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INTERPRETACAO E HERMENUTICA INTRÓITO A efetividade do direito depende, de um lado, do técnico que formula as leis (lato sensu) e, de outro lado, da qualidade da interpretação realizada pelo aplicar das normas. A tarefa do intérprete é menos complicada quando as leis são bem elaboradas. HERMENÊUTICA A palavra Hermenêutica provem do grego hermeneúein e deriva de Hermes, deus da mitologia grega, filho de ZEUS. Hermes era considerado o intérprete da vontade divina. A hermenêutica é a “ciência” que contém as regras que fixam os critérios e princípios (métodos e orientação geral) que deverão nortear a interpretação. A hermenêutica é a teoria cientifica da arte de interpretar. De cunho teórico, portanto. INTERPRETAÇÃO Interpretação é de cunho prático. Aplica os ensinamentos da hermenêutica. Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica. (Maria Helena) Interpretação estabelece o exato sentido da norma, o seu alcance, as suas conseqüências jurídicas e os elementos constitutivos do caso típico nele previsto. (Gusmão). IN CLARIS CESSAT INTERPRETATIO Norma clara dispensa interpretação. Se interpretar é descobrir o sentido e alcance da norma, pode haver norma que dispensa interpretação? CORRENTE 1 – DISPENSA: Será que pode acontecer do “intérprete” nada ter para interpretar, já que a norma é clara? Vejamos o exemplo: O locador poderá propor ação de despejo por falta de pagamento do aluguel Qual o sentido e o alcance da norma jurídica? Por mais que modifiquemos as palavras, o resultado final será o mesmo: aquele que locou, se não receber, poderá entrar com ação de despejo contra quem o locatário. CORRENTE 2 – NÃO DISPENSA: A inconsistência desse brocardo se deve ao fato de que a CLAREZA da lei é relativa. Afinal, textos claros para uns podem ser duvidosos para outros. CORRENTE 3 – MEIO TERMO Há uma tendência de recuperar o prestigio do brocardo jurídico, porém, negando-lhe o sentido tradicional. Nessa nova concepção cessar é interromper, é não continuar. Assim, o princípios in claris cessat interpretatio não exclui a interpretação, mas apenas orienta o intérprete a abandonar o trabalho exegético tão logo conste a clareza do texto (Nader) REGRAS DE INTERPRETAÇÃO Interpretação Gramatical (filológica, literal, farisáica ou especiosa) – é a que parte da letra da lei, buscando o significado das palavras empregadas pelo legislador, não de forma isolada, mas em conexão lógica com as demais. Deixa prevalecer o sentido técnico da mesma sobre o usual. Logo a interpretação gramatical é a que estabelece o sentido objetivo da lei com base em sua letra. Se funda em regras de lingüísticas. FUNÇÕES sintáticas e semânticas. Interpretação Lógica – A interpretação lógica leva em consideração os instrumentos fornecidos pela Lógica. Ex: quem pode o mais, pode o menos. O acessório segue o principal. Faz uso freqüente da indução e da dedução. Interpretação Sistemática – O intérprete, leva em consideração a norma jurídica inserida num contexto maior (que pode ser interno ou externo). No contexto externo, temos que a interpretação sistemática analisa a norma com relação ao ordenamento jurídico. (hierarquia, cronologia, especialidade, etc No contexto interno. A interpretação analisa a norma dentro do próprio diploma legal. Ex. analisar o art. 5° do CC, com todo o código. Assim é a adaptação do sentido de uma lei ao espírito do sistema. Nota: Em obediência ao que consta no sistema, zelando pela coerência para que não surjam conflitos se recorre a vários elementos em busca do sentido inicialmente apurado da norma. Interpretação sociológica – é aquela, pela qual o intérprete, estudando os fatores sociais determinantes da norma e os efeitos sociais que poderão decorrer de sua aplicação, descobre o sentido que socialmente lhe corresponde, isto é, o sentido social da lei. Na medida do possível deve adaptá-lo à realidade social. Desta forma interpretação sociológica é a investigação das razões sociais motivadoras da lei, de seus efeitos sociais e de seu sentido atual. Interpretação teleológica - Considera os fins p aos quais a norma foi criada. Tenta estabelecer exatamente o fim perseguido pela lei (ratio legis) decorrente da sua letra. A interpretação teleológica é a investigação do fim da razão de ser da lei para lhe dar o seu real sentido. Interpretação histórica – fundadas em documentos históricos de direito, é a que em busca do sentido inicialmente apurado na norma recorre a elementos históricos, verificando as razões históricas determinadoras da lei. Muitas vezes são usados os chamados trabalhos preparatórios, isto é, projetos de lei, debates nas comissões técnicas das assembléias legislativas e no plenário das mesmas, pareceres, emendas e justificações dos mesmos. Interpretação Autêntica ou Legislativa, se dada pelo próprio legislador através da lei. Interpretação Jurisprudencial – é a que se encontra nas decisões judiciais, nas sentenças, nos acórdãos dos tribunais. É, pois, a estabelecida pela jurisprudência. Interpretação Doutrinal – é aquela dada pelos juristas, em suas obras, com o espírito científico, não tem força de lei apesar de os tribunais respeitarem-na. Interpretação declarativa – é quando a o legislador dosa as palavras com adequação aos significados que deseja imprimir na lei. Ou seja, não diz nem mais do que queria, nem diz menos do que queria. Diz exatamente o que queria. As palavras expressam com exatidão o espírito da lei. Quando o legislador é infeliz ao escolher as palavras e ao redigir os atos normativos, podemos ter situações em o espírito da lei, a mensagem da lei é diferente do que está escrito. Tendo assim, que interpreta-la extensiva ou restritivamente. Interpretação extensiva – é quando a ratio legis é mais ampla do que a fórmula empregada pelo legislador, por ter este, dito menos que queria, tornando-se então necessário amplia-la. Essa interpretação consiste em ampliar a incompleta fórmula legislativa. Nesses casos, o intérprete alargará o campo de incidência da norma, em relação a seus termos. Ex.: se a lei diz filho quando queria dizer descendente. Interpretação restritiva – é quando o resultado pode chegar de forma diversa da anterior. Neste caso a fórmula da lei é mais ampla do que a ratio legis, tendo o legislador dito mais do que queria, restringindo-a, então, de modo a manter a sua correspondência com o sentido da lei. Desta forma a interpretação restritiva é a que elimina a amplitude das palavras. Ex.: O exemplo anterior é válido, mas num outro enfoque: A lei diz descendente, quando na verdade quis dizer filho.
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