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ED - Organização do Estado

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Formação Constitucional do Brasil
A Constituição é considerada a Lei máxima e fundamental do Estado. Ocupa o ponto mais alto da hierarquia das Normas Jurídicas. Por isso recebe nomes enaltecedores que indicam essa posição de ápice na pirâmide de Normas: Lei Suprema, Lei Maior, Carta Magna, Lei das Leis ou Lei fundamental.
  A Constituição do Estado, considerada sua lei fundamental, seria, então, a organização de seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma de Estado a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício de seu poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua ação. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos de seu Estado.
  
HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL
 
 A CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO - 1824
 
Foi outorgada a 25 de marçoo de 1824, por Pedro I, após dissolver este por decreto, a 12 de novembro do ano anterior, a Assembléia Constituinte por ele próprio constituída. Esta Carta tinha, entre outras características, um sistema baseado em eleições indiretas e censitárias. Para votar e ser votado apontava requisitos quanto a renda. Isto denotava um caráter excludente na sociedade imperial, já que grande parte da população era composta por homens livres e pobres e por escravos.
  A marca mais característica desta Constituição foi a instituição de um quarto poder, o Moderador, ao lado do Executivo, Legislativo e Judiciário. Este quarto poder era exclusivo do monarca e, por ele, o imperador controlava a organização política do Império do Brasil. Por meio deste Poder Moderador o imperador nomeava os membros vitalícios do Conselho de Estado os presidentes de província, as autoridades eclesiásticas da Igreja oficial católica apostólica romana, o Senado vitalício. Também nomeava e suspendia os magistrados do Poder Judiciário, assim como nomeava e destituía os ministros do Poder Executivo.
 
A CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA - 1891
 
 A primeira Constituição republicana brasileira, resultante do movimento político-militar que derrubou o Império em 1889, inspirou-se na organização política norte-americana. No texto constitucional, debatido e aprovado pelo Congresso Constituinte nos anos de 1890 e 1891, foram abolidas as principais instituições monárquicas, como o Poder Moderador, o Conselho de Estado e a vitaliciedade do Senado. Foi introduzido o sistema de governo presidencialista. O presidente da República, chefe do Poder Executivo, passou a ser eleito pelo voto direto para um mandato de quatro anos, sem direito à reeleição. Tinham direito a voto todos os homens alfabetizados maiores de 21 anos.
 O Poder Legislativo era exercido pelo Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. O poder dos estados (antigas províncias) foi significativamente ampliado com a introdução do princípio federalista. Os estados passaram a organizar-se com leis próprias, desde que respeitando os princípios estabelecidos pela Constituição Federal. Seus governantes, denominados presidentes estaduais, passaram a ser eleitos também pelo voto direto. Foi abolida a religião oficial com a separação entre o Estado e a Igreja Católica, cuja unidade era fixada pela antiga Constituição Imperial.
 Durante grande parte da Primeira República (1889-1930) desenvolveu-se um intenso debate sobre a necessidade de se reformar a Constituição de 1891. Muitos reformadores defendiam a ampliação dos poderes da União e do presidente da República como forma de melhor enfrentar as pressões advindas dos grupos regionais. A Emenda Constitucional de 1926 iria em parte atender a essas demandas centralizadoras. A Revolução de 1930 encerraria o período de vigência dessa primeira carta republicana.
  
A CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA - 1934
 
Após oito meses de discussões, finalmente, no dia 16 de julho de 1934, foi promulgada a nova Constituição. A importância dos estados foi assegurada pela vitória do princípio federalista. Ao mesmo tempo, ampliou-se o poder da União nos novos capítulos referentes à ordem econômica e social. As minas, jazidas minerais e quedas d'água deveriam ser nacionalizadas, assim como os bancos de depósito e as empresas de seguro. No plano da política social foram aprovadas medidas que beneficiavam os trabalhadores, como a criação da Justiça do Trabalho, o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, férias anuais remuneradas e descanso semanal. Mas o governo sofreu uma importante derrota com a aprovação da pluralidade e da autonomia sindicais em lugar do sindicato único por categoria profissional.
 Outra novidade importante foi a introdução de um capítulo exclusivo sobre a família, que em grande parte decorreu da pressão da bancada católica. Entre outras conquistas, a Igreja obteve a oficialização do casamento religioso.
 A Constituição estabeleceu ainda que a primeira eleição presidencial após sua promulgação seria feita indiretamente, pelo voto dos membros da Assembléia Nacional Constituinte. As futuras eleições deveriam realizar-se pelo voto direto. No dia 17 de julho Getúlio Vargas foi eleito com 175 votos contra 71 dados aos demais candidatos, entre os quais se incluíam Borges de Medeiros e Góes Monteiro.
 A Constituição de 1934 teve vida curta. Ao mesmo tempo em que tentou estabelecer uma ordem liberal e moderna, buscou também fortalecer o Estado e seu papel diretor na esfera econômico-social. O resultado não agradou a Vargas, que se sentiu tolhido em seu raio de ação pela nova carta. Em seu primeiro pronunciamento, Getúlio tornou pública sua insatisfação; em círculos privados, chegou a afirmar que estava disposto a ser o "primeiro revisor da Constituição".
 
A CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA - 1937
 
No dia 10 de novembro de 1937, depois de fechar o Congresso e assinar uma nova Constituição, Vargas fez um pronunciamento, transmitido pelo rádio, em que procurava justificar a instauração do novo regime. Em sua "Proclamação ao povo brasileiro", defendia o golpe como a única alternativa possível diante do clima de desagregação e de afronta à autoridade em que mergulhara a nação. Referia-se, entre outras coisas, ao perigo do comunismo, lembrando a radicalização política que atingira o país. Anunciava, ainda, uma série de medidas com que pretendia promover o bem-estar e o desenvolvimento da nação.
Entre essas medidas, destacavam-se a submissão dos governadores dos estados ao governo federal e a eliminação dos órgãos legislativos, o que levaria à criação de novas interventorias e departamentos administrativos. O jogo político representativo era eliminado em nome da eficiência e da racionalidade do Estado. O argumento para fortalecer o Poder Executivo era que a Constituição de 1934, com seu liberalismo, o havia enfraquecido e tornado vulnerável aos interesses privados. Por isso fora outorgada a Constituição de 1937, que concentrava o poder político nas mãos do presidente da República.
 O golpe foi seguido de uma forte repressão, a cargo da polícia política, que atingiu não apenas os comunistas ou os liberais, mas mesmo aqueles que advogavam uma ideologia semelhante à do novo regime e supunham ser seus aliados: os integralistas. Foi assim que, junto com os demais partidos políticos, a Aliança Integralista Brasileira foi fechada por decreto presidencial. Em reação, seria deflagrado o levante integralista em maio de 1938, logo desbaratado.
 A propaganda do regime e a repressão a seus opositores seriam duas faces do Estado Novo muito bem representadas pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Criado para difundir a ideologia do Estado Novo junto às camadas populares e, a partir do ideário autoritário do regime, contribuir para a construção da identidade nacional, o DIP exercia também uma forte censura aos meios de comunicação, suprimindo eventuais manifestações de descontentamento.
Fiel ao princípio de que era necessário aplacar as disputas políticas para promover o desenvolvimento do país, também no plano administrativo o governo do Estado Novo buscoueficiência e racionalidade. Procurou implantar, no recrutamento do funcionalismo, a lógica da formação profissional, da capacidade técnica e do mérito, em substituição à da filiação partidária ou da indicação política. Para tanto, foi criado em 1938 um órgão especialmente voltado para a reforma e a modernização da administração pública, o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Anos mais tarde, a preocupação com a formação de pessoal para atuar na administração daria origem à Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi o desejo de dispor de informações estatísticas confiáveis que levou à valorização do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 Na área econômica, criaram-se durante o Estado Novo inúmeros conselhos e órgãos técnicos cuja função era promover estudos e discussões, assessorar o governo na elaboração e na execução de suas decisões, e ainda propiciar o acesso de setores empresariais ao aparelho estatal. Das negociações entre governo e empresariado resultariam, por exemplo, a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), destinado a formar mão-de-obra para a indústria, assim como os estudos para a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), destinado a promover a difusão e o aperfeiçoamento do ensino comercial no país.
A tendência à intervenção na atividade econômica, expressa no aparecimento das primeiras companhias estatais, fez com que, a partir de 1937, ficasse difícil separar o binômio Estado e economia.
  
A CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA - 1937 AINDA
 
Quarta constituição da história brasileira, outorgada pelo presidente Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, no mesmo dia em que, por meio de um golpe de Estado, era implantada no país a ditadura do Estado Novo. Foi elaborada pelo jurista Francisco Campos, ministro da Justiça do novo regime, e obteve a aprovação prévia de Vargas e do ministro da Guerra, general Eurico Dutra.
 A essência autoritária e centralista da Constituição de 1937a colocava em sintonia com os modelos fascistas de organização político-institucional então em voga em diversas partes do mundo, rompendo com a tradição liberal dos textos constitucionais anteriormente vigentes no país. Sua principal característica era a enorme concentração de poderes nas mãos do chefe do Executivo. Do ponto de vista político-administrativo, seu conteúdo era fortemente centralizador, ficando a cargo do presidente da República a nomeação das autoridades estaduais, os interventores. Aos interventores, por seu turno, cabia nomear as autoridades municipais.
  A intervenção estatal na economia, tendência que na verdade vinha desde 1930, ganhava força com a criação de órgãos técnicos voltados para esse fim. Ganhava destaque também o estímulo à organização sindical em moldes corporativos, uma das influências mais evidentes dos regimes fascistas então em vigor. Nesse mesmo sentido, o Parlamento e os partidos políticos, considerados produtos espúrios da democracia liberal, eram descartados. A Constituição previa a convocação de uma câmara corporativa com poderes legislativos, o que no entanto jamais aconteceu. A própria vigência da Constituição, segundo o seu artigo 187, dependeria da realização de um plebiscito que a referendasse, o que também jamais foi feito.
 Após a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em outubro de 1945, foram realizadas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, em pleito paralelo à eleição presidencial. Eleita a Constituinte, seus membros se reuniram para elaborar o novo texto constitucional, que entrou em vigor a partir de setembro de 1946, substituindo a Carta de 1937.
  
A CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA - 1946
 
 Promulgada a 18 de setembro, por uma Assembleia eleita conjuntamente com o novo Presidente da República (General Eurico Gaspar Dutra) a 2 de dezembro do ano anterior, foram ilimitados os podres desta Assembleia, tanto por forca da interpretação do Tribunal Superior Eleitoral, como porque assim dispusera expressamente a Lei Constitucional nº 13, de 12 de novembro de 1945.
 As inovações da Constituição digna de destaque estão: o restabelecimento do cargo de Vice-presidente da República, supresso em 1934; a criação do Tribunal Federal de Recurso e do Conselho Nacional de Economia; a integração da Justiça do Trabalho no âmbito do poder judiciário; o dispositivo que vedou a organização, registro ou funcionamento de qualquer partido político ou associação cujo programa de ação contrariasse o regime democrático; dentre outras...
 
A CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA - 1967
 
Em outubro de 1966, o Congresso Nacional foi fechado, só reabrindo para aprovar a Constituição de 1967 e eleger o candidato único Marechal Costa e Silva para a Presidência da República. A Constituição de 1967, originária de projeto elaborado pelo Governo, foi aprovada praticamente sem discussões, em janeiro de 1967, com regras determinadas pelo Ato Institucional n.º 4, de dezembro de 1966. Ao suspender a edição de Atos Institucionais, trazia em seu bojo grande parte do autoritarismo dos mesmos, mal chegando a ser posta em prática, rapidamente atropelada por novos Atos Institucionais. Iniciava-se, assim, a Quinta República.
  
A CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA - 1988
 
O reencontro do país com a democracia foi definitivamente coroado com a publicação da Constituição Cidadã em 05 de outubro de 1985. A atual Carta Constitucional brasileira foi a que contou com a maior participação popular, agregando inúmeros setores da sociedade e explicitando em seu texto a preocupação do Estado brasileiro com os direitos Humanos e o cidadão.
 Cumpre ressaltar, todavia, que a Constituição de 1988 contém aspectos altamente positivos. É a expressão legitima da vontade do povo brasileiro. Deu ênfase a proteção dos direitos individuais, enfatizou os direitos trabalhistas, criou novos instrumentos de proteção e garantia dos direitos individuais e coletivos. De forma geral constituiu, sem duvida, um largo passo na busca de uma sociedade livre, preocupada com a erradicação da miséria, com a diminuição das diferenças entre as classes sociais, com a fome o analfabetismo, com as garantias reais ao que produzem e acima de tudo com a justiça social, principal anseio dos Estados modernos.
  
 
OBJETO: DIREITO CONSTITUCIONAL
  
NATUREZA: Direito Público Interno: trata da organização básica do Estado e o alicerce sobre o qual se ergue o próprio Direito
 CONCEITO: é ramo do direito público que estuda a sistematização da organização jurídica fundamental do Estado
 ORIGEM: A idéia de Constituição escrita é uma criação coletiva apoiada em precedentes históricos e doutrinários, tais como Pactos Forais, Cartas de Franquia, Contratos de Colonização, Leis Fundamentais do Reino, Pacto Social, etc
EVOLUÇÃO: Já na antiguidade Clássica havia a percepção de que , entre as leis, há algumas que organizam o próprio poder. Isto ficou formalmente evidenciado apenas no séc. XVIII, e isto ocorreu com o propósito de limitar o poder. Daí em diante é que o termo Constituição passou a ser usado para designar o corpo de regras que definem a organização fundamental do Estado
 
 POSIÇÃO NO QUADRO DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS: Direito Publico Interno Fundamental
 
 RELAÇÃO COM AS DEMAIS CIÊNCIAS SOCIAIS EM GERAL
  
A CONSTITUIÇÃO
 
CONCEITO
Aplicado ao Estado: Constituição é a organização fundamental do Estado social, política, jurídica e econômica.
 
Conceito jurídico: o termo Constituição é utilizado para designar a organização jurídica fundamental (que segundo Kelsen é “o conjunto de regras concernentes à forma do Estado (federal), à forma do governo (democrático), ao modo de aquisição (sistema eleitoral) e exercício do poder (atribuição de seus órgãos), ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites de sua ação.”) 
  
Materiais – são regras cujas matérias são constitucionais. Ex.: normas sobre a Estrutura do Estado, Organização dos Poderes, Direito dos Homens, etc.
 
REGRAS CONSTITUCIONAIS 
 
Formais – regras que não possuem conteúdo constitucional; têm apenas a formade constitucionais.
 
 OBJETO : É a constituição política do Estado, estabelecendo normas fundamentais da organização deste. Quais seriam estas normas fundamentais? Estrutura do Estado/Forma de Governo/Modo de Aquisição/ Exercício do Poder
  
CONTEÚDO: Abrange três aspectos que dá lugar às seguintes disciplinas:
 
Dir. Constitucional Positivo ou Particular: é aquele que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta, de um Estado determinado. Ex: Dir. Const. Brasileiro, francês, italiano, etc.
 
Dir. Constitucional Comparado: estudo teórico de normas jurídico-constitucionais positivas de vários Estados, procurando identificar semelhanças e diferenças entre elas. Ele é um método de trabalho, e não uma ciência.
 
Dir. Constitucional Geral: é uma ciência que visa generalizar os princípios teóricos do Dir. Constitucional Positivo e constatar pontos de contato e interdependência do Dir. Const. Positivo dos Estados que adotam formas semelhantes de governo
 
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
  
ORGÂNICOS – se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do poder. Ex: Título III, IV e VI
 
 LIMITATIVOS - limitam a ação do poder estatal. Ex: Título II, excetuando o capítulo II
 
 SÓCIO-IDEOLÓGICOS - normas que revelam o caráter de compromisso das Constituições modernas entre o Estado Individualista e o Estado Social. Ex: Capítulo II do Título II
 
 ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL – normas que asseguram a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado, das Instituições Democráticas, etc. EX: art. 102, inciso I ; art. 34 a 36 ; Título V capítulo I ; etc
 
 FORMAIS DE APLICABILIDADE – normas que estatuem regras de aplicação das Constituições. EX: Preâmbulo ; ADCT ; art. 5º, § 1º
  
CLASSIFICAÇÃO
 
	Quanto ao Conteúdo
 
Material – conj. de regras materialmente constitucionais (escrita ou não), codificadas ou não
Formal – Constituição escrita, reduzida a um documento solene
 
 
	Quanto à Forma
 
Escrita – as regras se contêm num documento elaborado para fixar a organização fundamental/ codificada e sistematizada num único texto
 
Não–escrita – conjunto de regras que não estão sistematizadas num único texto, e sim, em textos esparsos. É formada por leis (escritas) e pelos costumes. Ex. A Constituição Inglesa
 
	Quanto ao modo de elaboração
 
Dogmática – fruto da aplicação consciente de certos princípios ou dogmas dominantes. Sempre escrita
 
Histórica – fruto de uma lenta síntese histórica, do lento evoluir das tradições
  
	Quanto à Estabilidade
 
Rígida – Constituição escrita que somente se modifica por processos especiais
	
Flexível – Constituição (escrita ou não) que pode ser modificada pelo processo legislativo ordinário
 
Semi – rígida – Constituição escrita cujas regras, em parte podem ser modificadas pelo processo legislativo ordinário, e em parte que ela própria determina, por processo especial
 
Imutáveis – vedada qualquer alteração
 
	Quanto à Origem
 
Populares (ou promulgadas) – se originam de um órgão constituinte composto por representantes eleitos pelo povo
 
Outorgadas – são elaboradas e estabelecidas sem a participação do povo
  
Quanto à extensão
 
Analítica (ou dirigente) – examinam e regulamentam todos os assuntos relevantes à formação , destinação e funcionamento do Estado
 
Sintética (ou negativas ou garantias) conteúdo formado pro princípios e normas gerais de organização do Estado
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
 
-         Normas de eficácia plena
-         Normas de eficácia contida 
-         Normas de eficácia limitada
  Constituição: Conceitos
 
Segundo Canotilho: 
Estatuto jurídico do fenômeno político. A Constituição cuida do fenômeno do poder. Passando pelo crivo da lei, o poder passa a chamar-se “atribuições”
Segundo Heller:
Mediadora nas relações Estado-sociedade (constituição política)
 
Segundo Karl Schmitt:
A Constituição é uma decisão política
 
Segundo Hans Kelsen:
No sentido jurídico positivo, a Constituição é um conjunto de normas positivadas, delimitando e regulando todo o ordenamento jurídico
  
Segundo Celso Bastos:
Formalmente – é um conjunto de normas escritas feitas de maneira solene (forma)
Materialmente – conjunto de forças, de fatores do poder em uma sociedade. Ex: forças sociais, políticas, religiosas, etc. (conteúdo)
Substancialmente – normas estruturais que conformam o Estado (essência)
A Constituição de 1988
O PODER CONSTITUINTE
 
DEFINIÇÃO: É o poder de elaborar uma Constituição. Em outras palavras, é aquele que põe em vigor, cria ou constitui normas jurídicas de valor constitucional. 
 
