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Material Didático n. 1

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2013 
Material Didático n. 1 
Direito Penal – Parte 
Geral. 
Aplicação da lei Penal (Noções) e Estudos dos 
Princípios Gerais do Direito Penal 
Produzido por Gisele Alves 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL (NOÇÕES) E PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
INTRODUÇÃO – NOÇÕES FUNDAMENTAIS 
 
Código Penal se divide em: 
 PARTE GERAL 
Art. 1 ao art. 120, CP 
 PARTE ESPECIAL 
Art. 121 ao art. 361, CP 
 
→ CONCEITO de Direito Penal 
Conjunto de normas que descrevem condutas proibidas e suas respectivas sanções. Neste 
conjunto há ainda normas não incriminadoras com diversas finalidades. 
Cleber Masson (2012, p.3) afirma “Direito Penal é o conjunto de princípios e leis destinados a 
combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição da sanção penal.” 
As normas penais podem ser como afirmamos: 
Normas incriminadoras – São aquelas que descrevem condutas proibidas (preceito primário 
da norma) e a sanção correspondente (preceito secundário da norma). 
Normas incriminadoras em branco (Lei penal em branco) - Dentre as normas 
incriminadoras existem as chamadas normas incriminadoras em branco que possuem seu 
preceito primário (definição da conduta criminosa) incompleto e, portanto, precisam da 
complementação de outra norma. A norma penal em branco pode ser homogênea ou em 
sentindo amplo, ou heterogênea ou em sentido estrito. Na primeira hipótese o complemento se 
origina da mesma fonte legislativa que editou a norma em branco (Ex. art. 237 do CP), já no 
segundo caso o completo é oriundo de fonte distinta da norma em branco (Ex. art. 33, caput 
da Lei nº 11.343/2006 - complemento dado pelo poder executivo – ANVISA). 
Normas incriminadoras incompletas – Nestas normas a conduta típica está completa no 
preceito primário, no entanto o preceito secundário/sanção encontra-se incompleto, havendo 
remissão para aplicação de sanção prevista em outro tipo penal. (Ex. art. 304 do CP). 
Norma não incriminadora diretiva (define princípios) 
Norma não incriminadora de validade ou de aplicação (define a validade de outras normas) 
Norma não incriminadora explicativa (define um conceito) 
Norma não incriminadora permissiva justificante (excludentes de ilicitude) 
Norma não incriminadora exculpante (excludentes de culpabilidade) 
 
→ Características da Norma Penal 
1) Exclusividade 
Apenas a lei (ato emanado do Poder Legislativo Federal) que tenha natureza penal pode 
descrever crimes e suas respectivas sanções. 
2) Imperatividade 
Norma Penal é obrigatória, todos estão a ela subordinados independente de sua vontade. 
3) Generalidade 
A norma é genérica, não pode ser casuísta. Deve ser o mais abrangente possível, pois se 
destina a punir todas as pessoas. 
4) Bilateralidade 
Ao mesmo tempo em que protege direitos/valores, também gera obrigações/deveres. 
5) Irrefragabilidade 
A revogação de uma norma penal deve ser feita por outra lei. 
 
→ FINALIDADE do Direito Penal 
A principal finalidade é proteger/tutelar os bens jurídicos mais relevantes, como a vida, o 
patrimônio, a liberdade, honra, paz pública, etc. 
→ Características do Direito Penal – O Direito Penal é uma ciência: cultural (classe das 
ciências do dever ser), normativo (objeto de estudo são as normas-lei), valorativo (valoriza 
hierarquicamente suas normas), finalista (finaliza proteção dos bens jurídicos fundamentais), 
autônomo, sancionador (não cria bens jurídicos, mas oferece tutela penal para bens 
disciplinados por outros ramos do direito), constitutivo (excepcionalmente protege bens não 
regulados em outros ramos do direito – ex. uso indevido de drogas) e por fim fragmentário 
(não tutela todos os valores, somente os mais relevantes socialmente). 
→ Direito Penal OBJETIVO e SUBJETIVO 
O direito penal objetivo é o conjunto de normas (regras e princípios) devidamente positivados, 
que se incumbem da definição dos comportamentos delituosos e da sanção correspondente ( 
pena ou medida de segurança). 
Já o direito penal subjetivo consiste no direito de punir do Estado ou ius puniendi. Ao 
estudarmos o direito penal subjetivo, observamos o direito de que goza o Estado de exigir do 
infrator que se submeta. 
→ Direito Penal COMUM e ESPECIAL 
Trata-se de assunto controverso. 
Para uma parte da doutrina direito penal comum é toda matéria contida no Código Penal, e 
direito penal especial é toda matéria contida na legislação penal especial. 
Para outra parte da doutrina direito penal comum é toda matéria julgada na justiça comum, e 
direito penal especial é toda matéria que requer um órgão julgador especial, a partir deste 
conceito no Brasil pertence ao conjunto do direito penal especial, o direito penal militar e o 
direito penal eleitoral. 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
1. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL 
O Princípio da Reserva Legal encontra-se previsto nos Artigos 1º do CP e 5º, Inciso XXXIX da 
CF/88, segundo os quais “não há crime sem Lei anterior que o defina, não há pena sem prévia 
cominação legal”. 
O Princípio da Reserva Legal traz em seu conteúdo dois subprincípios: 
a) Princípio da Legalidade: 
Em relação a este princípio importa destacar que o mesmo impõe a necessidade de 
previsão, em lei, do tipo penal incriminador, definindo as condutas proibidas, sejam 
elas comissivas ou omissivas. A Lei é, portanto, a única fonte do direito penal que pode 
proibir ou impor condutas cujo descumprimento possa incorrer em sanção. 
Assim, decorre do Princípio da Legalidade o entendimento de que: 
- Não se pode criar crimes e penas pelos costumes 
- Não se pode empregar a analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas. 
Veda-se, portanto, no Direito Penal, a analogia in malam partem. 
- Não se admite incriminações vagas ou indeterminadas, devendo a Lei ser taxativa. 
 
