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ROTEIRO DE ESTUDOS SOCIOLOGIA2014_saúde

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1 
ROTEIRO DE ESTUDOS SOCIOLOGIA 
Cursos da área de Saúde 
 
 
 
 
FAINOR – Faculdade Independente do Nordeste 
Prof. Zenildo Soares de Souza Júnior, MSc. 
profzjr@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Administrador
Texto digitado
JOÃO VÍCTOR BRITO DA SILVA PEREIRAnullENFERMAGEM - FAINOR 2014.1 nullI SEMESTREnullDISC. SOCIOLOGIA - PROF. ZENILDO JÚNIORnullE-MAIL: victorsilvaenfermagem@hotmail.com 77 91072396 whatsappnullANO 2014
Administrador
Texto digitado
Administrador
Texto digitado
 
2 
Nas páginas seguintes, você encontra textos que tratam dos temas e linhas gerais que abordamos 
em nossa disciplina. Os assuntos estão dispostos aproximadamente da mesma forma de sua 
apresentação em sala de aula, e as questões para avaliação serão extraídas do seu conteúdo. 
Assim, leia com atenção, acompanhe as explanações em sala, anote e reflita sobre estes textos, 
procurando rememorar o que discutimos, de modo a consolidar os seus conhecimentos sobre a 
disciplina. 
Tema 1 - AFINAL, O QUE É A SOCIOLOGIA? 
Podemos compreender simplificadamente a Sociologia como uma ciência 
dedicada a estudar o homem em seu aspecto social, conforme verificado 
na atualidade. É fundamental entender que o objeto de estudos da 
sociologia são as INTERAÇÕES entre os seres humanos quando em 
coletividade – ou seja, são as atitudes que tomamos levando em conta 
que vivemos junto com outros seres humanos, e pensando nas ações e 
reações deles. Neste sentido, a Sociologia se volta para os vínculos dos 
indivíduos quando tomados em grupo, interessando-se tanto pela 
dimensão de “ida” (a relação da pessoa com o seu meio social) quando pela “volta” (a forma como 
o meio social funciona em relação às pessoas). 
A sociologia é o estudo científico da vida humana, de grupos sociais, de sociedades inteiras e do 
mundo humano. É uma atividade fascinante e instigante, pois seu tema de estudo é o nosso 
próprio comportamento como seres sociais. O âmbito da sociologia é extremamente amplo, 
variando da análise de encontros passageiros entre indivíduos nas ruas à investigação de relações 
internacionais e formas globais de terrorismo. 
A maior parte das pessoas entende o mundo em função das características que parecem familiares 
em nossa própria vida – família, amizades e trabalho. Porém, a sociologia demonstra a 
necessidade de adotar uma visão muito mais ampla de nossas vidas para explicar por que agimos 
como agimos. Ela nos ensina que aquilo que consideramos natural, inevitável, bom ou verdadeiro 
pode não ser, e que as coisas que consideramos como normais são profundamente influenciadas 
por fatos históricos e processos sociais. Entender as maneiras sutis, porém complexas e 
profundas, em que nossas vidas individuais refletem os contextos de nossa experiência social é 
básico para a perspectiva sociológica. 
A imaginação sociológica 
Aprender a pensar de maneira sociológica – olhar, em outras palavras, o quadro mais amplo – 
significa cultivar a nossa imaginação. Estudar sociologia não é apenas um processo rotineiro de 
adquirir conhecimento. Um sociólogo é alguém que consegue se libertar da imediatez das 
circunstâncias pessoais e colocar as coisas em um contexto mais amplo. O trabalho sociológico 
depende daquilo que o autor americano C. Wright Mills, em uma expressão famosa, chamou de 
imaginação sociológica. 
A imaginação sociológica exige que, acima de tudo, “nos afastemos em nosso pensamento” das 
rotinas familiares de nossas vidas cotidianas para enxergá-las como algo novo. Considere o 
simples ato de tomar uma xícara de café. O que poderíamos observar para falar, do ponto de vista 
sociológico, sobre esse comportamento aparentemente desinteressante? Uma quantidade enorme 
de coisas. 
Podemos apontar, antes de mais nada, que o café não é apenas uma 
bebida. Ele tem valor simbólico como parte de nossas atividades 
sociais cotidianas. Muitas vezes, o ritual associado a tomar café é mais 
importante que o simples ato de consumir a bebida. Em todas as 
sociedades, beber e comer proporcionam ocasiões para interação 
social e a encenação de rituais – que oferecem um tema rico para 
estudo sociológico. 
 
3 
Em segundo lugar, o café é uma droga que contém cafeína, que tem um efeito estimulante sobre o 
cérebro. Muitas pessoas tomam café pelo “impulso extra” que ele proporciona. O café é uma 
substância que leva ao hábito, mas os viciados em café geralmente não são considerados pela 
maioria das pessoas em culturas ocidentais como “usuários de drogas”. Como o álcool, o café é 
uma droga socialmente aceitável, ao passo que a maconha, por exemplo, não é. Ainda assim, 
existem sociedades que toleram o consumo de maconha, ou mesmo de cocaína, mas desaprovam 
o café e o álcool. Os sociólogos se interessam nas razoes para essas diferenças e em como 
vieram a ocorrer. 
Em terceiro lugar, um indivíduo que toma uma xícara de café se encontra em meio a um 
complicado conjunto de relações sociais e econômicas que se estende pelo mundo. O café é um 
produto que conecta pessoas em algumas das partes mais ricas e mais pobres do planeta; ele é 
consumido em grandes quantidades nos países ricos, mas é cultivado principalmente em países 
pobres. Juntamente com o petróleo, o café é a mercadoria mais valiosa no comércio internacional. 
Ele é a maior fonte de moeda estrangeira para muitos países. 
Em quarto lugar, o ato de bebericar um cafezinho pressupõe um longo processo de 
desenvolvimento social e econômico. Juntamente com outros elementos conhecidos das dietas 
ocidentais – como o chá, bananas e açúcar refinado – o café somente passou a ser consumido 
amplamente a partir do final do século XIX, mesmo que já fosse considerado elegante entre a elite 
antes disso. Praticamente todo o café que bebemos atualmente vem de áreas como a América do 
Sul e a África, que foram colonizadas por europeus; de maneira alguma ele é parte “natural” da 
dieta ocidental. O legado colonial teve impacto enorme no desenvolvimento do comércio global de 
café. 
Em quinto lugar, o café é um produto que está no coração de debates contemporâneos sobre a 
globalização, o comércio internacional justo, os direitos humanos e a destruição do meio ambiente. 
À medida que o café cresceu em popularidade, ele foi sendo “marcado” e politizado; as decisões 
que os consumidores tomam sobre o tipo de café que beberão e onde comprá-lo se tornaram estilo 
de vida. Os sociólogos estão interessados em entender como a globalização aumenta a 
consciência das pessoas sobre questões que ocorrem em cantos distantes do planeta e as leva a 
agir em suas próprias vidas com base nesse novo conhecimento. Para os sociólogos, o ato 
aparentemente trivial de tomar café dificilmente poderia ser mais interessante. 
Estudando as pessoas e a sociedade 
A imaginação sociológica nos permite ver que muitos fatos que parecem dizer respeito apenas ao 
indivíduo na verdade refletem questões mais amplas. O divórcio, por exemplo, pode ser um 
processo muito difícil para alguém que passa por um – o que Mills chama de um “problema 
pessoal”. Porém, o divórcio também é uma “questão pública” importante em muitas sociedades ao 
redor do mundo. O desemprego, para usar mais um exemplo, pode ser uma tragédia pessoal para 
alguém que perde o emprego e não consegue encontrar outro. Ainda assim, ele vai muito além da 
questão do desespero privado quando milhões de pessoas em uma sociedade se encontram na 
mesma situação: é uma questão pública que expressa grandes tensões sociais. 
Embora sejamos todos influenciados pelos contextos sociais onde nos encontramos, nenhum de 
nós é determinado totalmente por esses contextos em nosso comportamento. 
Possuímos, e criamos, nossa própria individualidade. É trabalho da sociologia 
investigar as conexões entre o que a sociedade faz de nós e o que fazemosde nós mesmos e da sociedade. Nossas atividades estruturam o mundo social 
que nos rodeia e, ao mesmo tempo, são estruturadas por esse mundo social. 
O conceito de estrutura social é um conceito importante em sociologia. Ele se 
refere ao fato de que os contextos sociais de nossas vidas não consistem em 
variedades aleatórias de fatos ou atos; eles são estruturados, ou 
padronizados, de maneiras distintas. Existem regularidades na maneira como 
agimos e nas relações que temos uns com os outros. 
 
