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Apostila de crimes contra a integridade física e liberdade individual

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CRIME DE LESÃO CORPORAL – ART. 129 CP 
 
► BEM JURÍDICO TUTELADO (Objeto jurídico/ bem abstrato): Na maior parte dos 
casos o bem tutelado é a integridade física da pessoa e a saúde dela como um todo, mas 
há situações que apresentam mais bens sob tutela. 
 
EX.: Lesão corporal com aborto ou antecipação de parto – Nestas hipóteses a tutela é 
ampliada para resguardar a vida do feto. O objeto do crime será complexo. 
 
►AÇÃO PENAL CABÍVEL: 
 
- Art. 129, caput e § 6º, ambos do CP » São crimes julgados em JECRIM através de AÇÃO 
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO. 
 
- Art. 129 § 1º, § 2º e § 3 º, ambos do CP » São crimes julgados em VARA CRIMINAL 
através de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 
 
- Art. 129 § 9° do CP » De acordo com a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) este 
crime se praticado contra a mulher no contexto de violência de gênero doméstica ou familiar 
será julgado no Juizado de Violência doméstica e familiar contra a mulher, através de AÇÃO 
PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, a partir do advento da referida lei que vedou a 
aplicação da lei nº 9099/95, de acordo com atual posicionamento do STF. 
 
►Normalmente o crime de lesão corporal é um CRIME COMUM, isto é, qualquer pessoa 
pode ser sujeito ativo ou passivo, MAS TAMBÉM HÁ EXCEÇÕES A ISTO: 
 
EX.1: Lesão corporal seguida de aceleração de parto – Sujeito passivo é a gestante 
 
EX.2: Art. 129 § 9º - Crime bipróprio 
 
EX. 3: Art. 129, §12 – Sujeito passivo tem que ser integrante de órgão de segurança pública 
ou familiares destes. 
 
OBS: pode ter qualquer sujeito ativo. No entanto, se o agente for autoridade pública, 
responderá também por abuso de autoridade (Lei 4.898/65, §3°). 
 
►Em regra, todos os tipos de lesão corporal SÃO CRIMES DOLOSOS, MAS EXISTEM 
EXCEÇÕES: 
 
- Art. 129 § 6º » Lesão corporal culposa (omissão por descuido, imprudência por descuido 
ou imperícia por descuido) 
 
- Art. 129 § 3º » Lesão corporal preterdolosa (O dolo é lesionar, mas por descuido o agente 
acaba matando a vítima) 
 
CUIDADO 1 ! A Lesão corporal dolosa pode apresentar dolo direto e também dolo eventual. 
 
CUIDADO 2! A lesão corporal dolosa tem várias espécies diferenciadas de acordo com a 
gravidade de cada uma. São elas: lesão corporal leve, grave e gravíssima. Já a lesão 
ASPECTOS 
GERAIS DO 
CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
2 
 
corporal culposa só possui um tipo penal (Art. 129 § 6º) não importando aqui a gravidade 
da conduta, EXCETO na aplicação da pena. 
 
►CONSUMAÇÃO DO CRIME DE LESÃO CORPORAL: Acontece quando o agente 
efetivamente causa alteração danosa e nociva à saúde e ao corpo da vítima. 
 
►TENTATIVA NO CRIME DE LESÃO CORPORAL: Acontece quando alguma razão 
externa impede que a lesão se produza, apesar do início da ação do agente para tal fim. A 
tentativa ocorre nas modalidades de lesão corporal dolosa. É incompatível tentativa na lesão 
corporal culposa e na lesão corporal seguida de morte, pois é incombinável a produção de 
um resultado naturalístico involuntário (aquele que envolve a culpa) com o dolo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
►Lesão corporal levíssima é aquela que não deixa vestígios no corpo. Não 
aparece no exame de corpo delito. A melhor forma de prová-la é através de 
prova testemunhal. 
 
EX.: Empurrão, tapa na cara, puxão de cabelo, etc. 
 
►A lesão corporal levíssima NÃO É CRIME! Trata-se de Contravenção 
Penal (Art. 21 da Lei de Contravenções Penais). 
 
 
 
 
 
 
 ►“Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem –Pena -Detenção de 3 
 meses a 1 ano” 
 
► BEM JURÍDICO TUTELADO (Objeto jurídico/ bem abstrato):É a integridade física da 
pessoa e a saúde dela como um todo. 
 
► BEM MATERIAL TUTELADO: É a pessoa humana, com o corpo em perfeita saúde ou 
pessoa enferma, que suporta a conduta criminosa. 
 
►É crime julgado em JECRIM através de AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À 
REPRESENTAÇÃO. 
 
►É um CRIME COMUM, ou seja, qualquer um pode ser sujeito ativo ou passivo. 
 
CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
LEVE OU 
SIMPLES 
Art. 129 Caput 
CP 
CASO ESPECIAL: 
 
►Lesão Corporal 
Levíssima ou Vias 
de Fato: 
 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
3 
 
►É um CRIME DE DANO: para existir a consumação, é preciso haver efetiva lesão ao bem 
jurídico tutelado na norma penal. Neste caso é a lesão à incolumidade física em sentido 
amplo: integridade física e saúde da pessoa humana. 
 
►É crime DOLOSO (é um tipo de Lesão Corporal dolosa), podendo ser dolo direto ou dolo 
eventual. 
 
 OBS: Como determinar que a lesão corporal dolosa é leve? 
 Resposta: A vítima tem que ser levada a exame de corpo de delito; é este exame que 
determinará o tipo de delito. A determinação da lesão leve se dará por exclusão (Exclui-se 
os parágrafos 1°, 2º, 3º e 9º do Art. 129). 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
» É Crime 
LESÃO CORPORAL LEVE 
(Art. 129 Caput CP) ≠ 
LESÃO CORPORAL LEVÍSSIMA 
(Art. 21 – Lei de Contravenções) 
» É Contravenção 
» Deixa indícios materiais que podem ser 
detectados no exame de corpo de delito. 
»Não deixa em geral indícios materiais; 
geralmente comprovada por prova 
testemunhal 
Tipos de Ofensas tuteladas no Crime de Lesão Corporal 
Ofensa a integridade física: Ofensa à saúde: 
O que é: é a modificação anatômica 
prejudicial ao corpo. 
Ex: fratura, fissura, escoriação, 
queimadura, luxação, equimose (marcas 
roxas na pele) e hematoma (é equimose + 
inchaço). As Erimetas (vermelhidão 
decorrente de um tapa, por exemplo) não 
ingressam no conceito do delito. 
O que é: são perturbações fisiológicas ou 
mentais. 
Perturbação Fisiológica: desarranjo do 
funcionamento de algum órgão, como vômitos, 
paralisia momentânea. 
Perturbação Mental: mudança prejudicial da 
atividade cerebral, como convulsão, 
depressão, desmaios. 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
4 
 
 
 
 
 ►“Art. 129 § 1º Lesão corporal de natureza grave – Se resulta: 
 I- Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; 
 II- Perigo de vida; 
 III- Debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
 IV – Aceleração de parto 
 Pena - Reclusão de 1 a 5 anos” 
 
► Ao praticar a lesão dolosa o agente causa resultados muito reprováveis. O § 1º do Art. 
129 é uma qualificadora do Caput. 
 
►Os crimes de lesão corporal grave são julgados através de AÇÃO PENAL PÚBLICA 
INCONDICIONADA em VARA CRIMINAL. 
 
►É crime DOLOSO. 
 
 
 
 
 
 
 
►“§1º - Lesão corporal de natureza grave –Se resulta: I- Incapacidade para as 
ocupações habituais por mais de 30 dias –Pena - Reclusão de 1 a 5 anos” 
 
►OCUPAÇÃO HABITUAL: É qualquer ocupação de habitualidade da vítima. 
 
