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Sistema hospitalar de doses unitárias

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Curso de Farmácia
Coordenação de Estágio
Cristiane Lyrio da Silva
	
Sistema Hospitalar de Doses Unitárias
Vila Velha – ES
2016
Curso de Farmácia
Coordenação de Estágio
	
Sistema Hospitalar de Doses Unitárias
Trabalho apresentado à Disciplina de Estágio Supervisionado I, como parte dos requisitos mínimos do Curso de Farmácia da Universidade Vila Velha-ES.
Cristiane Lyrio da Silva
Vila Velha – ES
2016
INTRODUÇÃO
	É indiscutível a importância do uso de medicamentos no tratamento das morbidades e da necessidade de o hospital manter um sistema satisfatório de sua distribuição para garantir que o paciente os receba de acordo com a prescrição médica (RIBEIRO, 1993).
	No final da década de 50, com o aumento do uso medicamentos mais potentes, iniciou-se a publicação de estudos relacionados a incidência de erros de medicação em hospitais (RIBEIRO, 1993).
	Os dados colhidos demonstram que, em média, para cada seis doses administradas ao paciente um estava errada. Esse dado atesta que os sistemas tradicionais de distribuição de medicamentos necessitam ser repensados, visando melhorar a segurança na distribuição e na administração dos medicamentos (RIBEIRO, 1993).
	Nos anos 60, os farmacêuticos hospitalares apresentaram um novo sistema: a Dose Unitária, visando reduzir a incidência de erros de medicação, o custo das medicações, as perdas e furtos dos mesmos, de melhorar o aproveitamento dos profissionais envolvidos e melhorar o nível de assistência oferecido ao paciente internado (RIBEIRO, 1993).
	Os resultados de diversos estudos comprovaram as afirmações descritas acima e fizeram a American Society of Hospital Pharmacists preconizar o uso da Dose Unitária em hospitais americanos (RIBEIRO, 1993).
 	
SISTEMA DE DOSES UNITÁRIAS
	O Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária (SDMDU) possibilita o acompanhamento fármacoterapêutico do usuário e propicia uma distribuição ordenada de medicamentos com segurança, desde a identificação até o momento da administração, promovendo a rastreabilidade (JARA, 2012). 
	Os medicamentos são distribuídos na forma pronta para uso, de acordo com a prescrição e sem necessidade de manipulação. A reemblistagem de comprimidos, cápsulas e drágeas e o fracionamento de medicamentos líquidos e sólidos, oriundos das embalagens primárias da indústria farmacêutica para uma embalagem unitarizada secundária em determinadas Farmácias Hospitalares (FH), têm se mostrado como uma alternativa para a melhor distribuição de medicamentos em alguns hospitais no SDMDU (JARA, 2012).
	O ponto crucial do SDMDU, portanto, pode estar nas falhas da dispensação ocasionadas pelo processo de fracionamento, denunciando uma fragilidade no setor de farmácia hospitalar que prejudica a qualidade dos serviços prestados. Somado a isso a falta de verbas aos hospitais públicos e a falta de uma legislação que aponte com clareza a quem cabe a penalização, caso esse fracionamento cause a perda da identidade e da estabilidade química dos medicamentos após reemblistagem, reconstituição inapropriada, perda da identidade inicial do produtor pelo recorte dos blisters, entre outros (JARA, 2012).
	É importante fazer uma diferenciação entre o sistema de distribuição por dose unitária e dose unitária de medicamento. O conceito de distribuição por dose unitária é a distribuição ordenada dos medicamentos com forma e dosagens prontas para serem administradas a um determinado paciente de acordo com a prescrição médica, num certo período de tempo. A dose unitária industrial corresponde à dose padrão comercializado pelos laboratórios, fornecida em embalagem unitária, em que constam a correta identificação do fármaco, prazo de validade, lote, nome comercial e outras informações (CARDOSO, 2009).
TIPOS DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇAO POR DOSE UNITARIA
	O sistema de distribuição por dose unitária é classificado em: centralizado; descentralizado e, ainda, um terceiro denominado de combinação dos dois tipos (CARDOSO, 2009).
	No Sistema Centralizado as doses são preparadas na farmácia central e são distribuídas para todo o Hospital Pelo fato da centralização, o controle de estoque e a supervisão da preparação das doses, pelo farmacêutico, ficam mais contundentes (CARDOSO, 2009).
