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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROF. VICTOR EDUARDO S. LUCENA E-MAIL: VICTORLUCENA84@GMAIL.COM 2016.2 AULA - V 1. Obrigações alternativas 2. Obrigações facultativas 3. Obrigações cumulativas 4. Obrigações fracionárias 5. Obrigações divisíveis e indivisíveis 1. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS As obrigações podem ser classificadas quanto aos elementos obrigacionais. Assim, se tiverem apenas um credor, um devedor e uma prestação, a obrigação será classificada como simples. De diferente modo, se houver multiplicidade de credores, devedores ou prestações, as obrigações podem ser classificadas como plurais ou compostas (coletivas ou múltiplas), sendo, objetivamente, cumulativas, facultativas e alternativas (objeto) e, subjetivamente, fracionárias, solidárias e divisíveis (sujeitos). Nas obrigações alternativas, há pluralidade de prestações possíveis e distintas, autônomas entre si, dentre as quais somente uma será satisfeita. Ou seja, a parte devedora se obriga a entregar ao credor uma prestação dentre as duas ou mais prestações previamente acordadas. Nas obrigações alternativas, há provisória indeterminação do conteúdo da prestação. Exemplo: Caio se obriga a entregar a Tício um cavalo ou R$ 700.000,00 (setecentos mil reais). Caio só se libertará da obrigação se entregar a Tício um ou outro bem. Mesmo nas obrigações alternativas, o credor não pode ser compelido a receber a prestação de forma fragmentada (arts. 252, §1º, 313 e 314 CC). NATUREZA DA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA A natureza da obrigação alternativa será definida quando da concentração, ou seja, quando da escolha da prestação que será realizada pelo devedor em favor do credor. Cuidado: As obrigações alternativas não vinculam o cumprimento da prestação a qualquer condição futura. A escolha do objeto da prestação recai sobre aquelas prestações previamente acordadas e definidas pelas partes. Cuidado: Não confunda as obrigações alternativas com a dação em pagamento. Nesta, o credor anui com o recebimento de objeto diverso do acordado. Naquelas, as prestações estão previamente definidas no acordo de vontades. Cuidado: Não confunda obrigação alternativa com obrigação de dar coisa incerta (art. 243 CC). As obrigações de dar coisa incerta são simples (há apenas um objeto), que será determinado quando do cumprimento da obrigação. Nas obrigações alternativas, há diversidade de prestações. Não obstante isso, os objetos das prestações são determinados. Atenção: Pode haver casos nos quais haja a contratação de obrigação alternativa sobre dívida de coisa incerta (e.g. A se obriga a entregar a B 10 vacas ou 8 cavalos). Exemplo de utilização das obrigações alternativas: contrato estimatório (art. 534 CC). Enunciado nº. 32 do Conselho de Justiça Federal: “No contrato estimatório o consignante transfere ao consignatário, temporariamente, o poder de alienação da coisa consignada com opção de pagamento do preço de estima ou a sua restituição ao final do prazo ajustado”. Note: Na obrigação alternativa vigora o princípio da autonomia. Ela não deriva da lei, mas sim da vontade das partes, que participam de uma relação obrigacional disjuntiva. CONCENTRAÇÃO É o momento no qual a obrigação alternativa se torna obrigação simples, com objeto determinado. É no momento da concentração que é determinada a natureza da obrigação. É possível a convenção sobre qual dos sujeitos da relação obrigacional realizará a concentração. Entretanto, caso não haja estipulação, caberá ao devedor a opção (art. 252 CC). Caso as partes obrigadas sejam, reciprocamente, devedoras uma da outra, aquela que deveria entregar em primeiro lugar a sua prestação é a que terá o direito de opção (art. 252 CC). Feita a escolha e informado o credor, transforma-se a obrigação alternativa em obrigação de dar coisa certa, de fazer ou de não fazer, prevalecendo as regras a elas referentes. Os efeitos da concentração retroagem à data da constituição da obrigação, como se simples ela fosse desde o início (Electa una via, altera non datur). Entretanto, as partes podem convencionar meio de retratação. Balanceamento da concentração nas prestações periódicas: é a possibilidade de nova concentração quando do cumprimento de cada uma das parcelas das obrigações alternativas de trato sucessivo (art. 252 §2º CC). POSSIBILIDADE DE ESCOLHA POR TERCEIRO Podem as partes convencionar que a escolha será realizada por terceiro. Caso esse terceiro não possa ou não queria realizar a escolha, caberá ao juiz realizá-la (art. 252, 3º). Regra semelhante é aplicada quando a escolha cabe a uma pluralidade de obrigados, que não a realizam (art. 252, §2º). Note: A concentração ocorrerá antes do prazo final para o