EX.: Ir à faculdade, cuidar da casa, etc. 
 
CUIDADO! Não pode ser uma interrupção do trabalho da vítima de caráter duradouro, pois 
aí será crime de lesão corporal gravíssima (Art. 129 § 2º Inc. I) 
 
 
► A vítima tem que passar por exame duas vezes: primeiro quando sofre a lesão e segundo 
quando cessa o prazo de 30 dias após a lesão. 
 
 
 
 
►“§1º - Lesão corporal de natureza grave –Se resulta: II- Perigo de vida – Pena - 
Reclusão de 1 a 5 anos” 
 
►É um crime NECESSARIAMENTE PRETERDOLOSO. O dolo é lesionar, mas por 
descuido, lesão causada pelo agente e causa perigo de vida à vítima. 
 
CUIDADO 1 ! Para haver a lesão grave com perigo de vida a vítima não pode morrer! Se 
isto acontece o crime seráde lesão corporal seguida de morte (Art. 129 § 3º CP) 
 
1ª 
QUALIFICADOR
A DO CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
 
CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
GRAVE 
Art. 129 § 1º CP 
1ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVE 
 
Art. 129, § 1º 
INC. I CP 
 
2ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVE 
 
Art. 129, § 1º 
INC. II CP 
 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
5 
 
CUIDADO 2! O dolo do agente tem que ser o de lesionar. Se o dolo for de deixar a vítima 
em perigo de vida não será crime de lesão corporal e sim tentativa de homicídio. 
 
►“§1º - Lesão corporal de natureza grave –Se resulta: III- Debilidade permanente de 
membro, sentido ou função –Pena - Reclusão de 1 a 5 anos” 
 
CUIDADO! “Permanente” não quer dizer para sempre! Esta expressão aqui tem o sentido 
de “duradouro”. Da mesma forma, “Debilidade” não é perda do membro, sentido ou função 
(respiratória, reprodutiva, etc.). É diminuição da capacidade. 
 
►O CRIME PODE SER DOLOSO (Sujeito lesiona a vítima com o intuito de causar a 
debilidade) OU PRETERDOLOSO (O dolo é lesionar, mas culposamente agente acaba 
causando a debilidade com sua conduta) 
 
► Juiz terá que verificar a permanência da debilidade ao longo do processo judicial. 
 
 
 
►“§1º - Lesão corporal de natureza grave –Se resulta: IV- Aceleração do parto – Pena - 
Reclusão de 1 a 5 anos” 
 
► BEM JURÍDICO TUTELADO (Objeto jurídico/ bem abstrato):É a integridade física da 
pessoa e a saúde dela como um todo. Tutela também a vida do feto. 
 
►Há sujeito passivo especial que é a gestante. 
 
►Para configurar lesão grave por antecipação de parto o sujeito ativo tem que saber da 
gravidez da vítima; se sujeito ativo não tiver ciência desta situação, não haverá a 
configuração do crime. 
 
►É um crime NECESSARIAMENTE PRETERDOLOSO. O dolo é lesionar (fato que pode 
ser provado principalmente pela verificação dos locais das lesões - braço, rosto, etc.), mas, 
por descuido, a conduta do agente causa aceleração do parto. 
 
CUIDADO! Ainda que ambos sejam crimes preterdolosos, tenham sujeito passivo especial 
(gestante), e necessitem que o sujeito ativo saiba da gravidez da vítima, o crime de lesão 
corporal grave por antecipação de parto não se confunde com o delito de lesão corporal 
gravíssima que resulta em aborto. Vítima não pode sofrer as duas lesões cumulativamente. 
Ou ela sofre lesão grave com antecipação de parto ou lesão gravíssima com aborto. 
 
 
 ►“Art. 129 § 2º – Se resulta: 
 I- Incapacidade permanente para o trabalho; 
 II- Enfermidade incurável; 
 III- Perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
 IV – Deformidade permanente; 
 V- Aborto. 
 Pena - Reclusão de 2 a 8 anos” 
 
3ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVE 
 
Art. 129, § 1º 
INC. III CP 
 
4ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVE 
 
Art. 129, § 1º 
INC. IV CP 
 
2ª 
QUALIFICADOR
A DO CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
 
CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
GRAVÍSSIMA 
Art. 129 § 2º CP 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
6 
 
►Os crimes de lesão corporal gravíssima são julgados através de AÇÃO PENAL 
PÚBLICA INCONDICIONADA em VARA CRIMINAL. 
 
 
 ►“§2º –Se resulta: I- Incapacidade permanente para o trabalho–Pena - Reclusão de 
 2 a 8 anos” 
 
►Lesão causa DOLOSAMENTE OU PRETERDOLOSAMENTE incapacidade permanente 
para o trabalho (pode ser trabalho informal!) 
 
► Como já dito, “permanente” significa duradouro. A lei não diz o prazo específico de 
afastamento do trabalho, porém jurisprudência tende a entender que precisa exceder 
30 dias. 
 
CUIDADO! Se a lesão corporal causar incapacidade para as ocupações habituais por mais 
de 30 dias, o crime não será o de lesão corporal gravíssima e sim de lesão grave. 
 
 
 
 ►“§2º –Se resulta: II- Enfermidade incurável –Pena - Reclusão de 2 a 8 anos” 
 
►ENFERMIDADE INCURÁVEL: É uma variação nociva da saúde por um processo 
patológico, psíquico ou físico, que à época do crime não pode ser capazmente ou 
efetivamente combatido pela medicina. Tem que ter provação em exame pericial. 
Também se considera enfermidade incurável aquela em que a pessoa tem que passar 
por procedimentos cirúrgicos complexos com tratamentos experimentais ou penosos. 
 
CUIDADO! Se a lesão resulta em contaminação por HIV, o crime é Homicídio para alguns 
e pode ser considerada lesão em estudo para outros, já que o HIV em razão dos 
medicamentos deixou de ser necessariamente fatal. 
 
ATENÇÃO! 
 
► 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ► 
 
 
 
1ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVÍSSIMA 
 
Art. 129, § 2º 
INC. I CP 
 
2ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVÍSSIMA 
 
Art. 129, § 2º 
 INC. II CP 
 
- Se a vítima se cura da 
enfermidade antes da sentença 
transitada em julgado 
- Se a cura da enfermidade é 
descoberta e está acessível à 
vítima antes da sentença 
transitada em julgado. 
Se existir tratamento ou cirurgia 
simples à época do delito para 
solucionar o problema e a vítima 
se recusa a adotá-lo 
infundadamente. 
 ou 
Vítima não é obrigada a se submeter a 
tratamento, mas se houver cura 
HAVERÁ DESCLASSIFICAÇÃO DO 
CRIME. 
NÃO HAVERÁ APLICAÇÃO DA 
QUALIFICADORA, no entanto, 
haverá a configuração da lesão 
corporal do Art. 129 do CP. 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
7 
 
 
 
 
 ►“§2º –Se resulta: III- Perda ou inutilização de membro, sentido ou função –Pena -
 Reclusão de 2 a 8 anos” 
 
►Pode ser CRIME DOLOSO OU PRETERDOLOSO 
 
► Vítima perde o membro, sentido ou função. 
 
 
ATENÇÃO!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ►“§2º –Se resulta: IV- Deformidade permanente - Pena: Reclusão de 2 a 8 anos” 
 
►DEFORMIDADE PERMANENTE: É dano estético relevante, repugnante socialmente. 
 
►Pode ser CRIME DOLOSO OU PRETERDOLOSO 
 
►Quando há lesão corporal que resulta deformidade permanente geralmente há mais de 
uma qualificadora do delito de lesão corporal: A qualificadora de lesão gravíssima por 
deformidade e a qualificadora de lesão grave por debilidade de membro, sentido ou função. 
Como não é possível aplicar duas qualificadoras – lesão grave não pode existir 
concomitantemente com uma lesão gravíssima – aplica-se a qualificadora da lesão 
gravíssima por deformidade em razão de sua gravidade. . 
 