A legitimidade de uma Constituição decorre da maior ou menor correspondência entre os valores e as aspirações de um povo e o constante da existente Constituição. Ex: o plebiscito que escolheu o presidencialismo como sistema de governo e a república como forma de governo (art. 2º ADCT)
 
Dos atos jurídicos infraconstitucionais cobra-se legalidade, ou seja, que eles estejam de acordo com o preceito formal e material em nível superior. Ex: de acordo com o art. 150, I , nenhum tributo pode ser exigido por Decreto.
  
NATUREZA : Há duas correntes:
 
Poder de fato : força que se impõe como tal. É um fato histórico que inclusive pode ser estudado por outros ramos do direito. Os poderes constituídos são limitados e condicionados; recebem a sua existência e sua competência do poder constituinte; são organizados na forma estabelecida na Constituição e atuam segundo esta. Celso Antonio Bandeira de Mello entende que o Poder Constituinte Originário é um fato político.
 
	Poder de direito ou jurídico: poder que deriva de regra jurídica anterior ao Estado que se funda – Direito Natural - . O poder constituinte é um poder de direito, que não encontra limites em direito positivo anterior, mas apenas no direito natural, existente antes da nação e acima dela. Esta é a corrente que prevalece.
 
TITULARIDADE
 
        AUTOCRÁTICA – princípio minoritário - o Poder Constituinte sempre vai estar protagonizado como sujeito por uma minoria (de raça, de religião, classe social, etc). Envolve assentimento popular (assentir, tolerar, verificar, aceitar resignadamente)
 
        DEMOCRÁTICA – princípio majoritário – o Poder Constituinte reside na Soberania do Povo, que se expressa pelas eleições. Envolve o consentimento popular (verificação concreta, objetiva, matemática). Segundo Sieyès, o Poder Constituinte pertence à nação, que não se confunde com o povo, e sim com a comunidade como um todo.
  
ESPÉCIES: Originário e Derivado
 
* Originário: Edita Constituição nova ou dá organização a novo Estado. Ocorre quando há formação de novo Estado ou no caso de modificação revolucionária da ordem jurídica, em que há solução de continuidade em relação ao ordenamento anterior. Dá origem à organização jurídica fundamental. (POTÊNCIA)
 
Forma de expressão do poder originário: Outorga/ Assembléia Constituinte/ Referendo/ Plebiscito
 
O referendum constitucional é a forma direta de intervenção popular no processo constituinte.
 
A outorga é o modo de estabelecimento da Constituição pelo próprio detentor do poder.
 
* Derivado: É constituído pelo próprio Poder Constituinte Originário, e dele retira sua força. Ex: Poder de Revisão e Poder Constituinte dos Estados Membros. É chamado também de Poder Reformador. (COMPETÊNCIA)
 
CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO:
 
        Inicial – nenhum outro poder existe acima dele, nem de fato, nem de direito
        Autônomo – Não limitado pelo Direito positivo, o Poder constituinte deve sujeitar-se ao Direito Natural e somente ao soberano cabe decidir qual a idéia de direito que prevalece no momento histórico e que moldará a estrutura jurídica do Estado
        Incondicionado – não se subordina a qualquer regra de forma ou de fundo
 
CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO
 
        Derivado – provém de outro
        Subordinado – está abaixo do originário,de modo que é limitado por este
        Condicionado – só pode agir nas condições postas, pelas formas fixadas
 
EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE
 
Nos regimes autocráticos: suas formulações constitucionais são: atos institucionais, estatutos, etc. A substância é sempre a mesma, isto é, uma criação autocrática da Constituição, um exercício do poder constituinte pela única vontade do detentor do poder, sem a participação do povo.
Nos regimes democráticos: 
* DIRETA: são os mecanismos de aprovação da constituição (referendos e plebiscitos)
* REPRESENTATIVA: o povo elege uma assembléia Constituinte que vai exercer o poder constituinte
 
Formas mistas: pactos ou acordos entre o detentor do Poder e a Assembléia representativa do povo. Ex: Constituição brasileira de 1967, surgida da manifestação do Poder Constituinte do Presidente da República através do A.I. nº 04, que dependeu da aprovação do Congresso.
 
PODER REFORMADOR
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: consiste num processo não formal de mudança das constituições rígidas, através dos usos e costumes, de alterações sociológicas, pela interpretação judicial, etc.
 
REFORMA CONSTITUCIONAL: este já é o processo formal de mudança das constituições rígidas, por meio de atuação de certos órgãos, mediante determinadas formalidades estabelecidas nas próprias constituições para o exercício do Poder Reformador. Nesse sentido, a reforma é o gênero, de que são espécies a emenda e a revisão constitucional. Então:
 
- Reforma: qualquer alteração do texto constitucional
- Emenda: é a modificação de certos pontos, cuja estabilidade o legislador constituinte não considerou tão grande
- Revisão: alteração anexável que exige formalidades e processos mais lentos e difíceis que para a emenda, a fim de garantir uma maior estabilidade do texto constitucional
 
E qual a nossa situação atual? Hoje só podemos emendar a Constituição, nos termos do art. 60, tendo em vista que a revisão prevista no art. 3º do ADCT já ocorreu.
 
LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMA: Este poder tem limitações porque ele é instituído na Constituição. Portanto, há uma competência jurídica e, como tal, sujeita a limitações. 
 
As limitações são:
a)   temporais – revisão de tempo em tempo (v. art. 3º ADCT CF/88).
b)   circunstanciais – não permite a revisão durante estado de sítio, de defesa, ou intervenção federal . Art. 60, § 1º da CF/88), ou seja, situações que possam ameaçar a livre manifestação do órgão reformador
c) processuais – são os limites que tornam mais difícil a alteração da Constituição do que de uma lei ordinária, tais como quorum mínimo, iniciativa parlamentar, etc.
c)   materiais – proíbe a deliberação sobre certos assuntos, tais como voto direito, secreto, universal, etc. (v. art. 60, § 4º da CF/88)
 
 
AS CLÁUSULAS PÉTREAS ou ‘intocáveis’, ‘irreformáveis’, ‘eternas’.
 
explícitas – art. 60, § 3º das CF/88
implícitas: Ex. 
- direitos fundamentais do homem
- normas concernentes ao Processo de Emenda ou Revisão Constitucional
- Autonomia dos Estados Federados quanto à sua auto-administração, auto-organização e autogoverno
 
  OBJETO: A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
  
Instalada a Assembléia Nacional Constituinte em 01.02.87.
Não havia um projeto prévio já elaborado, assim não havia diretrizes fundamentais. Assim os trabalhos foram desenvolvidos da seguinte maneira:
- Formaram 24 subcomissões
- 8 comissões temáticas Anteprojetos à Comissão de Sistematização          - Projeto ‘Cabral’ (5.615 emendas)
- Fase de apresentação de novas emendas   Projeto com 20.790 emendas de plenário e 122 populares
-         Novo Substitutivo (‘Cabral 1’) c/ 374 artigos
-         Início das votações pela Comissão de Sistematização
-         Surge o CENTRÃO – grupo de parlamentares interpartidários contrário aos critérios regimentais, que excluía o grosso dos parlamentares do efetivo processo decisório
-         27.01.88 – Reúne-se o plenário para dar início às votações
-         Julho/88 – Início do segundo turno das votações
-         Outubro/88 – Promulgação
 
 A atual Constituição Federal do Brasil, chamada de “Constituição Cidadã”, foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988. A Constituição é a lei maior, a Carta Magna, que organiza o Estado brasileiro.
 Na Constituição Federal do Brasil, são definidos os direitos dos cidadãos, sejam eles individuais, coletivos, sociais ou políticos; e são estabelecidos limites para o poder dos governantes.
 Após o fim do Regime Militar, em todos os segmentos da sociedade, era unânime a necessidade de uma nova Carta, pois a anterior havia sido promulgada em 1967, em plena Ditadura Militar, além de ter sido modificada várias vezes com emendas arbitrarias (por exemplo, AI-5).
 
