambos são sólidos não cristalinos A fase líquido super resfriado ocorre se não houver núcleos de cristalização. O gráfico mostra que o volume do vidro é maior que o do cristal que o originou nesta mesma temperatura, indicando que há no vidro uma estrutura mais aberta. O vidro pertence a um estado particular da matéria conhecido como estado vítreo que é caracterizado por: - ausência de estrutura cristalinas, as substancias neste estado são amorfas; - ponto de fusão não definido; - não desvia a luz polarizada quando é por ela atravessado; - não é estável em altas temperaturas, se for mantido por longo tempo em temperaturas acima do seu ponto de amolecimento, pode cristalizar, este fenômeno é chamado desvitrificação; - mau condutor de calor e de eletricidade. Principais características do vidro Composição dos vidros Existem inúmeras substanciam orgânicas e inorgânicas que podem formar vidro. Alguns dos formadores de vidro inorgânicos : Elementos: S, Se, Te, P Óxidos: B2O3, SiO2, GeO2, P2O5, As2O5,etc. Boratos e Silicatos: Na2B4O7, Na2Si2O5,etc. Outros compostos: BeF2, AlF3, ZnCl2, KHSO4, sulfetos, selenetos, e teluretos de alguns elementos, misturas de alguns nitratos, carbonatos. Regras para formação de um vidro Em 1932 Zachariasen propôs um conjunto de regras para que composto formasse vidro: • Conter uma alta proporção de cátions com tamanho suficiente para serem rodeados por quatro átomos de oxigênio. Ou seja, os cátions devem ser capazes de formar uma rede. • Os poliedros assim formados são unidos apenas por seus vértices. Isto significa dizer que a rede apresenta uma estrutura aberta. • O oxigênio deve estar ligado a apenas dois cátions e não formar ligações adicionais com outros cátions. A rede formada deve ser contínua. Sua análise foi baseada nas seguintes considerações: A força das ligações inter atomicas nos vidros e cristais devem ser similares dado a similaridade entre os módulos de elasticidade destes dois tipos de sólidos. E como os cristais o vidro consiste de uma extensa rede tridimensional. Por volta da década 50 do século passado, Stanworth sugeriu que os critérios primários para a formação de vidro a partir de óxidos metálicos seriam: O cátion apresentar valência maior ou igual a 3. A tendência para formar vidro aumenta com a diminuição do tamanho do cátion. A eletronegatividade do cátion deve estar entre 1,5 e 2,1. Teorias mais recentes sobre a formação de vidro têm reconsiderado o critério para definir uma substancia como vidro-formadora. Atualmente é aceito que virtualmente qualquer material formará vidro se for resfriado tão rapidamente de modo que o tempo seja insuficiente para a ocorrência da cristalização. Recentemente pesquisadores alemãs constataram, em simulação computacional, que um líquido pode ser transformado em vidro através de alterações em sua estrutura. Na simulação os átomos foram induzidos a formar um maior número de poliedros e a estrutura continuou desordenada. Estrutura do vidro. Regras sobre as estruturas dos vidros 1ª regra: a unidade estrutural dos silicatos é o tetraedro regular de SiO4 2ª regra: os óxidos dos elementos eletropositivos, tais como sódio, potássio e cálcio, entram na estrutura dos silicatos como íons e se instalam no espaço entre os tetraedros. 3ª Regra: Cada oxigênio deve se ligar a dois tetraedros, formando uma estrutura rígida e o modo pelo qual essas estruturas tetraédricas se juntam, depende do número relativo de silícios e oxigênios. Quanto mais oxigênio menos rígida será a estrutura pois alguns destes átomos se ligará à apenas um tetraedro. 