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AULA II DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
PROF. VICTOR EDUARDO S. LUCENA
E-MAIL: VICTORLUCENA84@GMAIL.COM
2016.2
AULA - II
 1. Obrigações e o direito constitucional
 2. Conceito e evolução das obrigações
 3. Características essenciais e elementos constitutivos
 4. O direito obrigacional e seus impactos no direito civil, empresarial e consumerista
1. OBRIGAÇÕES E O DIREITO CONSTITUCIONAL
O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES À LUZ DO LIBERALISMO
 Passagem da obrigação pessoal para o sistema de obrigação patrimonial.
 Antes, o indivíduo respondia pela obrigação contraída com o próprio corpo (Lei das XII
Tábuas).
 O patrimônio do indivíduo passou a responder pelas obrigações por ele contraídas, de forma
satisfazer a pretensão econômica do credor.
 Com o advento do liberalismo, a autonomia privada do indivíduo passou ganhou importância
substancial.
 Houve um tempo no qual as relações privadas eram quase intocáveis. O indivíduo poderia
contrair obrigações livremente, sem que houvesse qualquer interferência estatal na sua
atuação.
 A autonomia privada garantia uma esfera de atuação na qual nem mesmo o Estado ou
terceiros alheios à obrigação podiam interferir.
O CONSTITUCIONALISMO
 O constitucionalismo foi o movimento que deu força normativa à constituição. Ou seja, a
constituição deixou de ser uma mera carta de intenções e passou a ter força de norma
jurídica, razão pela qual tornou-se aplicável aos indivíduos e às relações públicas e privadas.
 No Brasil, a Constituição de 1988 positivou uma série de direitos fundamentais e princípios
que têm íntima relação com o direito das obrigações, cujos principais são a dignidade da
pessoa humana, o princípio da solidariedade, da livre iniciativa e da função social.
A NOVA AUTONOMIA PRIVADA
 É a Constituição Federal que estabelece os limites da autonomia privada. Vejamos:
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
(...)
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
 Assim sendo, a autonomia privada deve ser exercida dentro dos limites constitucionais, ou 
seja, de acordo com o que apregoa a Constituição Federal.
 Sob uma nova ótica, a autonomia privada consiste no direito à felicidade através do exercício 
da liberdade, desde que realizado dentro dos limites impostos pelo ordenamento jurídico civil-
constitucional.
O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Aplicada ao Direito das Obrigações, a nova autonomia privada pressupõe que o indivíduo
pode exercer a sua liberdade de contrair obrigações, mas que, para isso, deve:
 i) atender o princípio da boa-fé objetiva
 ii) estar em acordo com a função social
 A relação obrigacional deixa de ser um simples vínculo entre credor e devedor, uma fotografia
tirada do momento da sua materialização.
 Segundo Chaves e Rosenvald, a nova relação obrigacional:
(...) é dada pela vontade e integrada em todos os seus momentos pela boa-fé́, como um modelo de
conduta intersubjetiva leal e honesta, que exige das partes uma forma de agir na qual cada
parceiro visualize no outro um igual titular de direitos fundamentais.
 Da mesma forma, a obrigação, por força da função social, não pode causar prejuízos à
sociedade, à coletividade ou a terceiros.
 Tanto a boa-fé objetiva como a função social visam preservar a esfera a liberdade dos
indivíduos. Esses dois princípios asseguram que a vontade do mais forte não seja realizada
em detrimento da vontade do mais fraco.
 Notem: Há uma inclinação do Direito das Obrigações em direção ao princípio da
solidariedade, ao direito da dignidade e na direção do bem estar social.
QUESTÕES RELEVANTES
 Todos os bens do devedor respondem pelo inadimplemento das obrigações por ele contraídas?
 É possível - e constitucional - a prisão por não cumprimento de determinada obrigação civil?
 Como deve ser entendida a dignidade da pessoa humana em relação ao devedor executado? A
dignidade do executado pode anular a pretensão do credor?
2. CONCEITO E EVOLUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO
 Do latim: ob + ligatio: atar, ligar, unir, impor um determinado compromisso.
 No sentido jurídico, a obrigação é um vínculo entre pessoas, pelo qual uma assume
determinada responsabilidade em favor de outra, vinculando, o devedor, o seu patrimônio à
satisfação da pretensão do credor.