Observação I.: Ao falarmos em “Legalidade”, temos que discernir a Legalidade Formal e 
a Legalidade Material. Por Legalidade Formal entendemos a observância aos trâmites 
constitucionais necessários para que um diploma legal possa fazer parte do nosso 
ordenamento jurídico. Pela Legalidade Material impõe-se a necessidade de 
observâncias quando ao conteúdo das normas, devendo estas respeitarem as proibições 
e imposições relativas à garantia dos direitos fundamentais. 
 
Ressalta-se que a exigência de que a Lei seja anterior a prática da conduta deriva não 
do Princípio da Legalidade, mas do da Anterioridade, que analisaremos a seguir. 
OBS: Princípio da reserva legal e vacation legis → Leis penais começam vigorar 45 dias 
após sua publicação, salvo disposição em contrário, se ocorrer durante tal período 
publicação de novo texto destinado à correção, o prazo começa novamente a correr a 
partir desta – correções de lei em vigor é lei nova – Sobre a aplicação imediata de lei que 
está em período de vacation legis, se for para beneficiar sim, se prejudicar não, pois 
estaria violando o princípio da anterioridade. 
 
 
b) Princípio da Anterioridade: 
Tal princípio exige que para que o agente possa ser punido, sua conduta criminosa já 
deverá estar prevista em lei que vigorava no momento de sua ocorrência. 
 
 
2. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL 
 
Pelo Princípio da Irretroatividade entende-se que a lei penal não pode retroagir, salvo para 
beneficiar o réu, conforme prevê os Artigos 2º do CP e 5º, XL, da CF/88. Assim, podemos 
deduzir que a regra no Direito Penal é a irretroatividade, admitindo-se a retroatividade apenas 
excepcionalmente, para benefício do réu, da lei penal mais benigna. 
 
 
 
3. PRINCÍPIO DA EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL 
O Princípio da Extra-atividade refere-se, segundo Greco (2011, p.107), a capacidadeque a lei 
penal tem de se movimentar no tempo, regulando fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo 
depois de ter sido revogada, ou de retroagir no tempo, a fim de regular situações ocorridas 
anteriormente à sua vigência, desde que benéficas ao agente. 
Assim, a Extra-atividade seria, na verdade, um gênero, possuindo como espécies a Ultra-
atividade (nos casos em que a lei permanece regulando fatos ocorridos na sua vigência 
mesmo após sua revogação) e a Retroatividade (nos casos em que a lei retroage no tempo 
para regular fato ocorrido antes dela entrar em vigor, mas sempre em benefício da parte). 
Observação.: Tanto a Retroatividade quanto a Ultra-atividade da Lei Penal são consideradas 
exceções no Direito Penal, devendo ser aplicadas apenas em benefício do réu, pois a regra, 
como já vimos, é a da Irretroatividade da Lei Penal. 
Observação: Em relação às Leis Temporárias e às Leis Excepcionais, vigora o Princípio da 
Ultra-atividade, o que significa que mesmo esgotada a sua vigência, tais leis terão 
aplicabilidade aos fatos ocorridos durante a sua vigência, tal como previsto o Art. 3º do CP, 
que nos informa que a Lei Excepcional ou Temporária, embora decorrido o período da sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinam, aplica-se ao fato praticado em sua 
vigência. 
Observações em relação à Sucessão da Lei Penal no Tempo: 
OBSERVAÇÕES 
SUCESSÃO DA LEI PENAL NO TEMPO 
 
 
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA 
 
 
Como o próprio nome sugere, refere-se à nova 
lei que surge para transformar um fato que 
não era ilícito em crime. 
Tal Lei possui efeito Ex-Nunc, ou seja, não 
retroage, não atingindo fatos praticados 
anteriormente a sua vigência. 
 
Como exemplo, podemos citar a Lei 
12.012/2009, que criou o crime de adentrar 
em estabelecimento prisional portando 
celular, previsto em seu Art. 349. 
 
 
NOVATIO LEGIS IN PEJUS 
 
 
 
Refere-se à nova lei, editada após a conduta 
do agente, conferindo um tratamento mais 
rigoroso do que era concedido por lei que 
vigorava ao tempo do crime. Tal lei contém 
dispositivos que o prejudicam, criando, por 
exemplo, causas de aumento de pena ou 
ampliando o rol de circunstâncias 
agravantes. 
Tal Lei possui efeitos Ex-Nunc, não 
retroagindo, de forma que seus efeitos 
atingem apenas os crimes praticados 
posteriormente a sua existência. 
 
A exemplo, podemos citar a Lei 11.343/2006, 
que veio a substituir a Lei 6.368/1976, 
atribuindo um aumento da pena mínima para 
o crime de tráfico de drogas de 3 para 5 anos. 
 
 
 
Observação: Crime Permanente e Crime 
Continuado → Conforme previsão da 
Súmula 711 do STF aplica-se a lei mais 
grave ao crime continuado ou ao crime 
permanente, quando a sua vigência for 
anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. Significa dizer, portanto, que 
Lei posterior mais gravosa pode ser aplicada 
mesmo que quando do início da conduta 
houvesse lei mais favorável vigente, desde 
que a conduta tenha persistido sob a égide 
desta nova lei mais gravosa. 
 
