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Teoria Geral do Processo – Integral – Regimental/Exame – 21/05/2017 **1 - O que é processo? – REGIMENTAL MÉTODO de solução de conflito entre as partes. Método científico. Busca da solução com base na equidade. Direito x Justiça – São diferentes. Direito – Igual para todos. Justiça – Varia de uma pessoa para outra. Direito Civil – “Ingrediente” para se fazer um bolo (Direito Material). Processo Civil – “Método” para fazer um bolo (Direito Processual). Auto Composição – Conciliação – Partes se acertam e solucionam o problema. Auto Tutela – Ver a palavra tutela no sentido de proteção. Exemplo: Legítima defesa ou se defender (a parte praticar o ato de se defender). Arbitragem – Qualquer questão que ocorra entre as partes num contrato será resolvida por um árbitro, quando falamos numa situação fora do poder judiciário. **2 – Jurisdição – Função do “Estado Juiz” (Judiciário) - REGIMENTAL Um das funções do Estado mediante a qual se substitui aos titulares dos interesses em Conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça. Ex: A deve para B, o Estado age para resolver o conflito sem que B faça justiça com as próprias mãos, havendo sempre a ampla defesa e o contraditório. Função (Poder – Dever) do Estado: Poder Judiciário (“Estado Juiz”); Objetivo: Entrega da Prestação Jurisdicional – Entrega da Tutela – Proteção (tutela) do direito. Direito de Ação: Você tem o direito de provocar o Estado Juiz a qualquer momento. Poderá sempre acionar e provocar, mesmo estado errado, conforme a CF/88, artigo 5º, inciso XXXV. “XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;” 2.1 – Princípios da Jurisdição A – Princípio do Juiz Natural O caso tem que ser analisado por um juiz que já estava designado (não se nomeia na hora). B – Princípio da Investidura Juiz deve estar investido no dever de proteger o direito (tem que estar na “ativa”). Se o Juiz se aposentou, não pode representar mais. *C – Princípio da Indeclinabilidade (Inafastabilidade do Direito) Não há o que se falar de não se dar uma reposta a um conflito que esteja no judiciário, mesmo que essa resposta seja um indeferimento (“Um juiz simplesmente não pode se afastar de um caso”). D – Inércia A jurisdição fica inerte, tem que procurar o “Estado Juiz” para que ele possa agir, o mesmo tem que ser provocado. Estado Juiz Autor Réu Autor “move” ação para o Estado Juiz solicitando demandas (pedidos) com relação ao réu. O Estado Juiz Cita o Réu. “O autor entra com ação contra o Estado, demandando e ou pedindo algo contra o réu (por isso o nome de Ação Judicial). A citação é a ciência que o Estado dá ao réu sobre as demandas exigidas pelo autor”. 2.2 – Espécies de Jurisdição Unidade da jurisdição: 1 Unidade (dentro dela há “seções”). Logo, um juiz criminal pode ser transferido para a área cível, pois é tudo uma única jurisdição. Distribuição da jurisdição: Como se distribui a jurisdição. Divisões: A – Especial x Comum (Residual) B – Superior x Inferior Inferior – 1º grau, 2º grau. Recurso Especial: Para o STJ. Recurso Extraordinário: Para o STF. C – Penal x Civil Penal: 1ª distribuição. Civil (não penal): Demais distribuições. 2.3 – Jurisdição Especial x Comum A – Especial Justiça Militar (Forças Armadas); Justiça Eleitoral; Justiça Trabalho; Justiça Militar Estadual (PM). B – Comum (Residual) Federal; Estadual (quando não está na competência federal). 3 – Princípios Processuais A – Princípio do Contraditório Você tem direito ao contraditório (participação). Você tem direito de participar do processo para influenciar o resultado (participar para apresentar provas, trazer testemunhas, rebater os argumentos da outra parte). B – Princípio da Ampla Defesa Garantia de uma defesa técnica (advogado, pessoa que sabe o procedimento), visando poder ter direito ao contraditório. O advogado (técnico) tem que exercitar a participação (contraditório). C – Princípio da Livre Investigação das Provas As partes podem produzir provas para convencer o juiz. O juiz pode, eventualmente, solicitar perícias, testemunhas, dentre outros, com o intuito de poder chegar a uma decisão, mesmo que ninguém peça. D – Princípio da proibição da prova ilícita Toda prova é produzida para o juiz. Não é permitido produzir provas de maneira ilícita (sob tortura, por exemplo). Não é permitido produzir provas ilícitas (documento falso). E – Princípio da Motivação das decisões judiciais A decisão tem que ser motivada, justificada (ajuda a evitar a arbitrariedade e controla a autoridade do Estado). *F – Princípio do Devido Processo Legal (todos os outros princípios se derivam dele, é a “semente”, os “frutos” são os outros princípios). Esse princípio começa a surgir em 1215 (Bill Of Rights da Inglaterra), visando regular direitos, principalmente no que tangem as questões da Propriedade. 