4 
Todavia, a estrutura social não é como uma estrutura física, como um prédio, que existe 
independentemente das ações humanas. As sociedades humanas estão sempre em processo de 
estruturação. Seus componentes básicos – seres humanos como você ou eu – as reconstroem a 
cada momento. Considere novamente o caso do café. Uma xícara de café não chega a suas mãos 
de maneira automática. Você escolhe ir a um café específico e qual tipo de café vai tomar. À 
medida que toma essas decisões, juntamente com milhões de outras pessoas, você molda o 
mercado de café e afeta as vidas dos produtores de café que vivem talvez a milhares de 
quilômetros de distância. 
O desenvolvimento do pensamento sociológico 
Quando começam a estudar sociologia, muitos estudantes ficam surpresos com a diversidade de 
abordagens que encontram. A sociologia nunca foi uma disciplina em que existe um corpo de 
ideias que todos aceitam como válidas, embora haja ocasiões em que certas teorias são mais 
aceitas que outras. Os sociólogos muitas vezes discutem sobre como estudar o comportamento 
humano e a melhor maneira de interpretar os resultados das pesquisas. Por que isso ocorre? Por 
que os sociólogos não chegam a um consenso mais consistente, como os cientistas naturais 
parecem conseguir fazer? A resposta está ligada à própria natureza do nosso tema de estudo. A 
sociologia diz respeito às nossas próprias vidas e nosso comportamento, e estudar nós mesmos é 
a coisa mais difícil e complexa que podemos fazer. 
Teorias e perspectivas teóricas 
Tentar entender algo tão complexo quanto o impacto da industrialização sobre as sociedades, por 
exemplo, aumenta a importância da teoria para a sociologia. As pesquisas factuais mostram como 
as coisas ocorrem; porém, a sociologia não consiste apenas em coletar fatos, por mais importantes 
e interessantes que possam ser. Em sociologia, também queremos saber por que as coisas 
acontecem. Para fazê-lo, temos que construir teorias explicativas. Por exemplo, sabemos que a 
industrialização teve grande influência na emergência das sociedades modernas, mas quais são as 
origens e precondições para a industrialização? Por que encontramos diferenças entre sociedades 
em seus processos de industrialização? Por que a industrialização está associada a mudanças em 
formas de punição criminal ou em estruturas familiares e sistemas matrimoniais? Para responder 
essas questões, temos que desenvolver um pensamento teórico. 
As teorias implicam a elaboração de interpretações que podem ser usadas para explicar uma 
ampla variedade de situações empíricas ou “factuais”. Uma teoria sobre a industrialização, por 
exemplo, deveria se preocupar em identificar as principais características que os processos de 
desenvolvimento industrial têm em comum e tentaria mostrar quais deles são importantes para 
explicar esse desenvolvimento. É claro, a pesquisa factual e as teorias jamais podem ser 
totalmente separadas. Somente podemos desenvolver explicações teóricas válidas se formos 
capazes de testá-las por meio de pesquisas factuais. 
Precisamos de teorias para nos ajudar a conferir sentido aos muitos fatos que observamos. Ao 
contrário da afirmação popular, os fatos não falam por si mesmos. Muitos sociólogos trabalham 
principalmente com pesquisas factuais, mas, a menos que sejam orientados por algum 
conhecimento teórico, é improvável que seu trabalho consiga explicar a complexidade da 
 
5 
sociedade. Isso se aplica mesmo a pesquisas realizadas tendo como objetivo apenas o diagnóstico 
prático em mente. 
Muitas “pessoas práticas” tendem a suspeitar de teóricos e gostam de se considerar “pé no chão” 
demais para prestar atenção em ideias mais abstratas. Ainda assim, todas as decisões práticas 
têm alguma premissa teórica por trás delas. O gerente de uma empresa, por exemplo, pode ter 
pouca consideração por “teorias”. Porém, toda abordagem à atividade empresarial envolve 
pressupostos teóricos, mesmo que sejam tácitos. Desse modo, o gerente pode pressupor que os 
empregados são motivados para trabalhar principalmente por causa do dinheiro – o nível dos 
salários que recebem. Essa é uma interpretação teórica subjacente do comportamento humano, 
ainda que seja equivocada, como as pesquisas em sociologia industrial tendem a demonstrar. 
Sem uma abordagem teórica, não saberíamos o que procurar ao começar a estudar ou ao 
interpretar nossos resultados ao final da pesquisa. Todavia, a explicação de evidências factuais 
não é a única razão para a importante posição da teoria na sociologia. O pensamento teórico deve 
responder a problemas gerais colocados pelo estudo da vida social humana, incluindo questões 
que são de natureza filosófica. Decidir o nível até que ponto a sociologia deve seguir o modelo das 
ciências naturais e como devemos conceituar a consciência, ação e instituições humanas são 
problemas que não têm soluções fáceis. Esses problemas foram tratados de maneiras diferentes 
nas várias abordagens teóricas que surgiram dentro da disciplina. 
 
TTeemmaa 22 -- OO HHOOMMEEMM,, AANNIIMMAALL SSOOCCIIAALL 
Sociedade humana e sociedades animais não humanas 
O pressuposto básico da Sociologia é de que somos seres 
sociais – como, aliás, outros animais também o são. A 
diferença é que, no caso dos humanos, a sociabilidade tem 
caráter especial, já que representa a agregação em torno de 
elementos culturais, valores e normas de conduta abstratas. 
Enquanto os outros animais sociais se reúnem apenas 
movidos pelo instinto (autoproteção, reprodução), o homem transpõe essa limitação e encontra 
outros elementos que o levam a se agregar a outros homens: o afeto, a solidariedade, a ideologia, 
a intenção de preservar tradições etc. 
Todos sabem que existe certo tipo de organização social entre animais sociais não humanos, como 
os macacos, elefantes, golfinhos, felinos. E também os insetos, como formigas, cupins, abelhas 
etc. Entre esses insetos podemos perceber algo que poderíamos chamar de “divisão do trabalho”, 
“hierarquia social”, “poder político” etc. Mas não podemos chamar, no sentido humano, a vida 
desses animais de “vida social”. Existem diferenças fundamentais em relação aos seres humanos. 
Quando comparamos as sociedades animais não humanas, nós o fazemos porque constatamos 
que o comportamento deles apresenta certas padronizações parecidas com as que se verificam 
entre os seres humanos. Padrões de comportamento são formas regulares de ação associadas a 
determinadas situações. Todas as espécies animais, não apenas o homo sapiens, apresentam 
alguma forma de ações padronizadas de comportamento. Mas os padrões observados entre os 
animais não humanos são substancialmente diferentes dos nossos. Formigas de uma mesma 
espécie, mas localizadas em lugares diferentes vão se comportar da mesma maneira. Da mesma 
forma, podemos observar uma colmeia de abelhas durante anos a fio e veremos que elas terão 
sempre o mesmo comportamento. Ou seja, os padrões desses animais são constantes, no tempo e 
no espaço. 
No entanto, os padrões de comportamento do homem, e por consequência suas formas de 
organização social são mutáveis. Os padrões do homem brasileiro na atualidade são diferentes 
daqueles de dez anos atrás. E não são iguais ao do homem francês, do homem japonês ou do 
homem australiano. Assim, enquanto os padrões de comportamento dos animais não humanos 
possuem umalto grau de estabilidade, os padrões humanos são extremamente flexíveis. 
 
6 
Isso ocorre porque os padrões básicos de comportamento dos animais não humanos são 
transmitidos através da herança biológica. Já os padrões de comportamento humano são 
transmitidos e aprendidos por meio da comunicação simbólica. As formas padronizadas de agir 
dos animais não humanos são transmitidas geneticamente. Logo, decorrem da natureza. Enquanto 
as padronizações predominantes do comportamento humano não estão nas condições biológicas 
típicas da nossa espécie. Eles são artificiais, criados pelo próprio homem. 
Se as abelhas se comunicam entre si através de uma espécie de “dança” peculiar durante o voo, 
isso não foi inventado por elas. Está em seu próprio organismo, pois resulta de impulsos inatos, 
naturais, biologicamente estabelecidos. Elas já nascem com eles. Mesmo quando supomos que os 
padrões de comportamento dos animais não humanos resultam da “pressão das circunstâncias”, a 
verdade é que a adaptação às condições ambientais vai acabar se incorporando ao patrimônio 
genético da espécie. Isso não significa que os animais não humanos sejam incapazes de aprender, 
mas sim que o seu comportamento é predominantemente padronizado pela herança biológica, 
enquanto o comportamento humano é, sobretudo, padronizado pela aprendizagem através da 
comunicação simbólica. 
Por outro lado, as peculiaridades orgânicas da espécie homo sapiens não explicam, por si sós, o 
comportamento humano típico e as suas formas de convívio. As 
características do nosso corpo físico (visão estereoscópica, 
aparelho vocal, a mão preênsil, a posição da coluna vertebral 
etc.) são necessárias, mas não suficientes para o 
desenvolvimento de nossa personalidade e nosso 
comportamento em sua forma social. A forma típica da 
sociabilidade humana não e consequência direta das 
peculiaridades do organismo. Em outras palavras, o homem 
precisa de mais do que um organismo normal para se tornar 
social, no sentido humano da expressão. O homem não nasce 
social, ele somente adquire as características de comportamento tipicamente humanas através da 
socialização. 
É por isso que os seres humanos são não apenas devotados ao convívio com o seu grupo social: 
são dependentes dele e vice-versa. Repetidas experiências têm demonstrado que, se submetidos 
a condições de isolamento, não somos capazes de desenvolver de forma 
autônoma os traços de comportamento que nos caracterizam como 
propriamente HUMANOS. Pelo contrário, nesses casos o que se observa é 
uma tendência a realçar traços de comportamento tipicamente animais e 
instintivos, mesmo levando em conta que as habilidades potenciais dos 
seres humanos estejam presentes. 
Socialização e comunicação simbólica 
O modo como desenvolvemos a capacidade de interagir com os outros membros do nosso grupo 
social é denominado SOCIALIZAÇÃO. Basicamente, se compõe de um processo simultâneo de 
“treinamento” e incorporação de regras e métodos pelos quais nos tornamos capazes de 
estabelecer vínculos com aqueles que nos cercam. Espera-se que, ao longo desse processo, as 
pessoas sejam capazes não apenas de apreender o sentido e o conteúdo das regras e normas 
sociais, mas também de incorporá-las de tal maneira a sua conduta que estas se transformem 
numa espécie de “segunda natureza” de cada um. É o que os sociólogos chamam de 
“interiorização” das regras sociais. 
As regras, por sua vez, são derivadas de valores e práticas que o grupo social considera válidos e 
interessantes. Estes valores e práticas são assimilados por nós à medida em que crescemos, nos 
integramos a grupos sociais em diferentes etapas e níveis de socialização e nos tornamos capazes 
de relacionamento com universos humanos cada vez maiores e mais diversificados. 
 