 Segundo Luiz Antônio Rolim, estudioso do Direito Romano, desde a Roma antiga, a obrigação
"significa um dever jurídico de caráter eminentemente econômico, uma vez que envolve
essencialmente dois sujeitos, sendo um deles o credor, que exige do outro - o devedor - o
cumprimento de uma prestação de conteúdo econômico (o pagamento de uma dívida)". ROLIM,
Antônio. p, 221.
 O conceito de obrigação se manteve quase o mesmo com o passar dos anos. Vejamos o
posicionamento da doutrina:
 “obrigação é́ o vinculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra prestação
economicamente apreciável”. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, p. 5.
 “um vinculo jurídico em virtude do qual uma pessoa fica adstrita a satisfazer uma prestação em
proveito de outra”. GOMES, Orlando. Obrigações, p. 15.
 “a obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do
devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Corresponde a uma relação
de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se pelo cumprimento),
cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível”. GONÇALVES, Carlos Roberto.
Direito civil brasileiro, p. 21.
 "relação jurídica transitória, estabelecendo vínculos jurídicos entre duas diferentes partes
(denominadas credor e devedor, respectivamente), cujo objeto é uma prestação pessoal, positiva
ou negativa, garantido o cumprimento, sob pena de coerção judicial". FARIAS, Cristiano Chaves
de. Curso de direito civil, p. 14.
CARACTERÍSTICAS DAS OBRIGAÇÕES:
 1. Transitoriedade
 2. Vínculo jurídico entre as partes
 3. Caráter patrimonial
 4. Prestação positiva ou negativa
Questão: Considerados o sistema civil-constitucional e os conceitos de obrigação, como deve ser
vista a relação obrigacional? Exemplifique.
 Na relação obrigacional há uma série de direitos e deveres recíprocos entre as partes. (visão
de uma relação obrigacional dinâmica)
 Hoje em dia, fala-se da passagem da obrigação como uma relação estática entre credor
(aquele que tem direitos) e devedor (aquele que tem responsabilidades) para a visão do
processo obrigacional.
 No processo obrigacional, ambas as partes têm, em diferentes momentos, direitos e deveres
dentro da relação obrigacional. A relação obrigacional tem caráter dinâmico.
 Exemplo: Contrato de compra e venda.
 No contrato de compra e venda, de um lado há o comprador, que tem a obrigação de pagar.
Do outro, há o devedor, que, logo após o pagamento, tem a obrigação de entregar a coisa.
 "as obrigações encerram em si verdadeiros processos intersubjetivos que, englobandonormalmente vários poderes e deveres, se desenrolam no tempo, para satisfação do interesse
de uma pessoa, mediante a cooperação de outra”. ANTUNES VARELA, Joao de Matos. Direito
das obrigações, p. 64.
 Pode-se dizer que o aspecto dinâmico das obrigações decorre da boa-fé objetiva, que
estabelece deveres anexos de conduta às partes obrigadas.
 Entretanto, não obstante o caráter dinâmico da relação obrigacional, a finalidade da
obrigação é a satisfação dos interesses do credor, desde que respeitados os valores
constitucionais.
EMENTA:
ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. Obrigação de fazer. Outorga de escritura definitiva. Imóvel não
desmembrado de área maior onde se localiza. Obrigação das rés realizarem o
desmembramento, o que não foi feito. Obrigação como processo. Sentença mantida. Recurso
desprovido.
(TJ-SP - APL: 00084057020138260066 SP 0008405-70.2013.8.26.0066, Relator: Francisco
Loureiro, Data de Julgamento: 09/04/2015, 6ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
09/04/2015)
3. CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS E ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS
 Sujeitos (elemento subjetivo)
 Prestação (elemento objetivo)
 Vínculo jurídico (elemento imaterial)
 Assim, a relação obrigacional é composta por: Elemento subjetivo + elemento objetivo +
Elemento imaterial.
SUJEITOS
 Na obrigação há dois sujeitos determinados ou determináveis. De um lado, há um sujeito
ativo, o credor, titular de um direito subjetivo. Do outro, há um sujeito passivo, o devedor,
que tem um dever jurídico.
 Pode existir pluralidade em qualquer dos polos da relação obrigacional (veremos as obrigações
solidárias ativa e passiva)
Casos especiais:
 Incapacidade absoluta: Representação
Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos.
 Incapacidade relativa: Assistência
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
 Possibilidade da existência de entes despersonalizados como sujeitos das obrigações:
Condomínios edilícios, massa falida, sociedade de fato, espólio.