Dessa forma, em 1º de fevereiro de 1987, foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 congressistas (senadores e deputados federais, eleitos no ano anterior), e presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, do Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
 Representando um avanço em direção a democracia, a sociedade, em seus diversos setores, foi estimulada a contribuir por meio de propostas. As propostas formuladas por cidadãos brasileiros só seriam válidas se representadas por alguma entidade (associação, sindicatos, etc.) e se fosse assinada por, no mínimo, trinta mil pessoas. Os setores da sociedade, compostos por grupos que procuravam defender seus interesses, fizeram pressão por meio de lobbies (grupo de pressão, que exercem influência).
 Em relação às Constituições anteriores, a Constituição de 1988 representa um avanço. As modificações mais significativas foram:
 - Direito de voto para os analfabetos;
- Voto facultativo para jovens entre 16 e 18 anos;
- Redução do mandato do presidente de 5 para 4 anos;
- Eleições em dois turnos (para os cargos de presidente, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil habitantes);
 - Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados, além de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos domésticos;
- Direito a greve;
- Liberdade sindical;
- Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais;
- Licença maternidade de 120 dias (sendo atualmente discutida a ampliação).
- Licença paternidade de 5 dias;
- Abono de férias;
- Décimo terceiro salário para os aposentados;
- Seguro desemprego;
- Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do salário.
 
Modificações no texto da Constituição só podem ser realizadas por meio de Emenda Constitucional, sendo que as condições para uma emenda modificar a Carta estão previstas na própria Constituição, em seu artigo 60. 
 
REGIMES CONSTITUCIONAIS
 
Conceito: regime é um elemento do sistema (conjunto harmônico, coordenado e interdependente de elementos) e consiste em “um conjunto de regras legais que, no seio de um dado sistema econômico, regem as atividades econômicas dos homens, isto é, seus atos e ações em matéria de produção e de troca”.
 
Espécies:
1.        Democracia liberal : sistema econômico/ sistema financeiro, orçamentário e tributário
2.        Democracia social : disciplinam os direitos sociais
  
DIVISÃO DA CONSTITUIÇÃO
 
Uma Constituição jurídica tem 3 partes:
a)Preâmbulo – define os pressupostos, a orientação e os valores do sistema
b) Parte Dogmática – é um texto articulado da Constituição que dispõe sobre os direitos subjetivos públicos, políticos , civis, econômicos e sociais
c) Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – é o repositório de normas integrativas entre duas ordens constitucionais. Integra a velha ordem à nova ordem constitucional.
 
CF/88: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Conceito: princípios constitucionais são aqueles que guardam os valores fundamentais da ordem jurídica. Não regulam situações específicas. O princípio perde em carga normativa, mas ganha como força valorativa. Os princípios impõe à CF o caráter de sistemas. Outra função importante é que ele serve como critério de interpretação das normas constitucionais.
 
Espécies
 
REPÚBLICA – opôs-se àmonarquia com o objetivo de colocar o poder nas mãos do povo. A característica mais acentuada da República é a necessidade de alternância no Poder.
 
FEDERAÇÃO – Forma de Estado criada em 1787, que deu surgimento aos E.U.A. . O município na CF/88 é incluído como componente da Federação.
 
Princípio Federativo – Federação é a forma de Estado pela qual se objetiva distribuir o poder, preservando a autonomia dos entes políticos que a compõem.
 
Características:
1)     Descentralização político-administrativa;
2)     Constituição rígida, que não permite a alteração da repartição de competências por intermédio de legislação ordinária
3)     Existência de um órgão que dite a vontade dos membros da Federação (Senado)
4)     Autonomia financeira
5)     Existência de um órgão constitucional encarregado do controle da constitucionalidade das leis
 
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
 
Estado de Direito – O Estado deveria submeter-se às leis originadas de um processo novo onde a vontade da classe emergente estivesse consignada. Além disso, o Estado passa a Ter tarefas limitadas à manutenção da ordem/proteção da liberdade/proteção da propriedade individual
Este Estado formalista recebeu inúmera críticas. Ele precisa redinamizar-se. Para tanto, o Estado precisa ter novos fins , sobretudo de ordem social
Desencadeia-se, então, um processo de democratização do Estado. Os movimentos políticos do final do século XIX e início do séc. XX, transformam o velho e formal Estado de Direito, num Estado Democrático, onde além da mera submissão à lei, deveria haver a submissão à vontade popular e aos fins propostos pelos cidadãos.
 
FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
 
Arts. 1º ao 4º da CF/88
 
ARTIGO 1º
 
-  SOBERANIA – é a qualidade que cerca o poder do Estado. Ela se constitui na Supremacia do Poder dentro da ordem interna e no fato de que, perante a ordem externa, só encontra Estados de igual poder.
 
- CIDADANIA – deflui do princípio do Estado Democrático de Direito. Afinal, sem a participação política do indivíduo nos negócios do Estado e mesmo em outras áreas do interesse público, não há que se falar em democracia
 
- DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – preocupação do legislador em proporcionar às pessoas condições para uma vida digna, principalmente no aspecto econômico
 
- VALORES SOCIAIS – todo trabalho deve ser reconhecido através da justa remuneração e de condições razoáveis para seu desenvolvimento
 
PLURALISMO POLÍTICO – é a possibilidade de oposição e controle do Estado à medida que permite várias formas de organização da sociedade (multiplicidade de partidos políticos, igrejas, escolas, sindicatos, etc)
 
 ARTIGO 2º - Tripartição dos Poderes
É um sistema de freios e contrapesos, visando controlar o poder que se encontra nas mãos do Estado. Um poder não pode interferir nas competências alheias do outro
  
ARTIGO 3º - OBJETIVOS FUNDAMENTAIS
 
Objetivos # Fundamentos
 
metas a serem alcançadas                      são inerentes ao Estado, fazem 
                                                                  parte da sua estrutura
 
ARTIGO 4º - O BRASIL NA ORDEM INTERNACIONAL
 
Inc. I – resume-se no poder de autodeterminação do Estado Brasileiro
Inc. II – por ela, o Brasil dá guarida à Declaração Universal dos Direitos do Homem
Inc. III – diz respeito àqueles povos que não possuem um Estado independente. Isto era muito comum na época das colônias
Inc. IX - voltado ao intercâmbio de conhecimento científico
  
MERCOSUL
 Etapas:
1)     Zona de livre comércio
2)     União aduaneira (T.E.C.)
3)     Eliminação de qualquer restrição relativa a bens e serviços
4)     União econômica e monetária
 
Para integrar blocos maiores, o Brasil precisa adequar-se jurídica e politicamente.
DIREITOS SOCIAIS
 
 
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
 
A primeira Constituição no Brasil a inscrever um título sobre a ordem econômica e social foi a de 1934. Desde então, os direitos sociais saíram do capítulo da Ordem Social.
Frise-se, ainda, que os direitos sociais são conteúdo da Ordem Social, a teor do disposto no art. 6º da CF/88.
 
DIREITOS SOCIAIS E ECONÔMICOS
 
Direitos sociais
 * Forma de tutela pessoal
* Disciplinam situações subjetivas pessoais ou grupais de caráter concreto
 
Direitos econômicos
 * Possui dimensão institucional
* Direito de realização de determinada política econômica
* Pressupostos de existência dos direitos sociais, pois sem uma política econômica orientada para a intervenção e participação estatal na economia, não se comporão as premissas necessárias ao surgimento de um regime democrático de conteúdo a tutelar os fracos e mais numerosos.
  
CONCEITO: “são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais” 
  
CLASSIFICAÇÃO (segundo o art. 6º a 11 da CF/88)
Direitos Sociais relativos aos Trabalhadores
Direitos Sociais relativos à Seguridade
Direitos Sociais relativos à Educação e à Cultura
Direitos Sociais relativos à Família, Criança, Adolescente e Idoso
Direitos Sociais relativos ao Meio Ambiente
 
Outra Classificação
 a)     Direitos Sociais do Homem Produtor – arts. 7º ao 11
Ex.: liberdade de instituição sindical, direito de greve, direito de obter emprego, etc.
 b)    Direitos Sociais do Homem Consumidor - art. 6º
Ex.: direito à saúde, ao desenvolvimento intelectual, à formação profissional, à cultura, etc.
 
Questão: A fixação do salário mínimo, atende ao disposto nos incisos IV e VII do art. 7º? Este mesmo salário mínimo, ofende o inciso III do artigo 1º da Constituição Federal?
DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES
 
LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO OU SINDICAL
 
Associação sindical – é uma associação profissional com prerrogativas especiais, tais como: defender os interesses e direitos da categoria, participar das negociações coletivas, etc.
 
Associação profissional – se limita a fins de estudo, defesa e coordenação dos interesses econômicos e profissionais de seus associados
  
Liberdade Sindical:
-         liberdade de fundação de sindicato (art. 8º , I) 
-         liberdade de adesão (art. 8º, V)
-         liberdade de atuação (art. 8º, I)
-         liberdade de filiação (art. 8º, IV)
 
PARTICIPAÇÃO NAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO (ART. 8º, VI)
 
Importante prerrogativa dos sindicatos, onde lhes cabe representar, perante autoridades administrativas e judiciárias, os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses individuais dos associados e, especialmente, celebrar convenções coletivas de trabalho, etc.
 
 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL (ART. 8º, IV) 
 
Esta já é descontada em folha. Há duas contribuições: uma para custeio de confederações, e outra parafiscal, compulsória, prevista em lei, chamada de sindical.
 
