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CARLOS TEIXEIRA SILVA DOGLAS JOSÉ JORGE KALIANDRA CARVALHO CHAVES ESMALTE DENTAL Balneário Camboriú Junho de 2017 CARLOS TEIXEIRA SILVA DOGLAS JOSÉ JORGE KALIANDRA CARVALHO CHAVES ESMALTE DENTAL Trabalho apresentado à Faculdade Avantis, como requisito para a conclusão da matéria de Histologia e Embriologia Bucal, como requisito para avaliação do Curso de Graduação em Odontologia. Orientadora: Prof.ª Sarah Bernhardt Ozelame Balneário Camboriú 2017 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4 2 ESMALTE DENTAL ................................................................................................ 5 2.1 AMELOGÊNESE ............................................................................................... 5 2.1.1 Fase morfogenética (pré-ameloblasto) ........................................................ 6 2.1.3 Fase de formação ou secretora (ameloblasto ativo, secretor ou maduro) .. 7 2.1.5 Fase de proteção ........................................................................................ 9 2.1.5 Fase desmolítica ....................................................................................... 10 2.2 UNIDADES ESTRUTURAL DO ESMALTE ...................................................... 10 2.2.1 Esmalte Prismático .................................................................................... 11 2.2.2 Esmalte Aprismático .................................................................................. 14 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 16 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 17 4 1 INTRODUÇÃO O esmalte dentário é uma porção produzida pelo órgão do esmalte, onde os ameloblastos que anteriormente faziam parte do epitélio interno geram uma estrutura, que posteriormente, através da cristalização de sais minerais resulta no tecido adamantino. Melfi e Alley (2010) afirmam que o esmalte é formado por substâncias tanto inorgânicas (sais minerais), quanto orgânicas. Para o processo de formação do esmalte dentário dá-se o nome amelogênese, a qual os ameloblastos passam pelas seguintes fases: morfogenética, diferenciação, secreção, maturação, proteção e também a desmolítica. Para Ferreris e Muñoz (2006) a estrutura histológica do esmalte é constituída pela denominada unidade estrutural básica, o prisma do esmalte. O conjunto de prismas do esmalte formam o esmalte prismático, que constitui a maior parte da matriz extracelular mineralizada. Já na parte periférica da coroa e na junção amelodentinária existe o esmalte aprismático, no qual a substância adamantina mineralizada não constitui nem configura primas. A metodologia de pesquisa utilizada foi a bibliográfica, documental de caráter qualitativo. Com base nesses princípios, esse estudo busca informar através de livros acadêmicos publicados a partir do ano de 2006, disponíveis na biblioteca da Faculdade Avantis como se caracteriza o processo de formação do esmalte dentário e suas tipologias. 5 2 ESMALTE DENTAL Segundo os resultados alcançados com os estudos Melfi e Alley (2010) afirmam que o esmalte é formado por substâncias tanto inorgânicas (sais minerais), quanto orgânicas. Já em estado maduro possui cerca de 96% de substancias inorgânicas; o saldo é uma matriz orgânica (a estrutura) e água. O esmalte é considerado o mais duro tecido do organismo; com conteúdo mineral excede, de longe, o da dentina (70%), o do cemento (50%) e o do osso (50%). Mesmo sendo considerado o tecido do dente, não contém células. Suas células formadoras, os ameloblastos, não se tornam parte integrante do esmalte, não possui vasos sanguíneos e nervos como os ossos. Compreende a camada externa da coroa anatômica do dente, recobre e protege a dentina da coroa, acompanha o contorno da superfície oclusal do dente, fissuras, e fossetas; está firmemente ancorada à dentina subjacente, ao nível da junção amelodentinatária, e encontra-se geralmente, com o cemento ao nível da junção cemento-esmalte. 2.1 AMELOGÊNESE Com base nos estudos de Katchburian e Arana (2012) as células que formarão o esmalte do epitélio interno do órgão do esmalte diferenciam-se em ameloblastos. Somente depois da primeira deposição da camada de dentina que os pré- ameloblastos completam sua diferenciação em ameloblastos, a formação propriamente dita do esmalte inicia-se durante a fase da coroa. Os ameloblastos durante a formação do germe dentário passam por uma série de fases que envolvem todas as mudanças sofridas por esses elementos, desde quando as células possuem um caráter absolutamente indiferenciado até que, após a diferenciação e a maturação desaparecem por completo. Cada fase se caracteriza por mostrar mudanças estruturais citoquímicas e ultraestruturais que podem depender do estado funcional que possuem as células em relação aos processos de formação ou maturação do esmalte. 