7 
A socialização significa transmissão e assimilação de padrões de comportamento, normas, valores 
e crenças, bem como o desenvolvimento de atitudes e sentimentos coletivos pela comunicação 
simbólica. Socialização, portanto, é o mesmo que 
aprendizagem. 
A comunicação entre animais não humanos se faz 
através da chamada “linguagem emocional”, isto é, 
de uma linguagem que deriva diretamente dos 
estados emocionais – o que explica porque são 
limitadas as possibilidades de comunicação entre 
eles. Já a comunicação humana ocorre através de 
símbolos. O símbolo é “alguma coisa cujo valor ou 
significado é atribuído pelas pessoas que o usam” 
(segundo o antropólogo Leslie White). Ele é definido 
como uma “coisa” porque pode assumir qualquer 
forma física; um objeto material, uma cor, um som, um cheiro, um gosto etc. O símbolo está 
presente em todos os momentos de nossa vida, pois ele não se limita à palavra. A palavra é o 
símbolo por excelência, mas não é a sua única expressão. 
Ainda assim, a linguagem verbal é o mais importante instrumento de socialização. O símbolo verbal 
permite ao homem conduzir suas ações segundo situações, objetos e pessoas fisicamente 
distantes, assim como de acordo com acontecimentos passados ou hipoteticamente futuros. 
Permite transmitir conhecimentos, técnicas e ideias em geral; permite, enfim, a elaboração de um 
universo de ideias paralelo e tão real quanto o ambiente e as pessoas. Por isso é tão rica de 
possibilidades a comunicação entre os homens. É, portanto, compreensível que o símbolo, 
sobretudo o verbal, seja tão importante para o processo de socialização e, em consequência, para 
a continuidade dos sistemas sociais. 
A socialização é mais intensa durante a infância e adolescência, mas na verdade trata-se de um 
processo permanente, porque ao longo da nossa vida ocorrem mudanças de grupos e de posições 
sociais. A cada mudança se faz necessária a aprendizagem de novos modos padronizados de agir 
e mesmo de pensar. Além disso, todas as sociedades estão sempre se modificando, o que leva à 
mudança dos padrões de organização. Sociedades simples, como as sociedades indígenas, 
mudam lentamente; já as sociedades do tipo urbano-industrial se transformam com mais rapidez. 
De qualquer modo, seja qual for o tipo de sociedade, ela está sempre em mudança. Isso exige que 
o indivíduo se adapte ao ambiente social dinâmico, assimilando novos padrões de comportamento. 
É através da socialização que o indivíduo pode desenvolver a sua personalidade e ser admitido na 
sociedade. Por isso, ela é um processo fundamental não apenas para a integração das pessoas, 
mas também para a continuidade dos sistemas sociais. 
Faz-se a distinção entre dois tipos de socialização: a primária e a 
secundária. 
Socialização primária: é a socialização que dá aos indivíduos padrões 
de comportamento básicos necessários a uma vida normal na sua 
sociedade; 
Socialização secundária: se refere à aprendizagem de padrões de 
comportamento especiais para determinadas posições e situações 
sociais. Se o indivíduo assume uma determinada profissão, é através 
da aprendizagem dos conhecimentos e das técnicas, bem como da assimilação dos padrões de 
comportamento próprios daquela ocupação que ele se submete à adaptação à nova posição e às 
situações sociais que daí decorrem. O casamento é outro exemplo que exige a socialização 
secundária. 
Principais agentes de socialização 
 
8 
Entre os principais agentes de socialização estão a família, os pequenos grupos, a escola, os 
grupos de status, os meios de comunicação de massa e os grupos de referência. 
a) A família é o principal agente de socialização. É o agente básico e mais importante, no qual 
o indivíduo é influenciado em um primeiro momento, ao nascer, e mantém algum grau de influência 
por praticamente toda a vida. Os estilos de relacionamento na família variam em função da classe 
social, dos grupos culturais diversos, podem ser mais ou menos autoritários, mais ou menos 
permissivos, com alto ou baixo grau de indiferença. Os pais, de modogeral, socializam suas 
crianças com base no universo cultural que conhecem, em que foram socializados e no qual estão 
adaptados. Assim, reproduzem para seus filhos os valores, normas e costumes por meio de um 
processo de transmissão cultural; 
b) Os pequenos grupos, o que pode incluir a família, são os principais agentes de socialização. 
São os chamados grupos primários. Constituem-se em poderoso agente de formação da 
personalidade, cuja força dificilmente pode ser rompida. Estabelecem relações estreitas de 
compromisso e solidariedade grupal, que fazem da convivência com o grupo uma experiência 
única de fortalecimento recíproco. Essa força tem sido utilizada para recuperar viciados em drogas 
e álcool, tornando o compromisso com o grupo mais forte do que o apelo do vício. Em alguns 
casos, os que frequentam o grupo por muito tempo passam a se vestir da mesma maneira, 
pentear-se e se comportar de forma semelhante uns aos outros. Essa característica é muito visível 
em adolescentes; 
c) A escola transmite, particularmente às crianças, a experiência de lidar com uma grande 
organização, onde as relações sociais são diferentes daquelas do núcleo familiar. Entram em 
contato com a burocracia, com regras aplicáveis a todos e com um ambiente no qual os indivíduos 
são reconhecidos por seu desempenho. Na escola, as relações informais e pessoais da família são 
substituídas por relações formais e impessoais. Nessa fase, os indivíduos podem entrar em contato 
com membros de subculturas existentes na sociedade, o que vai aprofundar sua socialização, 
consolidando sua personalidade tanto social quanto individual. 
d) Os grupos de status aumentam sua importância para o processo de socialização com o 
aumento da idade. No grupo de jovens, os indivíduos têm a oportunidade de testar o que 
aprenderam com os adultos, tendo o apoio do grupo para desenvolver outros valores e normas 
alternativas. Mais tarde, na fase adulta, os grupos de status (faixa de renda, de consumo etc.) farão 
parte de sua existência como forma de atuar na sociedade mais geral. Nesses grupos, o indivíduo 
aprenderá gestos, gosto por determinadas leituras, um linguajar próprio, um tipo de consumo e 
assim por diante. 
e) Os grupos de referência são usados como modelo de comportamento e atitudes ao longo 
de toda a vida do indivíduo e podem ter papel positivo ou negativo. São geralmente artistas, figuras 
populares, celebridades etc. 
f) Os meios de comunicação de massa, principalmente a TV, o cinema e a Internet, são 
agentes de socialização relativamente novos. Influenciam o comportamento, principalmente da 
juventude, incentivando novos hábitos, modismos e atitudes em relação a determinados grupos 
sociais. Para melhor desempenharem seus papéis na mídia, atores baseiam-se em estereótipos de 
grupos sociais e tendem a acentuar suas características. Assim, esses veículos de comunicação 
tornam-se também meios de consolidação de imagens distorcidas da realidade: os estereótipos. 
TEMA 3 – SOCIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PESSOAL 
 
9 
Podemos definir “cultura” como tudo aquilo que é aprendido socialmente e compartilhado pelos 
membros de uma sociedade. O indivíduo recebe cultura como parte de uma herança social e, por 
sua vez, pode introduzir mudanças que serão transmitidas às gerações futuras. 
Essa herança social nós recebemos ao nascer. A criança ainda pequena é cercada por influências 
do grupo onde nasceu: o modo de falar, a língua, o vestir, o modo de comer etc. À medida que 
cresce, vai aumentando esse fluxo de influências a partir desse mesmo grupo, de modo que a 
pessoa vai adquirindo novos hábitos e costumes e se integrando de forma cada vez mais completa 
como membro dessa sociedade. Essa aquisição da cultura é o que denominamos de processo de 
socialização. 
A cultura, vale recordar, é transmissível de uma geração para outra através do convívio social, e 
não pela herança biológica; por isso, ela faz parte da socialização. Enquanto a herança biológica 
transfere características físicas ou genéticas, os hábitos e costumes compõem a herança cultural. 
Desse modo, o ser humano adquire os conhecimentos necessários para sobreviver física e 
socialmente. 
Todas as sociedades possuem cultura, sejam elas rurais ou urbanas, simples ou complexas. Cada 
cultura e cada sociedade têm sua integridade própria, seu sistema de valores e costumes. 
A socialização do indivíduo em uma determinada sociedade permite que ele adquira uma 
personalidade própria, que o diferenciará dos demais e ao mesmo tempo o identificará com o seu 
grupo social. Embora haja elementos comuns na experiência de todas as pessoas, cada uma delas 
continuará sendo única. Assim, cada pessoa é socializada de tal modo que sua personalidade é, 
ao mesmo tempo, parecida com as dos outros em sua sociedade e, em outro sentido, possui 
também diferenças que a tornam única. 
Personalidade e socialização 
“Personalidade” significa a soma das tendências de comportamento do indivíduo e que o tornam 
distinto dos demais em sua atuação cotidiana. Há diversos fatores que concorrem para o 
desenvolvimento da personalidade; no entanto, todos, de uma forma direta ou indireta, constituem 
parte da experiência social e cultural do indivíduo e integram seu processo de socialização. São 
fatores que influenciam o desenvolvimento da personalidade: 
a) A herança biológica: o ser humano tem um conjunto de necessidades biológicas comuns. 
Para satisfazer essas necessidades, os homens interagem com outros indivíduos de várias 
maneiras, o que provocará comportamentos que o diferenciarão de outras pessoas. A 
herança biológica, portanto, induz a diferentes interações com o outro, o que provoca 
modificações em nosso comportamento em determinado grupo social. 
b) O ambiente físico: o comportamento dos indivíduos sofre influência do ambiente físico e 
muitas vezes está diretamente associado a nossa herança biológica. Em ambientes frios 
somos induzidos a utilizar muita roupa, o que pode influenciar nosso relacionamento com os 
outros. Ao mesmo tempo desenvolveremos preocupações com a segurança, com o dia de 
amanha, a provisão de alimentos etc. Essas atitudes provocadas pelo ambiente físico 
causam mudanças no comportamento humano. 
c) A cultura da qual o indivíduo faz parte: Cada cultura adota determinadas normas no cuidado 
das crianças, a fim de desenvolver certos traços de personalidade, ou alguns deles. Numa 
 
