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REVISÃO DE PSICOPATOLOGIA AV1 2017.1

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Revisão de Psicopatologia – AV1 2017.1
1 – Qual a definição de “semiologia psicopatológica”? Como podem ser definidos sinais e sintomas? E qual a diferença entre “síndrome” e “entidades nosológicas”? (Possivelmente Discursiva)
Semiologia psicopatológica é o estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais. 
Sinais (comportamentais) são signos observáveis, verificáveis pela observação direta do paciente. 
Sintomas são vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas queixas e narrativas, aquilo que o paciente experimenta e comunica a alguém.
Síndromes são agrupamentos relativamente estáveis de determinados sinais e sintomas. Não se trata ainda da definição e da identidade de causas específicas e de uma natureza essencial do processo patológico. É uma definição descritiva de um conjunto momentâneo e recorrente de sinais e sintomas.
Entidades nosológicas, doenças ou transtornos específicos são os fenômenos mórbidos nos quais se podem identificar (ou pelo menos presumir com certa consistência) certos fatores causais (etiologia), um curso relativamente homogêneo, estados terminais típicos, mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos, antecedentes genético-familiares algo específicos e respostas a tratamentos mais ou menos previsíveis.
2 – Escolha quatro critérios de normalidade e os explique.
Normalidade como ausência de doença: O primeiro critério que geralmente se utiliza é o de saúde como “ausência de sintomas, de sinais ou de doenças”. Como postula Leriche (1936): “a saúde é a vida no silêncio dos órgãos”. Normal, nesse sentido, seria aquele indivíduo que simplesmente não é portador de um transtorno mental definido.
 Normalidade como bem-estar: A Organização Mundial de Saúde definiu, em 1946, a saúde como o completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de doença. 
Normalidade funcional: Tal conceito baseia-se em aspectos funcionais e não necessariamente quantitativos. O fenômeno é considerado patológico a partir do momento em que é disfuncional, produz sofrimento ou prejuízo para o próprio indivíduo ou para o seu grupo social. 
Normalidade como processo: Consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e das reestruturações ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a certos períodos etários. Esse conceito é particularmente útil em psiquiatria infantil, de adolescentes e geriátricas. 
3 – Existem diversos tipos de patologia, e no texto estudado eles são divididos por pares de opostos. Escolha três destes pares e explique cada um dos polos em oposição. (OBJETIVA)
Perspectiva médico-naturalista X Perspectiva existencial
A perspectiva médico-naturalista trabalha com uma noção de homem centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural e universal. Assim, o adoecimento mental é visto como um mau funcionamento do cérebro, uma desregulação, uma disfunção de alguma parte do “aparelho biológico”. 
Já na perspectiva existencial, o doente é visto como “existência singular”, como ser lançado a um mundo que é fundamentalmente histórico e humano. O ser é construído por meio da experiência particular, na sua relação com outros sujeitos, na abertura para a construção de cada destino pessoal. A doença mental, nessa perspectiva, é sobretudo, um modo particular de existência.
Visão Comportamental X Visão Psicanalítica
Na visão comportamental, o homem é visto como um conjunto de comportamentos observáveis, verificáveis, que são regulados por estímulos específicos e gerais, e por certas leis e determinantes do aprendizado. Associada a essa visão, a perspectiva cognitivista centra atenção sobre as representações cognitivas conscientes de cada indivíduo. Os sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência sociofamiliar.
Em contraposição, na visão psicanalítica, o ser humano é visto como ser “determinado”, dominado, por forças, desejos e conflitos inconscientes. Na visão psicanalítica, os sintomas e síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores aos quais o indivíduo não tem acesso. O sintoma é encarado, nesse caso, como uma “formação de compromisso”, um certo arranjo entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo.
Psicopatologia Biológica X Perspectiva sociocultural
A psicopatologia biológica enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e dos sintomas mentais. A base de todo transtorno mental são alterações de mecanismos neurais e de determinadas áreas e circuitos cerebrais.
Em contraposição, a perspectiva sociocultural visa estudar os transtornos mentais como comportamentos desviantes que surgem a partir de certos fatores socioculturais, como discriminação, pobreza, migração, estresse ocupacional, etc. É nesse contexto sociocultural, simbólico e histórico que os sintomas recebem seu significado e devem ser entendidos. Mais que isso, a cultura, em tal perspectiva, é elemento fundamental na própria determinação do que é normal ou patológico, na constituição dos transtornos e nos repertórios terapêuticos disponíveis em cada sociedade.
4 – Por que não podemos tratar de funções psíquicas isoladas apesar de estudarmos as funções psíquicas isoladamente? (OBJETIVA – verdadeira ou falsa)
A separação da vida e da atividade mental em distintas áreas ou funções psíquicas é um procedimento essencialmente artificial, útil, porque permite o estudo mais detalhado e aprofundado de determinados fatos da vida psíquica normal e patológica.
Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade que adoece. As funções perturbadas fazem pressentir transtornos subjacentes, ligados à personalidade inteira, atingida na sua estrutura e em seu modo de existir.
 Nos transtornos psiquiátricos, não se trata apenas de agrupamentos de sintomas que coexistem com regularidade e revelam, assim, sua origem comum. Os sintomas que os compõem são ligados estruturalmente entre si. 
5 – Quais são as três acepções diferentes que a palavra “consciência” possui em nossa língua?
Na definição neuropsicológica, o termo é empregado como consciência no sentido de estado vígil, o que, de certa forma, iguala a consciência ao grau de clareza do sensório. Consciência aqui é fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido. Trata-se especificamente do nível de consciência.
Na definição psicológica, a consciência é a soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento. É o que se designa campo da consciência. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. Na relação do Eu com o meio ambiente, a consciência é a capacidade de o indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos.
A definição ético-filosófica é utilizada mais freqüentemente no campo da ética, da filosofia, do direito ou da teologia. O termo consciência refere-se à capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e os deveres concernentes a essa ética. Assim, a consciência ético-filosófica é atributo do ser humano desenvolvido e responsável, engajado na dinâmica social de determinada cultura. Trata-se da consciência moral ou ética.
6 – Como se caracterizam um quadro de delirium e de estado onírico?(Possivelmente Discursiva)
O delirium diz respeito, portanto, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia. Geralmente, o pacienteestá com o sensório claro pela manhã e no início da tarde e seu nível de consciência “afunda” no final da tarde e à noite, surgindo, então, ilusões e alucinações visuais e intensificando-se a desorientação e a confusão do pensamento e do discurso. (Dica da prova: Foco no delirium)
Estado onírico é o termo da psicopatologia clássica para designar uma alteração da consciência na qual, paralelamente à turvação da consciência, o indivíduo entra em estado semelhante a um sonho muito vívido. Em geral, predomina a atividade alucinatória visual intensa com caráter cênico e fantástico. Há carga emocional marcante na experiência onírica, com angústia, terror ou pavor. O paciente pode expressar angústia gritando, movimentando-se, debatendo-se e apresentando, sudorese profusa. Há geralmente amnésia consecutiva ao estado onírico. Tal estado ocorre devido a psicoses tóxicas, síndromes de abstinência a substâncias e quadros febris tóxico-infecciosos. O estado onírico ou estado tipo-sonho tem sido cada vez mais absorvido pela categoria ampla do delirium.
7 – Descreva as alterações da atenção: hipoprosexia, hiperprosexia, distração e distraibilidade. (OBJETIVA)
Hipoprosexia: A alteração mais comum e menos específica é a diminuição global da atenção. Aqui se verifica uma perda básica da capacidade de concentração, com fatigabilidade aumentada, o que dificulta a percepção dos estímulos ambientais e a compreensão; as lembranças tornam-se mais difíceis e imprecisas, há dificuldade crescente em todas as atividades psíquicas complexas, como o pensar, o raciocinar, a integração de informações, etc. Denomina-se aprosexia a total abolição da capacidade de atenção, por mais fortes e variados que sejam os estímulos utilizados.
A hiperprosexia consiste em um estado da atenção exacerbada, no qual há uma tendência incoercível a obstinar- se, a deter-se indefinidamente sobre certos objetos com surpreendente infatigabilidade.
A distração é um sinal, não de déficit propriamente, mas de superconcentração ativa da atenção sobre determinados conteúdos ou objetos, com a inibição de tudo o mais. Há, nesse sentido, certa hipertenacidade e hipovigilância. A pessoa fica com seu interesse e sua atenção totalmente voltados para um objeto e comete erros banais.
A distraibilidade é um estado patológico que se exprime por instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade ou incapacidade para fixar-se ou deter-se em qualquer coisa que implique esforço produtivo. A atenção do indivíduo é muito facilmente desviada de um objeto para outro. Há hipotenacidade e hipervigilância.
8 – Descreva brevemente os oito tipos de desorientação segundo a alteração de base. (OBJETIVA)
Desorientação por redução do nível de consciência, também denominada desorientação torporosa ou confusa, é aquela na qual o indivíduo está desorientado por turvação da consciência. Tal turvação e o rebaixamento do nível de consciência produzem alteração da atenção, da concentração e, conseqüentemente, da capacidade de percepção e retenção dos estímulos ambientais. Isso impede que o indivíduo apreenda a realidade de forma clara e precisa e integre, assim, a cronologia dos fatos. Essa é a forma mais comum de desorientação.
Desorientação por déficit de memória imediata e recente, também denominada desorientação amnéstica. Aqui, o indivíduo não consegue reter as informações ambientais básicas em sua memória. Não conseguindo fixar as informações, fica desorientado temporoespacialmente. Já a desorientação demencial é muito próxima à amnéstica. Ocorre também por déficit de reconhecimento ambiental (agnosias) e por perda e desorganização global das funções cognitivas. 