 ►“§2º –Se resulta: V- Aborto - Pena: Reclusão de 2 a 8 anos” 
 
 ►Há sujeito passivo especial que é a gestante. 
 
►Para configurar lesão gravíssima por aborto o sujeito ativo tem que saber da gravidez da 
vítima; se sujeito ativo não tiver ciência desta situação, não haverá a configuração do crime. 
 
►É um crime NECESSARIAMENTE PRETERDOLOSO. O dolo é lesionar (fato que pode 
ser provado principalmente pela verificação dos locais das lesões - braço, rosto, etc.), mas 
por descuido, a conduta do agente causa o aborto. 
 
CASO) João bate no braço e no rosto de gestante e depois, dolosamente a atira de uma 
escada causando o aborto ( Dolo do criminoso é lesionar e também provocar o aborto). 
Solução: João responderá pelo crime de Aborto sem consentimento da gestante (Art. 125 
CP) em concurso com o crime de lesão corporal(Dependendo da conduta o concurso será 
material ou formal)– O tipo de lesão dependerá do resultado; só não poderá ser lesão 
qualificada por antecipação de parto (lesão grave) ou por aborto (lesão gravíssima), pois ele 
agiu com dolo e não preterdolosamente. 
PERDA OU INUTILIZAÇÃO de membro, sentido 
ou função 
 
≠ 
DEBILIDADE PERMAMENTE de membro, 
sentido ou função 
 
Crime de lesão corporal gravíssima 
(Art. 129 § 2º Inc. III CP) 
 
Crime de lesão corporal grave 
(Art. 129 § 1º Inc.III CP) 
 
4ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVÍSSIMA 
 
Art. 129, § 2º 
INC. IV CP 
 
5ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVÍSSIMA 
 
Art. 129, § 2º 
 INC. V CP 
 
3ª HIPOTESE 
DE LESÃO 
GRAVÍSSIMA 
 
Art. 129, § 2º 
INC. III CP 
 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
8 
 
 
 
 
 ►“Art. 129 § 3º - Lesão corporal seguida de morte – Se resulta morte e as circunstâncias 
 evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo –Pena -
 Reclusão de 4 a 12 anos.” 
 
 ►O crime de lesão corporal seguido de morte é julgado através de AÇÃO PENAL 
 PÚBLICA INCONDICIONADA em VARA CRIMINAL. 
 
►É um crime NECESSARIAMENTE PRETERDOLOSO. O dolo é lesionar, mas por 
descuido, lesão causada pelo agente causa a morte da vítima; se o dolo for de matar, o 
crime será Homicídio. 
 
 
 
 
 
► A forma privilegiada do crime de lesão corporal é CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE 
PENA OU MINORANTE. 
 
 
 1) Lesionar movido por RELEVANTE VALOR SOCIAL. 
 
 2) Lesionar movido por RELEVANTE VALOR MORAL. 
 
 3) Lesionar SOB DOMÍNIO DE VIOLENTA 
EMOÇÃOLOGO APÓSINJUSTA PROVOCAÇÃO DA 
VITMIMA. 
 
 
 1) Lesionar movido por RELEVANTE VALOR SOCIAL ►O que move o sujeito a lesionar 
 é o interesse ético, social, reflexo de uma sociedade. Motivação é pelo Coletivo. EX.:
 Pedro lesiona um traidor da pátria ou um ditador sanguinário. 
 
 2) Lesionar movido por RELEVANTE VALOR MORAL ►O que move o sujeito a lesionar 
 é o interesse ético individual (amor, compaixão, piedade, etc.). 
 
 3)Lesionar SOB DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO LOGO APÓS INJUSTA 
PROVOCAÇÃO DA VITMIMA ►A minorante só acontece se o crime ocorrer logo após 
a provocação. Se o crime ocorrer no impulso. Se o crime não foi assim, não haverá 
minorante, mas poderá haver atenuante. 
 
 
 
 
 
 
 
O § 4° do Art. 129 
traz 3 motivos para 
que a lesão 
corporal seja 
privilegiada 
(pena será 
diminuída) LESÃO 
CORPORAL 
PRIVILEGIADA 
Art. 129 § 4º CP 
“§4º Se o agente 
comete o crime 
impelido por motivo de 
relevante valor social 
ou moral ou sob 
domínio de violenta 
emoção logo em 
seguida de injusta 
provocação da vítima 
o juiz pode reduzir a 
pena de 1/6 a 1/3.” 
Possuem minorante 
Podem ter forma 
privilegiada 
Lesões corporais dolosas e preterdolosas 
(Art. 129 Caput, § 1º, § 2º e § 3º) 
3ª 
QUALIFICADOR
A DO CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
 
CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
SEGUIDA DE 
MORTE 
Art. 129 § 3º CP 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
9 
 
 ►“Art. 129 § 5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de 
 Detenção pela de multa: 
 I- Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior (lesão corporal privilegiada) 
 II- Se as lesões são recíprocas.” 
 
►A substituição da pena SÓ CABE NOS CASOS DE LESÃO LEVE (Art. 129 Caput) 
quando houver: 
 
1) Lesão corporal privilegiada (lesionar por relevante motivo social ou moral ou lesionar sob 
domínio de violenta emoção logo após agressão da vítima) ou 
 
2) Lesões recíprocas, ou seja, quando pessoa for, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito 
passivo do delito. 
►Juiz pode ou não substituir a pena. Para substituí-la ele analisa o Art. 59 do Cod. Penal. 
Se este artigo for favorável ao réu, haverá a aplicação do § 4º do Art. 129 e também do § 
5º. Se o artigo for desfavorável, a tendência do juiz é não aplicar nem a diminuição da pena 
por lesão privilegiada nem a substituição da pena. 
 
 
 
 ►Art. 129 § 6º - Se a lesão é culposa – Pena - Detenção de 2 meses a 1 ano” 
 
► Agente causou a lesão por imprudência, negligência ou imperícia – NÃO IMPORTA A 
GRAVIDADE DA LESÃO! 
 
►É crime julgado através de AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA à 
representação do ofendido em JECRIM. 
 
 
 
 
 
 ►“Art. 129 § 7º - Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóteses dos
 §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código”. 
 
 
 
 
 
 ► Acontece quando mãe lesiona culposamente o próprio filho ou quando o agente 
 culposamente lesa gravemente alguém e também se fere com gravidade. 
 
 
 
 
►Art. 303 CTB – “Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo 
automotor – Penas - Detenção de 6 meses a 2 anos e suspensão ou proibição 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.” 
 
LESÃO 
CORPORAL 
CULPOSA, 
PERDÃO 
JUDICIAL E 
CAUSAS DE 
AUMENTO DE 
PENA. 
Art. 129 § 6º, § 
7º, e § 8º do CP 
Art. 129 § 7° - Causas Majorantes da pena nas lesões corporais culposas e 
dolosas. 
 
Art. 129 § 8° - Perdão Judicial para crime de lesão corporal culposa 
 
SUBSTITUIÇÃO 
DE PENA EM 
CRIME DE 
LESÃO 
CORPORAL 
Art. 129 § 5º CP 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
10 
 
►SE a LESÃO CORPORAL CULPOSA FOI FRUTO DE CONDUTA DE 
AGENTE NA DIREÇÃO DE VEÍCULO EM VIA PÚBLICA esta lesão será 
punida pelo Art. 303 do Cód. Brasileiro de Trânsito e não pelo Art. 129 § 
6º do Cód. Penal. 
 
►Neste aspecto o legislador trabalhou com o Princípio da Especialidade e 
criou o CTB onde estabeleceu a lesão culposa na direção de veiculo em via 
pública. 
 