10 
sociedade na qual a força física tem importância, por exemplo, desde cedo os meninos são 
submetidos a testes e treinamentos para desenvolver a coragem e o vigor. Assim, o 
indivíduo vai adquirir algumas características que são comuns a todos os outros que fazem 
parte de seu grupo. 
d) A história da vida do indivíduo ou sua experiência biológica e psicossocial únicas: cada 
pessoa tem experiências psicossociais e biológicas absolutamente diferentes de qualquer 
outro indivíduo. É praticamente impossível reproduzir em dois indivíduos a mesma 
experiência de vida. A história pessoal e única desenvolve em cada pessoa tendências de 
comportamento que em seu conjunto formam um ser único. Cada indivíduo, portanto, tem 
uma personalidade única, que não pode ser imitada de nenhum modo, pois é impossível 
reproduzir as condições em que se desenvolveu. 
Personalidade social 
Personalidade é o sistema de tendências do comportamento total de uma pessoa. A personalidade 
normal difere muito de uma sociedade para outra e dentro de uma mesma sociedade podem existir 
várias “personalidades normais”, em função das culturas existentes. Cada indivíduo desenvolve 
uma “personalidade normal” que é produzida pela experiência total de sua vida e é aceita pelos 
demais membros da sociedade. 
Nassociedades mais simples existe uma maior uniformidade da personalidade. Nas mais 
complexas, ocorre uma variação muito grande, embora haja traços gerais que identificam o 
indivíduo com o grupo ao qual ele pertence. 
Existe certo número de relações entre a estrutura da personalidade do indivíduo e a estrutura da 
sociedade á qual pertence. Essa relação é funcional, de modo a permitir que os indivíduos 
funcionem normalmente em sua sociedade. O patológico de uma sociedade pode ser o normal em 
outra, e vice-versa. Logo, o normal e o patológico são definidos pela sociedade e variam de uma 
para outra. Em sociedades complexas e heterogêneas, diferentes subculturas podem se formar, 
cultivando traços próprios de “normalidade” – por exemplo, as regiões brasileiras, com seus 
diferentes costumes, sotaques e tradições. 
Papel social 
Um papel social é um conjunto de direitos, obrigações e expectativas culturalmente definidos que 
acompanham um status na sociedade. A cada posição social (status) ocupada por uma pessoa 
corresponde um determinado papel social. Papel é o comportamento social esperado de uma 
pessoa que detém certo status. Cada pessoa pode ter inúmeros status aos quais correspondem 
papéis apropriados. Do mesmo modo que um ator em uma peça de teatro, o indivíduo que ocupa 
determinada posição social terá que atuar de acordo com o status que ocupa; nesse sentido, 
podemos falar dele como um ator social. Assim como no teatro, na vida real há bons e maus 
atores, aqueles que desempenham seus papéis de forma adequada ou não. Há bons e maus 
professores, médicos, pais, filhos etc. 
A existência do status pressupõe um determinado papel, que deve ser cumprido por quem ocupa 
esse status. De acordo com o status do indivíduo na sociedade, as pessoas sabem o que esperar 
ou exigir dele. Caso não cumpra seu papel, a sociedade possui meios de puni-lo. 
 
11 
É importante assinalar que um mesmo indivíduo ocupa vários status diferentes ao mesmo tempo. 
Ele pode ser simultaneamente professor, marido, sócio de um clube, vizinho, pai etc. E um único 
status estabelece várias relações diferentes, que podem ser coletivamente reconhecidas como um 
jogo de papéis. Assim, espera-se que um professor desempenhe seu papel com os estudantes, 
colegas, outros membros da universidade e assim por diante. 
Em grande medida, a socialização consiste no aprendizado de papéis. As pessoas precisam 
aprender a desempenhar o papel que seu status lhe determina – o estudante, o membro de uma 
associação, o filho, o cidadão etc. A aprendizagem dos papéis envolve pelo menos dois aspectos: 
aprendemos a cumprir os deveres e reivindicar os privilégios do papel; e adquirimos as atitudes, 
sentimentos e expectativas apropriados ao papel. 
Desempenho de papel 
Sendo o papel o comportamento esperado e alguém que ocupa determinado status, “desempenho 
de papel” é o comportamento real de quem o desempenha. O desempenho pode diferir do 
esperado por muitas razões: diferenças de interpretação, características de personalidade, 
variações no grau de comprometimento com o papel e até conflitos com outros papéis. Decorre daí 
que não há dois indivíduos que desempenhem um dado papel exatamente da mesma forma. 
Muitas vezes, os papéis podem entrar em conflito. Um trabalhador promovido a um posto de chefia, 
em um primeiro momento, pode sentir-se dividido entre sua lealdade á direção da empresa e para 
com os seus antigos colegas trabalhadores. Uma mulher que é mãe, esposa e, ao mesmo tempo, 
estudante, poderá ter problemas para cumprir bem todos esses papéis. 
 
Tema 4 – O AGENTE SOCIAL ATIVO 
O grupo social: a sociedade precede o indivíduo e o ser humano é 
um produto da interação social. 
Os seres humanos, desde tempos imemoriais, sempre viveram em 
grupos. Nossa espécie aprendeu que esse é o modo mais seguro de 
superar outros animais, fisicamente mais dotados para sobreviver na 
natureza. A essa necessidade se acrescentaram muitas outras, ao 
longo dos tempos, tornando a convivência social indispensável. Com 
isso, aumentaram as formas de interações humanas, que por sua vez 
fizeram surgir as instituições e organizações fundamentais para 
permitir o funcionamento das estruturas baseadas nas relações sociais. Assim, a própria existência 
fora do grupo social tornou-se difícil, quase impossível, para o ser humano. 
Por meio das interações recíprocas, os homens criam instituições, organizações e fenômenos 
sociais. Podemos dizer que o homem ao nascer já encontra o grupo estruturado, com base em 
valores, normas, costumes etc. Através da transmissão cultural, aprende a viver em sociedade, 
transformando-se assim de um animal da espécie humana (no sentido puramente biológico) em um 
ser humano culturalmente definido. Pode-se portanto dizer que, sem contato com um grupo social, 
o animal homem dificilmente desenvolveria as características do que chamamos de “HUMANO”. 
Todas as pessoas nascem dentro de um grupo, e este dotará o indivíduo com os mesmos traços 
sociais dos outros membros e que o farão ser aceito dentro do grupo social a que pertence. É por 
 
12 
isso que podemos definir que o homem é um ser social. Essa definição pode ser simples, mas na 
verdade apresenta várias implicações. 
Como é um ser social, o indivíduo é produto de um sistema complexo de interações, que de um 
modo ou de outro ocorre com toda a humanidade, e mais particularmente na sociedade de que ele 
faz parte. Ao se relacionar com outros indivíduos no processo de socialização, ele vai adquirindo 
hábitos e costumes que vai se agregando aos poucos em sua personalidade individual e se 
identificando com uma personalidade social cada vez mais difusa. Isso acontece porque as 
interações vão se ampliando à medida que o tempo passa. Existe toda uma gama de 
possibilidades entre os dois extremos – o indivíduo isolado e aquele outro, profundamente 
integrado e interagindo com um número infindável de outras pessoas. 
Cada conjunto de interações vai formando estruturas mais ou menos complexas. Essas estruturas 
são manifestações humanas e só podem existir como tal. As possibilidades de interações são 
praticamente infinitas ao longo da vida, por isso há a chance de cada indivíduo contribuir para a 
criação de numerosas estruturas sociais. 
O indivíduo e as interações sociais. 
Quando duas ou mais pessoas estão em contato entre si e estabelecem uma comunicação, ocorre 
uma ação recíproca entre elas, isto é, suas ideias, sentimentos ou atitudes provocarão reações 
umas nas outras, acontecendo uma modificação do comportamento de todos. As pessoas 
influenciam e também sofrem influência dos outros. Quando isso ocorre, dizemos então que existe 
uma INTERAÇÃO SOCIAL. 
Podemos definir interação social como: 
AÇÃO RECÍPROCA DE IDEIAS, ATOS E SENTIMENTOS ENTRE PESSOAS, 
ENTRE GRUPOS OU ENTRE PESSOAS E GRUPOS. A INTERAÇÃO IMPLICA 
MODIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO DAS PESSOAS OU GRUPOS QUE 
DELA PARTICIPAM. A BASE DE TODA VIDA SOCIAL É A INTERAÇÃO, QUE É 
RESPONSÁVEL PELA SOCIALIZAÇÃO DOS INDIVÍDUOS E TAMBÉM PELA 
FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE. 
Na interação social, as ações de uma pessoa dependem das ações de outros, e vice-versa; é o 
resultado da influência mútua. As interações sociais formam a base de toda organização e 
estrutura social. 
Para que exista interação social é preciso que haja contato social entre os indivíduos. Não é 
suficiente que exista contato físico. O que é importante é que, como resultado desse contato social 
e da comunicação que se estabelece entre os indivíduos, ocorre uma modificação de 
comportamento dos envolvidos. Os passageiros de um ônibus, por exemplo, estão fisicamente 
próximos, mas nem sempre estão interagindo. 
A interação social pode ocorrerde diferentes maneiras, e a essas 
maneiras denominamos RELAÇÃO SOCIAL. 
As relações sociais podem ser de vários tipos: culturais, 
econômicas, religiosas, políticas, pedagógicas, familiares etc. As 
relações que se estabelecem entre as pessoas nas instituições 
econômicas, como indústrias e bancos, podem ser denominadas 
 