6 Na publicação Katchburian e Arana (2012) não há menção da fase desmolítica, diferentemente a publicação de Ferreris e Muñoz (2006), as fases que envolvem o processo completo da amelogênese são: morfogenética (pré-ameloblasto), de organização ou diferenciação (ameloblasto jovem), formação ou secreção (ameloblasto ativo, secretor ou maduro) de maturação proteção e fase desmolítica. 2.1.1 Fase morfogenética (pré-ameloblasto) Aqui nesta fase para Ferreris e Muñoz (2006) ocorre a interação das células do epitélio interno do órgão do esmalte com as células do ectomesênquima da papila dando forma a junção amelodentinária da coroa. Os pré-ameloblastos são células cilíndricas baixas com núcleo ovalado e volumoso, com localização central ocupando quase completamente o corpo celular, o Complexo de Golgi e os Centríolos estão localizados na região adjacente ao estrato intermediário, enquanto as Mitocôndrias estão distribuídas pelo Citoplasma, na região adjacente ao estrato intermediário há sistemas desenvolvidos de junções intercelulares. O epitélio interno do órgão do esmalte está separado do tecido conjuntivo da papila dentária por uma lâmina basal, a lâmina basal ameloblástica, contém laminina, colágeno tipo I, IV e VI, predominando o tipo IV, enctina, sulfato de heparan e fibronectina. A região pulpar adjacente apresenta uma zona acelular, clara e estreita, do ponto de vista histoquímico é metacromática e alcianófila. Os pré-ameloblastos são ricos em prolongamentos citoplasmáticos que vão da superfície proximal até a matriz intercelular, penetrando nesta, entram em contato com as células ectomesenquimáticas da papila desempenhando importante função nas interações epitélio-mesênquima. Diferentes são os fatores que atuam neste período, o fator transformador de crescimento beta, o fator de crescimento fibroblástico, o fator de crescimento epidérmico e o fator de crescimento derivado de plaquetas, os dois últimos são produzidos por pré-odontoblastos primitivos, incidindo sobre diferenciação geral das células que formam o estágio de casquete do germe dentário. Nos pré- ameloblastos desta fase morfogenética dar início a expressão e a secreção da tufelina,sialofosproteína dentinária e de ATPase de pendente de cálcio com base Ferreris e Muñoz (2006). 7 2.1.2 Fase de diferenciação ou organização (ameloblasto jovem) Coincide também com o período de campânula, as células do epitélio interno do esmalte, expressam baixo nível de receptores de Notch e ator de crescimento epidérmico, induzem a elaboração de fator transformador de crescimento beta, as células mesenquimáticas do tecido conjuntivo adjacente e se diferenciarem em odontoblastos, neste período as células do epitélio interno do órgão do esmalte alongam-se. Com o alongamento ocorre a inversão da polaridade, enquanto o complexo de Golgi migra em sentido inverso, para o lado próximo a papila dentária, determinando o novo polo distal, também se desenvolve cisternas de retículos endoplasmático granular. Estes eventos coincidem com o aparecimento de um citoesqueleto bem desenvolvido, constituído por numerosos microtúbulos orientados paralelamente ao longo eixo da célula. Nesse estágio com a nova disposição do núcleo e das organelas as células se denominam pré-ameloblastos, essa diferenciação ocorre gradualmente até tornarem-se ameloblastos secretores de acordo com a afirmação de Ferreris e Muñoz (2006). 2.1.3 Fase de formação ou secretora (ameloblasto ativo, secretor ou maduro) Para Katchburian e Arana (2012) no início desta fase os componentes do órgão do esmalte são o epitélio externo, o reticulo estrelado e estrato intermediário e os ameloblastos. Vale ressaltar que a amelogênese começa nessas regiões e avança em direção à alça cervical. No início desta fase os componentes do esmalte ligam-se pela junção intercelular comunicantes e desmossomos, entre os ameloblastos recém- diferenciados, as junções oclusivas dos complexos juncionais distais, desenvolvem- se ainda mais passando a constituir extensas fileiras. Nota-se que na formação do esmalte, suas mineralizações são reguladas unicamente pelos ameloblastos por causa da restrição intercelular. A fase secretora marca o início da amelogênese propriamente ditas, os ameloblastos já tem todas as características ultraestruturais das células sintetizadoras e secretoras de proteínas. A superfície distal dos ameloblastos, nos primeiros 8 momentos da fase secretora é mais ou menos plana, apresentando numerosas e curtas protrusões com aspectos de microvilos e invaginações define Katchburian e Arana (2012). Segundo Katchburian e Arana (2012) a composição da matriz do esmalte é