► A pena do CTB é mais severa que a do CP e envolve também a pena 
restritiva de direitos (suspensão da habilitação ou proibição de obter); crime 
também será julgado através de AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
À REPRESENTAÇÃO em JECRIM. 
 
 
 
 
 
 
►Art. 291 § 1º CTB – “Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal 
culposa o disposto nos artigos 74, 76 e 88 da lei de Juizados Especiais 
Criminais (composição de danos e transação penal) exceto se o agente 
estiver: 
I- Sob a influência de álcool ou qualquer substância psicoativa que determine 
dependência; 
II- Participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística, de exibição ou demonstração de pericia em manobra de 
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
III- Transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via, em 50 
km por hora.” 
 
► Em 2008 foi editada a Lei Seca (Lei nº 11.705/2008) que através de seu 
Art. 88, modificou o § 1º do Art. 291 do CTB. Esta modificação estabelece 
que certos casos de lesão corporais culposas causadas por agentes 
na direção de veículo automotor não farão jus aos benefícios 
estabelecidos pela lei nº 9099/95. Além disso, a AÇÃO PENAL SERÁ 
PÚBLICA INCONDICIONADA. 
 
►Apesar do julgamento pelo JECRIM, se o agente que causou a lesão 
corporal culposa no trânsito estiver: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO ESPECIAL 1 : 
 
Lesão corporal culposa - fruto 
de conduta de agente 
na direção de veículo 
automotor em via pública 
(Art. 303 CTB) 
CASO ESPECIAL 2 : 
 
Lesão corporal culposa no 
trânsito 
(Art. 291 § 1º CTB modificado 
pela Lei nº 11.705/2008) 
1) Sob a influência de álcool ou drogas 
2) Participando de “racha” ou 
3) Acima da velocidade permitida para a 
via em 50 Km/h 
Ele não fará jus à 
composição de danos e 
nem à transação penal 
(Não terá os benefícios 
do JECRIM) 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
11 
 
►Em regra não é cabível perdão judicial à lesão corporal culposa punida 
pelo CTB. 
 
►JURISPRUDÊNCIA: A maior parte da jurisprudência admite analogia in 
bonam partem com a lesão corporal culposa do Cód. Penal, pois se assim 
não fosse o Princípio da Proporcionalidade seria afetado. Segundo esta 
posição aplica-se o § 8º do Art. 129 CP - Perdão Judicial - aos artigos 
referentes à lesão corporalculposa punida pelo Código de Trânsito Brasileiro. 
Processo Relacionado: TJ-SC - Apelação Criminal ACR 274427 SC 
2008.027442-7 (TJ-SC) 
 
OBS: Existem posições minoritárias que não admitem esta analogia, já que o 
CTB estabelece que em casos de omissão da lei, aplica-se a Parte Geral do 
CP, e no caso o perdão judicial está na Parte Especial deste Código. 
 
 
CRIME DE LESÃO CORPORAL COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
 
 ►“Art. 129 § 9º - Se a lesão foi praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge 
 ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o 
 agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade – Pena - Detenção de 3 
 meses a 3 anos.” 
 
 ► A natureza desta LESÃO CORPORAL é LEVE. 
 
 ►É crime julgado através de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
 
 
►É crime julgado em VARA CRIMINAL – Antes do advento da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria 
da Penha) este crime tinha pena máxima de dois anos, e, portanto, era julgado em JECRIM 
tendo direito à composição penal e à transação penal, medidas que de certa forma 
banalizavam a gravidade do crime. O Art. 1º da nova Lei aumentou a pena máxima para 3 
anos e criou Vara Criminal Especializada para julgar crime de violência doméstica quando a 
vítima for mulher – Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
 
 Síntese! Hoje o crime de Violência Doméstica é julgado em Vara Criminal; se a vítima for 
 mulher, há uma VARA CRIMINAL ESPECIALIZADA– trata-se do Juizado da Violência 
 Doméstica Familiar contra a mulher. 
 
 ► É CRIME BI-PRÓPRIO – Tem que envolver as pessoas descritas no § 9º do 
 Art. 129 tanto no pólo passivo quanto no pólo ativo do delito. 
 ►Alguns casos de violência doméstica: 
 » Relação de convivência (incluindo namoro) 
 » Relação de coabitação (EX: Dividir apartamento com amigo) 
 » Pessoa que bate em empregada doméstica ou empregada doméstica que bate em 
 alguém na casa onde trabalha; 
 » Hóspede que bate em seu anfitrião; 
 » Anfitrião que bate em seu hóspede; 
 » Marido que lesiona a mulher 
 » Irmão que lesiona irmã. 
CASO ESPECIAL 3 : 
 
Perdão judicial em caso Lesão 
corporal culposa no trânsito 
CRIME DE 
VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA 
Art. 129 § 9º CP 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
12 
 
 
 
 
►“Art. 129 § 10 - Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo (Lesão corporal, grave e 
gravíssima e seguida de morte), se as circunstâncias são as indicadas no § 9º (Violência 
doméstica), 
aumenta-se a pena em 1/3.” 
 
 ► Se a lesão corporal causada pela violência doméstica for: 
 
 1) De natureza grave ( Art. 129 § 1°) 
 
 2) De natureza gravíssima ( Art. 129 § 2°) ou 
 
 3) Seguida de morte ( Art. 129 § 3°) 
 
 
 Síntese! Se a lesão corporal provocada pela violência doméstica for de natureza grave, 
 gravíssima ou der causa à morte da vítima, o agente responderá pelo crime de lesão 
 corporal respectiva com a majorante do § 10 (a pena do crime de lesão corporal será 
 aumentada de 1/3). 
 
 
►“Art. 129 § 11 - Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de 1/3 se o crime 
for cometido contra pessoa portadora de deficiência.” 
 
► Esta majorante será aplicada quando a vítima da violência doméstica for deficiente física 
ou mental e a violência der causa apenas à LESÂO LEVE. 
 
 Síntese! Se a lesão corporal provocada pela violência doméstica for de natureza leve, e a 
vítima for deficiente, o agente responderá pelo crime de art.129, caput, do CP, majorado 
pelo § 11 (a pena do crime de violência doméstica será aumentado de 1/3) 
 
ATENÇÃO 1 !!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIME DE 
VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA 
COM LESÃO 
CORPORAL 
GRAVE, 
GRAVISSIMA 
OU SEGUIDA 
DE MORTE 
Art. 129 § 10 CP 
O tipo imputado ao agente será o que se 
coaduna com o tipo de lesão causada. 
Como há violência doméstica aplica-se 
também a majorante do § 10. 
CRIME DE 
VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA 
CONTRA 
DEFICIENTE 
 Art. 129 § 11 
CP 
►Agente responderá pelo crime de 
lesão corporal condizente com a sua 
conduta (Art. 129 § 1º, § 2º ou 3º) com 
pena aumentada pela majorante do § 
10 (lesões graves em função de 
violência doméstica) 
1) Quando há violência doméstica, 
 
2) Que dá causa à: 
- Lesão corporal grave, 
- Lesão corporal gravíssima ou 
- Lesão corporal seguida de morte 
 
 3) Contra vítima saudável 
 
1) Quando há violência doméstica, 
 
2) Que dá causa à: 
- Lesão corporal leve 
 
 
3) Contra vítima deficiente 
 
1) Quando há violência doméstica, 
 
2) Que dá causa à: 
- Lesão corporal grave, 
- Lesão corporal gravíssima ou 
- Lesão corporal seguida de morte 
 
 3) Contra vítima deficiente 
 
► Agente responderá pelo crime de 
Violência Doméstica (Art. 129 § 9º) 
com pena aumentada pela majorante 
do § 11 (Ligada à violência doméstica 
contra deficiente) 
► Agente responderá pelo crime de lesão 
corporal condizente com a sua conduta (Art. 
129 § 1º, § 2º ou 3º). Não haverá a majorante 
do § 11 (apesar da deficiência da vítima) 
porque ela só é aplicada em caso de lesão 
leve. DOUTRINA MAJORITÁRIA entende 
que cabe a majorante do § 10º, não podendo 
incidir duas majorantes. 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
13 
 
ATENÇÃO 2!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
► Art. 129, § 12 do CP: “Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente 
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou 
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada 
de um a dois terços.” 
 
