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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Daniel Sonzzini, Danilo Lima de Moura, Natália Rodrigues da Silva (Grupo 6) Materiais e suas Propriedades PREPARAÇÃO E ANÁLISE MICROESTRUTURAL – PARTE A - DETERMINAÇÃO DE TAMANHO DE GRÃO Santo André 2015 1. INTRODUÇÃO O termo metalografia é bastante genérico, causando controvérsia quanto à sua definição. Uma tentativa é defini-lo como o estudo das características estruturais ou da constituição dos metais e suas ligas, para relacioná-los com suas propriedades físicas, químicas e mecânicas. Para se conseguir essa relação entre estrutura observada ao olho nu, lupa ou microscópio com as propriedades mecânicas, deve-se seguir uma linha mais ou menos definida de procedimentos. É o que chamamos exame metalográfico. [2] Através das análises macrográficas e das análises micrográficas é possível a determinação de diversas características do material, inclusive a determinação das causas de fraturas, desgastes prematuros e outros tipos de falhas. [2] Para conhecer as propriedades de um metal puro ou uma liga é importante conhecer sua estrutura microscópica uma vez que ela influencia ativamente nessas propriedades. Metais com granulometrias maiores, por exemplo, possuem maior ductilidade enquanto que os metais com grãos menores têm maiores limites de escoamento, resistência à tração e dureza. [1] A metalografia, se for encarada como o uso de aspectos visuais do metal para o controle de suas propriedades, surge no Oriente por volta de 800 d.C.. Nesta época, metalurgistas usavam materiais compósitos (aço alto carbono altamente segregado ou uma combinação de aço e ferro) para produção do aço por forjamento, produzindo uma macroestrutura visível a olho nu. [2] Uma peça chave para o desenvolvimento da metalografia foi a descoberta da microscopia óptica. Em 1665, Hook publicou a primeira imagem fractográfica obtida por microscopia de uma rocha sedimentar e estratificada, constituída de várias camadas concêntricas de carbonato de cálcio. [2] A metalografia passou a ter destaque, em detrimento da fractografia, no final do século XIX, principalmente com os trabalhos de Martens (1878) na Alemanha, Osmond e Le Chatelier (1885) na França, Arnold e Stead (1894) no Reino Unido e Howe e Sauvert (1891) nos EUA(10-11). [2] 2. OBJETIVO Entender o funcionamento da metalografia e como aplicá-la a diferentes metais para poder caracteriza-los corretamente, desde as técnicas laboratoriais como preparação da amostra passando pela analise microscópica, até a interpretação dos resultados obtidos. 3. MATERIAIS Amostra de aço carbono 1010 (aço de baixo teor de Carbono, 0,10%p, com microestrutura predominantemente ferrítica). 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 4.1 OBSERVADO Observou-se preparação metalográfica do Aço Carbono 1010 em um processo demonstrativo, com intuito de entender técnicas básicas de preparação de amostras para análise microestrutural. Tal preparação consiste basicamente de cinco etapas, sendo elas: A) Corte, B) Embutimento, C) Lixamento, D) Polimento e E) Ataque Químico. A) As amostras foram cortadas em cortadeira do tipo cut-off; tendo o cuidado de realizar o corte vagarosamente para que a superfície não seja queimada no processo, uma vez que a qualidade do corte é de extrema importância para a preparação de um boa amostra; B) As amostras, já cortadas, foram embutidas em baquelite em embutidora a quente. Esse tipo de embutidora é adequada para materiais que suportam grandes temperaturas. Para materiais orgânicos (um dente, por exemplo) indicou-se o embutimento a frio, que é um procedimento mais rustico, mas que permite a não danificação desse tipo de amostra. Na embutidora a quente, a amostra ficou durante o padrão de 8 minutos no embutimento e 8 minutos no resfriamento. Observou-se a necessidade do controle de pressão até sua estabilização, visto que a não realização desse procedimento pode comprometer a qualidade do embutimento; C) O lixamento ocorreu após o embutimento da amostra e teve como finalidade a remoção de defeitos que dificultariam a observação dos grãos no microscópio óptico. Esta é etapa que demanda mais tempo em um processo de preparação metalográfica, dado que recomenda-se que as amostras sejam mantidas por, no mínimo, 20 minutos em cada uma das quatro lixadeiras. Utilizou-se lixas com abrasivo de Carbeto de Silício de granas 220, 320, 400 e 600; D) O polimento ocorreu sobre disco giratório com pano de polimento de feltro e suspensão de alumina com granulometria de 1 m. Após a finalização desse procedimento, a amostra apresentou aspecto espelhado e lustroso e nenhum defeito aparente; E) Por ultimo, o ataque químico teve intenção de revelar os microconstituintes da amostra. Para isso, a superfície polida foi imersa em solução de Nital 3% (Álcool Etílico + Ácido Nítrico). 