adimplemento, no qual torna-se a obrigação exigível de imediato e após o qual estará o devedor em mora. Caso a escolha caiba ao devedor e ele não a realize, surgirá para o credor o direito de exigir judicialmente que o devedor a faça (art. 800 CPC). Caso a escolha caiba ao credor, e ele não a realize, o devedor poderá ajuizar ação para que o credor faça a escolha, sob pena de transferência do direito de opção (art. 342 CC). IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO Caso uma das obrigações se torne inexequível sem culpa do devedor, deverá ele cumprir a obrigação com a outra (art. 253 CC). Se as prestações se tornarem impossíveis por culpa do devedor, responderá ele pelo valor correspondente a que por último pereceu mais perdas e danos (art. 254 CC). Caso ambas tenham perecido ao mesmo tempo, poderá o devedor pagar o valor de qualquer delas mais perdas e danos, vez que estava obrigado a qualquer das prestações. Se o negócio jurídico se tornar inexequível por culpa do devedor, a solução pode variar, de acordo com o titular do direito protestativo de optar (art. 255 CC): a) Se a concentração couber ao credor, ele poderá escolher entre a prestação que subsiste ou o valor correspondente da que pereceu mais perdas e danos; b) Se a escolha couber ao devedor, aplica-se a regra do art. 253 do CC. mais perdas e danos. Caso todas as obrigações se tornem inexequíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação, sem perdas e danos (art. 256 CC). Contudo, se o devedor estiver em mora à época da impossibilidade, vigorarão as regras dos artigos 395 e 399 do CC, ou seja, será o devedor responsabilizado pelos prejuízos causados ao credor pela mora e poderá, ainda, ser obrigado a cumprir a prestação, salvo se provar que o fato danoso ocorreria independentemente do cumprimento da prestação. Caso as prestações se tornem impossíveis por culpa do credor, teremos os seguintes cenários: a) Cabendo a escolha ao credor, ele receberá a prestação remanescente, ou será responsabilizado por perdas e danos; b) Cabendo a escolha ao devedor, ele realizará prestação remanescente e exigirá perdas e danos caso a prestação que sobrou seja mais onerosa que a que pereceu; c) Sendo impossíveis todas as prestações e cabendo a escolha ao devedor, restará extinta a obrigação, podendo o devedor exigir o valor de qualquer delas mais perdas e danos; d) Na hipótese acima, sendo a escolha do credor, ele poderá escolher qual das prestações indenizará ao devedor. 2. OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS A obrigação facultativa é aquela que possibilita que o devedor escolha cumprir a obrigação principal com prestação diferente e subsidiária, desde que especificada na relação obrigacional. Trata-se de obrigação simples, na qual é estabelecido, para o devedor, o direito de adimplir o débito de forma diversa da estabelecida com o credor. Na obrigação facultativa não existe concentração. É apenas facultado que o devedor cumpra a obrigação com prestação diversa e por ele escolhida. Nela, o credor não tem qualquer faculdade de optar sobre a prestação escolhida pelo devedor. Exemplo: Ticío (devedor) convenciona com Caio (credor) a obrigação de pagamento da quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou, alternativamente, a entrega de 1.000 (mil) galinhas. Quando do momento do pagamento, Tício poderá escolher como o realizará. Assim, se o objeto da obrigação facultativa perecer, tornar-se-á impossível a obrigação. A esse tipo de obrigação são aplicadas as regras da obrigação simples quanto à impossibilidade superveniente. As obrigações facultativas diferem da dação em pagamento porque naquelas o cumprimento com prestação diversa independe da vontade do credor e porque na dação em pagamento não há previsão anterior de possibilidade de cumprimento da obrigação de modo diverso pelo devedor. Pode haver casos de obrigação facultativa em favor do credor (e.g. cláusula penal, que possibilita que o credor persiga a pena pecuniária ao invés da obrigação). 3. OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS São obrigações nas quais há duas ou mais prestações cumulativamente exigíveis por um único título e fato jurídico. Por consequência, o devedor apenas se exonera do vínculo obrigacional quando prestar todas as prestações de forma conjunta. Nessas obrigações, o inadimplemento de uma das prestações convencionadas implica no total inadimplemento da obrigação. Exemplo: Obrigação de entregar uma cama e uma mesa. Atenção: Só haverá obrigação cumulativa quando o interesse do credor estiver no conjunto das prestações, e não em cada uma delas independentemente. Às obrigações cumulativas se aplicam as regras das obrigações de dar e de fazer. 