13 
“relações econômicas”; as que ocorrem no âmbito do sistema educacional, como universidades e 
escolas, são “relações educacionais”; as existentes no âmbito de uma família são “relações 
familiares”; entre pessoas que se agregam em instituições religiosas desenvolvem “relações 
religiosas”. 
Interação e identidade social 
Chamamos de “identidade social” a percepção de quem somos e qual o nosso papel no conjunto 
da sociedade. As identidades sociais são importantes porque permitem ao indivíduo definir seus 
planos de ação, adquirir um critério para avaliar seu próprio desempenho e dar significado a sua 
vida. A afirmação da identidade social ocorre estabelecendo-se um parâmetro com outros membros 
da sociedade. 
A roupa que a pessoa usa pode servir para distinguir um indivíduo em um grupo ou para 
demonstrar sua aptidão para uma determinada função. Em outro exemplo, a aptidão para tocar um 
instrumento pode servir como símbolo de identidade social. Atualmente, um fator muito valorizado 
na identidade social é a condição física das pessoas. 
Na verdade, a identidade social está sempre associada à identificação com um grupo particular e à 
diferenciação com outros grupos. O fato de o indivíduo querer ser mais magro ou mais elegante é 
querer se identificar com um determinado grupo que é mais bem aceito na sociedade em que ele 
vive. Os diferentes modos de se vestir são associados a determinados grupos que são prejulgados 
socialmente em um determinado contexto cultural. 
Assim, o processo de formação da identidade social tem dois momentos importantes: 
1º momento – a diferenciação do grupo mais geral 
2º momento – a procura pelos semelhantes que constituirão um grupo, o qual se identificará como 
tal perante os outros. 
Esse processo de formação da identidade é bastante claro quando um adolescente procura se 
diferenciar dos outros membros de sua família, pela adoção de determinado tipo de vestimenta, 
corte de cabelo, utilização de adornos etc.; é um momento importante de afirmação da identidade 
social e que se completa com a procura de outros adolescentes, de outras famílias, mas que 
apresentam os mesmos interesses. 
Os processos sociais básicos 
Denominamos “processos sociais” a interação repetitiva de padrões de comportamento comumente 
encontrados na vida social. São as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos se 
relacionam, estabelecendo assim as relações sociais. 
Os principais processos sociais básicos são: Cooperação; competição; conflito; acomodação; 
assimilação. Vejamos como eles são definidos. 
a) COOPERAÇÃO – consiste sempre em uma ação comum para 
realizar determinado fim. Ou seja, é um modo de interação em que 
diferentes indivíduos ou grupos trabalham juntos para um fim 
comum. Um mutirão de limpeza, um estudante emprestar ao outro 
uma caneta, recolher alimentos para a população pobre, formar 
 
14 
uma comissão para angariar fundos para a formatura na faculdade e tantos outros são 
exemplos de cooperação. A divisão social do trabalho que as diferentes sociedades 
estabelecem é uma maneira importante de cooperação. Assim, cada indivíduo ou grupo 
realiza um trabalho diferente para a manutenção da sociedade como um todo. Há pessoas 
ou grupos que fabricam roupas; outros, alimentos; outros são encarregados de fornecer a 
energia elétrica; outros transportam pessoas; outros são responsáveis pela transmissão 
formal da cultura etc. A divisão social do trabalho é uma característica exclusiva das 
sociedades humanas, pois os animais, de modo geral, realizam um tipo de trabalho 
específico, como as abelhas, que produzem mel, ou os castores, que constroem represas. 
Com a industrialização, cresceu muito a divisão técnica do trabalho, que é quando os 
homens dividem uma atividade em inúmeras partes, as quais serão executadas por 
diferentes pessoas, que passam a não ter o controle do processo como um todo. Esse 
parcelamento do processo produtivo permitiu o incremento na fabricação de produtos para o 
atendimento de um número maior de pessoas, sendo a linha de montagem da indústria a 
expressão maior desse fenômeno. 
b) COMPETIÇÃO – É um processo social que ocorre com os indivíduos ou grupos sociais e 
que consiste na disputa, consciente ou inconsciente, por bens e vantagens sociais limitadas 
em número e oportunidades (bens escassos). Os indivíduos ou grupos podem competir por 
alimentos, dinheiro, empregos, prestígio, afeto de outras pessoas, ou por uma infinidade de 
motivos. Na sociedade capitalista, os indivíduos são 
estimulados a competir em todas as suas atividades, seja no 
emprego, no lazer, na escola etc. Assim, é a competição um 
processo permanente. Quando a competição se torna 
altamente consciente, e há hostilidade deliberada, torna-se 
rivalidade. Da rivalidade pode ser gerado o conflito. De modo 
geral, a competição apresenta utilidade para a sociedade ou 
para determinados grupos sociais quando é regulada de algum modo, seja formal (por leis, 
regulamentos, decretos) ou informalmente (pelos costumes, tradições etc.). Campeonatos 
esportivos, o vestibular, a disputa comercial entre as nações, a concorrência entre 
empresas pelo mercado são formas de competição. 
c) CONFLITO – O conflito ocorre quando pessoas ou grupos procuram recompensa pela 
eliminação ou enfraquecimento dos competidores. Ao contrário da competição, envolve uma 
atitude consciente, emocional e transitória. Em sua forma mais extrema, o conflito leva à 
eliminação total dos oponentes. Os indivíduos ou grupos em conflito têm consciência de 
suas divergências, existindo entre eles rivalidade, críticas fortemente carregadas de 
emoção, muitas vezes o ódio, e apresentam como primeiro impulso a destruição do 
adversário. Em razão do elevado grau de tensão social que envolve os indivíduos ou grupos 
que dele participam, o conflito não pode durar muito tempo. Portanto, é periódico e 
intermitente. O conflito externo tende a integrar internamente um grupo. O conflito com outro 
grupo proporciona aos membros uma saída externa para suas hostilidades e seus 
ressentimentos, aliviando, desse modo, grande quantidade 
de tensões internas. Os conflitos podem ser de vários 
tipos: raciais, econômicos, religiosos etc. O conflito pode 
assumir várias formas, como o litígio, o duelo, a 
sabotagem, a revolução e a guerra. 
 
15 
d) ACOMODAÇÃO – A acomodação é o processo pelo qual o indivíduo ou grupos se ajustam 
a uma situação conflituosa sem terem admitido mudanças importantes nos motivos que 
deram origem ao conflito. Consiste em criar acordos temporários entre os oponentes. A 
acomodação pode ter vida curta ou durar até séculos. Por 
meio dela, os indivíduos ou grupos aceitam uma 
determinada situação, permitindo acabar com o quadro de 
conflito, embora não mudem suas atitudes, pensamentos ou 
sentimentos. Na realidade, a acomodação só encobre ou 
provoca a diminuição do conflito. Ela não o elimina. Somente 
com a assimilação o conflito pode desaparecer. A 
acomodação, portanto, é o ajustamento aparente, superficial 
e quase sempre precário dos que estiveram em conflito e 
pode apresentar vários graus: 
a. A coerção: quando o contendor vitorioso domina completamente seu rival e lhe 
impõe seus costumes e modos de agir; 
b. A tolerância – quando as partes em conflito encerram a luta, mas não buscam 
qualquer tipo de entendimento, apenasse toleram mutuamente; 
c. O compromisso ou acordo – quando ocorrem concessões de ambas as partes que 
estão em conflito. O acordo pode ser obtido através de uma arbitragem (quando 
uma terceira parte estabelece os termos, e as partes em conflito os aceitam antes de 
conhecê-los) ou uma mediação (quando a terceira parte propõe um acordo, cujos 
termos são discutidos com os interessados); 
d. A conciliação – ocorre quando as partes em conflito, após identificarem interesses e 
propósitos comuns, resolvem viver em paz, embora mantenham algum tipo de 
hostilidade. 
e) ASSIMILAÇÃO – A assimilação é um processo longo e complexo, que implica que os 
indivíduos ou grupos alterem profundamente suas maneiras de pensar, sentir e agir. 
Garante uma solução permanente para os conflitos, além de possibilitar uma difusão 
cultural mútua, pela qual grupos e pessoas passam a partilhar uma cultura comum. em 
relação ao conflito, podemos dizer que, se a acomodação o diminui, a assimilação 
praticamente o faz desaparecer. A assimilação é o processo que surge se a acomodação 
teve êxito e perdurou, que acabará afetando, além do comportamento exterior, os hábitos e 
costumes daqueles que se acomodaram. Por ser um processo profundo e durável, os 
valores e as atitudes são partilhados por pessoas ou grupos que eram diferentes e se 
tornam semelhantes. 
Podemos definir a assimilação, também, considerando-a um modo de interação social, pelo 
qual os indivíduos ou grupos modificam profundamente suas atitudes e seus valores com o 
objetivo de se integrar ao meio social em que vivem. Quando ocorre uma assimilação de 
elementos culturais de um grupo por parte de outro e vice-versa, denominamos esse 
processo de “aculturação”. Quando acontece uma modificação na fé religiosa ou nos ideais 
políticos de alguém, dizemos que houve uma “conversão”. O melhor exemplo de 
assimilação é o que ocorreu com diversas correntes imigratórias no Brasil, as quais se 
identificaram de tal modo com a nova cultura que passaram a fazer parte dela. 
 