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS 
 
 
Refere-se à nova lei, editada após a conduta 
do agente, contendo dispositivos que o 
beneficiam, e conferindo, portanto, um 
tratamento mais favorável ao réu, do que o 
definido em lei que vigorava ao tempo de sua 
ação. 
 
Tal Lei possui ampla retroatividade, 
possuindo efeito Ex-Tunc, tal como previsto 
no Art. 2º, Parágrafo Único do CP, que 
preconiza que “a lei posterior que de qualquer 
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado”. 
 
 
ABOLITIO CRIMINIS 
 
 
 
Refere-se a nova Lei que surge deixando de 
incriminar determinada conduta, abolindo 
um crime do nosso ordenamento jurídico. 
 
Tal Lei possui efeito Ex-Tunc, ou seja, 
retroage, atingindo os fatos praticados 
anteriormente a sua vigência. 
Como exemplo, podemos citar a Lei 
11.106/05, que aboliu o Crime de Adultério, 
que era previsto no art. 240 do CP. 
 
 
LEI INTERMEDIÁRIA 
Ocorre nos casos em que a Lei a ser aplicada 
ao caso concreto não é nem a vigente na 
época da prática do crime, nem a em vigor no 
momento da prolação da sentença, mas sim 
uma lei intermediária, por ser ela mais 
benéfica ao réu. 
 
Suponhamos o seguinte exemplo: 
Determinado crime foi praticado sob a 
vigência da Lei A, lei esta mais gravosa. 
Posteriormente, surge a Lei B, lei esta menos 
gravosa. Posteriormente, surge a Lei C, mais 
gravosa do que todas as demais. Nesse caso, 
aplica-se a Lei Intermediária, menos gravosa, 
por ser ela mais favorável ao réu, mesmo não 
sendo a que estava em vigor no tempo do 
crime ou na data da sentença. 
 
 
COMBINAÇÃO DE LEIS 
 
A combinação de Leis para favorecer o réu é 
aceita pela maioria dos doutrinadores, que se 
baseiam na possibilidade da lei retroagir em 
parte para justificar tal ocorrência, mas há 
quem defenda que tal conduta não é possível, 
pois neste caso, entende-se que o Juiz estaria 
legislando, criando uma terceira norma não 
prevista em Lei, violando, portanto, o 
princípio da separação dos poderes. 
 
 
 
4. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE 
Previsto no Art. 5º, do CP, tal princípio prevê que aos crimes cometidos em Território Nacional, 
aplica-se a Lei Brasileira, sem prejuízo de Convenções, Tratados e regras de Direito 
Internacional. 
Ao trazer a expressão sem prejuízo de Convenções, Tratados e Regras Internacionais, temos 
claro que o Brasil não adota uma Teoria Absoluta da Territorialidade, mas sim uma Teoria 
Temperada, nos termos de Greco (2011, p.124), tendo em vista que mesmo sendo o país 
soberano, e mesmo tendo o Brasil adotado a Territorialidade como regra, em algumas 
hipóteses é possível abrir mão da aplicação da Lei Penal Brasileira em prol de convenções, 
tratados e Regras de Direito Internacional, como por exemplo, nos casos de Imunidades 
diplomáticas. Assim como há casos em que a aplicação da lei penal brasileira ocorrerá a fatos 
criminosos ocorridos fora do território nacional. 
Há que se ter claro, no entanto, que no Direito Penal Brasileiro, a regra geral é a 
Territorialidade, aplicando-se apenas excepcionalmente a Extraterritorialidade (aplicação da 
lei penal brasileira a fatos ocorridos fora do território nacional). 
Observação: Entende-se por Território Real/ Efetivo sob o qual o Brasil exerce a sua 
soberania Política o: 
 Solo: Extensão de terra contínua ou descontínua, incluindo rios, lagos e mares 
existentes no território; 
 Subsolo: Profundidade cônica do território em relação ao centro da Terra; 
 Mar Territorial: 12 Milhas marítimas a partir do Litoral Brasileiro. Em relação às águas 
estrangeiras, vale o Princípio da Bandeira. 
 Plataforma Continental: 200 Milhas Marítimas a partir do Litoral Brasileiro (incluídas 
as 12 Milhas do Mar Territorial. Ou seja, trata-se das 188 Milhas além do Mar 
Territorial). 
 Espaço Aéreo: Espaço localizado acima de nosso espaço territorial e nossas águas 
territoriais. 
Observação: Entende-se como Território por Extensão/Flutuante para efeitos Penais (Art. 5º, 
parágrafos 1º e 2º do CP): 
 
TERRITÓRIO BRASILEIRO POR EXTENSÃO (Art.5º, Parágrafo 1º e 2º do CP) 
 
Embarcações e Aeronaves Brasileiras de 
Natureza Pública ou à Serviço do Governo 
 
 
 
→ Onde quer se encontrem 
Embarcações e Aeronaves Brasileiras 
Mercantes ou de Natureza Privada 
 
 
→Em Alto Mar. 
→Ou no espaço aéreo correspondente ao alto 
mar 
 
Assim, entende-se que onde não houver 
soberania de nenhum país, como no caso do 
alto mar e do espaço aéreo a ele 
correspondente, caso ocorra uma infração 
penal a bordo de uma aeronave ou 
embarcação Mercante ou de Natureza 
Privada, de bandeira nacional, deverá ser 
aplicada a Legislação Brasileira.Embarcações ou Aeronaves Estrangeiras de 
Propriedade Privada 
→Em nosso Espaço Aéreo. 
→Ou em Porto. 
→Ou Mar Territorial do Brasil. 
 