4ª Regra: Dois tetraedros jamais compartilham mais de que um átomo de oxigênio, ou seja, os tetraedros sempre serão ligados pelos vértices, nunca por uma face ou por uma aresta. Classificação dos óxidos participarem da composição dos vidros. Óxidos formadores de rede ou vidro formadores: atendem a condição 1 Os cátions destes óxidos formam ligações de caráter 50% iônica. Ex: B2O3, P2O5, As2O3, GeO2 Óxidos modificadores. Seus cátions apresentam tamanho maior (maior número de coordenação) e podem ser rodeados por mais de quatro átomos de oxigênio. Não podem formar vidro sozinhos, mas seus cátions podem substituir parcialmente os cátions formadores. Óxidos de sódio, potássio, lítio, cálcio, magnésio, bários e outros. Sozinhos estes óxidos formam cadeias regularmente repetidas, formando cristais. Podem formar vidros sozinhos, mas quando fundidos com os vidroformadores adquirem o número de coordenação destes e atuam como formadores de rede,. Óxidos Intermediários O Al2O3 é um exemplo. Óxidos mais comuns encontrados nas composições vítreas Composição e principais tipos de vidro. Vidro quebrado Moldagem de um frasco de vidro Principais Propriedades Temperatura de transição vítrea. Temperatura na qual o líquido formador do vidro passa do estado borrachoso (plástico) à rígido (frágil, vítreo). Em outras palavras, é a temperatura na qual o líquido super resfriado se torna vidro ou seja, se torna rígido e amorfo. Em geral a adição de um modificador tende a reduzir Tg, enquanto a adição de formadores aumenta-a. A Tg é uma medida da rigidez da rede vítrea Experimentalmente uma das técnicas para determinar se um óxido é formador ou modificador é medir seu efeito sobre a Tg Para medir a Tg, uma das técnicas usadas é a análise térmica diferencial. Durante o aquecimento em um aparelho de análise térmica curva do ATD apresenta um alargamento na linha base. Se o vidro não cristalizar esta é a única anomalia. Porém, se ocorrer cristalização entre a Tg e Tf dois outros picos extras serão produzidos. O primeiro deles corresponde à temperatura de cristalização e o segundo devido à fusão dos cristais. Viscosidade A viscosidade define o regime de temperatura sobre a qual o vidro pode ser trabalhado.Por exemplo, a faixa de trabalho do vidro normalmente acontece em uma faixa de viscosidade entre 103Pa e 106Pa. A temperatura de transição vítrea, Tg, corresponde a uma viscosidade média de 1011.3Pa.s Recozimento A má condutibilidade térmica do vidro implica em uma diferença de temperatura, durante o resfriamento,entre as partes externas e as internas com a consequente geração de tensões que permanecem à temperatura ambiente. O relaxamento destas tensões acontece por um lento resfriamento de forma a diminuir esta diferença de temperatura e para evitar o reaparecimento das tensões – o recozimento. Duas temperaturas são definidas para este processo: Annealing point e o Strain point Temperaturas de trabalho Temperatura inferior de recozimento (strain point) : temperatura na qual as tensões do vidro são substancialmente relaxadas em 4 horas. Corresponde a uma viscosidade, η= 1015.5Pa.s. e está abaixo de 50% do valor do annealing point. O ponto superior de recozimento (annealing point): temperatura na qual qualquer tensão interna é substancialmente reduzida em 5min. Corresponde a uma viscosidade é 10 13,4Pa.s. Acima desta temperatura as peças se deformam por ação do próprio peso. O ponto de amolecimento (softening point): temperatura na qual a viscosidade atinge o valor de 108,6Pa.s. Neste ponto o alongamento é aproximadamente 3% em uma velocidade de 1mm/min sob ação de seu próprio peso quando aquecida em um forno na velocidade de 5°C/min. Faixa de trabalho (working point) é o intervalo de temperatura na qual o vidro pode ser prontamente moldado, perfilado, etc Classificação dos vidros quanto à faixa de trabalho Vidros longos: suas massas fundidas possuem uma grande faixa de trabalho Vidros curtos: suas massas fundidas que possuem pequena faixa de trabalho Vidro duro: sua faixa de trabalho ocorre em temperaturas reativamente altas com relação à faixa do vidro sílica-cal-soda. Vidro macio: sua faixa de temperatura de trabalho está abaixo da faixa do vidro sílica-cal-soda. Efeito da composição sobre a viscosidade A adição de 10% em mol do modificador