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AcidentedeGoiania

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Acidente Radiológico de Goiânia
IRRESPONSABILIDADE E CURIOSIDADE
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GOIÂNIA, 13 DE SETEMBRO DE 1987
QUANDO TUDO COMEÇOU......
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	O QUE É O CESIO 137
		O elemento químico césio, cujo nome vem do latim caesius, que significa céu azul, foi descoberto em 1860. O pó azul é um elemento radioativo que não existe na natureza. Ele é resultado da queima do Urânio 235 dentro de um reator nuclear.
		Não há mais, no Brasil, aparelhos com o Césio 137. Hoje, de acordo com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a radioterapia utiliza equipamentos com cobalto 60, que são muito similares aos com Césio, mas, pelos aceleradores lineares de elétrons, só produzem radiação quando ligados a uma fonte de alta tensão.
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	A propagação do césio-137 para as casa próximas onde o aparelho foi desmontado se deu por diversas formas. Merece destaque o fato de o CsCl ser higroscópico, isto é, absorver água da atmosfera. Isso faz com que ele fique úmido e, assim, passe a aderir com facilidade na pele, nas roupas e nos calçados. Levar as mãos ou alimentos contaminados à boca resulta em contaminação interna do organismo. 
CLORETO DE CÉSIO
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 		A fonte de Césio que deu origem ao maior acidente radiológico do mundo foi manipulada pela curiosidade de dois sucateiros que encontraram um aparelho de radioterapia, nas antigas dependências do Instituto Goiano de Radioterapia, um prédio abandonado da Santa Casa de Misericórdia. 
		Era a manhã do domingo, 13 de setembro de 1987, quando dois sucateiros, Roberto dos Santos e Wagner Mota, removeram a máquina em um carrinho de mão até a casa de um deles. Eles ignoravam o que era aquela peça de 100 quilos, estavam apenas interessados no que podiam ganhar com ela, vendendo as partes de metal e chumbo em ferro-velhos da cidade. 
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		Durante a desmontagem do aparelho, foram expostos ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), pó branco semelhante ao sal de cozinha, no entanto, brilha no escuro com uma coloração azulada.
     Cinco dias depois, a peça foi vendida a Devair Alves Ferreira, que a arrombou e se encantou com o brilho azul emitido pelo pó de césio 137. Acreditando estar diante de algo sobrenatural, Ferreira passou do dia 18 até o dia 21 recebendo amigos e curiosos interessados em conhecer o misterioso pó brilhante. 
     
		Dentre essas pessoas estava seu irmão, Ivo, que fora visitá-lo porque sabia que Devair estava doente. Na avaliação da família, ele estava com intoxicação alimentar. Os primeiros sintomas da contaminação (tonturas, náuseas, vômitos e diarréia) apareceram algumas horas depois do contato com o pó, levando as pessoas a procurar farmácias e hospitais, sendo medicadas como portadoras de uma doença contagiosa. Na verdade, descobriu-se mais tarde que ele apresentava sintomas descritos pelos médicos como Síndrome Aguda da Radiação. 
		Ivo levou um pouco do pó de Césio para casa e mostrou as pedrinhas brilhantes para a esposa, a filha e os amigos. Sua filha, Leide das Neves, de seis anos de idade, não só manipulou as pedrinhas, como também ingeriu pequena quantidade delas. É que a menina brincou com as pedras antes do jantar e, ao alimentar-se, comeu césio misturado à comida. Leide foi a primeira a morrer. Ela foi considerada a maior fonte radioativa do mundo, já que foi quem mais absorveu a radiação do Césio de todos os que foram irradiados. 
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A menina de 6 anos, Leide das Neves ,foi a primeira vítima a falecer, às 11:55 em 23.10.87. Sua tia, Maria Gabriela Ferreira, 37 anos, esposa do 
dono do ferro-velho, 
foi a segunda a falecer, 
às 18:10 do mesmo dia. 
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O QUE SÃO EFEITOS DE ALTAS DOSES
 Epilação;
 Esterilidade;
 Cataratas;
 Mudança na contagem sanguínea (leucócitos, megacariócitos e leucócitos).
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S.A.R ( SÍNDROME AGUDA DA RADIAÇAO)
Se vários tecidos e órgãos importantes são danificados pela radiação, pode-se desencadear uma reação aguda, apresenta sintomas iniciais como: náuseas, vomito, fadiga e perda de apetite. Uma S.A.R pode ser classificada em três tipos:
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 SÍNDROME HEMATOPOIÉTICA;
 Caracterizada como Tipo 1: Atinge os órgãos formadores do sangue e seus derivados;
 SÍNDROME GASTRINTESTINAL;
 Tipo 2: Atinge o sistema gastrintestnal alto e baixo;
 SÍNDROME DO S.N.C; 
 Tipo 3: Atinge o cérebro e o sistema muscular.
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 Leide das Neves Ferreira, 
	 Primeira vítima a falecer, morreu aos 6 anos de idade, às 18 horas de 23 de outubro. 
	Ingeriu césio 137 com pão. 
	700 REM OU RAD
	