	No Sistema Descentralizado as doses são preparadas nas farmácias satélite (descentralizadas) e ao final de cada preparação, os quantitativos do consumo são enviados á Farmácia Central (CARDOSO, 2009).
	No Sistema Combinado diz-se que o sistema é combinado, quando ao mesmo tempo em que as Farmácias Satélites estão atuando na preparação de doses, a farmácia central deixará de operar e vice-versa. Este esquema facilita a adequação aos horários de administração de doses e objetiva uma redução nos recursos humanos, aproveitando da melhor forma possível, o horário de trabalho do pessoal existente no quadro de funcionários da farmácia (BELTRAN, 1998).
	São consideradas condições básicas para um bom S.D.M.D.U.: a existência da comissão de farmácia e terapêutica (comissão de padronização de medicamentos). Sem uma relação básica dos medicamentos a serem consumidos no Hospital, fica difícil de se preparar doses unitárias, levando-se em consideração grande quantidade de especialidades farmacêuticas comercializadas no Brasil e a preferência de cada médico por uma especialidade (CARDOSO, 2009).
	Há necessidade que normas sejam publicadas como uma espécie de manual evitando, portanto, a omissão dos elementos que trabalharão no sistema. Neste manual deverão constar, também, os objetivos do sistema e suas vantagens (BELTRAN, 1998).
	São consideradas vantagens do SDMDU: possibilitar uma maior interação do farmacêutico com os diversos profissionais da saúde e com o paciente; reduzir os estoques das tarefas nos setores o que evita perdas e desvios; diminuir as tarefas desenvolvidas pela enfermagem; aumentar o controle sobre a utilização dos medicamentos; proporcionar maior segurança do médico; rapidez na administração das doses; funcionamento mais dinâmico do serviço de farmácia; redução no índice de erros de administração de medicamentos; redução no tempo de distribuição de medicamentos; fácil adaptação a computadores; higiene e organização são superiores as dos sistemas tradicionais; viabilização econômica; prestigiar o hospital pelo melhor controle e uso dos medicamentos; favorecer o perfil farmacoterapêutico do paciente; oferecer assistência de alto nível e, ainda, por ser atividade mais técnica é gratificante para o pessoal da farmácia (CARDOSO, 2009).
	Entretanto, são consideradas como desvantagens: aumento das necessidades de recursos humanos e infra-estrutura da farmácia hospitalar e exigência de investimento inicial (CARDOSO, 2009).
ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM DE DOSE UNITÁRIA
	Um dos fatores de relevância no sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária é a forma pela qual são acondicionados e embalados os medicamentos (CARDOSO, 2009).
	Na escolha do acondicionamento e/ou embalagem, deve-se considerar: a adequação às condições físicas do hospital; as condições financeiras da instituição; as considerações farmacológicas, tais como estabilidade, fotossensibilidade, entre outros, além de suas vantagens econômicas (CARDOSO, 2009).
São consideradas etapas e fases desse processo:
a) Etapa de preparação: antes de iniciar o desenvolvimento de um programa que possa em prática o SDMDU, devem considerar as fases preliminares preparatórias do mesmo (CARDOSO, 2009).
b) Fase de diagnóstico: uma vez elaborado o programa de implantação definitivo da SDMDU, deve-se conhecer todo o pessoal do hospital: Equipe direta, chefes de unidades e o resto do pessoal, utilizando o maior número de recursos comunicativos possíveis para garantir a máxima difusão e um elevado grau de compromisso com o programa (CARDOSO, 2009).
c) Etapade desenvolvimento: estabelecimento de cronograma de trabalho (CARDOSO, 2009).
O tempo utilizado para a implantação total do programa dependerá de vários fatores, tais como:
a) Número de pacientes que fazem uso extensivo do SDMDU (CARDOSO, 2009);
b) Grau de complexidade das unidades clínicas (CARDOSO, 2009);
c) Recursos disponíveis (CARDOSO, 2009).
	Para se obter um bom resultado, o mesmo não depende só do conhecimento e habilidades do pessoal do serviço de farmácia, sendo também de interesse e na medida do possível, a organização e disciplina do pessoal médico e da enfermaria da unidade (COUTO, 1999).
	São considerados, assim, requisitos básicos para o pessoal não facultativo da área de Dose Unitária: a capacidade para interpretar e compreender a informação técnico-científica e a linguagem simbólica associada aos processos distintos; a elaboração e acondicionamento de medicamentos em DU, observando os procedimentos estabelecidos; o monitoramento do bom funcionamento e posto as máquinas, materiais; a distribuição de medicamentos em DU, segundo protocolo; a adaptação às novas situações elaboradas geradas como consequência das inovações tecnológicas e administrativas (manejo de programa informativos e dispositivos automatizados) e o armazenamento e reposição de medicamentos na área (CARDOSO, 2009).