 Os sujeitos das obrigações podem assumir nomenclaturas próprias: Consumidor, locatário,
comodatário, vendedor etc.
 O sujeito da relação não precisa ser determinado no momento do surgimento da relação, mas
deve ser determinado. Exemplo: relações ambulatoriais ativas (credor) e passivas (passivas).
 Pode também haver alteração de sujeitos nas obrigações. Isso ocorre quando da cessão de
crédito (art. 286 a 298 CC); da assunção de dívida ou cessão de débito (art. 299 a 303 CC),
sub-rogação, novação etc.
 Pode também haver confusão de sujeitos da obrigação, o que implicará na extinção da mesma
(art. 381 CC).
PRESTAÇÃO:
 O objeto jurídico da relação é a prestação, que consiste naquilo que deve ser feito, no ato de
entregar a coisa (obrigação de dar), ou no ato de prestar algo (obrigação de fazer ou não fazer),
que importa em uma ação ou omissão do devedor.
 Assim, pode-se dizer que ao dever jurídico (débito) imposto ao sujeito passivo corresponderá
um direito subjetivo (crédito) do sujeito ativo. A relação obrigacional reside no elo entre os
dois sujeitos da relação.
 A esse vínculo se dá o nome de "núcleo central da obrigação".
 O objeto imediato da obrigação é a prestação. O objeto mediato, o bem da vida.
 O objeto da prestação é a coisa a ser entregue (obrigação de dar) ou a ato a ser prestado
(obrigação de fazer).
 O elemento objetivo da obrigação deve, necessariamente, ter as seguintes características, toas
descritas no art. 104 do Código Civil:
 a) licitude
 b) possibilidade física e jurídica
 c) determinabilidade
 d) patrimonialidade
 Objeto lícito: O objeto da relação não pode atentar contra a lei. Assim sendo, é nula a
obrigação ilícita.
 Possibilidade física ou jurídica: A impossibilidade física deriva das leis naturais (Exemplo:
alcançar a lua com as mãos). A impossibilidade jurídica advém de proibição do ordenamento
jurídico (proibição de negociar a herança de pessoa viva).
 A impossibilidade superveniente não importa na extinção da obrigação.
 Objeto determinado ou determinável: O objeto ou deve ser determinado, sendo descrita a
sua qualidade e quantidade, ou determinável no momento da execução (quantidade e gênero).
 A indeterminabilidade do objeto acarreta na nulidade da obrigação.
 Economicidade (ou patrimonialidade): A obrigação deve ser economicamente apreciável,
quantificável, ela deve gerar proveito direto ou indireto.
 A patrimonialidade está presente tanto na prestação como na sanção.
VÍNCULO JURÍDICO
 É o elemento abstrato da relação obrigacional. É o vínculo jurídico que une as partes
obrigadas, possibilitando que uma exija da outra o objeto da prestação.
 O vínculo jurídico dá coercibilidade à relação obrigacional e é ele quem assegura a sujeição do
devedor ao credor, possibilitando que este exija em juízo o cumprimento da obrigação por
aquele.
 Note: Mesmo que com a cessão de parcela da sua liberdade, o devedor não é completamente
obrigado ao credor. O vínculo que os une é de cooperação, não de subserviência.
 Há, entretanto, obrigações que não possuem o caráter coercitivo do vínculo jurídico, como,
por exemplo, as obrigações naturais.
 Não cumprida a obrigação, é facultado ao credor ingressar em juízo na busca pelo
adimplemento.
 Prisão civil por dívida
 Art. 5o, inciso LXVII CF/88: não haverá prisão civil por dividas, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntario e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
 O Brasil é signatário da Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de San José
da Costa Rica), que veda, no seu art. 7º, qualquer prisão civil, salvo a do devedor de
alimentos.
 O STF já se posicionou contra a prisão civil por dívida (Informativo DTF 531 e RE 466.343).
 Há a possibilidade de prisão civil do devedor para se garantir os direitos fundamentais do
credor?
 Prisão por alimentos
 Prisão do descumprimento de ordem judicial por ente público
 É possível a prisão como medida coercitiva?
 Segundo Cristiano Chaves, sim. Mas apenas nos casos que envolvem direitos fundamentais
extrapatrimoniais.
 Débito: é uma prestação que deve ser espontaneamente cumprida pelo devedor. É o bem da
vida solicitado pelo credor (comportamento de dar, fazer ou não fazer).