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 Maria Gabriela Ferreira , 37 anos,
	Tia de Leide e esposa do dono do ferro velho, foi a segunda a falecer;
	550 REM OU RAD
	
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 Roberto Santos Alves, 21 anos, 
 Teve o antebraço amputado e foi o terceiro a morrer
	500 REM OU RAD
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 Admilson Alves de Souza, 18 anos, 
	Foi o quarto a morrer, acentuada diminuição dos glóbulos brancos, coma com parada cardio-respiratória.
	400 REM OU RAD
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 Os trabalhos de descontaminação dos locais afetados produziram 13,4 t de lixo contaminado com césio-137: roupas, utensílios, plantas, restos de solo e materiais de construção. O lixo do maior acidente radiológico do mundo está armazenado em cerca de 1.200 caixas, 2.900 tambores e 14 contêiner em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, vizinha a Goiânia, onde deverá ficar, pelo menos 180 anos. 
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O túmulo da garota Leide das Neves foi coberto por 35 Kg de chumbo, e concreto, pois por ser uma fonte radioativa, emitirá radiação por 130 anos, no mínimo.
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BALANÇO DA TRAGÉDIA:
 112,800 PESSOAS MONITORADAS; MÉDICOS; 
ENFERMEIROS;
BOMBEIROS; POLICIAIS, DIRETOS E INDIRETAMENTES;
 55 VÍTIMAS RECEBERAM ALTAS DOSES;
 51 VÍTIMAS SOFRERAM A S.A.R 
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	A cápsula do césio possuía 3 cm de comprimento e 90 gramas de peso. Os envolvidos no acidente, por ignorarem a periculosidade do conteúdo, distribuíram suas partes e porções do pó radioativo entre várias pessoas e locais da cidade, abrangendo área superior a 2.000 m2, localizada no centro de Goiânia. 
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19 ANOS DEPOIS:
A economia da capital do estado de Goiás é a melhor do centro oeste, pois era preciso reconquistar seu espaço na mercado nacional;
Aonde era o local do acidente, hoje é o Centro de Convenções de Goiânia, localizado no centro da capital;
Foi criada a Fundação Leide das Neves (SULEIDE), para atendimento exclusivo e permanente dos acidentados;
Até hoje, muitos fetos nascem com defeitos em função da contaminação, segundo estudos médicos. Além disso, ainda é grande o número de casos de câncer que são relacionados com o caso. 
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 A historia do maior acidente radiológico do mundo virou filme; CÉSIO NO SANGUE, que relata a historia e a discriminação que algumas pessoas sofrem até hoje, devido a tragédia;
O Acidente Nuclear de Goiânia é considerado o mais grave do mundo, pelo número de pessoas expostas, pela irresponsabilidade do governo e da CNEN.

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