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1 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - E M E R J - V CONCURSO DE SELEÇÃO PARA JUIZ LEIGO 29 DE NOVEMBRO DE 2010 1ª QUESTÃO – (2,5 PONTOS) LUIS, aposentado do INSS, ao verificar o seu contracheque, se surpreendeu com o desconto de R$ 125,00, referente a empréstimo realizado com o EEF BANK, não contratado pelo mesmo. Tentou resolver o problema administrativamente, sem êxito. Diante do impasse, resolveu propor ação em face do banco em questão, visando ao cancelamento dos descontos, à declaração de inexistência do débito e do contrato, à devolução em dobro dos valores descontados, além de danos morais. O banco EEF BANK, em contestação, arguiu preliminar de ilegitimidade passiva, pois quem tem acesso ao contracheque do autor é o INSS e ainda a necessidade de prova pericial, apresentando cópia do contrato onde se vê uma falsificação grosseira da assinatura do autor. No mérito, alega que o autor contratou o empréstimo em questão, apresentando alternativamente a tese de fato de terceiro, pois foi efetuado empréstimo por fraudador que também lesou o banco ao retirar a quantia objeto do empréstimo. Indaga-se: 1) A preliminar de ilegitimidade merece ser acolhida? Justifique sua resposta. 2) A preliminar de extinção do feito por necessidade de produção de prova pericial grafotécnica deve ser acolhida? Justifique sua resposta. 3) Se a assinatura apresentada no contrato se apresentasse bastante parecida com a do autor, constante na inicial e na procuração, qual seria a solução para o feito? Justifique sua resposta. 4) O fato de terceiro afasta o dever de indenizar do banco EEF ? Justifique a sua resposta. 5) É cabível a devolução em dobro das parcelas do empréstimo descontadas? Justifique a sua resposta. (Resposta: máximo de 25 linhas) 2 2ª QUESTÃO – (2,5 PONTOS) Pedro comprou uma TV LCD 52 polegadas por R$4.000,00 (quatro mil reais) em 23 de abril de 2009. Em 3 de agosto de 2010 o aparelho passou a apresentar riscos na reprodução da imagem. Chamada a assistência técnica da marca do fabricante, o orçamento ficou em R$3.000,00. Inconformado, Pedro manda e-mail para o fabricante e solicita o reparo gratuito ou a substituição do aparelho, e nada foi respondido. Em 5 de novembro de 2010, Pedro propõe ação em face da loja que lhe vendeu a TV, no sistema dos Juizados Especiais, pedindo a substituição do aparelho e indenização por danos morais em razão da privação do uso da TV pela família. Na contestação, a loja alega a decadência e a inexistência do dever de efetuar o reparo ou a substituição do aparelho, o que caberia apenas ao fabricante. Na AIJ, o Juiz recusa a oitiva de uma testemunha trazida pela loja e o advogado requer a lavratura da decisão e respectiva fundamentação na ata ou assentada da audiência, limitando-se o juiz a registrar o indeferimento. Pergunta-se: 1) Há decadência em relação ao fabricante? 2) Há decadência em relação à loja? 3) Há decadência em relação a ambos os pedidos? 4) Como deve proceder o juiz leigo em face de um pedido de produção de prova oral que pensa ser irrelevante? (Resposta: máximo de 25 linhas) 3ª QUESTÃO – ( 5 PONTOS ) Aurélio Dias ingressou com ação contra Cláudio Xavier e contra a Seguradora Robespierre em vista de acidente de trânsito. Em sua inicial, o autor diz que seu carro foi atingido na traseira quando trafegava na rua Tom Jobim e, por isto, pretende ser indenizado pelos danos sofridos. Informa ser taxista e que, em vista do problema, ficou privado da utilização do seu carro por 30 dias, período em que o carro ficou no conserto, o que implicou a perda de seus rendimentos, além de grande transtorno emocional. Além disto, o autor alega ainda que teve um prejuízo de R$ 3.000,00 (três mil reais) para consertar o carro, conforme orçamento emitido pela concessionária onde o carro foi reparado. Assim, formula pedidos de (i) indenização pelos danos materiais, correspondentes ao conserto do valor do carro; (ii) recebimento dos lucros cessantes, correspondentes às diárias perdidas, e (iii) indenização por danos morais. O autor junta como provas três orçamentos para conserto do carro, nos valores de R$ 2.000,00 (dois mil reais), R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) e R$ 3.000,00 (três mil reais); sua permissão para dirigir táxi e documento emitido pela cooperativa de táxi informando que a diária recebida pelo autor era de R$ 300,00 (trezentos reais). 3 O réu Cláudio Xavier requer a realização de prova pericial para demonstrar que o acidente não causou os prejuízos alegados na inicial, prova que entende fundamental para que, em caso de condenação, seja fixado o valor da indenização por danos materiais. No mérito, alega que o acidente foi causado pelo autor, já que ele freou bruscamente o carro, de forma que o réu não teve como evitar o acidente. Além disto, que o autor não deveria ter optado pelo orçamento mais caro, razão pela qual entende que, em caso de condenação, deva ser observado o orçamento mais barato. A ré Seguradora Roberpierre alega preliminar de ilegitimidade ativa, porque jamais firmou qualquer contrato com o autor, mas apenas com o primeiro réu Cláudio Xavier e, portanto, o autor não poderia pleitear qualquer verba da segunda ré. No mérito, alega que o autor não comprova os lucros cessantes pretendidos, já que a declaração da cooperativa não demonstra o recebimento de verbas, o que deveria ser feito com apresentação de declaração do Imposto de Renda. Além disto, que o autor não agiu com cautela ao frear de forma brusca o veículo, pelo que deve ser responsabilizado pelo acidente. Foi ouvida a esposa de Cláudio, que estava no carro do réu no dia do acidente, e que disse que o autor deu causa ao acidente. Disse, ainda, que seu marido é um motorista muito cuidadoso na direção. Você, Juiz Leigo, que realizou a audiência de instrução e julgamento deve proferir projeto de sentença analisando o caso acima relatado, dispensado o relatório. Lembre-se de não assinar o projeto de sentença. (Resposta: máximo de 55 linhas - 1 (uma) folha – frente e verso) BOA SORTE !!!
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