 O cumprimento voluntário e exato da prestação extingue o direito à prestação.
 Note: O credor não dispõe do poder de exigir o cumprimento, mas tão somente de expectativa
do adimplemento por parte do devedor.
 O devedor possui o dever de prestar.
 O inadimplemento da obrigação gerará a responsabilidade do devedor.
 Responsabilidade patrimonial: é a sujeição que recai sobre o patrimônio do devedor como
garantia do credor. Deriva do inadimplemento do débito originário. Busca concretizar a
pretensão do credor.
 Assim, na relação obrigacional existem o débito (dever do sujeito passivo para com o sujeito
ativo) e a responsabilidade, essa latente, que virá à tona quando do inadimplemento.
 Outra função da responsabilidade é a de coerção do devedor para que cumpra com a
obrigação contraída. Nesse sentido, a responsabilidade visa constranger o devedor a satisfazer
a prestação de modo a não causar prejuízo ao outro sujeito da obrigação
 Veja, pois, que a responsabilidade tem dois vieses: o reparatório e o inibitório.
 Assim, contraída a obrigação:
 1 - surge o direito subjetivo de crédito do credor em face do devedor;
2 - Em caso de lesão a esse direito subjetivo, nasce a pretensão de direito material em favor do credor;
 Pretensão: A pretensão é o poder de exigir a prestação, inclusive mediante a invasão do
patrimônio do devedor e dos corresponsáveis.
 Vejamos o que nos diz o Código Civil:
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
 Não obstante o Código Civil fale que todos os bens do devedor respondem pela obrigação não
cumprida, em consonância com os princípios da solidariedade e da dignidade da pessoa
humana, há bens que, por regra, não podem ser penhorados e que não respondem pelas
obrigações do devedor.
 Vejamos o Código de Processo
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado,
salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um
médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
Civil:
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade
de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e
os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação,
saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
vinculados à execução da obra.
 Antes do advento do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015), restava, ainda,
controvérsia sobre a extensão da responsabilidade sobre os bens do devedor. Tal controvérsia,
hoje, inexiste por força do artigo 883.
 Além disso, a súmula 486 do Superior Tribunal de Justiça também considera como
impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros e cuja renda
seja revertida em sua subsistência:
 Súmula 486 do STJ: é impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado
a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a
moradia da sua família.
 O débito tem finalidade imediata e deve ser voluntariamente adimplido. A responsabilidade
patrimonial, de diferente modo, tem finalidade mediata (remota) e vem à tona pelo
inadimplemento ou pelo ato ilícito.
 Chamamos as obrigações que têm finalidade imediata e mediata de obrigações civis ou
perfeitas.
 CASOS ESPECIAIS:
 Dívida sem responsabilidade: São aqueles casos nos quais pretensão, advinda da relação
obrigacional que surgiu validamente, pode ser repelida pelo devedor.
 Exemplo: Prescrição (art. 193 CC), ou obrigações naturais.
 Obrigações naturais ou imperfeitas são aquelas despidas de coercibilidade, que não podem
ser efetivadas por meio de ação.
 Responsabilidade sem débito: Há hipóteses nas quais pessoas fora da situação jurídica
passiva assumem a responsabilidade pela satisfação da obrigação. Tal situação ocorre, por
exemplo, quando o devedor oferece outras garantias, externas ao seu patrimônio, para
fortalecer a posição do credor, tais como caução real prestado por terceiro.
 Nesses casos o terceiro torna-se responsável e passa a garantir o débito contraído pelo
sujeito passivo com o próprio patrimônio.
 Há também casos em que a responsabilidade recai sobre o patrimônio de terceiros por força
da lei. É, por exemplo, o caso da desconsideração da responsabilidade jurídica (art. 50 CC).
 Responsabilidade sem dívida atual: Nesse caso, a responsabilidade do devedor surge antes 
mesmo da exigibilidade do débito. Exemplo: Fiador, que garante a dívida do devedor com o 
seu próprio patrimônio.
 É importante ressaltar que o Supremo Tribunal Federal já se posicionou pela penhorabilidade 
do bem de família dado pelo fiador como garantia.
OUTRAS CARACTERÍSTICAS
 Vastidão das obrigações: o direito obrigacional tem grande projeção sobre os demais
domínios do Direito.
