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Aula - Teoria do Erro

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DIREITO PENAL II
AULA 1 - TEORIA DO ERRO
Erro – falsa noção de um fato ou regra jurídica. É um estado positivo. Quem erra vê mal, pensa que existe.
Ignorância – ausência completa de conhecimento ou de representação. É um estado negativo da consciência.
Dúvida – pluralidade de idéias sobre algo, sendo uma a verdadeira.
ERRO NA LEI PENAL BRASILEIRA
Código Penal Brasileiro prevê:
Erro de tipo (art. 20 CP)
Erro de proibição (Art. 21 CP)
	Assim também se classifica o Direito português, alemão, suíço, austríaco, etc. 
	Código Penal Italiano – mantém o entendimento de que a ignorância da lei não escusa. 
TEORIAS DO ERRO
Para uma melhor compreensão da teoria do erro, faz-se necessário uma revisão das teorias do dolo e da culpabilidade.
Teorias do dolo (esquema causal)
	Conhecimento da ilicitude é elemento do dolo, situado na culpabilidade (forma de culpabilidade – dolo normativo). Tanto erro de tipo quanto erro de proibição excluem o dolo – solução unitária. 
Teoria estrita ou extremada do dolo:
	Considera que a falta de consciência do injusto exclui o dolo. Faz equiparação entre erro de tipo e erro de proibição, sendo ambos excludentes do dolo.
Teoria limitada do dolo: 
	A consciência da ilicitude constitui um elemento do dolo. Na ausência dessa consciência, não há dolo, mas culpa. A principal diferença em relação à teoria estrita, é que na primeira exige-se um comportamento atual e concreto do injusto, já na limitada apenas seu conhecimento potencial.
Teoria modificante do dolo: 
	A consciência da ilicitude faz parte do dolo, assim, o erro de proibição inevitável exclui a consciência da ilicitude, e deste modo, o dolo. Esta pertence à culpabilidade. Exclui-se também a culpabilidade e a responsabilidade penal. Se evitável o erro de proibição, o agente responde por crime doloso, podendo ser atenuado. Já na teoria limitada, o erro evitável configura crime culposo.
Ao contrário das teorias do dolo, aqui (com base na teoria normativa pura) o dolo é concebido como dolo do fato, ou dolo natural, despojado da consciência do injusto (que é inserida na culpabilidade). Aqui o dolo é mera consciência e vontade de realização do tipo objetivo. O dolo não exige conhecimento normativo, assim, a consciência da ilicitude integra a culpabilidade, e não o dolo. 
Divide-se em: teoria estrita da culpabilidade e teoria limitada da culpabilidade. 
Teoria estrita da culpabilidade:
 	Considera que o erro sobre a ilicitude do fato é sempre erro de proibição. Desse modo, o erro sobre as causas de justificação (exclusão de ilicitude) é erro de proibição e exclui a culpabilidade se for justificável. Há uma distinção nas situações de erro de tipo em que não há dolo do agente. Diante da ignorância do autor sobre o injusto, se não há censura a tal conduta, não há culpabilidade nem pena.
Teoria limitada da culpabilidade:
	Também decorre da teoria normativa pura da culpabilidade. Distingue erro de proibição direto e indireto (este último ocorre sobre as causas de justificação). Oferece solução diferenciada no tratamento do erro que versa sobre uma causa de justificação (discriminante putativa).
Teoria limitada da culpabilidade
	Erro sobre pressupostos fáticos - de uma causa de justificação (exclusão de ilicitude) equipara-se ao erro de tipo permissivo. Exclui o dolo, resta apenas a culpa. Ex.: agressão na legítima defesa.
Erro sobre a existência, o âmbito ou os limites legais de uma causa de justificação constitui erro de proibição indireto, que se inevitável exclui a culpabilidade, e, se evitável, atenua a pena. Ex.: erro sobre injusta agressão na legítima defesa.
Diferença: está no tratamento dado ao erro sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação. Para a teoria estrita é erro de proibição; para a teoria limitada é erro de tipo permissivo.