►É crime julgado através de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 
 
 ►É crime julgado em VARA CRIMINAL COMUM. 
 
► É um CRIME COMUM: 
 
» Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, qualquer um pode atentar contra os agentes 
descritos na norma. 
 
» Sujeito Passivo: já o sujeito passivo não pode ser qualquer um, necessariamente tem que 
ser os agentes citados na norma penal – autoridades ou agentes de segurança pública NO 
EXERCÍCIO DA FUNÇÃO OU EM DECORRÊNCIA DELA, ou cônjuges, companheiros ou 
parentes consangüíneos até o terceiro grau, EM RAZÃO DESSA CONDIÇÃO. 
 
 
 
 
 
 
CASO 1 ) João agrediu Maria, sua própria mãe, sem causar lesões graves. 
Solução:João será punido pelo crime de Violência Doméstica, pois a lesão foi leve e a vítima foi ascendente (Art. 129 § 9º ) 
CASO 2 ) João agrediu Maria, sua própria mãe que é cega, sem causar lesões graves. 
Solução:João será punido pelo crime de Violência Doméstica (Art. 129 § 9º )majorado pelo § 11, já que lesão foi leve e 
praticada contra vítima ascendente e deficiente (Art. 129 § 9º com pena aumentada pelo § 11 ) 
CASO 3) João agrediu Maria, sua própria mãe e em conseqüência ela perdeu sua audição. 
Solução:João será punido pelo crime de lesão corporal gravíssima (Art. 129 § 2º Inc. III CP) majorado pelo § 10 (Art. 129 § 
2º Inc. III com pena aumentada pelo § 10 - o mesmo aconteceria se lesão fosse grave ou seguida da morte da mãe) 
CASO 4) João agrediu Maria, sua própria mãe – que é cega - e em conseqüência da violência , ela perdeu a audição . 
Solução:João será punido pelo crime de lesão corporal gravíssima (Art. 129 § 2º Inc. III CP). Apesar de a vítima ser deficiente 
não haverá a majorante do § 11, pois esta só é cabível em casos de lesão leve e a agressão gerou lesão gravíssima. Grande 
parte da doutrina entende que caberia a majorante do § 10 mesmoque haja a deficiência da mãe de João, este aumento seria 
dado em virtude da gravidade da lesão fruto da violência doméstica. (Punição pela doutrina: Art. 129 § 2º Inc. III com pena 
aumentada pelo § 10 - o mesmo aconteceria se lesão fosse grave ou seguida da morte da mãe) 
CRIME CONTRA 
AGENTES DE 
SEGURANÇA 
PÚBLICA OU 
CONTRA 
PARENTES 
DESTES 
 Art. 129 § 12 
CP 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
14 
 
 
 Trata-se de CAUSA DE AUMENTO DE PENA, incluído pela Lei 13.142/2015, para 
ser utilizada pelo magistrado na terceira fase do cálculo da pena. A pena será aumentada 
de um a dois terços. Esse aumento só caberá para lesão corporal dolosa, em qualquer 
uma de suas modalidades – leve, grave, gravíssima e seguida de morte. 
Como este tipo incriminador está vinculado a motivação do agente, ou seja, possui dolo de 
lesionar agente de segurança pública ou cônjuge, companheiro, parentes, o Art. 129, §12 
não tem aplicação para lesão corporal culposa. 
 
 ATENÇÃO: quem são os agentes que o § 12 do Art. 129 abrange? Quem são os 
agentes do Art. 142 e 144 da CF; do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública? Para evitar repetições, as mesmas definições passadas no Art. 121, § 2° VII do 
CP são aplicáveis aqui. Todas as observações feitas são usadas para este caso. 
 
 IMPORTANTE - Lesão Corporal e Lei de Crimes Hediondos: Com a Lei 13.142/2015, 
houve outra alteração em relação a lesão corporal praticados contra autoridades ou agentes 
de segurança pública ou contra parentes. As lesões corporais de natureza gravíssima (Art. 
129, § 2°) e lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3°), quando praticados contra 
agentes de segurança públicas (todos aqueles que a norma engloba), no exercício da sua 
função ou em decorrência dela, ou contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo 
até o terceiro grau, em razão desta função, SERÃO ROTULADOS COMO CRIMES 
HEDIONDOS. Art. 1°, Inciso I – A, Lei 8.072/90. 
 
OBS: caso ocorra lesão corporal gravíssima ou seguida de morte contra qualquer outra 
pessoa a qual não especificada no § 12 deste artigo, não será crime hediondo. Havendo 
lesão corporal de natureza grave (Art. 129, § 1° do CP) contra os sujeitos expressados 
nesta norma penal não caracteriza crime hediondo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
15 
 
 
CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL – ART. 146 CP 
 
► “Art. 146 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça. Ou depois de lhe 
haver reduzido, por qualquer outro meio a capacidade de resistência, a não fazer o que a 
lei permite, ou a fazer o que ela não manda -Pena – Detenção de 3 meses a 1 ano ou multa.” 
 
» Dentro do crime de constrangimento ilegal há subsidiariamente o crime de ameaça. 
 
►BEM JURÍDICO TUTELADO (Objeto jurídico/ bem abstrato):É a autodeterminação da 
vontade (capacidade da pessoa determinar o que deseja fazer ou não fazer). 
 
►É crime julgado através de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA em JECRIM. 
 
► É um CRIME COMUM, ou seja, qualquer um pode ser sujeito ativo ou passivo. 
 
►Em regra é CRIME COMISSIVO (fruto de uma ação), mas pode ser praticado na forma 
omissiva imprópria (CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO) se envolver garantidor que não 
cumpriu seu dever quando deveria. 
 
►CUIDADO! O CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL É UM CRIME SUBSIDIÁRIO, 
isto é, há vários crimes no CP que apresentam a mesma conduta deste delito. Por causa 
desta característica, o agente só será punido pelo crime de constrangimento ilegal se a 
conduta em questão não deu causa a delito mais grave. Em síntese, a ameaça, violência 
ou redução da capacidade obriga a vítima a fazer ou não fazer alguma coisa. Quando isto 
acontece, ou há o crime de constrangimento ilegal ou outro crime mais especializado 
(Princípio da Especialidade). 
 
EX.: O crime de estupro apresenta a mesma conduta do crime de constrangimento ilegal, 
mas o agente que está constrangendo a vítima no crime de estupro tem uma conduta muito 
mais grave. Em razão disso o crime de constrangimento será afastado. 
 
►ELEMENTO SUBJETIVO: O CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL É DOLOSO. 
NÃO EXISTE FORMA CULPOSA. Desta forma, o elemento subjetivo do crime é o DOLO 
(consciência e vontade). 
 
- A conduta dolosa é agir para constranger a vítima (obrigar, compelir, forçar) a fazer ou não 
fazer alguma coisa. A pessoa constrange mediante violência, grave ameaça ou redução da 
resistência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS 
GERAIS DO 
CRIME DO 
ART. 146 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
16 
 
 
►CONDUTA DO CRIME:É constranger alguém a fazer ou deixar de fazer algo mediante: 
 
1) VIOLÊNCIA 
 
2) GRAVE AMEAÇA – promessa de mau grave contra a vítima 
 
EX: Pessoa aponta revolver para alguém e diz que vai matá-la se ela não fizer ou fizer algo. 
 