PLURALIDADE E UNICIDADE SINDICAL
 
Pluralidade – livre formação de sindicatos para uma mesma categoria profissional ou econômica na mesma base territorial.
Unicidade – apenas um sindicato para cada categoria profissional ou econômica na mesma base territorial
  
DIREITO DE GREVE (ART. 9º)
“A greve é o exercício de um poder de fato dos trabalhadores com o fim de realizar uma abstenção coletiva do trabalho subordinado”.
 A greve tem como escopo a formação de um futuro contrato coletivo de trabalho
 Também não há mais limitações à greve quanto à natureza da atividade ou serviços. Só caberá à lei definir quais serviços e atividades sejam essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (art. 9º, § 1º)
 A Constituição não admite o amplo direito de greve aos servidores públicos, submetendo o exercício deste direito aos termos e limites definidos em lei complementar (art. 37, VII).
  
DIREITO DE SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
Consiste no poder atribuído aos sindicatos de ingressar em juízo na defesa de direitos e interesses coletivose individuais da categoria.
 Trata-se de substituição processual, já que ele (sindicato) ingressa em nome próprio na defesa de interesses alheios.
 
DIREITO DE PARTICIPAÇÃO LABORAL – ART. 10
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO NA EMPRESA – ART. 11
Temos aqui a figura do chamado ‘delegado de fábrica’ 
 
DIREITOS SOCIAIS DO HOMEM CONSUMIDOR
 
    DIREITOS RELATIVOS À SEGURIDADE SOCIAL
 Art. 194 – “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
 
Direito à saúde – até o advento da CF/88 este direito ainda não havia sido elevado à condição de direito fundamental do homem.
 
Art. 196 e 197 da CF/88
 
O direito à saúde comporta 2 vertentes:
-         uma, de natureza negativa, que consiste no direito a exigir do Estado que se abstenha de qualquer ato que prejudique a saúde;
-         outra, de natureza positiva, que significa o direito às medidas e prestações estatais visando a prevenção das doenças e o tratamento delas (art. 198 a 200)
 
Direito à Previdência social (art. 201 e 202)
 
Previdência Social – é um conjunto de direitos relativos à seguridade social.
Regime de Previdência Social – funda-se no princípio do seguro social, de sorte que os benefícios e serviços se destinam a cobrir eventos de doença, invalidez, morte, velhice e reclusão, apenas do segurado e seus dependentes. Isto quer dizer que a base da cobertura assenta no fator contribuição e em favor do contribuinte e dos seus.
  
Regime de Previdência Social: 
	Benefícios: aposentadoria, auxílio-doença e seguro-desemprego
	Serviços: prestações assistenciais, tais como médica, farmacêutica, odontológica, hospitalar, etc.
  
Direito à Assistência Social – É a face universalizante da seguridade social, porque “será prestada a quem dele necessitar, independentemente de contribuição” (art. 203).
  
DIREITOS SOCIAIS RELATIVOS À EDUCAÇÃO E À CULTURA
Educação
Objetivos – art. 205
 
Os objetivos somente poderão ser alcançados num sistema educacional democrático, em que a organização da educação formal (via escola) concretize o direito de ensino, informado por alguns princípios (art. 206).
A educação é dever do Estado, que deve aparelhar-se adequadamente, oferecer ensino de acordo com os princípios constitucionais, ampliar as possibilidades para que todos venham a exercer igualmente esse direito.
  
Deveres do Estado – art. 208
 
Cultura – art. 215, ‘caput’ 
 
DIREITO AMBIENTAL
DIREITO AO LAZER
Sua natureza social decorre do fato de que constituem prestações estatais que interferem com as condições de trabalho e com a qualidade de vida, donde sua relação com o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado.
 
DIREITO AO MEIO AMBIENTE (art. 225)
Também não está previsto no art. 6º. É um campo que integra a disciplina urbanística, mas se revela como social, na medida que sua concreção importa em prestação do Poder Público
 
DIREITOS SOCIAIS DA CRIANÇA E DOS IDOSOS
 
PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA
Arts. 201,III / 203, I e III / 227
DIREITO DOS IDOSOS
Arts. 201, I / 203, I / 230, ‘caput’
 
Organização do Estado e dos Poderes
O poder político do Estado é uno e indivisível; o que se divide não é ele, mas sim as funções estatais básicas, que são atribuídas a órgãos independentes e especializados.
 
FUNÇÕES ESTATAIS BÁSICAS:
 
A) legislativa
 – elaboração de leis, de normas gerais e abstratas, impostas coativamente a todos.
 
B) executiva
 – administração do Estado, de acordo com as leis elaboradas pelo Poder Legislativo.
 
C) judiciária
 – atividade jurisdicional do Estado, de distribuição da justiça e aplicação da lei ao caso concreto, em situações de litígio, envolvendo conflitos de interesses qualificados pela pretensão resistida.
  
Cada função estatal básica é atribuída a um órgão independente e especializado, com a mesma denominação, respectivamente, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
 
 
SISTEMA DE FREIOS E CONTRAPESOS:
 
A separação de Poderes não é rígida, pois existe um sistema de interferências recíprocas, em que cada Poder exerce suas competências e também controla o exercício dos outros; a separação de Poderes não é absoluta; nenhum Poder exercita apenas suas funções típicas; o Poder Executivo edita medidas provisórias com força de lei e participa do processo legislativo, tendo matérias de iniciativa legislativa privativa e amplo poder de veto; todavia, esse veto não é absoluto, pois pode ser derrubado pelo Poder Legislativo; os Tribunais, por sua vez, podem declarar a inconstitucionalidade de leis elaboradas pelo Poder Legislativo e de atos administrativos editados pelo Poder Executivo; o Chefe do Poder Executivo escolhe e nomeia os Ministros dos Tribunais Superiores, após prévia aprovação pelo Senado Federal; se o Presidente da República e outras altas autoridades federais cometerem crime de responsabilidade, o processo de impeachment, que será julgado pelo Senado Federal sob a presidência do Presidente do STF.
 
PODER LEGISLATIVO
 
Tem como função típica a elaboração de leis, de normas gerais e abstratas a serem seguidas por todos; além do exercício de sua função legislativa do Estado, compete-lhe a importante atribuição de fiscalizar financeira e administrativamente os atos do Executivo.
 
COMPOSIÇÃO:
 Na esfera federal, é exercido, no Brasil, pelo Congresso Nacional, que é composto por duas Casas Legislativas, a Câmara dos Deputados e o  Senado Federal
 
CÂMARA DOS DEPUTADOS:
 
É composta de representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, sendo assegurado a cada Estado o número mínimo de 8 e o máximo de 70 Deputados Federais, bem como o fixo de 4 para cada Território; os Deputados Federais são eleitos para mandatos de 4 anos; número máximo de 513 representantes.
 
SENADO FEDERAL:
 
É composto de 3 representantes dos Estados e do DF, eleitos pelo princípio majoritário; os Senadores (81) são eleitos para mandatos de 8 anos, com 2 suplentes; a renovação desse órgão legislativo é feita de forma alternada, de 4 em 4 anos, por 1/3 e 2/3.
 
SISTEMAS ELEITORAIS:
 
Majoritário
 – a representação cabe ao candidato que obtiver o maior número de votos.
 
Simples
 – a eleição realiza-se em um único turno, bastando a maioria relativa para a escolha do representante da vontade popular; no Brasil é adotado para a eleição de Senadores e Prefeitos e Vice-Prefeitos nos Municípios com 200.000 ou menos eleitores.
 
Qualificada absoluta
- exige-se a realização de um segundo turno com os 2 candidatos mais votados, caso nenhum dos concorrentes tenha obtido a maioria absoluta já no primeiro turno de votação; no Brasil é utilizado para a eleição do Presidente e Vice-Presidente da República, dos Governadores e Vice-Governadores dos Estados e dos Prefeitos e Vice-Prefeitos nos Municípios com mais de 200.000 eleitores.
 
Proporcional
 – a representação no órgão colegiado varia de acordo com a quantidade de votos obtidos pelo partido ou coligação partidária; é o sistema geralmente adotado para a representação no Poder Legislativo, por possibilitar a expressão política das minorias; é utilizado no Brasil para a eleição de Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores.
 
LEGISLATURA:
 
É o período legislativo de 4 anos que corresponde ao mandato dos Deputados Federais; Senadores são eleitos por 2 legislaturas; cada legislatura é dividida em 4 sessões legislativas ordinárias; estas, por sua vez, são subdivididas em 2 períodos legislativos, o primeiro de 15.02 a 30.06 e o segundo de 01.08 a 15.12.
 
MESAS OU MESAS DIRETORAS:
 
A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos são exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
 
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - CPI:
 
Instituída para apuração de fato determinado, por prazo certo, com poderes de investigação própriosdas autoridades judiciais, sendo as conclusões encaminhadas ao MP para que seja promovida a apuração da responsabilidade civil e criminal dos infratores; trata-se de uma das formas mais significativas de atuação do Poder Legislativo no exercício de seu poder de fiscalização sobre os demais Poderes.
 
PROCESSO LEGISLATIVO
 
É o conjunto de atos realizados para a elaboração de um ato legislativo.
 O Brasil adota, em regra, o processo legislativo representativo (as leis são elaboradas por representantes legitimamente eleitos pelo povo, como Senadores, Deputados ou Vereadores), mas admite que determinadas medidas aprovadas pelo Congresso Nacional sejam submetidas ao referendo popular.
 
FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO:
 
- é utilizado para a elaboração de leis ordinárias, o ato legislativo típico.
 