ESPÉCIES DE ERRO
Direito brasileiro, após a reforma de 1984 do Código Penal, vincula-se à teoria limitada da culpabilidade. O tratamento do erro compreende 7 hipóteses:
Erro de tipo
Descriminantes putativas
Erro de proibição
Erro determinado por terceiro
Erro sobre a pessoa
Erro na execução (aberratio ictus)
Aberratio delicti
ERRO DE TIPO
Dispõe o art. 20 do CP “o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. 
Ocorre quando o agente erra (por desconhecimento ou falso conhecimento) sobre os elementos objetivos do tipo, ou seja, o agente não conhece todos os elementos a que, de acordo, de acordo com o respectivo tipo legal de crime, deveria se estender o dolo.
Recai sobre os elementos essenciais do tipo (fáticos ou normativos), sem os quais deixa de existir. 
Ex.: levar coisa alheia crendo ser sua (art. 155 CP – furto).
ERRO DE TIPO E ERRO DE DIREITO
	Erro de tipo não é mero erro de direito. Incide sobre situações concretas e não apenas sobre o entendimento da lei. 
ERRO DE TIPO E ERRO DE FATO
	Erro de fato é recai sobre situação puramente fática. O erro de tipo não recai somente sobre os elementos fáticos do tipo, mas também sobre os requisitos jurídico-normativos.
ERRO DE TIPO ESSENCIAL:
	Incide sobre elementos e circunstâncias essenciais ao tipo. Impede o agente de conhecer o caráter criminoso do fato ou de conhecer a circunstância. 
Inevitável, invencível e escusável – exclui a tipicidade (dolo ou culpa). Não pode ser evitado pelo agente apesar das precauções.
Evitável, vencível ou inescusável – podia ser evitado pelo agente. Exclui-se o dolo, mas admite a responsabilidade por culpa. 
ERRO DE TIPO ACIDENTAL:
	Atinge os aspectos secundários do delito. É irrelevante para os efeitos do tipo penal. 
	Ex.: A para vingar-se de B mata C por engano.
Espécies:
Erro sobre o objeto
Erro sobre a pessoa
Erro na execução
Resultado diverso do pretendido
ERRO DE TIPO ACIDENTAL
Formas:
	a) Com unidade simples ou resultado único: 
	somente é atingida a pessoa diversa da pretendida, não sofrendo a vítima virtual qualquer lesão.
	Conforme o art. 73 CP, o agente responde do mesmo modo que no erro sobre pessoa (pelo crime cometido por engano). Faz-se a presunção de que atingiu a pessoa pretendida.
	b) Com unidade complexa ou resultado duplo:
	Agente além de atingir a vítima visada, acerta 3ª pessoa.
	Aplica-se a regra do concurso formal, impondo-se a pena do crime mais grave aumentada de 1/6 até a metade.
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
Putativo, vem do latim putare – errado. Imaginado, porém inexistente.
É a causa excludente da ilicitude erroneamente imaginada pelo agente. Não existe na realidade, mas o agente crê que sim, porque está em erro. Também chamada discriminante imaginária ou erroneamente suposta.
Compreende:
Legítima defesa putativa (ou imaginário)
Estado de necessidade putativo
Exercício regular do direito putativo
Estrito cumprimento do dever legal putativo 
Dispõe o art. 20, § 1º CP: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias supõe uma situação de fato, que se fosse real tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”.
Espécies:
a) Descriminante putativa por erro de proibição
b) Descriminante putativa por erro de tipo
DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE PROIBIÇÃO
O agente tem plena noção de tudo que está ocorrendo. Não erro sobre a situação de fato. Ele supõe que está diante de uma causa que exclui a ilicitude, porque avalia equivocadamente a norma, supõe que o injusto é justo.
	É o chamado erro de proibição indireto e tem as mesmas consequências do erro de proibição. Aplica-se o art. 21 CP. O dolo não pode ser excluído porque o engano incide sobre a culpabilidade e não sobre a conduta. 
Inevitável: agente terá cometido crime doloso, mas não responde por ele.
Evitável: agente responde por crime doloso, com diminuição da pena de 1/6 a 1/3.
	Ex.: legítima defesa da honra.
DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO
Ocorre quando o agente imagina situação de fato totalmente divorciada da realidade na qual está configuradaa hipótese em que ele pode agir acobertado por uma causa de exclusão de ilicitude. 
Os efeitos são os mesmos do erro de tipo. Se for evitável, responderá por crime culposo, se for inevitável, não há dolo ou culpa, não responde por crime.
É um erro de tipo essencial incidente sobre elementos (requisitos) de um tipo permissivo.
Tipo permissivo: permitem a realização de condutas inicialmente proibidas. São as causas de exclusão de ilicitude. 
Ex.: segurança que atira quando vítima ia tirar documento do bolso, pensando que era arma. 
ERRO DE PROIBIÇÃO
Trata-se de erro que tem por objeto a proibição jurídica do fato. 
Junto com o erro de tipo é uma questão que permite aferir se há ou não culpabilidade.
O agente perde a compreensão da ilicitude do fato. Constitui o lado oposto da consciência da ilicitude: supõe erroneamente que age de forma lícita.
Art. 21 CP: “O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de 1/6 a 1/3.
a) Erro de proibição direto – agente atua com a convicção de que sua ação não está proibida pela ordem normativa.
Ex.: bigamia – erro sobre o casamento anterior, que se supõe inválido.
b) Erro de proibição indireto ou erro de permissão – erro sobre uma norma permissiva. São as descriminantes putativas por erro de proibição.
Ex.: Caso do Morro da Providência.
Erro de proibição inevitável:
	Exclui a culpabilidade, por falta de potencial consciência da ilicitude (elemento da culpabilidade).
Erro de proibição evitável:
	Constitui atenuante da pena (art. 21 CP). 
ERRO DE PROIBIÇÃO x ERRO DE TIPO
No erro de tipo agente tem visão distorcida da realidade, não vislumbrando na situação que se apresenta, a existência de fatos descritos no tipo. O equívoco é sobre a realidade, e não sobre a previsão da lei penal.
No erro de proibição, há perfeita noção da realidade, mas há equívoco sobre o que dispõe a lei penal, há uma errada apreciação sobre a injustiça que se faz. 
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO
No erro causado por agente provocador quem deve responder pelo fato punível, a título de dolo ou culpa, é o próprio provocador que determina o erro (art. 20, § 2º CP). No que toca ao provocado, será isento de pena se o erro for inevitável, se evitável, será punido por culpa (art. 20, § 2º CP).
Ex.: A recebe um revólver de B, e este afirma estar a arma descarregada. Se A, sem procurar se certificar, dispara e vem a matar alguém, responderá por homicídio culposo, e B por homicídio doloso.
ERRO SOBRE A PESSOA
O erro acidental sobre a pessoa não afasta o agente da pena. Considera-se aqui as condições e especificidades da pessoa visada pelo agente.
Considera-se para fins da sanção penal as qualidades da pessoa pretendida (art. 20, § 3º CP).
Ex.: A quer matar B, seu pai, mas atinge C, pessoa estranha – aplica-se o agravante de parentesco (art. 61, II, e, CP).
ABERRATIO ICTUS 
(erro na execução)
É o desvio do golpe, erro no ataque. É o acidente na utilização dos meios de execução do delito.
Ex.: A pretende matar B, dispara contra ele, mas falha na execução e atinge C (art. 73, CP).
DIFERENÇAS ENTRE ABERRATIO ICTUS E ERRO SOBRE PESSOA
No erro sobre a pessoa o agente faz confusão mental (pensa que a vítima efetiva é a vítima virtual). Na aberratio ictus o sujeito não faz confusão, dirige sua conduta contra a pessoa que quer atingir.
No erro sobre a pessoa a execução do crime é perfeita, na aberratio ictus há erro na execução.
ABERRATIO DELICTI
Desvio do delito, resultado diverso do pretendido. Refere-se à hipótese em que atinge o bem jurídico errado.
Ex.: A quer atingir B com uma pedra, mas por inabilidade atinge uma vidraça próxima (art. 74, CP). 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
STJ – RE 80.249 – Rel. Felix Fischer.
Embora de difícil configuração concreta, o erro sobre a idade da ofendida é juridicamente relevante porquanto baseado no art. 20, caput, CP (erro de tipo).

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