1215 – Bill Of Rights; 1217 – Rei João Sem Terra rompe com o Bill Of Rights e volta o regime absolutista na Inglaterra; 1354 – Convenção de Westminister – Volta o princípio do devido processo legal. *Princípio para limitar o poder do Estado. No Brasil, o CPC (Código de Processo Civil) serve para regrar o agir do Estado (como agir e só poderá agir dentro da lei). 4 – Condições da Ação (Condições para que a ação ocorra) A – Interesse Processual Compõe-se de dois aspectos ligados entre si, que podem ser traduzidos no binômio Necessidade (o que se precisa fazer) X Adequação (maneira adequada para se fazer o que é necessário). Quando não se tem o binômio, o processo deve ser extinto. Exemplo: Ação de Alimentos – A mãe representa o filho, o filho vai a juízo contra o pai, representado pela mãe. Em alimentos, há jurisprudência para pagamento de pensão de 33% dos rendimentos do pai, mas não é lei. B – Legitimidade das partes Autor e réu devem ser partes legítimas. Deve haver ligação entre o autor e o objeto do direito afirmado. Exemplo: Se o seu Palio (Fiat) dá problema, o dono do veículo não pode processar a Chevrolet. 5 – Elementos da Ação Partes: Sujeito Ativo e Sujeito Passivo. Causa de Pedir: Fundamentos de fato e direito que embasam o pedido (fato + pedido). Pedido: Provimento jurisdicional postulado e o bem da vida que se almeja. Exemplo: declarar (ação declaratória, usualmente para pedir a nulidade de algo), constituir (uma União estável a partir do dia X), condenar (condene a reparar o dano, seja ele material ou moral), desconstituir (dissolver a União estável a partir do dia X). OBS: Ação sem partes (gestão pública para o interesse privado) – Não há pretensão sendo resistida (o Estado só administra a questão). Ação que não há polos opostos (como um divórcio de comum acordo entre as partes, por exemplo). Pedido Imediato: Provimento Jurisdicional (declarar, constituir, condenar, destituir). Pedido Mediato: Bem da vida (Objeto da ação). Extinção sem julgamento do mérito – Mérito (Pedido) 5.1 – Petição Petição = Partes + Fatos + Direito + Pedido Todos os itens da petição juntos formam o que chamamos de Elementos da Ação. Modelo de Petição: Cabeçalho Partes – Autor e Réu Fatos Direito Pedido Valor da Causa Local e Data Fatos + Direito = Causas de Pedir 6 – Processo O processo é o instrumento para o legítimo exercício do poder. Autos: São a materialidade dos documentos nos quais se corporificam os atos do procedimento. 6.1 – Sujeitos da relação jurídica processual Estado Autor Réu *Pressupostos Processuais de Existência da relação jurídica processual: A – Existência de Jurisdição O Estado juiz tem que estar previamente investido. Só existe processo se existe jurisdição (não se entrega um processo na faculdade de direito da FMU, por exemplo). B – Existência de Demanda Tem que haver um pedido, uma demanda (autor x réu). C – Capacidade Postulatória Necessidade de ir acompanhado de um advogado (advogadocom OAB ativa). A exceção a essa regra fica para os casos que ocorrem nos juizados especiais. D – Citação Só existe processo se o réu for citado. Se não houver a citação, poderá ocorrer processo de Quirela Nullitatis (anulação do processo por falta de citação). OBS: O processo NÃO é a única maneira de resolver um conflito, como por exemplo, nos casos de auto composição (conversa, negociação, sem um processo em si). 7 – Partes *Capacidade Processual: Geral: Artigo 70 do CPC. “Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo. “ Incapaz: Artigo 71 do CPC. “Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei. “ Curador Especial Nomeado: Artigo 72 do CPC “Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao: I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado. Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei. “ OBS: Tutor é para menor de idade. Curador para maior de idade. *Capacidade do Cônjuge: Artigo 73 do CPC: Quando é necessário ou não que o cônjuge realize algo em uma ação. Necessidade de “compose” (harmonia entre as duas partes). Existe a responsabilidade patrimonial, sendo primário o devedor e o secundário seu cônjuge. Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. § 3o Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos. ” OBS1: Autor X Réu (o “X” aqui é a Lide). OBS2: Pode haver processo sem lide, ou seja, as partes querem somente a chancela/validação do Estado, como em um divórcio em que há consenso entre as partes. 8 – Litisconsórcio Ocorre quando duas ou mais pessoas estão no mesmo polo no processo como autores, como réus ou como autores e réus. É uma cumulação de sujeitos. 8.1 – Tipos de Litisconsórcio Ativo, passivo ou misto – Onde pode ocorrer o litisconsórcio. Tempo de formação: Inicial (surge o processo já com um litisconsórcio) ou Ulterior (o litisconsórcio surge durante o andamento do processo). Obrigatoriedade: Facultativo ou necessário. Alcance do Litisconsórcio: Unitário: Sentença idêntica para todos (como num casamento, a decisão de condução vale para todos). Simples: O resultado pode não ser o mesmo para todos (como em uma decisão de despejo de uma pessoa e a outra pessoa, fiador, terá que pagar os atrasados). Princípio da economia processual: 1 processo com 5 autores movendo uma mesma ação contra 1 réu é melhor do que 5 processos, sendo 1 de cada autor, contra um mesmo réu. OBS: Lei 8245/91. Diferença entre denúncia cheia x vazia. Contratos de menos de 30 meses podem ser verbais. Contratos com 30 ou mais meses têm que ser escritos. **9 – Atos Processuais - REGIMENTAL Pronunciamentos do Juiz (artigo 203 do CPC). Exemplo: citar alguém (entre a petição inicial e a defesa). “Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. “ 1ª Instância Petição Inicial – Defesa Saneamento – Produção de Provas – Sentença Petição Inicial = Fato + Direito + Pedido. Defesa = Contestação. Saneamento = Se não há vícios, o processo continua. Produção de Provas = Testemunhal, documental, pericial. Sentença = Exarada por 1 juiz de direito. 2ª Instancia Juízo de admissibilidade – Juízo de Mérito – Acórdão Juízo de admissibilidade = O recurso é cabível? Análise dos requisitos para saber se o pedido é admitido ou não. Juízo de mérito = Análise do caso. Acórdão = Exarado por 3 desembargadores. OBS: Se perder a ação aqui, poderá ser encaminhado recurso para o STJ, STF ou até para os 2 ao mesmo tempo. Tribunais Superiores (o trâmite básico é igual para os 2, tanto STJ como STF). Juízo de admissibilidade – Juízo de Mérito – Acórdão. Juízo de admissibilidade = O recurso é cabível? Análise dos requisitos para saber se o pedido é admitido ou não. Juízo de mérito = Análise do caso. Acórdão = Exarado por um Ministro, seja ele do STJ ou STF. Artigo 203, parágrafo 1º do CPC: A fase Cognitiva se encerra com a sentença. A fase de analisar o caso (fase cognitiva) se encerra com a sentença. “§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. “ Decisão Interlocutória: Não é um despacho, nem sentença, é todo pronunciamento, conforme disposto no Artigo 203, parágrafo 2º do CPC. Tem caráter decisório sobre algo do processo (deferir/indeferir liminares). “§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. “ Despacho: Citação – Não se decide nada. Chama-se alguém para o processo. Há despachos também para numeração das páginas. Despachos também de caráter administrativo e de movimentação do processo, conforme parágrafos 3º e 4º do artigo 203 do CPC. “§ 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. “ Artigo 212 do CPC: Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 06:00 até as 20:00. “Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. “ Processo Eletrônico: Protocolar até as 23:59. Processo Físico: Protocolo até as 19:00. Artigo 214 do CPC: Não se praticam atos processuais durante as férias forenses e nos feriados, exceto os atos do artigo 212 parágrafo 2º do CPC e em casos de tutela de urgência. “Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais, excetuando-se: I - os atos previstos no art. 212, § 2o; II - a tutela de urgência. Artigo 212 § 2o Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso XI, da Constituição Federal. ” Artigo 215 do CPC: O que se pode praticar durante as férias forenses. Exemplo: Jurisdição voluntária (divórcio aceito por ambas as partes), conservação de direitos, alimentos, nomeação ou remoção de tutor e curador e demais processos que a lei determinar. “Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se suspendem