Emenda
 – são proposições apresentadas por parlamentares visando alterações no projeto de lei.
 
Votação ou deliberação
 – a deliberação geralmente é precedida de discussões e estudos técnicos e jurídicos desenvolvidos em diversas comissões de cada Casa Legislativa; após ser discutido pelas comissões, o projeto de lei é encaminhado para discussão e votação em Plenário, podendo ser aprovado ou rejeitado; as leis ordinárias são aprovadas por maioria simples, as leis complementares por maioria absoluta, enquanto emendas constitucionais, por maioria qualificada de 3/5 dos votos.
Procedimento legislativo ordinário:
O projeto de lei aprovado em uma das Casas Legislativas, deve ser encaminhado para revisão na outra Casa do Congresso Nacional, dado que adotamos o sistema do bicameralismo na esfera federal; nessa outra Casa, denominada pela CF de “Casa revisora”,
 
Três hipóteses se descortinam:-
 - o projeto é aprovado sem emendas pela Casa revisora em um só turno de discussão e votação, sendo encaminhado para sanção ou veto do Presidente da República;
 - o projeto é rejeitado pela Casa revisora, devendo ser arquivado.
 - o projeto de lei é aprovado com emendas pela Casa revisora; nesta hipótese, deve retornar à Casa iniciadora unicamente para apreciação das emendas aprovadas; se elas forem também aprovadas o projeto será encaminhado para sanção ou veto do Presidente da República, com as nova proposições; se as emendas forem rejeitadas pela Casa iniciadora, prevalece o projeto de lei original, sem as modificações introduzidas pela Casa revisora; a CF acaba por estabelecer, dessa forma, para a Câmara dos Deputados, no processo legislativo, uma certa prevalência, pois os projetos de iniciativa do Presidente da República e dos Tribunais Superiores, assim como os de iniciativa popular, dever ter início nessa Casa legislativa
  
Procedimento legislativo sumário (abreviado ou em regime de urgência):
 
O Presidente da República poderá solicitar urgência na apreciação dos projetos de sua iniciativa; trata-se de uma forma de evitar a obstrução do Poder Executivo pelo Legislativo; é certo que o Presidente da República não se tem utilizado dessa prerrogativa, preferindo utilizar a estratégia da reedição de sucessivas medidas provisórias nos assuntos de seu interesse; a Câmara dos Deputados e o Senado Federal devem manifestar-se, sucessivamente, em até 45 dias sobre a proposição apresentada pelo Poder Executivo; caso não o façam nesse prazo, a proposição será incluída na ordem do dia de votação da Casa Legislativa onde o projeto de lei se encontra, sobrestando a deliberação sobre qualquer outro assunto até que se conclua o processo de votação.
  
Sanção ou veto
 
São atos de competência do Presidente da República;
 
Sanção
 É  a aquiescência do Presidente da República ao projeto de lei elaborado pelo Congresso Nacional e encaminhado para sua apreciação;
 
Veto
 é a discordância do Presidente da República com o projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo e encaminhado para sua apreciação.
 
 
Promulgação
 – é o ato pelo qual se atesta a existência de uma lei.
 
Publicação
 – é a comunicação feita a todos, pelo Diário Oficial, da existência de uma nova lei, assim como de seu conteúdo; uma lei começa a vigorar em todo o território nacional 45 dias após a sua publicação, salvo disposição em contrário.
 
PROCEDIMENTOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS:
 
A CF estabelece procedimentos especiais a elaboração de emendas constitucionais, leis delegadas, medidas provisórias, leis complementares e leis financeiras.
 
CONTROLE JUDICIAL DO PROCESSO LEGISLATIVO:
 
O STF tem admitido, em caráter absolutamente excepcional, o controle judicial incidental da constitucionalidade do processo legislativo, desde que a medida seja suscitada por membro do Congresso Nacional.
 
ATOS LEGISLATIVOS:
 
Emendas à Constituição:
 – são alterações do próprio Texto Constitucional; trata-se de uma manifestação do poder constituinte derivado de reforma; essa função, no Brasil, foi atribuída pelo poder constituinte originário ao Poder Legislativo; a Constituição brasileira é classificada como rígida, quanto à estabilidade, pois é possível a modificação de normas constitucionais, desde que observado um procedimento mais rigoroso do que o previsto para as demais normas infraconstitucionais.
  – podem apresentar propostas de emendas constitucionais (as denominadas PEC): 1/3, no mínimo, dos Deputados ou Senadores; o Presidente da República; e mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, por maioria simples.
 - uma emenda constitucional para ser promulgada, precisa ser discutida, votada e aprovada em ambas as Casas do Congresso Nacional em dois turnos, exigindo-se maioria qualificada de 3/5; no procedimento de aprovação de emendas constitucionais, há possibilidade de membros do Congresso Nacional apresentarem emendas, proposições feitas para alteração da proposta original, que serão posteriormente votadas em conjunto.
 - as emendas constitucionais aprovadas são promulgadas conjuntamente pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; em razão do elevado quorum exigido para aprovação de emendas à Constituição, não estão sujeitas à sanção ou veto do Presidente da República.
 – promulgada a emenda constitucional, a nova norma constitucional deverá ser publicada no Diário Oficial para chegar ao conhecimento de todos.
 - cláusulas pétreas, cerne fixo ou partes imutáveis da Constituição (a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais).
 
Leis complementares:
 – são leis aprovadas por maioria absoluta em hipóteses especialmente exigidas pela CF.
 – seguem o mesmo procedimento das leis ordinárias para serem aprovadas, inclusive com a fase de sanção ou veto do Presidente da República, mas com a exigência de aprovação por maioria absoluta.
 
Leis ordinárias:
 - é o ato legislativo típico; é aprovado por maioria simples; pode dispor sobre toda e qualquer matéria, vedadas as reservadas à lei complementar e as de competência exclusiva do Congresso Nacional ou de suas Casas Legislativas, que são tratadas por decretos legislativos e resoluções; é considerada lei ordinária toda aquela que não for apresentada como “complementar” ou “delegada”.
 
Leis delegadas:
 - são leis elaboradas pelo Presidente da República, em virtude de autorização concedida pelo Poder Legislativo.
- as leis delegadas dispensam a sanção presidencial, pois o Presidente da República já recebeu autorização do Congresso Nacional para legislar sobre determinada matéria; contudo, o Congresso pode determinar a sujeição do projeto de lei delegada elaborado pelo Presidente da República à aprovação pelo Poder Legislativo, em votação única, vedada qualquer emenda.
 
Medidas provisórias:
 - são atos editados pelo Presidente da República, com força de lei, em situações de relevância e urgência, devendo ser submetidas de imediato ao Congresso Nacional, sob pena de perda de eficácia, se não forem aprovadas no prazo de 30 dias.
 – a medida provisória veio substituir o antigo decreto-lei,que era aprovado por decurso de prazo, caso não apreciado no período de 45 dias.
– as medidas provisórias são atos editados pelo Presidente da República com força de lei; como é do conhecimento de todos, uma lei somente é revogada por outra; a medida provisória apenas suspende a eficácia de lei anterior que disponha sobre o mesmo tema; caso aprovada, com a conversão da medida provisória em lei, ocorrerá a revogação da lei anterior.
 
Decretos legislativos:
  - são os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, não sujeitos à sanção ou veto do Presidente da República, geralmente com efeitos externos, utilizados nas hipóteses previstas no art. 49 da CF; não devem ser confundidos com os antigos decretos-leis, nem com os decretos expedidos pelo Poder Executivo.
 
Resoluções:
 - são os atos de competência privativa do Congresso Nacional, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, geralmente com efeitos internos, utilizados nos demais casos previstos na CF e nos Regimentos Internos respectivos.
 
PODER EXECUTIVO
 
A função tradicional é administrar o Estado de acordo com as leis elaboradas pelo Poder Legislativo.
 O Brasil adota o presidencialismo como sistema de governo; o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estados; o Presidente acumula as funções de Chefe de Estado (representação externa e interna do Estado) e Chefe de Governo (liderança política e administrativa dos órgãos do Estado).
 No primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato presidencial vigente, em primeiro turno; caso haja necessidade de um segundo turno entre os dois candidatos mais votados, as eleições serão realizadas no último domingo de outubro.
 
REQUISITOS:
 - ser brasileiro nato; estar no pleno gozo de direitos políticos; possuir mais de 35 anos de idade.
 
SUCESSORES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
 É sucessor do Presidente da República, em suas ausências e impedimentos, o Vice-Presidente; no caso de impedimento ou vacância de ambos os cargos, a CF estabelece a seguinte ordem de sucessão: Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Presidente do STF; ordem semelhante de sucessão deve ser fixada nas Constituições Estaduais: Vice-Governador do Estado, Presidente da Assembléia Legislativa e Presidente do Tribunal de Justiça.
 
PERDA DO CARGO:
 
Condenação proferida pelo Senado Federal, por 2/3 de votos, em processo de “impeachment” pela prática de crime de responsabilidade, após ter sido admitida a acusação pela Câmara dos Deputados, também pelo mesmo quorum qualificado; condenação proferida pelo STF pela prática de crime comum, após ter sido admitida a acusação, por 2/3 dos votos, pela Câmara dos Deputados; declaração da vacância do cargo por não tomarem posse dos cargos para os quais foram eleitos no prazo de 10 dias; ausência do País por período superior a 15 dias sem licença do Congresso Nacional.
 
