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FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA DA GESTALT E APRENDIZAGEM MAIRLA CORREIA GONÇALVES PSICOLOGIA – 4º SEMESTRE PROFA. MÉRCIA CAPISTRANO QUIXADÁ-CE, 2014 Fundada na Alemanha no início do século XX por Wertheier, Kohler e Koffka e difundida nos Estados Unidos por Kohler, Koffka e Lewin, a Gestalt surgiu como opositora do Behaviorismo positivista que se preocupava em compreender o comportamento humano com base no preceito de estímulo- resposta, ignorando conceitos como a consciência, pois esta sendo dotada de muitas variáveis impossibilitava o controle científico objetivado por estas psicologias comportamentalistas. Na visão gestaltista a assimilação de uma informação não é feita a partir da soma dos elementos que a compõe, a percepção tem um papel muito importante na fundamentação desta teoria que defende a compreensão de algo como um todo. Para a Gestalt quando alguém observa uma parede, por exemplo, não a percebe como uma soma de tijolos e cimento, mas a assimila de forma unificada. "De que modo o sentido da visão se apodera da forma? Nenhuma pessoa dotada de um sistema nervoso normal apreende a forma alinhavando os retalhos da cópia de suas partes (...) o sentido normal da visão apreende sempre um padrão global" (ARNHEIM, 1980, apud BOCK, Ana Maria, 2004, p.50). Embora essa percepção seja individual e subjetiva, a teoria da Gestalt elaborou o que chama de lei da pragnância, esta postula que há uma predisposição biogenética universal para compreender os fenômenos de forma unificada, buscando equilibrar o todo e não a soma de suas partes (NUNES, 2009). A fim de clarificar esta organização cognitiva, os gestaltistas ordenaram leis que nos ajudam a perceber essa forma automática de compreender um fenômeno, uma destas é a lei do fechamento/preenchimento que se compreende pela forma que nosso cérebro tem de interligar pontos desconexos formando alguma figura completa. No exemplo da figura 1, não vemos um aglomerado de pontos, e sim a forma de uma chupeta. Este princípio é amplamente aproveitado na alfabetização de crianças, tendo em vista que uma das atividades propostas a fim de facilitar o processo de aquisição da escrita trata-se justamente de cobrir linhas pontilhadas que dão forma a letras e até desenhos. Esta disposição neurológica que possuímos trabalha para que figuras “façam sentido”. . Outra lei é conhecida como lei da proximidade, segundo ela, tendemos a compreender as figuras de acordo com a maneira a qual elas foram agrupadas, por exemplo, na figura 2, automaticamente agrupamos aqueles elementos que se encontram mais próximos, não enxergando a figura como vários círculos e sim como três colunas compostas de circunferências organizadas em duas fileiras. A terceira lei de percepção cognitiva apontada pelos gestaltistas é a denominada lei da semelhança, segundo esta, tendemos a organizar de forma agrupada aqueles elementos que se parecem, na figura três, ao invés se enxergámos vários círculos pretos e brancos, agrupamos mentalmente àqueles que se parecem e enxergamos uma seta em diagonal. Além dos preceitos supracitados, a Gestalt trabalha com a ideia de figura e fundo, aquilo que é percebido de forma mais evidente nomeia-se de figura e outros componentes da imagem denotam o fundo, todavia, é importante destacar por conta do ato perceptivo ser subjetivo, o que é figura para um indivíduo pode ser fundo para outro. A psicologia da Gestalt compreende a aprendizagem como algo voltado à solução de problemas. Contrariando a psicologia comportamental tal qual defendia a aprendizagem através de associações, o gestaltista Kohler ditava que a aprendizagem se dava através de insights, este conceito está relacionado ao aprendizado abrupto e repentino que proporciona o resultado desejado (solução do problema) espontaneamente, sem a necessidade de recorrer a conhecimentos prévios. Para Kohler, quando a aprendizagem acontecia através de um insight tinha maior chance de permanecer na memória do sujeito em comparação ao esquema de repetição. Goodwin (2005) explica que Whertheimer destacava a incapacidade do aluno de resolver variações de um problema que foi aprendido em sala de aula por conta desta falha do método através da repetição mecânica, esta que permite ao aluno pensar de uma forma estática não sendo capaz de internalizar o mesmo aprendizado e aplicá-lo em situações semelhantes. Em suas questões, o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) exige conhecimento multidisciplinar, isto é, em apenas um questionamento são exigidos conhecimentos de áreas diferentes, por conta disso, grande parte dos alunos sentem dificuldade em respondê-las tendo em vista que foram educadas neste modelo de isolação disciplinar, habituados a pensar de forma fragmentada. Vale ainda a pena dizer que o conceito de totalidade com o qual a Gestalt trabalha é irredutível à soma ou ao produto das partes. Por isso, o todo é apreendido de forma súbida, imediata, por reestruturação do campo perceptual (insight) (GIUSTA, A. 2013). Defendendo a estruturação de planos mentais, a influencia gestaltista se presentifica no campo educacional através na construção de classes homogêneas, auxiliando no trabalho de facilitador exercido pelo professor no processo de aprendizagem, uma vez que as crianças estão dispostas no mesmo nível de maturação biológica se encontram também com as mesmas estruturas mentais desenvolvidas capazes de desenvolver, através do ato perceptivo, a resolução dos problemas apresentados. “Aprendizagem dependerá do processo de maturação e do consequente desenvolvimento da percepção do aluno através dos insights” (MACÊDO, L.; MACÊDO, A.; FILHO, J. 2007). Heidbreder (1981) questiona essa forte presença de conceitos fisiológicos na teoria gestaltica e também aponta a preocupação de só descrever os fenômenos, desvalorizando a análise dos dados. Essa posição estruturalista inatista adotada pela psicologia da Gestalt atribui a aquisição de novos conhecimentos de forma exacerbada à maturação e acaba por deixar em segundo plano os fatores ambientais que interferem no processo da percepção. Embora a Gestalt disponha-se de suas premissas inatistas, não ignora o papel da experiência tendo esta a função de contribuir para que o insight aconteça e modificar esses alicerces mentais já existentes. Mesmo defendendo a concepção da maturação e estruturas intelectivas, a Gestalt, ressaltando a individualidade do ato perceptivo defende que cada ser humano é único em sua totalidade e apreende as informações de maneiras diferentes construindo-se partindo de um mesmo âmago e se tornando indivíduos dotados de subjetividade. REFERÊNCIAS Avaliação de um Objeto de Aprendizagem com Base nas Teorias Cognitivas. 2007. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Anais do XXVII Congresso da SBC, 2007. 9p. BOCK, Ana Maria. Psicologias: Uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2004 GIUSTA, A. Concepções de aprendizagem e práticas pedagógicas. Educ. rev. vol.29 no.1 Belo Horizonte Mar. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 22 fev. 2014 NUNES, A. I. B. Psicologia da aprendizagem: processos, teorias e contextos. Brasília: Líber Livro, 2009
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