16 
 
Tema 5 – OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS 
a) Grupos Sociais 
Grupo social, segundo o Novo Dicionário Aurélio, é “a forma básica da associação humana; 
agregado social que tem uma entidade [individualidade] e vida própria, e se considera como um 
todo, com suas tradições morais e materiais”. Para o psicanalista argentino José Bleger, “um grupo 
é um conjunto de pessoas que entram em interação, mas, além disso, o grupo é, 
fundamentalmente, uma sociabilidade estabelecida”. Complementando este conceito, o filósofo 
francês Jean-Paul Sartre afirmava que “enquanto não se estabelecer a interação não existe grupo, 
há somente uma serialidade, em que cada indivíduo é equivalente ao outro e todos constituem um 
número de pessoas equiparáveis e sem distinção entre si”. Um exemplo de serialidade são 
pessoas numa fila de ônibus ou de cinema. Elas estão juntas, mas não interagem, pois não se 
comunicam entre si. Não formam, portanto, um grupo. Seja qual for a definição, uma coisa é certa: 
grupo social sempre significa a reunião de pessoas que estão mutuamente em interação. Duas 
pessoas já podem formar um grupo. 
Para a Sociologia, grupo social é toda reunião mais ou menos estável de duas ou mais 
pessoas associadas pela interação. Devido à interação social, os grupos têm de manter 
alguma forma de organização, no sentido de realizar ações conjuntas de interesse comum a 
todos os seus membros. 
Os grupos sociais apresentam normas, hábitos e costumes próprios, divisão de funções e posições 
sociais definidas. Como exemplos podemos apontar a família, a escola, a igreja, o clube, a nação 
etc. 
Principais grupos sociais 
Ao longo da vida, as pessoas participam geralmente de vários grupos sociais. Eis alguns deles: 
Grupo familiar – representado pela família; 
Grupo vicinal – representado pela vizinhança; 
Grupo educativo – desenvolvido na escola; 
Grupo religioso – representado pelas instituições religiosas (católica, evangélica, espírita 
etc.) 
Grupo de lazer – formado por clubes, associações esportivas, grupos de teatro etc. 
Grupo profissional – constituído por profissionais que trabalham em empresas, escritórios, 
lojas etc. 
Grupo político – formado pelos militantes de um partido político, por integrantes de 
organismos do Estado etc. 
 
Principais características dos grupos sociais 
Os grupos sociais se caracterizam por ter: 
 Pluralidade de indivíduos – grupo dá a ideia de algo coletivo; 
 Interação social – para que haja grupo, é preciso que os indivíduos interajam uns com os 
outros em seu interior; 
 Organização – todo grupo, para funcionar bem, precisa de uma certa ordem interna; 
 Objetividade e exterioridade – os grupos sociais são superiores e exteriores ao indivíduo, 
isto é, quando uma pessoa entra no grupo, ele já existe; quando sai, ele continua a existir. 
 
17 
 Conteúdo intencional ou objetivo comum – os membros de um grupo unem-se em torno de 
certos princípios ou valores para atingir um objetivo comum; quando uma parte deles coloca 
em dúvida algum desses princípios, o grupo se desagrega ou sofre divisões; 
 Consciência grupal ou sentimento de “nós” – são as maneiras de pensar, sentir e agir 
próprias do grupo; existe um sentimento mais ou menos forte de compartilhamento de uma 
série de ideias, pensamentos e modos de agir; 
 Continuidade – as interações passageiras não chegam a formar grupos sociais estáveis; 
para isso, é necessário que as interações tenham certa duração, como acontece, por 
exemplo, com a família, a escola, a Igreja etc.; mas há grupos de duração efêmera, que 
aparecem e desaparecem com facilidade, como os mutirões para a construção de casas 
populares. 
Tipos de grupos sociais 
Os grupos sociais podem ser classificados em: 
Grupos primários, que são aqueles em que predominam os contatos primários, isto é, os contatos 
pessoais diretos; a família, os vizinhos, os grupos de lazer; 
Grupos secundários, que são mais complexos, como as igrejas e os partidos políticos, em que 
predominam contatos secundários; os contatos sociais, nesse caso, 
realizam-se de maneira pessoal e direta, mas sem intimidade; ou de 
maneira indireta, por meio de cartas, internet etc.; 
Grupos intermediários – são aqueles em que se alternam e se 
complementam as duas formas de contatos sociais: primários e 
secundários. Um exemplo desse tipo de grupo é a escola. 
 
 
b) Agregados Sociais 
Existem sensíveis diferenças entre grupos sociais e agregados sociais. Agregado social é uma 
reunião de pessoas com fraco sentimento grupal e frouxamente aglomeradas. Mesmo assim, essas 
pessoas conseguem manter entre si um mínimo de comunicação e de relações sociais. 
O agregado social se caracteriza por não ser organizado – não tem estrutura estável nem 
hierarquia de posições e funções. As pessoas que dele participam são relativamente anônimas, 
isto é, são praticamente desconhecidas entre si. O contato social entre elas é limitado e de 
pequena duração. 
Tipos de agregados sociais 
Multidão – Um grupo de pessoas observando um incêndio e uma reunião de foliões que se 
encontram na rua são exemplos de multidão. As principais características da multidão são: 
a) Falta de organização – apesar de contar, eventualmente, com um líder, a multidão não 
dispõe de um conjunto próprio de normas; seus membros não ocupam posições definidas 
no agregado; 
b) Anonimato – os componentes da multidão são anônimos, pois, ao se integrarem à multidão, 
seu nome, sua profissão ou posição social não são levados em conta, não têm importância 
alguma no agregado; 
c) Objetivos comuns – os interesses, as emoções e os atos são coletivos na multidão; 
d) Indiferenciação – não há espaço para as diferenças individuais se manifestarem, o que 
torna iguais seus integrantes;e) Proximidade física – seus componentes ficam próximos uns dos outros, mantendo contato 
direto e temporário. 
 
18 
A multidão pode assumir uma forma pacífica ou violenta. Quando adota uma atitude agressiva, é 
chamada de turba. 
Público – O público é um agrupamento de pessoas que seguem os mesmos estímulos. É 
espontâneo, amorfo, não se baseia no contanto físico, mas na comunicação recebida através de 
diversos meios de comunicação. 
Os indivíduos que assistem a uma competição esportiva ou a uma representação teatral ou show 
musical formam públicos. Todos os indivíduos que compõem o público recebem o mesmo estímulo 
(que vem da competição esportiva, da peça de teatro, da música etc.). Não se trata de uma 
multidão porque a integração dos indivíduos que formam o público é geralmente intencional. Na 
multidão, a integração é ocasional. 
Os modos de pensar, agir e sentir do público compõem o que é conhecido como opinião pública. 
O público é um tipo intermediário entre a multidão e os grupos sociais, porque no público há um 
tipo primário de organização, pois as pessoas estão sujeitas a certos regulamentos (compra de 
ingressos, obediência a horários etc.). 
Massa – As pessoas que assistem ao mesmo programa de televisão, veem o 
mesmo anúncio num cartaz ou leem em casa o mesmo jornal constituem a 
massa. Portanto, a massa: 
a) É formada por indivíduos que recebem, de maneira mais ou menos 
passiva, opiniões formadas, que são veiculadas pelos meios de 
comunicação de massa; 
b) Consiste num agrupamento relativamente grande pessoas separadas 
e desconhecidas umas das outras. 
Como não obedece a normas, o processo de formação da massa é espontâneo. 
Existe uma certa semelhança entre público e massa, pois também os componentes da massa 
estão unidos por um estímulo. Mas há uma diferença importante: ao contrário da massa, o público 
não tem uma atitude passiva diante da mensagem que recebe; ele opina, por meio de palmas, 
críticas e discussões. 
Ou seja, o público não apenas recebe opiniões, mas também exprime a sua. Isso em geral não 
ocorre com a massa. 
Por exemplo, ao assistir a um comício, as pessoas podem aprovar as ideias de um político com 
palmas, ou reprová-las por meio de vaias e impropérios. Algumas delas podem até mesmo externar 
suas opiniões no meio do público. 
Numa sociedade de massa, o tipo de comunicação que predomina é aquele transmitido pelos 
veículos de comunicação de massa. 
Por exemplo, um fabricante de sabonetes, ao anunciar seus produtos na televisão, não está 
procurando divulgá-lo para um conjunto de pessoas concretas, com sexo, cor, instrução ou idade, 
mas para as que estão diante da tela naquele momento e que, atingidas pela mensagem, 
eventualmente poderão comprar seu produto, muitas vezes sem necessidade imediata. 
Líderes demagógicos podem fazer o mesmo. Através de mecanismos de comunicação de massa 
podem induzir milhares de pessoas a comportamentos emotivos e irracionais, sem refletir sobre as 
mensagens que estão recebendo. Ao agir dessa forma, o demagogo não objetiva transmitir suas 
ideias ao cidadão esclarecido, mas a uma massa incorpórea, informe, sem identidade. 
De modo geral, podemos dizer que o grupo de indivíduos que se comporta como massa tende a 
ser manipulado, pois, na maioria das vezes, reage de forma espontânea, impensada, sem ter 
consciência de grupo. 
c) Mecanismos de sustentação dos grupos sociais 
 