basicamente proteica, contendo carboidrato e lipídios, costumam ser reconhecidos dois grupos de proteínas na matriz de esmalte recém-secretada, são as amelogeninas e suas isoformas, as mais abundantes e hidrofóbicas que são ricas em acídias. A mineralização inicial chega apenas até 15% do total da matriz recém-formada, sendo o esmalte jovem constituído principalmente por componentes orgânicos. Os primeiros cristais de mineral de hidroxiapatita, são depositados direto com a dentina do manto, que forma uma camada mineralizada continua. Assim formando uma primeira camada mais ou menos homogênea de esmalte, com os cristais de mineral alinhados perpendiculares a superfície de dentina. Os ameloblastos se afastam em direção ao estrato intermediário, desenvolvendo uma curta projeção cônica a partir do seu citoplasma distal, o processo de Tomes. O aparecimento dessa nova estrutura no polo distal dos ameloblastos inicia a segunda parte da fase secretora e em razão dessas projeções passarem a comandar a orientação do esmalte em formação. Em razão do processo de Tomes a camada de ameloblastos secreta ativamente e apresenta no conjunto de sua porção distal com aspectos serrilhados, já outros componentes do órgão do esmalte sofrem algumas modificações, as células do estrato intermediário começam a exibir alta atividade da enzima fosfatase alcalina, enquanto o reticulo estrelado sofre perda de seu material intercelular, e como consequência deste processo à totalidade do órgão do esmalte , na região correspondente à matriz em formação sofre colapso, permitindo a aproximação entre a camada do ameloblasto e o epitélio externo, ou seja ameloblasto e folículo dentário. O folículo é a única fonte de nutrição já que a dentina calcificada impende a passagem de nutrientes vindo dos vasos sanguíneos da papila dentária. Os vasos do folículo passam a constituir a fonte de nutrição dos ameloblastos para a secreção das moléculas da matriz e andamento do processo de mineralização, também nesta fase vasos sanguíneos do folículo penetram no reticulo estrelado pelas invaginações do epitélio externo, diminuindo a distância entre do estrato intermediário e ameloblastos completa Katchburian e Arana (2012). 9 2.1.4 Fase de maturação De acordo com Ferreris e Muñoz (2006) a fase de maturação se produz após ter sido formada a maior parte da espessura da matriz do esmalte na região oclusal ou incisal, nas partes cervicais da coroa a formação de esmalte ainda continua. Os ameloblastos diminuem de tamanho e aumentam de diâmetro transversal, o Complexo de Golgi e Retículo Endoplasmático Rugoso diminuem de volume. As Mitocôndrias e o número de lisossomos e autofagossomos, com conteúdo semelhante ao da parte orgânica aumentam. O processo de Tomes desaparece, no polo proximal surgem microvilosidades e invaginações tubulares. Nessa fase as células possuem capacidade absortiva, permitindo eliminar água e matriz orgânica do esmalte. Com a eliminação dos componentes orgânicos aumenta o espaço para os componentes inorgânicos. Também é comprovado que diminui a produção de proteína no esmalte, mas não completamente. O ameloblasto sintetiza abundante ATPase dependente de cálcio e numerosas enzimas lisossômicas e progressivamente fosfatase alcalina. O pH da matriz é ácido, porém existem mecanismos para tornar a parede lisa quando a acidez alcança certo limite. Os cristais que estão se formando podem desmineralizar. O contato com elevadas concentrações de flúor pode acidificar este micromeio diz Ferreris e Muñoz (2006) Ainda de acordo com Ferreris e Muñoz (2006) na maturação existe uma dependência entre a existência de um pH ácido e solubilidade da amelogemina, o que, sem dúvida, atua no processo de biomineralização. O ameloblasto além de absortivo atua no transporte de cálcio e outros íons como o bicabornato, formando um sistema tampão para a matriz do esmalte e para o desenvolvimento e crescimento dos cristais de hidroxiapatita. Na fase de transição morrem 25% dos ameloblastos, e durante a maturação mais 25% são perdidos. O restante deve ocupar o espaço existente, por isso a morfologia dos ameloblastos torna-se mais plana. 2.1.5 Fase de proteção 10 Ferreris e Muñoz (2006) diz que após a regressão dos ameloblastos eles passam a constituir o epitélio reduzido do esmalte cuja função é proteger o esmalte maduro separando-o do tecido conjuntivo até a erupção. O último produto de secreção de ameloblastos é chamada de membrana de Nasmyth. O esmalte não pode ser substituído pois não existe uma maneira de recuperar os ameloblastos. 