Atenção: As Embarcações ou Aeronaves de 
Natureza Pública ou a serviço do governo 
estrangeiro são consideradas como extensão 
do Território correspondente à sua bandeira. 
 
 
Por fim, território é o âmbito de validade espacial do ordenamento jurídico de cada país. 
(MMOORRAAEESS,, GGeeoovvaannee;; CCAAPPOOBBIIAANNCCOO,, RRooddrriiggoo JJuulliioo:: 22001122)).. 
O Brasil adotou a teoria mista ou da ubiqüidade para definir o Lugar do crime (art. 6º do CP), 
que estabelece que lugar do crime tanto poderá ser o local da conduta, como o local onde se 
produziu o resultado. 
O Código de Processo Penal para fixação de competência adotou como regra geral a Teoria do 
Resultado - art. 70, 1ª parte, do CPP, que informa que será competente para processar e 
julgar o fato, o juízo do lugar onde a infração se tiver consumado. A regra é que o foro 
competente será o do lugar da infração, sendo impossível defini-lo, a competência territorial 
deverá levar em conta o domicílio ou residência do réu (critério subsidiário). 
No entanto, tal matéria possui exceções e observações a serem feitas: 
 Nas infrações de competência do JECRIM – art. 63 da Lei nº 9.099/1995– Adotou 
Teoria da atividade. 
 Atos infracionais julgados na Justiça da Infância e Juventude ou outro juízo 
competente - art147, § 1º da Lei nº 8069/1990- ECA - Adotou Teoria da atividade. 
 Crimes de competência do Tribunal do Júri c/ fim de facilitar a persecução criminal – 
jurisprudência adota para fixação da competência – Teoria da atividade. 
 Nos crimes permanentes cuja consumação se estendeu pelo território de mais de uma 
comarca, a competência será fixada pela prevenção, ou seja, pelo juízo do local onde for 
praticado o primeiro ato processual ou medida relativa ao processo. 
 Nos crimes em que a execução iniciou-se no território nacional e a consumação se deu 
no exterior (crimes à distância), será competente o foro do local onde ocorreu o último 
ato de execução. No entanto, se a execução iniciou-se em território estrangeiro, e a 
consumação se deu, ou deveria se dar no Brasil, será competente este foro. 
 Nos crimes cometidos integralmente fora do Brasil (casos de extraterritorialidade da lei 
brasileira – matéria que veremos a seguir), será competente o foro da Capital do Estado 
onde por último foi domiciliado ou residente o réu, e caso não tenha sido domiciliado ou 
residido no Brasil, a Capital da República (art. 88 do CPP). 
 Se a infração penal for praticada em embarcação nas águas territoriais brasileiras ou a 
bordo de embarcações brasileiras em alto-mar, a competência será da justiça do 
primeiro porto que ancorar a embarcação após o crime, ou do último porto, antes do 
crime, em caso de se dirigir para fora do território nacional. (art. 89 do CPP). 
 Em caso de fatos criminosos ocorridos no interior de aeronave nacional estando no 
espaço aéreo nacional ou em alto-mar, ou em caso de aeronave estrangeira que está em 
nosso espaço aéreo, será competente o foro do local onde se deu o pouso da aeronave 
após o crime, ou de onde houver partido a aeronave (art. 90 do CPP). 
 Nas hipóteses dos arts. 89 e 90 do CPP a competência é da Justiça Federal, salvo se o 
delito foi praticado a bordo de pequenas embarcações (lancha, canoa, etc.). 
 Passagem inocente – Ocorre quando uma embarcação ou aeronave estrangeira privada 
está navegando ou sobrevoando nossas águas territoriais ou espaço aéreo apenas de 
passagem, pois está se dirigindo a outro destino que não nosso território. Se um crime 
ocorrer em tal embarcação ou aeronave, sem que a mesma pouse ou atraque em nosso 
território e sem trazer outros prejuízos para o território nacional, em que pese nossa lei 
seja a competente para ser aplicada ao caso, isso não ocorrerá, já que é entendimento 
da jurisprudência brasileira, que a Justiça local só intervirá se houver reflexos do ato 
no território pátrio. 
 
5. PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE 
O Princípio da Extraterritorialidade, previsto no Art. 7º do CP, refere-se aos casos em que 
mesmo fora do Território Nacional, aplica-se a Lei Penal Brasileira, configurando uma exceção 
em relação ao Princípio da Territorialidade. 
A Extraterritorialidade pode ser Incondicionada ou Condicionada. 
 
5.1 Extraterritorialidade Incondicionada 
Os casos de Extraterritorialidade Incondicionada encontram-se previstos no Inciso I do Art. 7º 
do CP, e referem-se às hipóteses em que a Lei Brasileira poderá ser aplicada a fatos ocorridos 
no exterior independente do concurso de qualquer condição. 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está ao seu 
serviço; 
 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado 
no Brasil; 
Princípio da Proteção Atual ou 
Defesa 
Princípio da Justiça Universal ou 
Cosmopolita 
 
As hipóteses previstas nas alíneas a, b e c do Inciso I do Art. 7º do CP, referem-se a casos em 
que se coloca em risco a própria soberania do país, aplicando-se nestes casos o Princípio da 
Proteção Atual ou Defesa. 
Já na hipótese da alínea d, do Inciso I do Art. 7º do CP, aplicam-se: 
 O Princípio da Justiça Universal ou Cosmopolita, que reflete a cooperação penal 
internacional, significando que todos os Estados da Comunidade Internacional podem, 
segundo Tratados e Convenções Internacionais, punir os agentes que praticarem 
determinados Crimes, tais como o Crime de Genocídio. Assim, ocorrendo a prática do 
Crime de Genocídio, se o autor for brasileiro ou domiciliado no Brasil, poderá ser 
aplicada a Lei Penal Brasileira, independente de onde o crime tenha ocorrido; 
 O Princípio da Personalidade Ativa, que leva em consideração a personalidade do 
autor do Crime, de forma que sempre que o autor do Crime for Brasileiro, a Lei Penal 
Brasileira deverá ser aplicada. 
 