19 
Toda sociedade conta com forças que mantêm coesos os grupos sociais. As principais dentre elas 
são a liderança, as normas e sanções, os símbolos e os valores sociais. 
Liderança 
A expressão liderança designa a capacidade de alguém, denominado líder, ou de 
algumas pessoas, de chefiar, comandar ou orientar um grupo de indivíduos em 
qualquer tipo de ação. Líder é aquele (ou aquela) que dirige o grupo, 
transmitindo ideias e valores aos outros membros. 
Há dois tipos de liderança: 
a) Liderança institucional – deriva da autoridade que uma pessoa tem em 
virtude de sua posição social ou do cargo que ocupa; o gerente de uma 
fábrica, o pai de família e o diretor de uma escola são líderes institucionais; seu poder de 
mando vem de seu cargo e de sua posição no grupo; 
b) Liderança pessoal – é aquela que se origina das qualidades pessoais do líder (inteligência, 
prestígio social e moral, poder de comunicação, atitudes, encanto pessoal etc.). 
Entre os chefes que exercem a liderança pessoal podem surgir líderes carismáticos, ou seja, 
pessoas dotadas de um encanto pessoal tão forte que os torna, aos olhos de seu público, 
iluminados, proféticos, ou mesmo sobrenaturais. Alguns exemplos de líderes carismáticos: Fidel 
Castro, Getúlio Vargas, Evita Perón, Adolf Hitler. 
Como peça importante de sustentação do grupo, o líder 
desempenha um papel integrador entre seus membros, 
transmitindo-lhes ideias, normas e valores sociais, ao mesmo 
tempo que representa os interesses e os valores do grupo. 
Por seu papel na condução e na sustentação do grupo, o líder é 
geralmente respeitado por todos os seus membros. Alguns deles 
chegam mesmo a ser venerados, como é o caso de Mahatma 
Gandhi (1869-1948), que liderou a luta pela independência da Índia, conquistada em 1947, ou o 
sul-africano Nelson Mandela (1918-2013). 
Normas e sanções sociais 
Toda sociedade e todo grupo social conta com uma série de regras de conduta que lhe dão 
coesão, orientam e controlam o comportamento das pessoas. Essas regras de ação são chamadas 
normas sociais. 
Segundo o que está socialmente estabelecido, as normas sociais indicam o que é “permitido” – e 
como tal pode ser seguido – e o que é “proibido” – que não pode ser praticado. 
A toda norma social corresponde uma sanção social. A sanção social é uma recompensa ou uma 
punição que o grupo ou a sociedade atribuem ao indivíduo diante de seu comportamento social. 
As sanções sociais podem ser: 
Aprovativas – quando são aplicadas sob a forma de aceitação, aplausos, honrarias, promoções; é 
o reconhecimento do grupo por ter o indivíduo cumprido o que se esperava dele; 
Reprovativas – quando correspondem a punições impostas ao indivíduo que desobedece a alguma 
norma social; tais punições variam de acordo com a importância que a sociedade dá à norma 
infringida; assim, são sanções reprovativas o insulto, a zombaria, a vaia, a perda dos bens, a prisão 
e, em alguns países, a pena de morte. 
Símbolos 
A todo momento nos deparamos com símbolos. Nas igrejas católicas, por exemplo, a cruz 
simboliza a fé em Cristo. Nos prédios públicos, a bandeira hasteada simboliza a autonomia e a 
unidade da nação. A pomba branca é o símbolo da paz. 
 
20 
Um símbolo é algo que representa ou substitui outra coisa, geralmente mais complexa e abstrata. 
É algo, portanto, cujo valor ou significado é atribuído pelas pessoas que o utilizam. Em nossa 
sociedade, por exemplo, a aliança é um objeto que simboliza a união e a fidelidade entre os 
cônjuges no casamento. 
Qualquer coisa pode tornar-se um símbolo. As pessoas atribuem significados a um objeto, uma cor, 
um hino ou um gesto, e estes se tornam símbolos de algo, como a riqueza, o prestígio, a posição 
social elevada etc. Entre nós, a cor que simboliza o luto é o preto; entre os povos orientais, é 
branco. Esse exemplo mostra que os símbolos são convenções. Ou seja, cada sociedade ou grupo 
social pode se utilizar de símbolos diferentes para exprimir o mesmo significado. 
A linguagem é um conjunto de símbolos. Por exemplo, as palavras menino, boy, garçon e bambino 
significam todas “criança do sexo masculino”, respectivamente em português, inglês, francês e 
italiano. A linguagem é a mais importante forma de expressão simbólica. Sem a linguagem não 
haveria organização social humana, em nenhuma de suas manifestações: política, econômica, 
religiosa, cultural etc. Sem ela provavelmente não existirianenhuma norma de comportamento, 
nenhuma espécie de lei, nenhuma criação científica ou literária. 
A criança amadurece e se socializa à medida que aprende a usar símbolos. Podemos dizer que 
todo comportamento humano é simbólico e todo comportamento simbólico é humano, já que a 
utilização de símbolos é exclusiva da espécie humana. Sem os símbolos não haveria cultura. 
Valores Sociais 
A sociedade estipula o que é desejável e o que é proibido, o que é bonito e o que é feio, o que é 
certo e o que é errado. Assim, na vida em sociedade, as ideias, as opiniões, os fatos, os objetos 
não são avaliados isoladamente, mas dentro de um contexto social que lhe atribui um 
significado,um valor e uma qualidade determinados. Quanto maior o contexto social, maior a 
variedade de opiniões, de princípios, de valores sociais, muitas vezes conflitantes. 
Os valores sociais variam também, principalmente no espaço e no tempo, em função de cada 
época, de cada geração, de cada sociedade. O trabalho doméstico e o cuidado dos filhos, antes 
considerados tarefas exclusivamente femininas, hoje são normalmente divididos entre o casal. Um 
pai que dá mamadeira a seu filho é olhado com simpatia e aprovação. 
O comportamento sexual é outra área em que se notam grandes mudanças. Até meados do século 
XX, a sociedade exercia um controle rígido sobre a sexualidade das pessoas, especialmente com 
relação às mulheres. O sexo, para a mulher, só era aceito socialmente dentro do casamento, e 
tinha como única finalidade gerar filhos. As mulheres que não se comportassem exatamente de 
acordo com esses valores eram malvistas e sofriam uma série de sanções sociais. 
Lentamente, esses valores foram se modificando. Mas sempre existiram mulheres mais liberadas e 
independentes o que a maioria de sua época. 
Devido à pluralidade de valores e tendências dentro de uma mesma sociedade, é comum 
encontrarmos pessoas que não conseguem se entender em determinadas questões, como religião, 
política, moral etc. Isso acontece porque elas têm escalas de valores diferentes. 
Conflitos de opinião entre pais e filhos também são comuns, configurando choques de geração. 
São problemas que sempre existiram na história da humanidade, mas que atualmente, devido às 
rápidas transformações sociais, tornaram-se mais complexos e evidentes. Em todos os tempos, 
jovens tendem a acompanhar e aceitar com mais facilidade do que os mais velhos as mudanças 
que ocorrem na sociedade. Esse fato faz com que eles se desentendam com a geração anterior. 
Tal situação configura uma crise de valores: os novos valores chocam-se com os já estabelecidos, 
criando tensão entre jovens e adultos. 
 
Tema 6 - SISTEMA DE STATUS E PAPÉIS SOCIAIS 
 
21 
Todo indivíduo ocupa na sociedade em que vive posições sociais que lhe dão 
maior ou menor valor, prestígio social e poder. A posição ocupada pelo 
indivíduo no grupo social ou na sociedade denomina-se status social. 
O status social implica direitos, deveres, manifestações de prestígio e até 
privilégios, conforme o valor social conferido a cada posição. Assim, os 
diretores de uma grande empresa gozam de certas regalias – altos 
rendimentos, carro à disposição, sala bem decorada, secretárias, tratamento 
cerimonioso por parte dos funcionários –, vantagens que os outros 
empregados não têm. Ou seja, o status dos diretores é mais elevado. Seus deveres e 
responsabilidades estão ligados a esse status, e muitas vezes eles precisam tomar decisões 
difíceis a favor da empresa, como demitir funcionários ou cortar salários. 
Numa sociedade, o indivíduo ocupa tantos status quantos são os grupos sociais a que pertence. 
Vejamos o exemplo de uma pessoa que é chefe de família, ocupa o cargo de gerente de vendas de 
uma empresa, é sócio de um clube, frequenta a igreja de seu bairro, pertence ao diretório regional 
de um partido político. Essa pessoa tem um status no grupo familiar, um status ocupacional, um 
status no grupo de recreação, outro no grupo religioso e outro ainda no partido político. 
Dependendo da maneira pela qual o indivíduo obtém seu status, este poder pode ser classificado 
em: 
Status atribuído – não é escolhido voluntariamente pelo indivíduo e não depende de suas ações ou 
qualidades. Por exemplo, o status de “filho de operário” ou de “irmão caçula”. Os principais fatores 
atribuidores de status são idade, sexo, raça, laços de parentesco, classe social etc. 
Status adquirido – obtido em função das qualidades pessoais do indivíduo, de sua capacidade e 
habilidades. Os status que uma pessoa obtém ao longo da vida como resultado de competição e 
trabalho são status adquirido, pois dependem de suas habilidades pessoais e supõem uma vitória 
sobre outros concorrentes e o reconhecimento de tal êxito pelo grupo social. 
Em algumas sociedades, como na Europa medieval, os status eram quase que exclusivamente 
atribuídos (uma pessoa era nobre porque sua família pertencia à nobreza). Nas sociedades 
modernas, predominam os status adquiridos. Um exemplo de sociedade em que ainda imperam os 
status atribuídos é a Índia, onde as pessoas já nascem dentro de uma categoria social –a casta – e 
nela permanecem até a morte, sem possibilidade de mudança de status. 
Em nossa sociedade, os indivíduos geralmente buscam status mais elevados. Isso explica a 
insistência com que se procura “subir na vida”. Quanto mais escassas as oportunidades para se 
conquistar determinado status, mais intensa a competição entre os concorrentes em disputa por 
ele. 
Papel social 
Ao dar uma aula e exigir que os alunos prestem atenção, o professor está cumprindo os deveres e 
exercendo os direitos ligados a seu status social. Ou seja, está cumprindo seu papel social. 
Papéis sociais são os comportamentos que o grupo social espera de qualquer pessoa que ocupe 
determinado status social. Corresponde mais precisamente às tarefas, às obrigações inerentes ao 
status. Por exemplo, de um médico se espera que atenda corretamente seus pacientes, que se 
preocupe com eles, que ouça suas queixas, que faça um diagnóstico preciso e que trate as 
enfermidades de modo competente. Caso não seja assim, não estará 
cumprindo o papel que seu status de médico determina e será, portanto, 
questionado pela sociedade. 
Status e papel social são coisas inseparáveis e só os distinguimos para 
fins de estudo. Não há status que não corresponda a um papel social e 
vice-versa. 
Todas as pessoas sabem o que esperar ou exigir do indivíduo, de acordo 
com o status que ele ocupa no grupo ou na sociedade. E a sociedade 
 