provoca uma queda da viscosidade de magnitude 5, aproximadamente. Sistema silicatado A adição de óxidos básicos* à massa fundida provoca a quebra da rede de silicato pela formação de oxigênio não ligados (nonbridging). * um óxido básico é um óxido que ao ser dissolvido na massa fundida contribui com oxigênio para a massa. A medida que a quebra acontece, o número de ligações Si-O diminui e com isso o fluxo viscoso também diminui. Porém, a fragilidade aumenta com a diminuição da viscosidade. Boratos e Germanatos: A viscosidade dos boratos vítreos está entre as mais baixas registradas nos vidros comuns. A adição de óxidos alcalinos aumenta a viscosidade em uma primeira etapa para em seguida diminuí-la com o aumento no teor de óxido. Os germanatos apresentam viscosidade intermediária entre os silicatados e os boratos. A adição de pequenas quantidades de óxidos alcalinos contribui para a diminuição da viscosidade até valor mínimo para uma adição de 1 a 2% de R2O e a partir deste valor a viscosidade passa a aumentar atingindo um máximo com a adição de 17% de R2O. Viscosidade e trabalhabilidade. O gráfico mostra o comportamento de dois vidros:1 e 2. 1 é mais curto que o 2: pode ser trabalhado ao longo de um intervalo de temperatura de 230° enquanto no 2 é de 320° O vidro 2 é mais duro: sua faixa de temperatura de trabalho está situada em um patamar mais alto : 580-900°C Permeabilidade gasosa e difusão. São controladas pela mobilidade dos átomos ou moléculas através da rede vítrea. A condutividade elétrica e a dissolução química são controladas pela permeabilidade e pela difusão de íons. A permeabilidade gasosa, dependendo da taxa pode causar sérios problemas: • o hélio atravessar facilmente, muitos vidros usados em tubos de vácuo; • o hidrogênio pode reduzir íons em baixo estado de valência e provocar mudança de cor • o oxigênio pode atravessar as paredes de uma lâmpada elétrica, reagir com o filamento e provocar seu rompimento. São vidros até 10 vezes mais resistentes a impactos e a altas temperaturas que o vidro comum. Muito utilizados na fabricação de boxes para banheiros, portas, janelas e fachadas em geral. O vidro temperado é mais rígido, tem maior resistência térmica e se estilhaça em pequenos fragmentos quando é danificado. Vidros temperados Estihaço produzido na quebra de um vidro temperado http://www.zun.com.br/ O aumento da resistência mecânica pode ser alcançada pelo processo de TÊMPERA. Este processo consiste em introduzir tensões no vidro de forma controlada de modo que as partes externas do vidro fiquem sob compressão e as internas sob tração. Um grande impacto pode anular a compressão superficial levando à quebra em uma infinidade de pequenos cubos. O processo químico alternativo à têmpera térmica é o de troca de íons onde uma lâmina de vidro com pelo menos 100µm é imersa numa tanque de nitrato de potássio derretido. O processo força os íons do nitrato de potássio aos óxidos de sódio do vidro. A têmpera química resulta num vidro de extrema rigidez mecânica ao preço de uma rigidez térmica menor quando comparado ao vidro temperado comum, sendo utilizado quando é necessária a têmpera de vidros moldados em formas complexas. O vidro de segurança temperado também é usado em: Monitores de tv, telas de cristal líquido, clarabóias, porta de forno, portas de ventilação, prateleiras de refrigerador A TEMPERA TERMICA de um vidro é feita pelo aquecimento controlado do vidro comum (não temperado) até uma temperatura próxima de seu amolecimento havendo chances de quebra durante o processo. Vidro laminado O vidro laminado é composto de uma camada de filme plástico de polivinil butiral (PVB) entre duas placas. A sua função é manter o vidro no lugar caso o mesmo se quebre, diminuindo ferimentos. Outros benefícios: reduz a transmissão de sons de alta freqüência e bloqueia 97% da radiação ultravioleta . Ele é usado em: automóveis termômetros para medir a temperatura do corpo