3) QUALQUER OUTRO MEIO QUE REDUZA A CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA DA 
VÍTIMA 
 
EX.: Uso de substâncias intoxicantes como álcool, drogas, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
►CONSUMAÇÃO DO CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL: Se dá quando a vítima 
se comporta da forma que o sujeito ativo exigiu. 
 
EX.: Síndico ameaça gravemente condômino para que este não estacione em determinada 
vaga – O crime do Art. 146 estará consumado quando o condômino efetivamente desiste de 
estacionar na tal vaga devido às ameaças. 
 
►TENTATIVA NO CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL: Acontece quando a vítima 
não se comporta como o sujeito ativo quer, apesar de ter sofrido a violência, ameaça ou 
redução da resistência. 
 
 
CONSUMAÇÃO 
 E TENTATIVA 
NO CRIME 
DO ART. 146 
ELEMENTOS 
OBJETIVOS 
CRIME 
DO ART. 146 
» CONSTRANGER VÍTIMA A NÃO FAZER ALGO: EX.: Condomínio não tem vaga 
marcada; o síndico ameaça quebrar os vidros do carro de outro condômino para que ele 
não estacione na vaga que ele mais gosta. 
 
 » CONSTRANGER VÍTIMA A FAZER ALGO: EX.: Maria e José se conhecem em um 
baile; Na saída do local José acompanha Maria e lhe oferece carona e ela não aceita. 
José passa a segui-la e em um determinado momento aborda Maria com um revolver 
para que ela entre no carro e dê um passeio com ele. Maria obedece. José nada faz 
durante o percurso, deixando a moça em casa em casa pouco depois. 
 
 
» No art. 146 o sujeito ativo não tem pretensão legítima; o que ele exige da vítima é 
ilegítimo, ele não tem direito de exigir. Para haver o crime de constrangimento ilegal 
é preciso haver pedido ilegítimo. Há casos em que o agente tem pretensão legítima, 
o faz tendo pleno direito de obrigar o outro a fazer ou não fazer alguma coisa; nesta 
hipótese não há crime de constrangimento ilegal, pois o pedido é legítimo. 
 
EX.: João contrata pintor para reformar sua casa, paga adiantado, mas o homem não 
aparece. Um dia João o encontra em um boteco e o ameaça com barra de ferro para 
que os serviços de pintura já pagos sejam imediatamente efetuados. A pretensão de 
José é legítima; por isso o crime aqui não será de constrangimento ilegal e sim exercício 
arbitrário das próprias razões. 
 
 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
17 
 
► “Art. 146 § 1º – As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, para a execução do 
crime se reúnem mais de 3 pessoas ou há emprego de armas” 
 
►A pena do crime de constrangimento ilegal será aumentada quando o delitoé 
cometido: 
 
 
 
 
 
CASO 1) Se o crime em concurso é cometido por 4 pessoas sendo que 2 são imputáveis e 2 
são inimputáveis. 
Solução: A majorante é mantida. 
 
CASO 2) Se o crime em concurso é cometido por 4 pessoas e apenas 1 delas é imputável. 
Solução: A majorante é mantida. 
 
 
 
» Na doutrina existem 2 tipos de armas e o uso de ambas majoram o crime: 
 
I) ARMA PRÓPRIA: É a arma que é industrializada para efetuar lesão. EX.: Explosivos, 
granadas, fuzis, revólver, etc. 
 
II) ARMA IMPRÓPRIA: É o objeto que não foi industrializado para efetuar lesão mas tem 
potencial lesivo. EX.: Tesoura, faca, taco de baseball, etc. 
 
OBS: Uso de arma de brinquedo majora o crime? Há divergência doutrinária! 
 
CASO 1) Agente constrange vítima mediante violência ameaçando dar-lhe uma coronhada 
com a arma de brinquedo que é pesada e pode ferir. (Arma de brinquedo é usada como 
arma imprópria). Em outra ocasião, agente usa arma de brinquedo com projétil para a 
mesma conduta (Arma de brinquedo é usada como arma própria). 
Solução: Em ambos os casos haverá a majorante pelo uso de arma. 
 
CASO 2) Agente não usa a arma de brinquedo para efetuar violência. Agente apenas 
porta a arma (que também apresenta projétil). Sua única conduta é mostrar o objeto à 
vítima para constrangê-la usando ameaça. 
Solução: Nesta situação não pode haver a majorante pelo uso de arma, pois está só é 
aplicável quando a conduta tem um maior potencial lesivo e o caso exposto não apresenta 
tal potencial já que é mero caso de ameaça com arma de brinquedo. 
 
CASO 3)Se o agente efetua conduta de constrangimento mediante mão dentro da blusa 
fingindo porta arma 
Solução: Alguns autores entendem que neste caso há majorante por porte de arma. Já a 
JURISPRUDÊNCIA entende que não há majorante quando alguém atua desta forma para 
obrigar a vítima a fazer ou não fazer algo. 
 
CONCLUSÃO: A JURISPRUDÊNCIA TEM SE POSICIONADO MAJORITARIAMENTE 
PELA NÃO APLICABILIDADE DA MAJORANTE EM CASO DE ARMA DE BRINQUEDO. 
MAJORANTES 
DO CRIME 
DO ART. 146 
 
Art. 146 § 1º CP 
1 )Por mais de 3 pessoas (há concurso de pessoas envolvendo no mínimo 4 pessoas) 
 
 
2) Com emprego de armas. 
 
 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
18 
 
 
 
 ►“Art. 146 § 2º – Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência” 
 
 ►Toda vez que o sujeito usa violência física para constranger alguém a fazer ou não 
fazer alguma coisa, haverá concurso material de crimes entre o delito de 
constrangimento e o crime resultante da violência empregada. 
 
 » Aqui a conduta do crime de constrangimento não é subsidiária; se a violência física 
usada em sua conduta dá causa a outro crime que atinja a integridade física ou vida, o delito 
do Art. 146 não será afastado; agente responderá por ele em concurso material com o delito 
originado pelo proceder violento. 
 
 EX.: João constrange Paulo com violência e esta gera em Paulo uma incapacidade 
permanente para o trabalho (lesão gravíssima). Como há concurso material entre os crimes 
de constrangimento e de lesão corporal, João será punido através da soma das penas dos 
2 crimes. 
 
 
 
► “Art. 146 § 3º – Não se compreendem na disposição deste artigo: 
 
I- A intervenção médica ou cirúrgica sem o consentimento do paciente ou de seu 
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; 
 
II – A coação exercida para impedir suicídio.” 
 
►O § 3º do Art. 146 apresentam as duas hipóteses em que as condutas do crime de 
constrangimento ilegal são permitidas. 
 
 ►Os autores mais modernos dizem que a NATUREZA JURÍDICA DESTAS SITUAÇÕES 
É A EXCLUDENTE DE TIPICIDADE; eles militam que elas não constituem crime de 
constrangimento; não apresentam fato atípico. 
 
 ►Os autores mais antigos dizem que nas duas situações há fato atípico, isto é, há o crime 
de constrangimento, no entanto elas não serão punidas, pois foram praticadas em prol de 
Estado de Necessidade de Terceiro. NATUREZA JURÍDICA DAS CONDUTAS É A 
EXCLUDENTE DE ILICITUDE. 
 