22 
sempre encontra meios para punir os indivíduos que não cumprem seu papel. 
Estrutura e organização social 
Uma escola é formada por pessoas que estudam – os alunos – e por pessoas que trabalham – 
entre as quais o diretor, o coordenador pedagógico, os professores, os professores, o secretário e 
os serventes. Cada um desses indivíduos ocupa uma posição social, um status no grupo. Cada 
posição está relacionada com as demais, e todas elas, em conjunto, formam a estrutura social da 
escola. 
Desse exemplo, pode-se concluir que estrutura social é o conjunto ordenado de partes encadeadas 
que formam um todo. Dito de outro modo, a estrutura social é a totalidade dos status existentes 
num determinado grupo social ou numa sociedade. 
Cada participante de uma estrutura desempenha o papel correspondente à posição social que 
ocupa (status). O conjunto de todas as ações realizadas quando os membros de um grupo 
desempenham seus papéis sociais compõe a organização social. Esta corresponde, portanto, ao 
funcionamento do organismo social. 
Durante o período letivo, a organização da escola é bastante dinâmica. No período de férias baixa 
a níveis mínimos, pois quase todos os indivíduos que a constituem não estão desempenhando 
seus papéis. 
Assim, quando a estrutura social dá ideia de algo estático, quesimplesmente existe, a organização 
social dá ideia de algo dinâmico, em permanente movimento. A estrutura social se refere a uma 
totalidade composta de partes, enquanto a organização social se refere às relações que se 
estabelecem entre essas partes. Quanto mais complexa a sociedade, maiores e mais complexas 
suas estruturas e sua organização social. Tanto a estrutura 
quanto a organização social são passíveis de mudanças, não 
permanecem sempre iguais. Elas podem passar, e passam com 
frequência, por processos de mudança social. 
 
 
Tema 7 - ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL 
CONCEITO 
O termo Estratificação social significa a divisão da sociedade em camadas (ou seja, estratos, de 
onde o termo estratificação). Estas camadas são distribuídas de maneira tal que seus ocupantes 
têm acesso desigual às oportunidades sociais e recompensas. Com isso, forma-se o que 
conhecemos como HIERARQUIA SOCIAL, que é portanto constituída pela superposição de 
estratos e camadas sociais. 
Todas as formas de organização social conhecidas até o presente se organizam de acordo com 
algum tipo de estratificação. Jamais existiu nenhuma sociedade onde a igualdade dos seus 
membros fosse absoluta. Os diferentes modelos de ordem social conhecidos são determinados 
pelas classes ou categorias que ocupam posições diferentes a hierarquia. 
Diversos fatores levam à estratificação. Na sua maioria, são causas sociais como a competição, o 
conflito, a divisão do trabalho e a especialização. Mas são importantes também os fatores 
biológicos, como o sexo, a idade, a raça e a etnia. Neste início de século a estratificação social 
está presente mais que nunca neste início de século, já que a mundialização da economia cria 
novos desafios, maior concorrência e novas exigências profissionais. 
 
23 
A estratificação social está diretamente ligada à existência de BARREIRAS SOCIAIS. Podemos 
definir as barreiras como sendo todos os elementos culturais que se destinam a impossibilitar 
ou dificultar o acesso de um indivíduo a um grupo ou camada social. Barreiras são, portanto, 
obstáculos que os indivíduos precisam superar para poder fazer parte de certos segmentos que 
eles desejam ou necessitam. Um mero diploma, por exemplo, pode constituir uma barreira, se o 
objetivo da pessoa é exercer certa atividade profissional. Existem no entanto barreiras sociais 
ilegítimas, como os preconceitos, a discriminação ou a segregação, que arbitrariamente servem 
para excluir as pessoas em função do interesse de outras, que dispõem de maior poder e controle 
que elas. 
A QUESTÃO DA IGUALDADE SOCIAL 
Se a desigualdade entre os indivíduos é antiga, é também verdade que houve muitas tentativas de 
remover essa desigualdade. No período contemporâneo foram feitas várias tentativas de criar uma 
sociedade igualitária. Os mais notórios foram os esforços de comunistas, anarquistas e socialistas. 
Mas eles nunca conseguiram atingir seu objetivo. 
O problema com esses esforços é que o sentido que conferiam à condição IGUALITÁRIA era 
equivalente a uma SOCIEDADE DE IGUAIS. Ou seja, as diferenças entre os indivíduos seriam 
desconsideradas, e todos seriam tratados como equivalentes. Essa intenção, no entanto, era 
voltada pra uma REALIDADE IDEALIZADA. Não levava em conta a complexidade da sociedade 
humana em termos reais. Por isso se entende que era uma utopia irrealizável e não foi plenamente 
bem sucedida em nenhum lugar do mundo. 
Hoje entendemos que as diferenças individuais permitem aos homens avançar na busca de suprir 
suas necessidades, valendo-se de suas capacidades e habilidades de trabalho, inventividade e 
senso de progresso pessoal. Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer que não somos 
condicionados apenas por necessidades básicas, como alimentação, vestuário e abrigo. Também 
buscamos outros tipos de necessidade, de cunho estético, artístico, etc. Compreende-se assim que 
a diferenciação social sempre vai existir, pois existem pessoas que têm afinidades diferentes com 
certos níveis de hierarquia social. 
Na atualidade, a busca da igualdade se dá em outros termos. Essencialmente, buscam-se dois 
objetivos básicos: 
a) Obtenção e garantia de direitos iguais para todos, independentemente da condição social, 
sexual, de raça, de etnia etc.; 
b) Atendimento das necessidades básicas de alimentação, moradia, saúde, bem-estar social etc. 
Esses dois elementos devem integrar os direitos fundamentais da existência humana, com a 
garantia de toda a sociedade e sob a responsabilidade do Estado. O 
objetivo passou a ser a garantia de EQUIDADE SOCIAL. É com ela 
que procuramos combater a desigualdade e buscamos fazer com 
que o princípio de sociedade igualitária se refira a IGUALDADE DE 
OPORTUNIDADES, sem qualquer tipo de discriminação. 
A IGUALDADE E A DESIGUALDADE NA TEORIA 
Vários autores abordaram o problema da desigualdade na teoria 
sociológica. Entre eles, os mais influentes foram Karl Marx e Weber. 
 
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A visão de Marx é mais macrossociológica e dinâmica, enquanto a interpretação de Weber se volta 
mais para o indivíduo, analisando as relações entre eles e os grupos e dos grupos entre si. Os dois 
processos são incompatíveis, mas não se excluem sob o ponto de vista metodológico. 
A Visão marxista 
Karl Marx entendia que todos os fenômenos sociais estão ligados à economia. Por isso, ele via o 
problema da estratificação social em termos econômicos, expressando-se com maior clareza na 
sociedade capitalista, onde a desigualdade se estabelece nas relações de produção. É aí que se 
pode identificar as diferenças entre os homens, especialmente entre os que exploram e os que são 
explorados. As camadas sociais identificadas nas sociedades industriais passaram a ser 
denominadas “classes sociais”. 
Segundo a definição marxista, classes sociais são a expressão do modo de produzir da sociedade. 
A posição de cada classe é definida pela sua relação com os instrumentos de produção – isto é, se 
a classe os controla ou não. No primeiro caso, trata-se da classe dominante; no segundo, da classe 
dominada. Assim, as relações sociais são definidas de acordo com a classe social a que o 
indivíduo pertence. 
A visão de Weber 
Ao contrário de Marx, o também alemão Max Weber não acreditava 
que o papel da economia fosse exclusivo na definição da posição 
social dos indivíduos. Essa posição não seria definida apenas por 
um elemento da realidade social, mas por três: além da economia, 
também eram importantes as dimensões social e política. 
A estratificação social, portanto, seria produzida pela combinação 
desses três fatores, sendo que cada um se expressa por um 
componente específico: a posição econômica se expressa pela 
riqueza e renda. A posição social (status) se expressa pelo prestígio, 
baseando-se na HONRA SOCIAL. E a posição política se expressa pelo poder. 
Além disso, Weber tinha uma concepção diferente da de Marx sobre o que era uma classe social. 
Ele entendia que a condição de classe dos indivíduos não era estabelecida por sua posição em 
relação aos meios de produção, mas sim pela sua condição de satisfazer suas necessidades 
materiais no presente e no futuro. 
 
Tema 8 - DESIGUALDADE DE RAÇA E ETNIA 
Entre os fatores que influenciam a desigualdade social estão as divisões 
por critérios de raça e etnia, e os comportamentos derivados dessas 
condições. 
Esses conceitos são importantes, porque se referem a agrupamentos 
humanos identificados por suas características externas. Mas há uma 
diferença: essas características se manifestam através de formas culturais 
(étnicas), através de modo de vida, de falar, hábitos e costumes; ou a partir 
de especificações físicas/hereditárias (raça), através de cor da pele, 
 
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formato

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