tábuas para corte janelas de estufas boxes de banheiro divisórias de escritório . Os bancos também usam esse vidro para ajudar a impedir a perfuração por balas. A blindagem em vidros é feita com a aplicação de um filme plástico resistente, composto por carbonato de sódio, carbonato de cálcio e sílica, materiais que são submetidos a temperaturas extremamente altas que chegam a até 1.500ºC para se fundirem com o vidro. Em seguida é feito o resfriamento da placa. Além da película de resistência, é adicionada uma película de “retenção de estilhaços” que faz com que o vidro permaneça no lugar depois de ser atingido. Vidro Blindado No processo de produção do vidro blindado é usado o vidro laminado ao invés do vidro temperado. Para automóveis os vidros blindados ganham forma através de uma modelação feita em temperatura de 800ºC a 900ºC. http://www.zun.com.br/ Vitro cerâmicos Cerâmicas vítreas são materiais cristalinos obtidos a partir de vidros. São materiais policristalinos produzidos pela cristalização controlada de vidro e compostos de cristais orientados aleatoriamente com teor de vidro residual entre 2 e 5 por cento, sem espaços vazios ou porosidade. Restaurações dentárias: a) Ponte de vitro ceramica a base de dissilicato de lítio e fluorapatita; b) Coroa de vitrocerâmica à base de leucita c) Obturação à base de leucita d) Máscara à base de leucita Processamento 1. Cristalização (controlada): a) nucleação dos cristais b) crescimento dos cristais Agentes de nucleação: TiO2 , ZrO2 Cerâmicas vítreas são processados da mesma maneira como os vidros, mas são, em seguida, submetidas um tratamento térmico de nucleação e crescimento de uma fase cristalina, de tal forma que a microestrutura finalé composta de cristais em uma matriz vítrea. A possibilidade de adaptar tanto a composição inicial e tamanho e a fracção de volume da fase cristalina permite precisão otimização de propriedades. Um dos maiores cuidados na produção de um vidro cerâmico é o de assegurar que a cristalização não ocorra durante o resfriamento a partir da temperatura de formação. O passo seguinte é aumentar a temperatura para que os núcleos cresçam. Esta temperatura deve ser suficiente para permitir o crescimento dos cristais sem a deformação viscosa do objeto. Em princípio, qualquer vidro pode ser convertido em cerâmica vítrea, desde que haja um agente de nucleação adequado e um tratamento térmico adequado. A temperatura mais baixa induz a nucleação dos cristais. E a temperatura mais elevada promove o crescimento dos cristais. Temperatura ótima para nucleação: a que corresponde a uma viscosidade entre 1011 a 1012 dPa.s Durante este passo ocorre a formação de 1012 a 1015 núcleos/ cm3 Vantagens A vantagem mais importante de vitrocerâmicas é a facilidade de processamento. Sinterização é muito mais fácil e mais rápido do que sinterização em estado sólido. O motivo para a utilização de cerâmicas vítreas é tirar vantagem da facilidade de processamento inerente ao vidro a moldar e formar formas complexas, seguido de transformação da fase de vidro para um sólido mais refractária em que as propriedades podem ser adaptadas por cristalização judiciosa. Ao contrário dos corpos cerâmicos feitos por prensagem e sinterização convencional, cerâmicos de vidro tendem a ser livre de poros. Isto é porque durante a cristalização o vidro pode fluir e acomodar variações no volume. Normalmente, a presença da fase cristalina resulta em temperaturas de deformação muito maior do que às dos vidros de composição correspondente. Por exemplo, muitos óxidos têm valores de Tg de 400 a 450 ° C e amolecem facilmente a temperaturas acima de 600 ° C. A vitrocerâmica da mesma composição, no entanto, pode manter a sua integridade mecânica e rigidez a temperaturas tão elevadas como 1000 a 1200 ° C. A força e a tenacidade de vitrocerâmicas são normalmente mais elevados do que os de vidros.
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