4.2 REALIZADO 4.2.1 Observação da microestrutura Em laboratório, foi dada explanação sobre o funcionamento básico do microscópio óptico de luz refletida. Ressaltaram-se detalhes importantes para a captura de boas imagens e a adequada utilização do equipamento. Para observação da microestrutura e posterior determinação do tamanho dos grãos da amostra de Aço Carbono 1010, utilizou-se um aumento de 200 vezes. Após o ajuste do microscópio, foram capturadas um total de cinco micrografias, as quais deviam possuir contornos de grãos bem nítidos. 4.2.2 Determinação do tamanho do grão Para a determinação do tamanho do grão ASTM (G), utilizou-se o Método do Intercepto. Foram traçados círculos de 100 mm de diâmetro em cada uma das cinco micrografias obtidas e feita contagem do número de grãos (N) interceptados pelos círculos. Em seguida, determinou-se o número de intersecções por mm (NL), obtido pela razão entre a multiplicação do número de grãos e do aumento utilizado (200x) pelo comprimento da circunferência traçada. O comprimento do Intercepto (l) foi obtido através do inverso do número de intersecções por mm. E, finalmente, determinou-se o tamanho do grão ASTM (G) para o Aço Carbono 1010 para cada região. 5. RESULTADOS Aqui, apresenta-se cada um das cinco micrografias do Aço Carbono 1010, capturadas com o microscópio óptico em aumento de 200 vezes. Nelas foram traçadas circunferências de 100 mm de diâmetro e feita contagem dos grãos interceptados pelo traço, de acordo com o Método do Intercepto. É interessante salientar que, para resultados com maior fidelidade à realidade, a contagem de grãos a partir de métodos mais precisos é aconselhável. Todos os cálculos para a obtenção do tamanho do grão ASTM (G) encontram-se na sessão 6. Micrografia 1: Imagem 1: Método do Intercepto em Micrografia de Aço Carbono 1010 (Região 1) Micrografia 2: Imagem 2: Método do Intercepto em Micrografia de Aço Carbono 1010 (Região 2) Imagem 3: Método do Intercepto em Micrografia de Aço Carbono 1010 (Região 3) Micrografia 3: Micrografia 4: Imagem 4: Método do Intercepto em Micrografia de Aço Carbono 1010 (Região 4) Imagem 5: Método do Intercepto em Micrografia de Aço Carbono 1010 (Região 5) Micrografia 5: 6. CÁLCULOS Inicialmente, foi feita a contagem dos grãos interceptados pelas circunferências de cada micrografias. Em seguida, o número de intersecções por mm (NL) é obtido através da equação abaixo: Onde M é o aumento utilizado (200x) e é o perímetro da circunferência escrita sobre as micrografias (D = 100 mm).O cálculo do comprimento do Intercepto (l) é obtido, segundo a expressão: E este parâmetro relaciona-se com o tamanho de grão ASTM (G) pela equação: ( ) Abaixo, a tabela com os cálculos feitos: Micrografia Grãos Interceptados (N) Intersecções por mm (NL) Comprimento do Intercepto (l) Tamanho de grão ASTM (G) 1 67 42,65 0,023 7,54 2 64 40,74 0,025 7,41 3 62 39,47 0,025 7,32 4 58 36,92 0,027 7,13 5 60 38,20 0,026 7,22 O desvio-padrão ( ) para o tamanho de grão obtém-se a partir da expressão: √ ∑( )̅̅ ̅ Onde ̅ é o tamanho médio do grão ( ̅= 7,32). O desvio-padrão para o tamanho do grão é = 0,16. Tamanho do grão ASTM (G): (𝟕 𝟑 ± 𝟎 𝟐) 7. APLICAÇÕES PARA O MATERIAL O Aço 1010 é um aço composto por 0,10% de carbono, que apresenta boa soldabilidade, baixa resistência mecânica e baixa usinabilidade [3] . Seus processos de fabricação não são controlados o tamanho de grão austenítico, os níveis de gases dissolvidos, o grau de pureza, etc. Sua aplicação é muito ampla na indústria em geral. A indústria automobilística emprega uma quantidade considerável deste aço na fabricação de peças que exijam flexão simples ou moderada. Carrocerias de veículos, bem como tampas de porta malas, e as portas do veículo muitas vezes são confeccionadas por este tipo de aço. Telhados, coberturas, portas e laterais das carcaças dos automóveis regulares também são feitos geralmente do mesmo tipo de aço. Peças de automóveis, tais como bobinas de reposição e painéis apresentam construção em aço com baixo teor de carbono. Quanto à sua estrutura, um material com granulação fina (que possui grãos pequenos) possui, geralmente, melhores propriedades mecânicas para serviços a temperatura ambiente ou baixas temperaturas. É, também, mais duro e mais resistente do que um material que possui granulação grosseira, uma vez que o primeiro possui uma maior área total de contornos de grãos para dificultar o movimento das discordâncias. Também aumentam os limites de escoamento, limite de resistência a tração. Enquanto, quanto maiores os grãos, mais dúctil é o material e maior é seu desempenho a altas temperaturas [4] . 8. REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS [1] Roteiro da aula prática da disciplina Materiais e Suas Propriedades da UFABC. AULA PRÁTICA 2a – Laboratório. [2] Disponível em: <http://profpaulofj.webs.com/oqueeparaqueserve.htm> Acesso em: 01 de nov. 2015. [3] Disponível em: <http://www.denversa.com.br/site/files/produtos/ba34aa7ebb8e04f694a76c816cee0afc.pdf> Acesso em: 01 de nov. 2015. [4] Disponível em: <http://www.esab.com.br/br/pt/education/apostilas/upload/apostilametalurgiasoldagem.pdf> Acesso em: 01 de nov. 2015.
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