A desorientação apática ou abúlica ocorre por apatia ou desinteresse profundos. Aqui, o indivíduo torna-se desorientado devido a uma marcante alteração do humor e da volição, comumente em quadro depressivo. Por falta de motivação e interesse, o indivíduo, geralmente muito deprimido, não investe sua energia no mundo, não se atém aos estímulos ambientais e, portanto, torna-se desorientado.
A desorientação delirante ocorre em indivíduos que se encontram imersos em profundo estado delirante, vivenciando ideias delirantes muito intensas, crendo com convicção plena que estão “habitando” o lugar (e/ou o tempo) de seus delírios. Nesses casos, é comum a chamada dupla orientação, na qual a orientação falsa, delirante, coexiste com a orientação correta. Pode ainda alternar os dois tipos de orientação.
A desorientação por déficit intelectual era anteriormente chamada de desorientação oligofrênica. Ocorre em indivíduos com deficiência ou retardo mental grave ou moderado. Nesse caso, a desorientação ocorre pela incapacidade ou dificuldade em compreender o ambiente e de reconhecer e interpretar as convenções sociais (horários, calendário, etc.) que padronizam a orientação do indivíduo no mundo.
Desorientação por dissociação é também chamada de desorientação histérica. Ocorre em geral em quadros histéricos graves, normalmente acompanhada de alterações da identidade pessoal e de alterações da consciência secundárias à dissociação histérica (estado crepuscular, quadros dissociativos, etc.). 
A desorientação por desagregação ocorre em pacientes psicóticos, geralmente esquizofrênicos em estado crônico e avançado da doença, quando o indivíduo, por desagregação profunda do pensamento, apresenta toda a sua atividade mental gravemente desorganizada, o que o impede de se orientar de forma adequada quanto ao ambiente e quanto a si mesmo.
A desorientação quanto a própria idade é definida como uma discrepância de cinco anos ou mais entre a idade real e aquela que o paciente diz ter. Ela tem sido descrita em alguns pacientes esquizofrênicos crônicos e parece ser um bom indicativo clínico de déficit cognitivo na esquizofrenia.
9 – Descreva as anormalidades da vivência do tempo e do ritmo psíquico: bradipsiquismo, taquipsiquismo, ilusão sobre a duração do tempo, atomização do tempo e inibição da sensação de fluir do tempo. (Possivelmente OBJETIVA)
Bradipsiquismo: lentificação de todas as atividades mentais.
Taquipsiquismo: aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento, psicomotricidade, linguagem, etc.)
Ilusão sobre a duração do tempo: Trata-se da deformação acentuada da percepção da duração temporal. O tempo pode parecer transcorrer de modo extremamente veloz ou comprimido, ou de forma muito lenta e dilatada.
Atomização do tempo: é a alteração ou a falta da experiência subjetiva natural de fluir temporal, que produz uma redução quase puntiforme ou atomizada do tempo, fazendo-o parecer uma sucessão de pontos presentes que não se articulam entre si. 
Inibição da sensação do fluir temporal: A anormalidade da sensação do fluir do tempo corresponde à falta da sensação do avançar subjetivo do tempo, na qual o sujeito perde o sincronismo entre o passar do tempo objetivo, cronológico, e o fluir de seu tempo interno. 
10 – Descreva as alterações quantitativas da sensopercepção: hiperestesia, hiperpatia, hipoestesia, anestesias táteis e analgesias, parestesias e disestesias. (OBJETIVA)
Hiperestesia: condição na qual as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade ou duração. Os sons são ouvidos de forma muito amplificados, as cores tornam-se mais intensas. 
Hiperpatia: No sentido neurológico, sensação desagradável e geralmente dolorosa causada por leve estímulo da pele. 
Hipoestesia: é observada em alguns pacientes depressivos, nos quais o mundo circundante é percebido como mais escuro, as cores mais pálidas, os alimentos com menos sabor.
Anestesias táteis: perda da sensação tátil em determinada área da pele. Usa-se o termo anestesia para indicar também analgesias (perda das sensações dolorosas) de áreas da pele e partes do corpo. 
Parestesias e disestesias: alterações do sentido tátil e doloroso. 
Parestesias são sensações táteis desagradáveis como formigamentos, adormecimentos, picadas, agulhadas ou queimação. 
Já as disestesias táteis são sensações anômalas e dolorosasdesencadeadas por estímulos externos, como sentir frio quando estimulado por calor, ou um leve roçar na pele causa dor (assemelhando-se à hiperpatia).
11 – Quais as diferenças entre ilusão, alucinação e alucinose. (DISCURSIVA)
Ilusão: percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. Na ilusão há sempre um objeto externo real.
Alucinações: percepção de um objeto sem que este esteja presente, sem o estímulo sensorial respectivo. É a percepção clara de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real.
Alucinose é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa. Na alucinose, embora o doente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta à crença que comumente o alucinado tem em sua alucinação.

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