VACÂNCIA DOS CARGOS DE PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
 
Na hipótese de vacância dos cargos de Presidente e de seu sucessor natural, o Vice-Presidente da República, com a posse de um dos sucessores indicados no Texto Constitucional, obedecida a ordem estabelecida no art. 80; deverá ser realizada eleição 90 dias depois de aberta a última vaga; será eleito um Presidente e um Vice-Presidente da República para completar o mandato; trata-se do denominado “mandato tampão”; se essas vagas ocorrerem nos dois primeiros anos de mandato, será realizada uma nova eleição pelo voto direto, em dois turnos; ocorrendo vacância nos dois últimos anos de mandato, a eleição será feita pelo próprio Congresso Nacional; trata-se da única hipótese de eleição pelo voto indireto prevista na CF.
  
CRIMES DE RESPONSABILIDADE E O PROCESSO DE “IMPEACHMENT”:
 
Crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas cometidas pelo Presidente da República e outras altas autoridades (Vice-Presidente, Ministros de Estados e do STF e pelo Procurador-Geral da República), punidas com a perda do cargo e a inabilitação por 8 anos para o exercício da função pública; de acordo com o princípio republicano de governo, todas as autoridades exercem o poder político na medida conferida pela CF, devendo prestar contas dos atos praticados no exercício da função pública para os demais cidadãos; caso desrespeitem a “res publica”, cometendo uma infração político-administrativa prevista em legislação especial, podem ser afastado do cargo pelo processo de “impeachment”.
 
 
PRERROGATIVAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
 
Na vigência de seu mandato, não poderá ser preso antes do trânsito em julgado de sentença condenatória, nem responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções; não se trata de irresponsabilidade penal absoluta;  por crimes cometidos em razão do exercício de suas funções o Presidente da República poderá vir a ser processado criminalmente perante o STF, desde que obtida a indispensável licença da Câmara dos Deputados, por 2/3 dos votos; somente não poderá ser processado, durante seu mandato, por crimes cometidos antes da investidura no cargo, bem como por delitos praticados na sua vigência, mas estranhos à função presidencial.
 
MINISTROS DE ESTADO:
 
São auxiliares do Presidente da República na direção superior da Administração federal; são cargos de livre nomeação e exoneração do Presidente da República; a referenda do Ministro de Estado em atos e decretos expedidos pelo Presidente da República nos assuntos de competência de sua pasta é considerada indispensável para a validade do ato.
 
PODER JUDICIÁRIO
 
Compete ao Poder Judiciário, a função jurisdicional do Estado, ou seja, de distribuição de justiça, de aplicação da lei em caso de conflito de interesses.
 
SELEÇÃO DOS MEMBROS:
 
A regra de ingresso dos membros do Poder Judiciário de primeira instância ,no Brasil, é o concurso público de provas e títulos, com a participação da OAB em todas as suas fases ,obedecendo-se nas nomeações a ordem de classificações; para os tribunais, a nossa CF estabelece a nomeação de alguns cargos pelo Chefe do Poder Executivo; 1/5 dos Tribunais Regionais Federais e dos Tribunais Estaduais (Tribunais de Justiça, e Tribunais da Justiça Militar) é composto de membros do MP, com mais de 10 anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e ilibada reputação, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicados por lista sêxtupla da respectiva classe.
 
GARANTIAS DOS MAGISTRADOS OU GARANTIAS DE INDEPENDÊNCIA DOS MEMBROSDO PODER JUDICIÁRIO: vitaliciedade; inamovibilidade; e irredutibilidade de subsídio.
 
JUSTIÇA ESTADUAL:
 Sua competência é residual; o que não couber à Justiça Federal Comum, às Justiças Federais Especializadas (trabalhista, eleitoral e militar) e à Justiça Militar Estadual será de sua competência.
 
JUSTIÇA FEDERAL:
 Tem como competência julgar as causas em que houver interesse da União ou de suas entidades descentralizadas, como autoras, assistentes ou oponentes, com exceção das de falência, acidentes do trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.
 
JUSTIÇA DO TRABALHO:
 Tem como competência conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos, bem como outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho entre prestadores de serviço e tomadores de serviço.
 
JUSTIÇA ELEITORAL:
Tem com finalidade cuidar da lisura de todo o processo eleitoral.
 
JUSTIÇA MILITAR:
 Tem como competência julgar os crimes militares definidos em lei.
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF):
 Trata-se de órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro, com a função principal de “guarda da Constituição”; compete-lhe a relevante atribuição de julgar as questões constitucionais, assegurando a supremacia da CF em todo o território nacional; todavia, o STF não é uma Corte exclusivamente constitucional, pois diversas outras atribuições foram-lhe conferidas pela CF; observa-se, ainda, que a defesa da Carta Política não é tarefa exclusiva sua; compete a todos os poderesconstituídos assegurar a supremacia da CF, e o Poder Judiciário pode exercer o controle da constitucionalidade de forma concentrada e em abstrato ou difusa e em concreto; é composto de 11 Ministros nomeados pelo Presidente da República, após prévia aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal; são cidadãos com mais de 35 e menos de 75 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada; só brasileiros natos podem integrar a Suprema Corte do Brasil.
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ):
Tem como finalidade julgar as questões federais da Justiça Comum no Brasil, assegurando a supremacia da legislação federal em todo o País, bem como a uniformidade de interpretação entre os tribunais das normas emanadas da União; é composto no mínimo, de 33 Ministros; compete principalmente apreciar “questões federais”, julgando os recursos especiais interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais Federais e de Tribunais Estaduais, quando a decisão recorrida: contrariar ou negar a vigência de lei federal, julgar válido ato do governo local contestado em face de lei federal ou der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
 
MINISTÉRIO PÚBLICO
 É instituição permanente, essencial á função jurisdicional do Estado, incumbida da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis; compete à instituição atuar:
 a) como órgão de defesa dos interesses sociais (p. ex., combate à criminalidade, controle externo da atividade policial, defesa do patrimônio público e social e defesa dos interesses difusos);
b) como fiscal do rigoroso cumprimento da lei em uma sociedade democrática
c)como defensor de interesses individuais indisponíveis (p. ex., tutela de interesses de menores, incapazes e acidentados).
 
NATUREZA JURÍDICA:
 Não faz parte da estrutura de nenhum dos poderes políticos, devendo ser tratado como uma instituição à parte, com autonomia financeira e administrativa.
  
Ordem Economica e Financeira
A Carta Magna de 1988 dedica à Ordem Econômica o Título VII, compreendendo os artigos 170 a 192. Determina o art. 170 que a Ordem Econômica brasileira terá como fundamentos a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa, com o objetivo de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Tais fundamentos e objetivos ainda que contraditórios e ambivalentes, estabelecem uma conexão sistemática para o interprete constitucional, qual seja a definição de um conjunto de normas programáticas, em uma Constituição dirigente.
 A expressão “ordem econômica” adquiriu dimensão jurídica a partir do momento em que as constituições dos Estados passaram a discipliná-la sistematicamente, fato este que se iniciou com a Constituição do México de 31 de janeiro 1917 e a Constituição alemã de Weimar de 11 de agosto de 1919. No Brasil, através da Constituição de 16 de julho 1934.
 Diante de todo o exposto, parafraseando André Ramos Tavares, temos que “a ordem econômica constitucional seria o conjunto de normas que realizam uma determinada ordem econômica no sentido concreto, dispondo a cerca da forma econômica adotada”
 
A Ordem Econômica Constitucional da Constituição de 1988.
 
As bases constitucionais do atual sistema econômico brasileiro encontram-se dispostas no Título VII, “Da Ordem Econômica e Financeira”, nos arts. 170 a 192.
 José Afonso da Silva assevera que a ordem econômica, consubstanciada em nossa Constituição vigente é uma forma econômica capitalista, porque ela se apóia inteiramente na apropriação privada dos meios de produção e na iniciativa Em outro sentido, Raul Machado Horta afirma que o texto constitucional na ordem econômica está “impregnada de princípios e soluções contraditórias. Ora reflete um rumo do capitalismo liberal, consagrando os valores fundamentais desse sistema ora avança no sentido de intervencionismo sistemático e do dirigismo planificador, com elementos socializadores”
 
Vejamos o disposto no art. da Carta de 1988:
 “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
 I - soberania nacional;
 II - propriedade privada;
 III - função social da propriedade;
 IV - livre concorrência;
 V - defesa do consumidor;
 VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
 VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
 VIII - busca do pleno emprego;
 IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”
 