 
ATENÇÃO!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
» O uso da ameaça visa obrigar a vítima 
a fazer ou não fazer alguma coisa. 
(Quando isso acontece ou o crime é de 
Constrangimento ou será outro que tem 
a mesma conduta, mas apresenta maior 
gravidade). 
» Agente não ameaça a vítima para que esta 
faça ou deixe de fazer algo. A ameaça neste 
delito é usada apenas para tirar a paz da 
vítima, amedrontá-la. 
CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
(Art. 146 CP) ≠ 
CRIME DE AMEAÇA 
(147 CP) 
CONCURSO 
DE CRIMES NO 
CRIME NO 
ART. 146 
 
Art. 146 § 2º CP 
 
NORMA 
PERMISSIVA 
 
CASOS EM 
QUE O 
CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL 
É PERMITIDO 
 
Art. 146 § 3º CP 
 
 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
19 
 
CRIME DE AMEAÇA – ART. 147 CP 
 
 
 
► “Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio 
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave - Pena – Detenção de 1 a 6 meses ou multa.” 
 
►BEM JURÍDICO TUTELADO (Objeto jurídico/ bem abstrato): É a liberdade psíquica 
da vítima que é o sentimento de tranqüilidade pessoal. O propósito no crime em questão é 
amedrontar o ofendido. 
 
►É crime julgado através de AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À 
REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO (Art. 147 § U) em JECRIM. 
 
► É um CRIME COMUM, ou seja, qualquer um pode ser sujeito ativo ou passivo. 
 
CUIDADO! Para haver o crime de ameaça a paz pessoal da vitima tem que ter sido lesada; 
mas para que isso aconteça, ela tem que tomar conhecimento da ameaça. Mais que isso - 
é preciso que pessoa entenda a ameaça. Sujeito passivo tem que ter capacidade de 
entendimento. Baseada neste contexto, DOUTRINA AFIRMA QUE DOENTES MENTAIS E 
CRIANÇAS em tenra idade NÃO PODEM SER VÍTIMAS DO DELITO já que não têm esta 
condição. 
 
►Em regra é CRIME COMISSIVO (fruto de uma ação), mas pode ser praticado na forma 
omissiva imprópria (CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO) se envolver garantidor que não 
cumpriu seu dever quando deveria. 
 
►CUIDADO! O CRIME DE AMEAÇA É UM CRIME SUBSIDIÁRIO, isto é, há vários crimes 
no CP que apresentam a mesma conduta deste delito. Por causa desta característica, o 
agente só será punido pelo crime ameaça se a conduta em questão não deu causa a delito 
mais grave. 
 
►CONDUTA DO CRIME (Elem. Objetivos): É ameaçar alguém por palavra, escrito gesto, 
ou qualquer meio simbólico de algum mal injusto e grave. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS 
GERAIS DO 
CRIME DE 
AMEAÇA 
» Só há ameaça se sujeito ativo promete um mal injusto e grave à vítima. 
 
CUIDADO! Não haverá crime do Art. 147 se pessoa “ameaça” denunciar crime cometido 
por alguém. Neste caso a promessa feita não é injusta. O FATO SERÁ ATÍPICO 
» O conteúdo ameaçador tem que ser claro e grave. 
» Vítima tem que tomar conhecimento da ameaça e entendê-la. 
» Ameaça pode ser feita por palavras, escritos, gestos ou outros meios. O importante é 
que estes causem mal injusto e grave. 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
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►ELEMENTOS SUBJETIVOS: O crime do Art. 147 é um CRIME DOLOSO, mas além do 
dolo – que é a vontade de ameaçar, ESTE TIPO PENAL APRESENTA TAMBÉM O DOLO 
ESPECÍFICO (elemento subjetivo especial). Sujeito ativo tem que ter o propósito de tirar 
a paz da vítima. Amedrontá-la. Se pessoa não tiver esta intenção específica não 
haverá o crime de ameaça. 
 
 » Desta forma, o crime possui: 
 
1) O elemento subjetivo - DOLO (consciência e vontade de ameaçar ) e 
 
2) Oelemento subjetivo especial – DOLO ESPECÍFICO (fim especial de tirar paz do sujeito 
passivo) 
 
 
 
►CONSUMAÇÃO DO CRIME DE AMEAÇA: Se dá no momento em que a vítima toma 
conhecimento do mal prometido. 
 
►TENTATIVA NO CRIME DE AMEAÇA: 
 
» É CABÍVEL quando ameaça ocorre através de meio escrito ou simbólico, já que nestas 
hipóteses pode haver extravio. 
 
EX.: Carta ameaçadora era para menor de 18 anos, mas é o pai que a recebe e toma ciência 
de seu conteúdo acionando a justiça como representante do filho que desconhece a situação. 
 
» NÃO CABE quando ameaça ocorre através de palavras ou gestos. 
 
 
 
ATENÇÃO!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ELEMENTOS 
SUBJETIVOS 
DO CRIME 
DE AMEAÇA 
CONSUMAÇÃO 
 E TENTATIVA 
DO CRIME DE 
AMEAÇA 
» O uso da ameaça visa obrigar a vítima 
a fazer ou não fazer alguma coisa. 
(Quando isso acontece ou o crime é de 
Constrangimento ou será outro que tem 
a mesma conduta, mas apresenta maior 
gravidade). 
» Agente não ameaça a vítima para que esta 
faça ou deixe de fazer algo. A ameaça neste 
delito é usada apenas para tirar a paz da 
vítima, amedrontá-la. 
CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
(Art. 146 CP) ≠ 
CRIME DE AMEAÇA 
(147 CP) 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
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CRIME DE SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO – ART. 148 CP 
 
 
 
► “Art. 148 – Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado-Pena 
– Reclusão de 1 a 3 anos” 
 
►BEM JURÍDICO TUTELADO (Objeto jurídico/ bem abstrato): É a liberdade de ir e vir; 
a liberdade de locomoção. 
 
►É crime julgado através de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA em VARA 
CRIMINAL. 
 
► É um CRIME COMUM, ou seja, qualquer um pode ser sujeito ativo ou passivo. 
 
CUIDADO! Se o sujeito ativo do crime (quem está privando a liberdade) é um 
funcionário público no exercício de sua função, o crime não será de sequestro e cárcere 
privado. Alguns doutrinadores defendem que a situação envolve violência arbitrária (Art. 322 
CP), mas existe a corrente que milita em favor de abuso de autoridade. É questão 
divergente. 
 
►Em regra é CRIME COMISSIVO (fruto de uma ação), mas pode ser praticado na forma 
omissiva imprópria (CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO) se envolver garantidor que não 
cumpriu seu dever quando deveria. 
 
►CUIDADO! O CRIME DE SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO É UM CRIME 
SUBSIDIÁRIO, isto é, há vários crimes no CP que apresentam a mesma conduta deste 
delito. Por causa desta característica, o agente só será punido pelo crime de sequestro e 
cárcere privado se a conduta em questão não deu causa a delito mais grave. 
 
EX.: O crime de extorsão mediante sequestro (Art. 159 CP) tem a mesma conduta do crime 
de sequestro e cárcere privado, no entanto, no Art. 159 há uma finalidade especial que é a 
obtenção de vantagem econômica. Assim, diante de uma situação de extorsão mediante 
sequestro, o crime do Art.148 é afastado em função de sua forma mais especializada 
expressa no Art. 159. 
 
►ELEMENTO SUBJETIVO: O crime do Art. 148 é crime DOLOSO, portanto, o elemento 
subjetivo do delito é o DOLO – consciência e vontade de sequestrar ou enclausurar alguém. 
Não há dolo específico, ou seja, não há finalidade especial nesta ação do agente, desta 
maneira, não há crime de sequestro e cárcere privado se agente exerce a conduta com 
alguma finalidade (EX.: para escravizar a vítima ou com finalidade de extorsão). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS 
GERAIS DO 
CRIME DE 
SEQUESTRO E 
CÁRCERE 
PRIVADO 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
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►CONDUTA DO CRIME: É privar alguém de seu direito de ir e vir através do seqüestro ou 
do cárcere privado. Ainda que as condutas de seqüestro e de cárcere sejam diferentes elas 
serão punidas no mesmo crime. 
 