pela superveniência delas: I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento; II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador; III - os processos que a lei determinar. “ Artigo 216 do CPC: Sobre feriados. Considera-se como feriado o sábado, domingo e dias úteis em que não tiver expediente forense. “Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeitoforense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense. “ Artigo 218 do CPC: Os atos processuais serão realizados nos prazos descritos em lei. O juiz poderá estipular prazo quando não houver prazo em lei. Quando o juiz e a lei não derem prazo, as intimações não podem produzir efeitos em menos de 48 horas. Nesses casos, quando a intimação chegar, a parte tem 5 dias para se manifestar. “Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. § 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do ato. § 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas. § 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. § 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. “ Artigo 224 do CPC: Prazos começam a contar da publicação (diário oficial). Exclui-se o primeiro dia e inclui-se o último. Sábados e domingos são tidos como “feriados”. No processo civil a contagem se faz em dias úteis. Prazo de protocolo de processo eletrônico: até as 23:59 do último dia. Prazo de protocolo de processo físico: até as 19:00 (fechamento do fórum). “Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. § 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. § 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. § 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação. ” **Artigo 225 do CPC: Renúncia se faz antes do procedimento ocorrer. Desistência ocorre durante o procedimento. ** - IMPORTANTE “Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa. “ Artigo 226: Prazos para o juiz. “Art. 226. O juiz proferirá: I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. “ Artigo 231 do CPC: Sobre a contagem de prazos, prazos processuais (citação). Lembrar que a contagem começa 1 dia útil após a juntada. Sempre se atentar aos casos de restauração de prazo (erro na intimação, por exemplo). “Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio; II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria. § 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput. § 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente. § 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação. § 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa. “ **OBSERVAÇÃO: É necessário lembrar aqui do conceito de SUSPENSÃO e INTERRUPÇÃO de prazos. Na suspensão o prazo para de ser contado e voltará ser contado depois que a causa de suspensão for extinta (como os prazos processuais), dando CONTINUIDADE na contagem. Interrupção ocorre o “fim” do antigo prazo e o surgimento de uma nova contagem de prazo. Em aula o processo citou a questão de erros na intimação como exemplo de casos de interrupção de prazos. Artigo 232 do CPC: “Art. 232. Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da citação ou da intimação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante. “ **10 – Competência – REGIMENTAL 10.1 – Competência Internacional A - Cumulativa ou Concorrente (Competência tanto no estrangeiro quanto em território nacional): Artigos 21 e 22 do CPC. Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. “ B – Exclusiva: Competência exclusiva da justiça brasileira. Artigo 23 do CPC. “Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. “ Observação 1: Sobre domicílio, se necessário, verificar os artigos 70 a 78 do Código Civil. Observação 2: Litispendência. Ocorre nos casos em se entra com uma ação no Brasil e outra no estrangeiro, podendo as duas existir ao mesmo tempo, conforme artigo 24 do CPC. “Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. “ Observação 3: Homologação de sentença estrangeira ocorre conforme os artigos 960 a 965 do CPC. “Art. 960. A homologação de decisão estrangeira será requerida por ação de homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido contrário prevista em tratado. § 1o A decisão interlocutória estrangeira poderá ser executadano Brasil por meio de carta rogatória. § 2o A homologação obedecerá ao que dispuserem os tratados em vigor no Brasil e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. § 3o A homologação de decisão arbitral estrangeira obedecerá ao disposto em tratado e em lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições deste Capítulo. Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado. § 1o É passível de homologação a decisão judicial definitiva, bem como a decisão não judicial que, pela lei brasileira, teria natureza jurisdicional. § 2o A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmente. § 3o A autoridade judiciária brasileira poderá deferir pedidos de urgência e realizar atos de execução provisória no processo de homologação de decisão estrangeira. § 4o Haverá homologação de decisão estrangeira para fins de execução fiscal quando prevista em tratado ou em promessa de reciprocidade apresentada à autoridade brasileira. § 5o A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. § 6o Na hipótese do § 5o, competirá a qualquer juiz examinar a validade da decisão, em caráter principal ou incidental, quando essa questão for suscitada em processo de sua competência. Art. 962. É passível de execução a decisão estrangeira concessiva de medida de urgência. § 1o A execução no Brasil de decisão interlocutória estrangeira concessiva de medida de urgência dar-se-á por carta rogatória. § 2o A medida de urgência concedida sem audiência do réu poderá ser executada, desde que garantido o contraditório em momento posterior. § 3o O juízo sobre a urgência da medida compete exclusivamente à autoridade jurisdicional prolatora da decisão estrangeira. § 4o Quando dispensada a homologação para que a sentença estrangeira produza efeitos no Brasil, a decisão concessiva de medida de urgência dependerá, para produzir efeitos, de ter sua validade expressamente reconhecida pelo juiz competente para dar-lhe cumprimento, dispensada a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão: I - ser proferida por autoridade competente; II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; III - ser eficaz no país em que foi proferida; IV - não ofender a coisa julgada brasileira; V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado; VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública. Parágrafo único. Para a concessão do exequatur às cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste artigo e no art. 962, § 2o. Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira. Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à concessão do exequatur à carta rogatória. Art. 965. O cumprimento de decisão estrangeira far-se-á perante o juízo federal competente, a requerimento da parte, conforme as normas estabelecidas para o cumprimento de decisão nacional. Parágrafo único. O pedido de execução deverá ser instruído com cópia autenticada da decisão homologatória ou do exequatur, conforme o caso. “ 10.2 – Competência da Justiça A - Federal: Artigo 109 da CF/88. Considerando o escopo da matéria de Teoria Geral do Processo, com foco na área civil, entender que vamos analisar os incisos I, II, III e parágrafos 1º até 4º do artigo 109. “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; XI - a disputa sobre direitos indígenas. § 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. “ B – Estadual: É residual, ou seja, se não é atribuída a justiça federal é competência da justiça estadual. 10.3 – Regras de Competência Competência absoluta: É insuscetível de sofrer modificação. Competência Relativa: É passível de modificação. 10.4 – Critérios da Competência A - Objetivo: Valor da Causa X Material (Natureza da Causa) B - Funcional: Horizontal de 1º grau. Exemplo: da 1ª Vara Cível de Santo Amaro para a 2ª Vara Cível de Embu das Artes. Vertical Recursal: Da Vara para o TJ ou TRF, do TJ ou TRF para o STF ou STJ. C – Territorial: Competência de Foro. Nos casos de direito pessoal ou real é regrado conforme o artigo 46 do CPC (regra geral). “Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. § 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. § 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. § 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. “ 10.4 – Modificação de Competência A modificação da competência consiste na alteração decorrente de lei ou da vontade das partes. É o fenômeno no qual um juízo abstratamente incompetente passa a ser competente para apreciar e julgar a causa. Tipos de Modificação de Competência: Convencional: Subdividida em Prorrogação (Tácita, artigo 65 do CPC) e Derrogação (Expressa, artigo 63 do CPC). A Prorrogação (Artigo 65 do