Ressalta-se ainda que em relação ao Crime de Genocídio, deve ser ressalvada a competência 
da Justiça Federal para o julgamento do delito e subsidiariamente do Tribunal Penal 
Internacional, tal como previsto o Art. 5º, parágrafo 4º da CF/88. 
Assim, em todos os casos previstos no Art. 7º, Inciso I do CP, independente do agente ter sido 
absolvido ou condenado no estrangeiro, este será punido segundo a Lei Brasileira. No entanto, 
em sendo o agente condenado no estrangeiro, aplica-se a regra do Art. 8º do CP, que dispõe 
que: 
 
Se a pena cumprida no país estrangeiro 
for diversa da pena imputada no Brasil 
 
 
A pena cumprida no exterior irá atenuar 
a pena imposta no Brasil pelo mesmo 
crime; 
 
Se a pena cumprida no exterior for 
idêntica 
 
 
A mesma será computada na pena 
imposta no Brasil 
Tal regra visa impedir que o agente seja punido duas vezes pelo mesmo crime, evitando assim 
o bis in idem. 
5.2 Extraterritorialidade Condicionada 
Os casos de Extraterritorialidade Condicionada encontram-se previstos no Inciso II do Art. 7º 
do CP, e referem-se às hipóteses em que a lei brasileira poderá ser aplicada a fatos ocorridos 
no exterior, desde que observadas às condições previstas no Parágrafo 2º do Art. 7º do CP. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
II - os crimes: 
 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a 
reprimir; 
Princípioda Justiça Cosmopolita 
 
 
 
b) praticados por brasileiro; 
 
 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 
A hipótese trazida na alínea a, do Inciso II do Art. 7º do CP alude ao Princípio da Justiça 
Cosmopolita ou Universal, refere-se aos crimes de grande repercussão que o Brasil 
comprometeu-se a reprimir por meio de Tratado ou Convenção do qual é signatário. 
No que tange à hipótese prevista no Art.7º, Inciso II, alínea b, preconiza-se o Princípio da 
Personalidade Ativa, que leva em consideração a personalidade do Autor do Crime. 
Já a hipótese prevista na alínea c, do Inciso II do Art. 7º do CP relaciona-se com o Princípio 
da Representação de um Estado pelo outro, ou seja, o Princípio do Pavilhão ou da Bandeira. 
Além das hipóteses previstas no Inciso II do Art. 7º, aplica-se também a Lei Brasileira ao crime 
cometido por estrangeiro contra Brasileiro fora do Brasil, tal como previsto no Art. 7º, 
Parágrafo 3º do CP, quando, observadas às condições previstas no Parágrafo 2º do Art. 7º e: 
 não foi pedida ou foi negada a extradição 
 houve requisição do Ministro da Justiça. 
Em relação a esta hipótese (Art. 7º, Parágrafo 3º do CP), aplica-se o Princípio da 
Personalidade Passiva, que leva em consideração a personalidade da vítima do crime, ou 
seja, o Brasileiro como vítima. 
 
5.3 Extraterritorialidade na Lei de Tortura 
 
A Lei nº 9.455/1997 tipificou o delito de tortura, e estabeleceu em seu art. 2º que a lei 
brasileira se aplica “ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, 
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira”. 
Trata-se, portanto de aplicação extraterritorial da lei brasileira fundada no princípio da 
personalidade ou nacionalidade passiva. 
 
5.4 Eficácia da sentença estrangeira – art. 9º do CP. 
Desde o advento da EC nº 45/2004, o art. 105, I, i da CF/88 passou a estabelecer o STJ como 
competente para homologação de sentença estrangeira. 
Princípio da Personalidade Ativa 
 
Princípio da Representatividade de 
um Estado por Outro/Bandeira 
 
A sentença estrangeira não pode ser executada no Brasil, salvo para que produza alguns 
efeitos, e desde que a lei brasileira produza na mesma espécie os mesmos efeitos. Pode ser 
homologada para produzir: 
1- Obrigação de repara dano, restituições e outros efeitos civis. 
2- Sujeitar alguém a uma medida de segurança. 
 
A homologação na primeira situação depende de requerimento da parte interessada, e na 
segunda situação depende da existência de tratado de extradição com o país do qual emanou 
a sentença ou na sua falta de requisição do Ministro da Justiça. 
Em relação a outros efeitos penais não se exige condições para homologação da sentença, 
apenas da prova legal da existência da condenação estrangeira. 
 
6. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA 
Por este Princípio entende-se, nos termos de Bitencourt (2011, p.43), que a “criminalização de 
uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem 
jurídico”. Assim, havendo outras possibilidades de sanção ou de controle social que se revelem 
suficientes para a proteção do bem jurídico, estas devem ser usadas em detrimento da 
criminalização. 
Daí a utilização da nomenclatura “intervenção mínima”, pois, entende-se que o Direito Penal 
deve ser a ultima ratio, ou seja, deve ser utilizado apenas em último caso, quando os demais 
ramos do Direito demonstrarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes na vida 
do indivíduo e da própria sociedade. 
 