» CÁRCERE PRIVADO: Pressupõe enclausuramento em recinto fechado; 
 
EX.: Vítima fica presa em um poço, banheiro, porão cubículo, cativeiro, cela, etc. 
 
» SEQUESTRO: A liberdade da vítima é restringida, todavia não há enclausuramento, ela 
até se locomove bem, mas não há como fugir do local. 
 
EX.: Vítima fica presa em Ilha, fazenda, etc. 
 
OBS: O cárcere privado é mais reprovável que o sequestro porque ele traz maior 
possibilidade de dano para a vítima. O juiz deve calcular uma pena maior se a privação de 
liberdade se deu por cárcere. 
 
►Para que se configure o impedimento a liberdade é preciso provar que a vítima: 
 
1) Corre perigo para exercer seu direito de locomoção. (Vítima correria perigo para fugir). 
 
EX.: Pessoa está trancada em uma casa vigiada por vários cães ferozes, uma fuga 
significaria ser seriamente ferida. 
 
2) Tem que empreender um grande esforço para fugir. 
 
EX.: Pessoa foi enclausurada em casebre no pico de uma colina; para fugir ela terá que 
passar por grande esforço físico. 
 
►CONSENTIMENTO DO OFENDIDO NO CRIME DE CÁRCERE PRIVADO: Há bens 
jurídicos que são indisponíveis, o que não é o caso da liberdade de locomoção que é bem 
disponível por quem a detém. Se a pessoa deu consentimento para ter sua liberdade 
cerceada e este é válido, a conduta de cárcere não será punida, ou pela ausência de 
tipicidade ou pela ausência de ilicitude. 
 
EX.: Participantes do programa “Big Brother”. 
 
» O consentimento da vítima será inválido quando ela é incapaz pela idade ou por alienação 
mental. Também se considera como tal aquele dado quando a vítima está 
momentaneamente sem sua capacidade de entendimento - embriagada, intoxicada, etc. 
 
CASO) Pessoa é capaz e dá consentimento para ser privada de sua liberdade em um local 
onde além de ter este bem jurídico disponível lesado, também tem bens indisponíveis 
feridos, como por exemplo, a vida. 
Solução: Nesta hipótese, o consentimento será inválido. 
 
ELEMENTOS 
OBJETIVOS 
DO CRIME 
DE 
SEQUESTRO 
E CÁRCERE 
PRIVADO 
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OBS: Filho de castigo no quarto não é privação de liberdade; é exercício regular do direto 
de correção (Poder de família). CUIDADO! O exercício tem que ser regular. Não pode haver 
excesso. 
►Seqüestro e cárcere privado SÃO CRIMES PERMANENTES, ou seja, a data do crime é o 
dia em que cessa a conduta – dia em que a vítima consegue retomar sua liberdade. Todos 
os prazos serão contados a partir do dia do fim da conduta. 
 
►CONSUMAÇÃO DO CRIME DE SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO: Se dá quando 
sujeito ativo priva a vítima de sua liberdade. 
 
OBS: Por serem crimes permanentes, as condutas destes delitos se prolongam no tempo e 
consequentemente a consumação também sofrerá prolongamento. 
EX.: João tinha acabado de completar 17 anos quando sequestrou Maria. Conduta só cessa 
quando João alcança 18 anos. João será imputável e responderá pelo crime consumado ainda 
que o tenha iniciado o ato antes dos 18 anos. 
 
►TENTATIVA NO CRIME DE SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO: A tentativa é cabível 
já que o agente pode estar em atos executórios do crime e algo alheio a sua vontade impede 
que ele dê continuidade à ação. 
 
 
►“Art. 148 § 1º – A pena é de Reclusão de 2 a 5 anos: 
I- Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 
60 anos; 
II- Se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; 
III- Se a privação de liberdade durar mais de 15 dias 
IV- Se o crime é praticado contra menor de 18 anos; 
V- Se o crime é praticado com fins libidinosos” 
 
►O crime do Art. 148 será qualificado pelo § 1º: 
» QUANDO O DELITO: 
 
 
 
EX.: Pessoa estava internada, recebeu alta, mas agente docrime não há deixou sair do 
hospital, geralmente há o emprego de fraude na conduta. 
 
 
» Traz DOLO ESPECÍFICO. Para haver esta qualificadora, é preciso que o autor do crime 
tenha agido com a finalidade de satisfazer desejos sexuais (fim libidinoso). Agente não pode 
tocar na vítima! Se houver qualquer outra conduta que envolva contato físico, dará causa à 
concurso material de crimes com o delito sexual cometido. 
 
» QUANDO A VÍTIMA: 
 
 
 
 
 
 
CONSUMAÇÃO 
E TENTATIVA 
DO CRIME 
DE 
SEQUESTRO E 
CÁRCERE 
PRIVADO 
1ª 
QUALIFICADOR
A DO CRIME 
SEQUESTRO E 
CÁRCERE 
PRIVADO 
Art. 148 § 1º CP 
1) For praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital (crime de 
sequestro e cárcere mediante internação). 
 
 
2) For praticado para fins libidinosos 
 
 
2) Tem mais de 60 anos ( 60 anos e 1 dia) 
 
4) Fica sem liberdade por mais de 15 dias. 
 
3) Tem menos de 18 anos (não tem resistência) 
 
1) É ascendente (pai/mãe), descendente (filhos, adotivos ou biológicos) ou cônjuge/ 
companheiro (a) do agente. 
 
 
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ATENÇÃO!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
►“Art. 148 § 2º – Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, 
grave sofrimento físico ou moral – Pena – Reclusão de 2 a 8 anos.” 
 
► trata-se de qualificação pelo resultado do crime de sequestro e cárcere. 
 
►O crime do Art. 148 será qualificado pelo § 2º: 
 
» Quando o crime resulta em grave sofrimento físico ou moral para a vítima devido aos 
maus-tratos sofridos ou devido à natureza do local onde ficou encarcerada. 
 
CASO) Sujeito ativo empregou maus-tratos em sua conduta de sequestro e cárcere privado 
e isso acarretou lesão corporal gravíssima na vítima. 
Solução: Haverá concurso material de crimes entre o crime de sequestro e cárcere privado 
qualificado ( Art. 148 § 2º CP) e o crime de lesão corporal grave ( Art. 129 § 2º CP). Agente 
responderá mediante somatório das penas dos dois delitos. 
 
►O crime do Art. 148 pode ser qualificado pelas situações do § 1º e do § 2º conjuntamente. 
Neste caso, a qualificadora do § 2º prevalecerá sobre a outra uma vez que configura 
situações mais gravosas. As condutas que caracterizam a qualificadora afastada serão 
usadas como agravantes ou como situações judiciais desfavoráveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO) João aborda pessoa, a coloca dentro de um carro contra a vontade desta e a leva a local ermo a fim de realizar 
estupro. 
 
Solução: Não há crime de sequestro. O agente comete crime de estupro. A momentânea privação de liberdade que ocorre 
para que o estupro aconteça é a violência empregada no referido delito. 
2ª 
QUALIFICADOR
A DO CRIME 
SEQUESTRO E 
CÁRCERE 
PRIVADO 
Art. 148 § 2º CP 
Apontamentos de Direito Penal - Professora Gisele Alves – Parte Especial - Título I CP – Dos crimes contra a pessoa 
 
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BIBLIOGRAFIA 
 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral – vol. II, 16ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012. 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral – vol. II, 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral – vol. II, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral – vol. II, 13ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011. 
 
MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado: parte geral – vol. II, 6ª ed. rev., atual. e ampliada. 
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2013. 
 
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado: Parte Especial – vol. II. 9° Edição. Revista e 
Atualizada. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.

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