Pela leitura do dispositivo constitucional podemos inferir que a Ordem Econômica Constitucional brasileira tem como fundamentos a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa privada.
 A valorização do trabalho humano é também fundamento da República Federativa do Brasil, nos termos no art. 1º, inc. IV da CF/88, nos levando a crer que a valorização do trabalho é um princípio, e mais precisamente, segundo a lição de J. J. Gomes Canotilho, um “principio político constitucionalmente conformador”
Manoel Gonçalves Ferreira Filho afirma que a valorização do trabalho é princípio sublinhado pelo constituinte dentro da linha firmada pela doutrina social da igreja, como sendo um valor cristão
 Já Eros Roberto Grau assevera que esta caracterização principiológica, denota uma preocupação com um tratamento peculiar ao trabalho que, “em uma sociedade capitalista moderna, peculiariza-se na medida em o trabalho passa a receber proteção não meramente filantrópica, porém politicamente racional”.
Seguindo este raciocínio é inegável que o trabalho diz respeito ao fator social da produção, porém ele está muito além da necessidade econômica de suprir as necessidades materiais – é uma necessidade, inerente à natureza humana e ao instituto da auto preservação e progresso pessoal
 José Afonso da Silva por sua vez, alerta que nossa ordem econômica embora de natureza capitalista que “dá prioridade aos valores do trabalho humano sobre todos os demais valores da economia de mercado”.
A livre iniciativa, como segundo fundamento da ordem econômica, a seu turno, também é fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, inc. IV da CF/88). Trata-se, pois, também de “princípio político constitucionalmente conformador”, que segundo Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior possui uma densidade normativa, da qual se pode extrair a “faculdade de criar e explorar uma atividade econômica a título privado” e a“ não sujeição a qualquer restrição estatal, senão em virtude de lei”.
Nesse sentido, salienta André Ramos Tavares que o postulado da livre iniciativa tem uma conotação normativa positivada (liberdade a qualquer pessoa) e um viés negativo (imposição da não-intervenção estatal).
José Afonso da Silva comenta que a livre iniciativa consagra uma economia de mercado, de natureza capitalista, já que a iniciativa privada é um princípio básico da ordem capitalista, e afirma também que “a liberdade de iniciativa envolve a liberdade de indústria e comércio ou liberdade de empresa e a liberdade de contrato”.
Porém, em contrapartida, Eros Roberto Grau, reconhece e insiste que a liberdade de iniciativa não se identifica apenas com a liberdade de empresa, pois ela abrange todas as formas de produção individuais ou coletivas, dando ensejo às iniciativas privada, cooperativa, autogestionária e pública.
 Contudo, é certo que é fundamental o reconhecimento de que a livre iniciativa tem seu ponto sensível na chamada liberdade de empresa, que pode ser entendida sobre três vertentes: “liberdade de investimento ou acesso; liberdadede organização; liberdade de contratação”.
 É importante registrar também, que estes fundamentos da valorização do trabalho humano e da livre iniciativa têm por finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.
 Existência digna é a finalidade ou objetivo da ordem econômica. Registre-se que o texto constitucional no art. 1º, inc. III, enaltece também a dignidade da pessoa humana a fundamento da República Federativa do Brasil. A dignidade da pessoa humana (ou existência digna) fundamenta e confere unidade não apenas aos direitos fundamentais, mas também à ordem econômica.
 Nesse sentido é a conceituação de José Afonso da Silva: “Dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida. “Concebido como referência constitucional unificadora de todos os direitos fundamentais, o conceito de dignidade da pessoa humana obriga a uma densificação valorativa que tenha em conta o seu amplo sentido normativo-constitucional e não uma qualquer idéia apriorística do homem, não podendo reduzir-se o sentido de dignidade humana à defesa dos direitos pessoais tradicionais, esquecendo-a nos casos de direitos sociais, ou invoca-la para construir ‘teoria do núcleo da personalidade’ individual, ignorando-a quando se trate de garantir as bases da existência humana. Daí decorre que a ordem econômica há de ter por fim assegurar a todos existência digna (art. 170), a ordem social visará a realização da justiça social (art. 193), a educação o desenvolvimento da pessoa e o seu preparo para o exercício da cidadania (art. 205) etc., não como meros enunciados formais, mas como indicadores do conteúdo normativo eficaz da dignidade da pessoa humana”.
 No tocante à ordem econômica ter como conseqüência a justiça social, Manoel Gonçalves Ferreira Filho observa que esta expressão “justiça social” não possui um sentido unívoco, contudo seu uso é divulgado especialmente pela doutrina social da Igreja, podendo ser considerada como, a “virtude que ordena para o bem comum todos os atos humanos exteriores”.
Também nesta esteira de raciocínio, Eros Roberto Grau menciona que a “justiça social, inicialmente quer significar superação das injustiças na repartição, a nível pessoal do produto econômico (...) passando a consubstanciar exigência de qualquer política econômica capitalista”.
 Vale também ressaltar a lição de José Afonso da Silva que anuncia que a “justiça social só se realiza mediante eqüitativa distribuição da riqueza”, possibilitando que o capitalismo se humanize.
 
Por fim, para que ordem econômica, cujos fundamentos são a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa, que objetivam assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, deverão ser observados os princípios indicados nos incisos do art. 170 da Carta de Outubro de 1998.
Estes princípios, são princípios gerais da atividade econômica, considerados núcleos condensadores de diretrizes ligados à apropriação privada dos meios de produção e a livre iniciativa que consubstanciam a ordem capitalista de nossa economia.
 O primeiro destes princípios é a soberania nacional, que constitui também um fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, inc. I da CF/88) e deve ser considerado como um dos elementos constitutivos do Estado, sendo seu elemento formal que implica em supremacia na ordem interna e independência na ordem externa. Porém, sua inserção na ordem econômica diz respeito à formação de um capitalismo nacional autônomo e sem ingerências, o não se supõe o isolamento econômico perante as demais nações.
José Afonso da Silva assevera que a soberania nacional econômica, nos traz a noção de que “o constituinte de 1988 não rompeu com o sistema capitalista, mas quis que se formasse um capitalismo nacional autônomo, isto é, não dependente”.
 A Carta Magna inscreveu também a propriedade privada e a sua função social como princípios da ordem econômica (art. 170, II e III). Não obstante, no art. 5º, XXII e XXIII, da CF/88 existem normas idênticas, além de vários outros dispositivos constitucionais a respeito onde a propriedade é tratada como direito individual. Segundo Eros Roberto Grau tal entendimento constitui uma imprecisão, pois existe distinção entre “função individual” (justificada na garantia de subsistência do indivíduo e de sua família) e “função social” (justificada pelos seus fins, seus serviços, sua função) da propriedade.
 José Afonso da Silva também comenta que as normas constitucionais relativas à propriedade denotam que ela não pode mais ser considerada como um direito individual nem como instituição de Direito Privado.
Assim, deve-se ter em mente que a propriedade privada vertida sob a ótica de principio da ordem econômica, é aquela que se insere no processo produtivo, envolvendo basicamente a propriedade – dita dinâmica – dos bens de consumo e dos bens de produção. Quanto aos bens de consumo (aqueles que são consumidos no mercado a satisfazem as necessidades humanas), nos dizeres de José Afonso da Silva, estes “são imprescindíveis à própria existência digna das pessoas, e não constituem nunca instrumentos de opressão, pois satisfazem necessidades diretamente”
Já quanto os bens de produção (aqueles que irão gerar outros bens ou rendas), para Eros Roberto Grau, é sobre eles incidindo “que se realiza a função social da propriedade. Por isso se expressa, em regra, já que os bens de produção são postos em dinamismo, no capitalismo, em regime de empresa, como função social da empresa”.
Em linhas gerais, significa dizer que garante-se a propriedade privada dos bens de produção, até porque estamos diante de um sistema capitalista, contudo seu uso está condicionado à um fim, qual seja “assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social” (art.170 da CF/88).
Esta é a noção que se extrai da lição de Fábio Konder Comparato:
 “Quando se fala em função social da propriedade não se indicam as restrições ao uso e gozo dos bens próprios. Estas últimas são limites negativos aos direitos do proprietário, mas a noção de função, no sentido em que é empregado o termo nesta matéria (e a matéria é precisamente a função social da propriedade), significa um poder de dar ao objeto da propriedade destino determinado, de vinculá-lo a certo objetivo. O adjetivo social mostra que este objetivo corresponde ao interesse coletivo e não ao interesse próprio do dominus; o que não significa que não possa haver harmonização entre um e outro. Mas, de qualquer modo, se está diante de um interesse coletivo e essa função social da propriedade corresponde a um poder-dever do proprietário, sancionável pela ordem jurídica.”
 Eros Roberto Grau também menciona que o princípio da função social da propriedade impõe ao proprietário, ou quem detenha o controle da empresa, o dever de exercê-lo em benefício de outrem, e não apenas de não o exercer em prejuízo de outrem. Assim, este princípio impõe um comportamento positivo, prestação de fazer e não meramente de não fazer aos detentores do poder que deflui a propriedade, ele integra o conceito jurídico positivo da propriedade.
 Outro princípio expresso é o da livre concorrência (inc. IV), que é definida por André Ramos Tavares como “a abertura jurídica concedida aos particulares para competirem entre si, em segmento lícito, objetivando êxito econômico pelas leis de mercado e a contribuição para o desenvolvimento nacional e a justiça social”. Para grande parte dos doutrinadores a livre concorrência é um desdobramento da livre iniciativa. Seguindo esta posição Eros Roberto grau a define como “livre jogo das forças do mercado, na disputa de clientela”.
 Também estão inseridos como princípios a defesa do consumidor (inc. V), a defesa do meio ambiente (inc. VI), a redução das desigualdades regionais e sociais (inc. VII) e a busca do pleno emprego (inc. VIII). Eles são denominados por José Afonso da Silva como “princípios de integração, porque todos estão dirigidos a resolver os problemas

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