7. PRINCÍPIO DA FAGMENTARIEDADE 
O Princípio da Fragmentariedade decorre do Princípio da Intervenção Mínima, segundo o qual 
o Direito Penal consiste na ultima ratio, devendo entrar em cena apenas quando indispensável 
para a manutenção da ordem jurídica. 
Assim, entende-se que o Direito Penal não proíbe todas as ações que lesionam bens jurídicos e 
nem tutela todos os bens jurídicos de forma ampla e irrestrita, mas somente aquelas ações 
mais graves direcionadas aos bens jurídicos mais relevantes para a sociedade, tais como a 
vida. Daí o seu caráter fragmentário, visto que tutela apenas parte, apenas um “fragmento” 
dos bens jurídicos protegidos pelo nosso ordenamento jurídico. 
 
8. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE/IMPUTAÇÃO PESSOAL 
Embora o Princípio da Culpabilidade não configure um princípio constitucional expresso, ele 
pode ser extraído do texto constitucional como um todo, essencialmente no que se refere ao 
princípio da dignidade da pessoa humana, entendendo-se pelo Princípio da Culpabilidade que 
não há crime sem culpabilidade. 
De acordo com o Princípio da Imputação Pessoal o fundamento da responsabilidade pessoal é 
a culpabilidade. (nulla poena sine culpa – NÃO HÁ PENA SEM CULPA). 
A culpabilidade encontra-se relacionada com o juízo de reprovabilidade que se faz em relação 
à conduta típica e ilícita praticada. Assim, entende-se por reprovável aquela conduta praticada 
pelo agente que, nas mesmas condições, poderia ter agido de outra forma. 
Nos termos de Greco (2011, p.90-91), a culpabilidade pode ser apreendida em 3 (três) 
sentidos: 
a) Como elemento integrante do conceito analítico de crime: Pelo Conceito Analítico, 
Crime é Fato Típico, Ilícito e Culpável, e a ausência de qualquer um desses elementos 
impossibilita a aplicação de uma sanção penal. 
b) Como princípio medidor da pena: Nesse sentido, a culpabilidade é entendida como 
limite da pena, e não como seu fundamento. Ou seja, a medida da pena limita-se à medida 
da culpabilidade. 
c) Como princípio impedidor da responsabilidade penal objetiva: Significa dizer que não 
cabe no Direito Penal a Responsabilidade objetiva, não sendo possível a imputação de um 
crime ao agente sem que este tenha agido com dolo ou culpa. 
 
9. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
O Princípio da Proporcionalidade, nos termos de Bitencourt (2011, p. 54), decorre do 
entendimento de que deve haver uma proporcionalidade entre a gravidade do crime praticado 
e a sanção a ser aplicada. 
Tal Princípio encontra amparo legal em diversos dispositivos constitucionais, tais como o Art. 
5º, XLVI da CF/88, que exige a individualização da pena e o Art. 5º, XLII, XLIII e XLIV da 
CF/88, que admite nas infrações mais graves o maior rigor penal. 
Embora haja quem defenda que o Princípio da Proporcionalidade e o da Razoabilidade 
compõem, na verdade, um único princípio, para Bittencourt (2011, p. 55), tais princípios não 
se confundem. Tal fato se justifica: 
 Pela origem distinta dos Princípios em tela: O Princípio da Proporcionalidade tem 
origem germânica, ao passo em que o Princípio da Razoabilidade resulta da construção 
jurisprudencial da Suprema Corte Norte Americana; 
 Pelo próprio sentido de cada Princípio: O Princípio da Proporcionalidade, como vimos, 
encontra-se relacionado com a relação de proporcionalidade entre o delito praticado e a 
sanção a ser aplicada, sem estabelecer, no entanto, um limite para essa 
proporcionalidade. Já o Princípio da Razoabilidade encontra-se relacionado, nos termos 
de Bitencourt (2011, p. 56), com “aquilo que tem aptidão para atingir os objetivos a que 
se propõe, sem, contudo, representar excesso algum”, impondo um limite, um controle 
na aplicação do Princípio da Proporcionalidade. 
 
Para o referido autor, é justamente o Princípio da Razoabilidade que afasta a aplicação 
da “Lei de Talião”, exemplo histórico de aplicação extremada do Princípio da 
Proporcionalidade. 
 
 
10. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE 
O Princípio da Humanidade impede a aplicação de sanções queinfrinjam a dignidade da 
pessoa humana, guardando especial relevância justamente por impedir a aplicação, no Brasil, 
da Pena de Morte e da Prisão Perpétua, tendo em vista a previsão do Art. 5º, XLVII da CF/88, 
que veda a aplicação de penas de natureza cruel e degradante. 
Além disso, decorre do Princípio da Humanidade a vedação da utilização de tortura e maus 
tratos nos interrogatórios policiais, bem como a necessidade do Estado prover a adequada 
estrutura carcerária, tendo em vista o disposto no Art. 5º, XLIX, da CF/88, que garante aos 
presos o respeito à sua integridade física e moral. 
 
11. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
Previsto no Art. 5º, XLVI, da CF/88, tal princípio preconiza que a aplicação da pena deve ser 
individualizada, levando em consideração as características pessoais do agente, visando com 
isso alcançar os fins que se pretende com a pena ou com as medidas de segurança. 
Segundo Greco (2011, p. 69-70), a partir da interpretação do texto constitucional, podemos 
perceber que a Individualização da pena ocorre em 3 (três) momentos: 
1. Cominação: Fase na qual o legislador valora os bens jurídicos protegidos pelo 
direito penal e individualiza as penas relativas a cada infração conforme sua 
importância e gravidade 
 Primeiramente, com a escolha do legislador daquelas condutas positivas ou negativas 
direcionadas aos bens jurídicos considerados mais importantes, e que farão parte do 
âmbito de abrangência do Direito Penal; 
 Posteriormente, com a cominação de Penas que variam conforme o grau de importância 
do Bem Jurídico tutelado; 
Ex.: A título de ilustração, Greco (2011, p. 69-70) nos esclarece que a proteção à vida, 
por tratar-se de um bem jurídico de extrema valia, deve ser feita com uma ameaça de 
pena mais severa do que a prevista para proteção do bem jurídico patrimônio; o crime 
consumado deve ser punido mais rigorosamente do que o tentado; o crime praticado a 
título de dolo deve ter pena superior ao praticado a título de culta; etc. 
 