 Uniformidade das obrigações: existe grande aproximação das obrigações nos diversos
sistemas jurídicos.
GARANTIAS
 As garantias constituem substrato jurídico fundamental para o desenvolvimento do crédito.
 Nos sistemas jurídicos modernos coexistem três tipos de garantias: a pessoal, a mobiliária e a
imobiliária.
 Garantias acessórias: são as garantias do dever de prestação. Objetivam a realização da
conduta devida, sob responsabilidade patrimonial mediante o seu descumprimento.
 Garantias principais: têm em vista a utilidade da prestação. Visam assegurar o bem da vida.
TIPOS DE GARANTIA
 Garantia real: institui a afetação de bens do devedor ou de terceiro (penhor, hipoteca e
anticrese) para o pagamento de certas dívidas.
 Garantia pessoal: institui uma obrigação secundária, assumida por devedor diferente. É um
reforço à garantia geral e vincula o patrimônio de terceiros à obrigação do devedor.
 Nessa hipótese, caso o terceiro satisfaça a obrigação, surge para ele, direito de regresso ou a
sub-rogação sobre o devedor primitivo.
 O mais conhecido exemplo de garantia pessoal é a fiança (arts. 818 e 819 CC)
4. O DIREITO OBRIGACIONAL E SEUS IMPACTOS NO 
DIREITO CIVIL, EMPRESARIAL E CONSUMERISTA
 Conforme já visto, o direito obrigacional disciplina três coisas:
 1. As relações de trocas de bens;
 2. A reparação de danos em sentido estrito;
 3. O enriquecimento sem causa.
 Dessa forma, é fácil perceber que o Direito das Obrigações permeia todas as atividades
humanas. Exemplos de aplicação do Direito das Obrigações podem ser verificados nos
seguintes casos:
 Contratos de locação
 Contratos de compra e venda
 Relações de consumo (relações jurídicas assimétricas)
 Poder estatal de cobrar tributos
 Dever de reparar danos causados
 Emissão de títulos de créditos
 Casamento (obrigações conjugais)
 Obrigações alimentares
 Morte (testamento, como negócio jurídico unilateral e gratuito, ou até mesmo no próprio Direito
Sucessório)
 Obrigações jurídicas do Direito do Trabalho
RELAÇÕES ENTRE O DIREITO CIVIL, O DIREITO EMPRESARIAL E O DIREITO DO
CONSUMIDOR
 Quando da substituição do Código Civil de 1916 pelo Código Civil de 2002, ou seja, da
reconstrução do direito privado brasileiro, foram identificados três sujeitos: o civil, o
empresário e o consumidor.
 O legislador brasileiro optou por regular as relações civis e empresariais no Código Civil. As
relações consumeristas são reguladas por um microssistema específico, o Código de Defesa
do Consumidor.
 Importante ressaltar que a aplicação das regras às obrigações assumidas dependerá da
posição jurídica de cada uma das partes no momento da contratação. Isso porque, devido a
dinamicidade da sociedade, um mesmo indivíduo pode ser empresárioem um contrato,
consumidor em outra obrigação e civil em uma terceira obrigação.
 Entretanto, isso não significa dizer que houve a unificação o Direito de Empresa com o Direito
Civil. O Direito de Empresa continua autônomo, com regras próprias. Ele apenas utiliza-se do
regramento das obrigações civis para ser operacionalizado.
 Consumidor - Direito ao tratamento diferenciado, por ser sujeito débil, vulnerável,
hipossuficiente, da relação obrigacional. (art. 48 do ADCT)
 O Código Civil cuida das relações obrigacionais entre iguais.
 O direito do Consumidor objetiva preservar a ordem pública e o interesse social.
 Relação entre a função social das obrigações e as relações consumeristas.
 Conceito de consumidor: art. 2º do CDC: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
 Teorias que buscam definir as relações obrigacionais consumeristas: Teoria finalista e teoria
maximalista.
 Teoria finalista: Consumidor é o destinatário final do produto ou serviço. Segundo essa
teoria, o produto ou serviço deve ser "retirado do mercado" pelo consumidor para que a
relação seja dita de consumo.
 Teoria maximalista: Consumidor é o destinatário fático do bem. É irrelevante a destinação
final do produto.
 Considera-se que a teoria finalista (mitigada pela vulnerabilidade) está mais alinhada com a
proteção especial do consumidor definida pela CF/88.

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