CPC) da competência dá-se com a aceitação tácita da parte ex adversa (“do meu adversário”), ou seja, o foro originalmente é incompetente para apreciar e julgar determinada causa, entretanto, em virtude da omissão ou da manifestação do requerido, o foro que antes era incompetente passa a ser competente. OBS: A incompetência relativa não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. “Art.65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. ” Derrogação (Artigo 63 do CPC) é o fenômeno que se verifica quando as partes, em contrato, elegem o foro. Consiste na escolha do foro que será competente para a propositura de futuras ações. Decorre de convenção das partes. A eleição do foro é limitada as ações oriundas de direitos e obrigações, ou seja, aquelas fundadas em direito das obrigações. “Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valore do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. § 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. § 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. § 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. ” OBS: “Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes. ” 10.5 – Conexão – Artigo 55 do CPC Modelo de Petição: Cabeçalho Partes – Autor e Réu Fatos Direito Pedido Valor da Causa Local e Data Fatos + Direito = Causas de Pedir “Art. 55 Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2o Aplica-se o disposto no caput: I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. § 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. ” A conexão é uma relação que se estabelece entre duas ou mais demandas (ações). Haverá conexão entre elas quando tiverem o mesmo pedido ou quando coincidirem os respectivos fundamentos (causa de pedir). Basta que as ações tenham UM desses elementos em comum para que sejam consideradas conexas. OBS: Ou o pedido ou a causa de pedir. 10.6 – Continência – Artigo 56 do CPC – Parece Litispendência, mas não é. Modelo de Petição: Cabeçalho Partes – Autor e Réu Fatos Direito Pedido Valor da Causa Local e Data Fatos + Direito = Causas de Pedir “Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. ” A continência é, tal como a conexão, uma relação, um vínculo, que se estabelece entre duas ou mais ações em andamento. Para a Conexão, bastava 1 elemento de identificação: Mesmo pedido ou mesma causa de pedir. A Continência é um vínculo mais forte porque exige 2 elementos comuns: as mesmas partes E a mesma causa de pedir. Os pedidos podem ser diferentes (do contrário haveria litispendência), mas um deve ser mais amplo e abranger o outro. 10.7 – Prevenção – Artigo 58 do CPC “Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente.” É o critério para a exclusão dos demais juízos igualmente competentes de um mesmo foro. É, na verdade, um instrumento para verificar em qual juízo as ações deverão ser reunidas e julgadas simultaneamente. Critérios para fixação da competência através da prevenção: A – Se os juízes têm a mesma competência territorial, o juízo prevento é aquele que despachou em primeiro lugar; B – Se os juízes têm competência territorial diversa, o juízo prevento será aquele que determinou a primeira citação válida. 10.8 – Conflito de Competência – Artigo 66 do CPC São 2 os tipos de conflito de competência: Positiva – Quando MAIS de 1 juiz pode querer ter a competência em uma ação – Artigo 66, inciso I do CPC; Negativa – Quando NENHUM juiz quer ter a competência, ou seja, 2 ou mais juízes se dizem incompetentes para o caso. No caso de São Paulo há uma Câmara especial no TJ que designa qual o juiz competente nesse tipo de situação – Artigo 66, inciso II do CPC. “Art. 66. Há conflito de competência quando: I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência; III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo.” O procedimento para resolver os conflitos de competência se encontra no artigo 951 do CPC. “Art. 951. O conflito de competência pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. Parágrafo único. O Ministério Público somente será ouvido nos conflitos de competência relativos aos processos previstos no art. 178, mas terá qualidade de parte nos conflitos que suscitar. ” Exemplos de Conflitos: TSE x TSJ – Quem resolve o conflito de competência é o STF; TJ-SP x TJ outra UF – Quem resolve é o STJ; 2 varas dentro do mesmo Estado – Quem resolve é o TJ daquele Estado.
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