DESCRIÇÃO DO PROGRAMA PARA IMPLANTAÇÃO (SDMDU)
	O programa de implantação de SDMDU pode se considerar dividido em três partes: A primeira se determina a estrutura pessoal, física e organizacional, na Segunda se explica o processo em si, e a terceira a de recorrer a resultados e evolução do programa em seu conjunto (CARDOSO, 2009).
a) Estrutura física para Implantação (SDMDU): Devem diferenciar a recepção das prescrições médicas, a prescrição, a validação, a preparação das DU (dose unitária) de cada paciente e a revisão do mesmo pelo farmacêutico. A planificação do espaço necessário se realizará em função do número de pacientes com distribuição em DU. A área da DU está bem comunicada com as unidades clínicas, e unidades de hospitalização (UH). A UH deve contar com o espaço necessário para um pequeno boletim de medicamentos que cubra urgências e de onde se coloque o carro de DU (CARDOSO, 2009).
b) Estrutura Pessoal para Implantação (SDMDU): Dependerá do grau de automatização do SDMDU, de um responsável farmacêutico especialista na farmácia hospitalar; número total de farmacêuticos um para cada 30.000 doses dispensadas/mês; farmacêutico especialista com presença física durante o tempo em que o serviço de farmácia permanecer aberto e pessoal do farmacêutico qualificado (COUTO,1999).
b.1.Conhecimentos e habilidades: Os farmacêuticos que trabalham no SDMDU, devem estar aptos e possuir conhecimentos e habilidades que lhes são imprescindíveis, para desenvolver uma atividade eficiente em todo processo (CARDOSO, 2009).
b.2.Equipamentos: Painéis ou estantes com as gavetas dos medicamentos perfeitamente identificados por ordem alfabética. Devem colocar-se em forma de "U" ou "1" pois facilitam a distribuição e reposição das gavetas. Carros de distribuição: O número depende do número de U.H. com D.U, assim como a capacidade de cada carro. Em cada gaveta pode ir a medicação de um dos pacientes e para no máximo 24hs (CARDOSO, 2009).
b.3.Suporte informático: facilitar todo o processo de farmacoterapia individual (CARDOSO, 2009).
	A fase de prescrição assistida pelo ordenador está atualmente desenvolvida em alguns hospitais. É fundamental que se imponha para que o processo melhore a qualidade e eficiência. A fase de distribuição resulta em necessidade informatizar porque existem softwares desenvolvidos e validados. Os postos de trabalho necessários dependem da carga de trabalho e de pessoal disponível (CARDOSO, 2009).
	Geladeiras e congeladores: precisam ser em número necessário para armazenar os medicamentos que devem ser conservados refrigerados ou congelados, uma vez reconstituídos e dispostos para sua administração em D.U. (CARDOSO, 2009).
	Impressos: é fundamental realizar um adequado desenho dos modelos de impressos que vão formar parte da história clínica do paciente, ajustando-se as normas que a unidade de documentação clínica tenha estipulado (CARDOSO, 2009).
	Os impressos básicos em DU devem incluir: o modelo da "Prescrição médica" a validação do farmacêutico, a distribuição e a administração. Alguns hospitais integram em um "impresso único" todos os processos. E os demais citados, resultam necessários os impressos correspondentes a "substituições genéricas, intercâmbios terapêuticos e notificações", registro de "intervenções farmacêuticas", indicadores de atividades e de qualidade e reclamações (CASSIANE e SILVIA, 2004).
c) Considerações Específicas de Embalagem das Seguintes Formas Farmacêuticas
c.1.Líquidos para Uso Oral: O envase deve ser suficiente para liberar o conteúdo total etiquetado. É aceitável que seja necessário um acréscimo de volume conhecido, dependendo da forma de envase, do material e da formulação do medicamento. A concentração do fármaco deve ser especificada em unidade de peso por medida (mg/ml). As seringas para administração não devem permitir a colocação de agulha. Os envases devem permitir a administração de seu conteúdo diretamente ao paciente (CARDOSO, 2009).
c.2.Sólidos de Uso Oral: Para embalagem tipo blister, deve-se Ter um verso opaco que permita imprimir informações e o outro deverá ser de material transparente. O mesmo deve permitir fácil remoção do medicamento (CARDOSO, 2009).