4. OBRIGAÇÕES FRACIONÁRIAS A obrigação é fracionária quando é divisível e quando nela há pluralidade de credores ou devedores, que portar-se-ão de forma autônoma em relação aos seus direitos e deveres, fracionando a obrigação. Ou seja, cada credor só pede a sua parte e cada devedor só se obriga por sua parte, incidindo diversos vínculos jurídicos na relação jurídica. Exemplo: Caio e Tício se obrigam a pagar R$ 20,00 (vinte reais) a quaisquer dos credores Mélvio e Semprônio. Se Caio pagar R$ 10,00 a Mélvio e R$ 10,00 a Semprônio, não será lícito aos credores exigir mais nada. Exemplos na lei: art. 1.317 CC (contração de dívidas pelos condôminos), art. 1.380 CC ( rateamento despesas da servidão) e art. 1.934 (cumprimento do legado aos herdeiros). Nessas obrigações, prevalece a regra concusu partes fiunt: no concurso de credores ou de devedores, a obrigação fraciona-se. Essa regra é derrogada quando as obrigações forem indivisíveis ou solidárias. 5. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS Há casos nos quais as relações obrigacionais podem ser formadas pela multiplicidade de sujeitos ativos, de sujeitos passivos e de objetos. Nesses casos, há o fracionamento da obrigação em obrigações autônomas, conforme o número de partícipes, de modo que cada um deles receba e dê a sua parte (art. 257 CC) - concursu partes fiunt - as partes se satisfazem pelo concurso. Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. Tal regra é excepcionada nos casos de solidariedade (art. 264 CC) ou de indivisibilidade (art. 259 CC) nas obrigações. Nessas hipóteses, o credor poderá exigir o pagamento total e o devedor poderá efetuar o pagamento integral do débito. INDIVISIBILIDADE Pontes de Miranda assevera que “a divisibilidade ou indivisibilidade da obrigação em geral consiste na possibilidade ou impossibilidade de se fracionar o objeto da prestação, isto é, a prestação mesma”. (PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado, t. 22, p. 152) O legislador brasileiro optou por definir a indivisibilidade ao invés da divisibilidade, restando essa determinada a contrario sensu: Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. A indivisibilidade decorre do bem. Assim sendo, se o bem puder ser dividido e a prestação puder ser dada parte a um credor e parte a outro credor, ou parte por um devedor e parte por outro devedor, estar-se-á frente a uma obrigação divisível. A contrario sensu, se o objeto da prestação não puder ser divido, mesmo que com mais de um credor ou devedor, será a obrigação indivisível. Exemplos: Obrigação indivisível: A obrigação de dar um cavalo é sempre indivisível, não importando se há um ou mais credores, ou um ou mais devedores. Obrigação divisível: A obrigação de dar dois sacos de arroz pode ser divisível. Se houver um credor e dois devedores, cada devedor deverá dar um saco de arroz, por exemplo. Se houver um devedor e dois credores, poderá o devedor dar um saco de arroz a cada credor. A divisibilidade da obrigação guarda relação com a divisibilidade ou indivisibilidade do bem (art. 87 e 88 do CC). Segundo Gonçalves, o bem divisível é o que pode se fracionar sem perder sua substância. O bem indivisível não tem tal característica. ESPÉCIES DE INDIVISIBILIDADE A indivisibilidade pode ser natural, legal ou convencional. Indivisibilidade natural: é a que decorre da natureza do objeto da prestação da obrigação. A obrigação é indivisível quando o objeto da prestação não puder ser fracionado (e.g. um relógio, que, se dividido, não servirá a ninguém). Indivisibilidade legal: ocorre quando o objeto da prestação tem a sua indivisibilidade estabelecida pela lei. Essa modalidade de indivisibilidade atende, principalmente, ao interesse social (e.g. dívidas de alimentos, áreas rurais de dimensões inferiores ao módulo regional, pequenos lotes urbanos). Indivisibilidade convencional: nesse caso, a indivisibilidade decorre da vontade das partes. Muito embora o objeto da prestação possa ser divisível, fracionável, as partes acordam que a obrigação é indivisível (e.g. contrato que determina a indivisibilidade). EFEITOS DA DIVISIBILIDADE E DA INDIVISIBILIDADE DA PRESTAÇÃO Se a obrigação é divisível, presumimos que ela está dividida em tantas obrigações iguais quanto o número de credores ou devedores (art. 257 CC). Assim, cada devedor só deverá a sua quota-parte e cada credor será terá direito a sua fração da prestação. PLURALIDADE DE DEVEDORES A regra geral é a de que cada devedor responde apenas pela sua parte da obrigação. Contudo, se a obrigação for indivisível, o credor poderá exigir o cumprimento total da obrigação por qualquer dos devedores. Isso porque, nas obrigações indivisíveis com mais de um devedor, cada devedor é obrigado pela dívida toda. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Caso um devedor pague a prestação sozinho, sem o auxílio dos demais, ele se sub-roga nos direitos do credor, conforme determina o parágrafo único do artigo 259 do CC. Art. 259. (...) Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Trata-se de sub-rogação legal, na forma do artigo 346, III do CC: Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. Note:Esse caso muito se assemelha ao da solidariedade. Contudo, nas obrigações indivisíveis com mais de um credor, há solidariedade de fato, pela natureza do objeto. Essa solidariedade fática se extingue na medida em que a obrigação se tornar divisível (e.g. perdas e danos). QUESTÕES PROCESSUAIS Assim sendo, o credor de obrigação indivisível com mais de um devedor pode acionar qualquer dos devedores para que respondam pela obrigação. Os devedores não podem exigir que o credor exija a obrigação dos demais, em mesma medida. O devedor que se sub-roga nos direitos do credor, por sua vez, não pode requerer dos demais devedores nada além daquilo que pagou ao credor, descontada a sua respectiva quota-parte (art. 350 CC). PLURALIDADE DE CREDORES Quando há pluralidade de credores, cada um deles pode exigir a totalidade da dívida do devedor, que se desobrigará se: a) pagar a todos os credores conjuntamente; ou b) pagar a um dos credores, mediante caução de ratificação dado pelo credor que receber o pagamento aos demais credores. Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Na impossibilidade de realizar o pagamento nos termos supracitados, poderá o devedor constituir os credores em mora e, em ato seguinte, realizar o depósito judicial da coisa. A negativa de recebimento de um só dos credores não acarreta na mora dos demais. O credor que receber o pagamento da prestação tem poderes para dar ao devedor a plena quitação, que é oponível aos demais credores, liberando, assim, o devedor da obrigação. RECEBIMENTO DA PRESTAÇÃO POR INTEIRO POR UM SÓ CREDOR Caso um só credor receba a prestação por inteiro, subsistirá para os demais credores o direito de receber as suas respectivas parcelas em dinheiro. Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. Exemplo: Tício deve entregar um carro, cujo valor é de R$ 45.000,00, para Caio, Mélvio e Semprônio. Ocorre que Semprônio recebe o carro de Tício, dando-lhe a quitação. Resta para os credores Caio e Mélvio o dirieto de exigir a quantia de R$ 15.000,00, cada um, de Semprônio. O pagamento de valor referente a parte dos demais credores pelo credor que recebeu o pagamento se faz necessário vez que, caso não realizado, o credor que recebeu o bem enriqueceria sem causa, o que é vedado pelo Código Civil. QUESTÃO PROCESSUAL O credor que não participou do processo no qual é discutida a pretensão da obrigação receberá a sua parcela, deduzidas as despesas na proporção do crédito. Assim, a ação aproveita a todos, sendo que o credor que dela não participou receberá desde que contribua com as despesas. Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do processo receberá sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito. REMISSÃO DA DÍVIDA POR UM DOS CREDORES Caso a dívida seja remida por um dos credores em favor do devedor, não será extinta a obrigação. O devedor deverá pagar o valor ao qual está obrigado, descontada a parte remida por um dos credores (nos casos de obrigações pecuniárias), ou mediante o recebimento dos demais credores do valor referente ao remido por um credor. Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Assim, por exemplo, se Caio deveria entregar um Boi no valor de R$ 10.000,00 a Tício e Mélvio, mas Mélvio remiti a dívida, Caio deverá entregar o mesmo Boi a Tício, após receber a metade do valor do bem. Essa regra, entretanto, não é absoluta. pode haver casos nos quais a remissão não aproveite aos demais credores, de forma que não enriqueçam ilicitamente. É, por exemplo, o caso da servidão de vista, que deve ser entregue a dois ou mais credores. PERDA DA INDIVISIBILIDADE A perda da indivisibilidade ocorre quando o objeto da prestação é substituído por outro divisível. Quando isso ocorrer, a prestação se tornará divisível, sendo a ela aplicáveis todas as regras das obrigações divisíveis. Assim, a obrigação que se resolver em perdas e danos, se tornará divisível, observados os seguintes critérios: a) Casos haja o perecimento do bem por culpa de todos os devedores, todos eles responderão por perdas e danos em partes iguais. b) Caso haja culpa de um só devedor, ficarão os outros exonerados, respondendo o culpado por perdas e danos. Note: Sempre que a obrigação se resolver em perdas e danos, deverão ser entregues o valor do bem em dinheiro e o valor das perdas e danos. Mesmo que não haja culpa, os devedores deverão restituir o valor do bem em dinheiro, cada um na sua quota de participação na relação obrigacional.
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