2. Aplicação: Trata-se da fase em que diante da prática de uma infração penal pelo 
agente, e tendo o julgador concluído que o fato praticado é típico, ilícito e culpável, a 
individualização da pena sai do plano abstrato (cominação/legislador) e passa para o 
plano concreto (aplicação/julgador). Assim, nessa fase, o julgador irá: 
 Fixar a pena base, conforme o critério trifásico (Art. 98, CP) e observando as 
circunstâncias judiciais; 
 Observará as circunstâncias atenuantes e agravantes; 
 Observará as causas de diminuição e de aumento de pena. 
 
3. Execução Penal: Conforme previsto no Art. 5º da Lei 7210/84 (LEP – Lei de 
Execuções Penais), os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes 
e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. 
 
Observação: Muito se discutia acerca da possibilidade do Art. 2º, Parágrafo 1º da Lei 
8072/90 violar o Princípio da Individualização da Pena, tendo em vista a imposição da 
necessidade do total cumprimento da pena em regime fechado diante da prática de 
crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de drogas e terrorismo. Após o STF entender que 
tal regra efetivamente lesava tal princípio adveio a Lei 11.464/07 e superada a 
discussão esta Lei passou a determinar que a pena para os crimes hediondos e 
equiparados seria cumprida inicialmente em regime fechado, tal como dispõe o Art. 2º, 
Parágrafo 1º da Lei nº 8.072/90, havendo a possibilidade de progressão de regime após 
o cumprimento de 2/5 da pena (se o apenado for réu primário) ou de 3/5 da pena (de o 
apenado for reincidente), conforme dispões o Art. 2º, Parágrafo 2º, da referida Lei. 
 
 
12. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE/LESIVIDADE 
Pelo Princípio da Ofensividade entende-se, conforme lição de Capez (2011), que “não há crime 
quando a conduta não tiver oferecido ao menos um Perigo Concreto, real, efetivo e comprovado 
de lesão ao Bem Jurídico, (...) considerando inconstitucionais todos os chamados delitos de 
perigo abstrato.” 
Tal princípio, no entanto, encontra-se ainda em discussão no Brasil, admitindo Capez que 
subsiste a possibilidade de tipificação de crimes de perigo abstrato em nosso ordenamento 
jurídico. Essa também é atual posição do nosso Supremo Tribunal Federal, em que pese a 
discordância de uma parcela considerável dos doutrinadores brasileiros, dentre eles: Luiz 
Flávio Gomes e Damásio de Jesus. 
 
13. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU DA TRANSCENDENTALIDADE 
 Este princípio origina-se do princípio acima definido. Pelo Princípio da Alteridade ou 
Trancendentalidade entende-se que não podem ser punidas as atitudes de caráter meramente 
interno e subjetivo do agente. Significa dizer, portanto, que o fato típico pressupõe a 
transcendentalidade, ou seja, que o comportamento do agente transcenda sua esfera 
individual- e a alteridade – ou seja, que sua conduta do agente seja capaz de atingir o 
interesse do outro (altero). 
Tal princípio proíbe: 
 Incriminação de atitudes internas. 
 Incriminação de conduta que não exceda o âmbito do próprio autor, ou seja, lesem bem 
jurídico alheio. 
 Incriminação de estados ou condições existenciais. 
 Incriminação de condutas que não lesem bens jurídicos. 
É com base neste princípio que não é punível a autolesão, como por exemplo, o suicida 
frustrado ou a pessoa que se automutila, assim como não se pune pensamentos e condições 
existenciais. (GRECO, 2011, p. 51) 
 
14. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
O Princípio da Insignificância, elaborado pela primeira vez por Claus Roxin, é também 
denominado por Klaus Tiedemann como Princípio da Bagatela, e implica no entendimento de 
que deve haver uma proporcionalidade entre a extensão da lesão produzida/importância do 
Bem Jurídico ofendido e a punição pretendida pelo Estado. 
Significa dizer que nem todas as ofensas aos bens Jurídicos ou interesses são suficientes para 
caracterizar uma conduta típica. Assim, segundo Bitencourt (2011, p. 51), a insignificância 
afasta a tipicidade, desde que a valoração desta insignificância leve em consideração a ordem 
jurídica de maneira global. 
Ressalta-se, contudo, que a tarefa de seleção dos bens juridicamente tuteláveis pelo direito 
penal, incluindo os critérios para tal seleção, não cabem ao intérprete e aplicador do direito, 
mas sim ao poder legislativo, do contrário haveria grave lesão ao princípio da reserva legal e 
separação dos poderes. Além disso, destaca-se também que o fato de uma conduta configurar 
uma infração penal de menor potencial ofensivo (Art. 98, I, CF/88) não implica no 
entendimento de que tal conduta configure necessariamente o princípio da insignificância. 
 
15. PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU DA RESPONSABILIDADE PESSOAL 
Previsto no Art. 5º, XLV da CF/88, pelo Princípio da Personalidade entende-se que a pena não 
pode passar da pessoa do condenado, não sendo admissível que uma pessoa seja 
responsabilizada por fato cometido por outra. 
 
16. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS 
De acordo com tal princípio o Direito Penal se destina exclusivamente à tutela de bens 
jurídicos, não podendo ser utilizado para proteger questões de ordem moral, ética, religiosa, 
ideológica, política e outras semelhantes. 
Não se pode confundir tal princípio com o da alteridade, já que neste há bem jurídico a ser 
penalmente tutelado, mas que, pertence de forma exclusiva ao responsável pela conduta 
legalmente prevista, motivo pelo qual o Direito Penal não está autorizado a intervir. 
 
17. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL 
Por este princípio entende-se que aquelas condutas consideradas adequadas socialmente não 
podem ser consideradas criminosas, não se revestindo de tipicidade. 
Isso porquemuitas vezes evidencia-se, nos termos de Bittencourt (2011, p. 49), um 
“descompasso”, entre o que é socialmente permitido/tolerado, e as normas penais 
incriminadoras. 
No entanto, há discussões na doutrina se tal princípio afastaria a tipicidade ou se ele 
eliminaria a antijuricidade/ilicitude de determinadas condutas típicas, havendo ainda quem 
não entenda por nenhum dos dois entendimentos, e afirmando que tal princípio só deve ser 
usado em último caso. 
 
18. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PELO FATO 
 
Os tipos penais devem definir fatos com as respectivas sanções, e não criar estereótipos de 
autores em virtude de alguma condição especial. Não se admite um direito penal do autor, 
mas apenas um direito penal do fato. 
Ninguém pode ser punido somente por questões pessoais. 
A pena destina-se somente ao agente culpável, somente condenado após um devido 
processo legal, pela prática de um fato típico e ilícito. 
 
19. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA 
 
De acordo com este princípio, só se atribui um fato penalmente relevante àquele que o 
produziu com dolo ou culpa. O disposto no art. 19 do Código Penal exclui a possibilidade da 
responsabilidade penal objetiva em nosso ordenamento jurídico pátrio. 
 
20. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM – NÃO PUNIÇÃO PELO MESMO FATO 
 
É inadmissível em nosso ordenamento jurídico pátrio a dupla punição pelo mesmo fato. 
De acordo com tal princípio foi editada a Súmula 241 do STJ que diz: “A reincidência penal 
não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como 
circunstância judicial”. 
Tal assunto será posteriormente mais aprofundado na matéria de dosimetria da pena. 
 
21. PRINCÍPIO DA ISONOMIA/IGUALDADE 
 
De acordo com tal princípio estabeleceu-se a obrigação de tratar igualmente aos iguais, e 
desigualmente aos desiguais, na medida de suas desigualdades. 
No âmbito do Direito Penal, necessário se faz dizer que as pessoas, sejam nacionais ou 
estrangeiras, em igual situação devem receber tratamentos jurídicos idênticos, no entanto, 
aquelas que estejam em posições diferentes fazem jus há um enquadramento diferenciado, 
tanto por parte do legislador, como do juiz ao aplicar a norma. 
Ex. Traficantes de drogas, sendo um primário e outro reincidente, estando o primeiro com 
quantidade de droga inferior ao segundo, deverão ter suas quantidades de pena fixadas de 
forma distinta, embora o crime praticado tenha sido o mesmo. 
Ex. A tão discutida Lei Maria da Penha – Lei nº 11.343/2006. 
 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS. 
Pressupostos: 
 Identidade de infração, 
 Incidência de duas ou mais leis, 
 Aparente aplicação de todas, e 
 Efetiva aplicação de apenas uma. 
Princípios de solucionadores: 
Princípio da Especialidade – Lei Especial prevalece sobre a Geral. Lei especial é aquela que 
possui todos os elementos da geral acrescido de outros especializantes (benéficos ou não). Ex. 
Tipos derivados prevalecem sobre os tipos fundamentais – Furto qualificado prevalece sobre o 
simples. 
Princípio da subsidiariedade – A lei primária prevalece sobre a subsidiária. Lei subsidiária é 
aquela que descreve a violação de um mesmo bem jurídico que também integra a descrição 
típica de um crime mais grave, como uma das fases de sua execução. A subsidiariedade pode 
ser expressa (tipo penal informa sua subsidiariedade – Ex. art. 132, quando informa “se o fato 
não constitui crime mais grave) ou tácita (Ex.Furto é subsidiário em relação ao roubo; assim 
como o constrangimento ilegal é subsidiário em relação ao estupro). A lei penal primária 
prevalece sobre a subsidiária. 
EX. Furto subsidiário do roubo. 
Princípio da consunção – De acordo com este princípio o crime mais grave absorve o menos 
grave. A consunção verifica-se nas seguintes hipóteses: 
 Crime progressivo → Se dá quando o agente finaliza desde o início produzir o resultado 
mais grave, e para tanto pratica sucessivas violações ao bem jurídico. Ex. Para causar 
um homicídio precisa lesionar a vítima, e sendo assim a lesão estará absorvida no 
homicídio. 
 
 Progressão criminosa → Ocorre quando o agente objetivava um resultado menos grave, 
e após consumá-lo resolve produzir outro resultado mais grave. Ex. O agente inicia sua 
ação com dolo de lesão, e após alcançar tal fim decide matar a vítima. Neste caso o 
resultado mais grave, homicídio, absorverá o menos grave, lesão. 
 
 Crime complexo → Ocorre quando há a fusão de dois ou mais crimes autônomos com o 
fim de formar apenas um delito. Ex. Roubo = Furto + emprego de violência ou grave 
ameaça. Neste caso o fato complexo absorve os fatos autônomos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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