c.3.Medicamentos para Uso Parenteral: Uma agulha de tamanho apropriado deve ser parte integral da seringa. A seringa deve estar pronta permitindo que o seu conteúdo seja administrado ao paciente sem necessitar de instruções adicionais. A proteção da agulha deve ser impenetrável, preferencialmente de um material rígido, evitando acidentes. A seringa deve permitir fácil manuseio e visualização de seu conteúdo (CARDOSO, 2009).
c.4.Outras Formas Farmacêuticas: Os medicamentos para uso oftálmico, supositórios, unguentos, entre outros, devem ser adequadamente etiquetados, indicando seu uso, via de administração e outras informações importantes (BELTRAN, 1998).
	Assim sendo, são considerados requisitos para implantação do sistema de distribuição por dose unitária: farmacêutico hospitalar com treinamento específico para este fim; laboratório de farmacotécnica; central de preparações estéreis; padronização de medicamentos; dispositivo para entrega de doses unitárias; impressos adequados; máquinas de soldar plástico; material de embalagens: sacos e potes plásticos; frascos de plásticos, de vidro, de alumínio; caixas de madeiras ou acrílico; envelopadora; envasadora; máquina de cravar frascos; rotuladora; impressora; máquina para lavar frascos; terminal de computador (CARDOSO, 2009).
	Para garantir a manutenção da qualidade dos produtos é de suma importância que para cada produto seja verificado em publicações científicas atualizadas o tipo de envase mais apropriado. O fracionamento ou reembalagem de medicamentos para o sistema de distribuição individualizado e/ou por dose unitária deve se efetuar em condições semelhantes às utilizadas pelo fabricante, de forma a impedir, tanto uma possível alteração de estabilidade como a contaminação cruzada ou microbiana. Entre os materiais mais utilizados estão os plásticos, laminados, vidros e alumínio (BELTRAN,1998).
Conclusão
	Compreender este processo de informações, que envolve os recursos disponíveis e aplicá-los de forma racionalizada, estando atento para as condições econômicas vigentes no país faz do farmacêutico um profissional insubstituível e privilegiado no que tange a medicação. Aplicar estes recursos de maneira correta nos sistemas de distribuição é tarefa do farmacêutico que será o responsável pelo sucesso da implantação do sistema.
	Cabe ressaltar ainda que, as falhas geradas em uma gestão de estoques inadequada atingem de forma diretao paciente, prejudicando ou inviabilizando a sua assistência. Sendo assim, a gestão de estoques se reveste de valor especial, pois é um elo importante para que o hospital ou qualquer empresa, nos dias de hoje, alcance o seu propósito final que é proporcionar ao seu cliente um atendimento com qualidade.
	Esse sistema de doses unitárias assegura tanto ao paciente, ao hospital e ao farmacêutico uma maior qualidade de atendimento e maior controle de estoque, como conseqüência uma economia para a unidade hospitalar.
	O farmacêutico embasado na facilidade do trabalho de um sistema eficaz e seguro, como da dose unitária se torna um profissional fundamental para o sucesso de qualquer um dos sistemas de distribuição.
Referências Bibliográficas
RIBEIRO, Eliane. Dose Unitária: Sistema de Distribuição de Medicamentos em Hospitais. Revista RAE Cases. São Paulo. 1993; 33(6): 62-73.
JARA, Marisa Castro. Unitarização da Dose e Segurança do Paciente: Responsabilidade da Farmácia Hospitalar ou da Indústria Farmacêutica? Revista Bras Farm Hosp Serv Saúde. São Paulo 2012; 3(3): 33-37.	
CARDOSO, Wilmendes. Distribuição de Medicamentos em Dose Unitária. 2009. Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/distribuicao-de-medicamentos-em-dose-unitaria/20519/ >. Acesso em 12 de Novembro de 2016, às 18:30.
BELTRAN, J.R. Envasado de medicamentos en dosis unitarias. Revista de la O.F.I.L. 1998; 2(2): 12-14.
COUTO, Renato Camargos, PEDROSA, Tânia M. Grillo, NOGUEIRA, José Mauro. Infecção Hospitalar. Epidemiologia e controle. 2.ed. Minas Gerais: Midsi,1999.
CASSIANI, Silvia Helena de Bortoli. A segurança de pacientes na utilização da medicação. São Paulo: Artes Médicas, 2004.
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