2.1.5 Fase desmolítica Para Ferreris e Muñoz (2006) na fase chamada de desmolítica epitélio reduzido prolifera e induz a atrofia do tecido conjuntivo que o separa do epitélio bucal. Deste modo os dois epitélios podem se fundir. Enzimas que destroem o tecido conjuntivo por desmólise são elaboradas pelas células do epitélio dentário. Se ocorrer a degeneração prematura do epitélio reduzido, a erupção pode não ocorrer. 2.2 UNIDADES ESTRUTURAL DO ESMALTE Com base nos estudosapresentados por Ferreris e Muñoz (2006) a matriz do esmalte é secretada na forma de prismas do esmalte e substâncias interprismática, sua unidade básica estrutural é formada pelos prismas do esmalte, estruturas compostas pelos cristais hidroxiapatita, seu estudo microscópio é difícil devido a interferência óptica, originado pela composição totalmente cristalina no interior do prisma. O esmalte prismático é formado pelo conjunto de prismas do esmalte, constituindo a maior porção da matriz extracelular mineralizada, já na parte periférica, mais precisamente na coroa e na junção amelodentinária encontra-se o esmalte que é denominado de esmalte aprismático, neste a substância adamantina não constitui e nem configura-se prismas. 11 2.2.1 Esmalte Prismático Ferreris e Muñoz (2006) define que os prismas são estruturas longitudinais que, em média, possuem 4 µm de espessura e da junção amelodentinária até a superfície do esmalte, seu cumprimento é de maior do a própria espessura do esmalte, pois o curso do esmalte é sinuoso, seu diâmetro varia entre 4 a 10 µm, é menor em seu ponto de origem e aumenta gradativamente à medica que se aproxima da superfície livre, seu número de primas também pode ser variável em relação ao tamanho da coroa, estima-se que seja de 5 a 12 milhões. Em se tratando de morfologia dos prismas, Ten Cate denomina como barra a região da cabeça ou corpo dos prismas e região interbarra ou interprismática a cauda, tal terminologia gera confusão, induzindo a crer que a cauda não é parte do prisma e que seu material interprismático está localizado na região da cauda; essas situações são falsas e essa terminologia é inadequada. Seu material orgânico é muito escasso, está distribuído basicamente na periferia dos prismas rodeando a estrutura em buraco de fechadura – cabeça e cauda. Esse material orgânico periférico é praticamente insolúvel e corresponde a bainha dos prismas. Na microscopia eletrônica de transmissão esta bainha aparece formando um fino retículo tridimensional que associa os prismas uns aos outros acredita Melfi e Alley (2010). Também em relação ao estudo morfológico dos prismas Ferreris e Muñoz (2006) diz é importante ressaltar três aspectos de grande importância. Em primeiro lugar, como os cortes nem sempre são transversais, os bastões ou prismas seccionados tem imagens muito variadas, predominando imagens de buraco de fechadura. Em segdo lugar, os cortes longitudinais com microscopia eletrônica de varredura e técnicas especiais, como elétrons retrodispersos, é possível ver que os prismas apresentam uma segmentação transversal por linhas mais densas com intervalos de 4µm, relacionados com períodos de descanso da posição da matriz orgânica (amelogênese) que se realizada de maneira rítmica. As linhas são mais pronunciadas no esmalte pouco calcificado, para alguns autores essas linhas transversais ou estrias são interpretadas como bandas de menor conteúdo mineralizado. Em terceiro lugar, com relação à morfologia, os prismas apresentam em condições normais três padrões morfoestruturais distintos quando se utiliza a técnica de ataque ácido. Essa técnica é muito usada na prática odontológica, permite eliminar a placa dental e descalcificar o 12 esmalte a uma profundidade de ± 10 µm, facilitando a adesão de diferentes matérias usados na restauração, essa técnica permite indicar três diferentes padrões: Padrão tipo I: o centro do prisma aparece erosionada, permanecendo insolúvel a periferia. Padrão tipo II: a periferia dos prismas aparece erosionada, permanecendo insolúvel a região central. Padrão tipo III: uma erosão generalizada é produzida e se configuram imagens que lembram a morfologia prismática em escamas de peixe ou em buraco de fechadura. Ferreris e Muñoz (2006) concluir que a existência destes padrões não está claramente explicada, mesmo se relacionando com variações na composição química dos prismas e, acima de tudo, com possíveis diferenças regionais entre dentes distintos. Em relação a composição dos prismas Melfi e Alley (2010) determina que são unidades estruturais do esmalte, constituídas pelo conjunto de cristais de hidroxiapatita, apresentam uma orientação muito definida no interior, em um corte longitudinal observa-se que eixos maiores dos cristais de hidroxiapatita se dispõem paralelamente ao eixo longitudinal do prisma até que os cristais adquiram uma posição perpendicular, em relação ao eixo longitudinal do prisma, na região da cauda. A disposição deve-se a síntese e formação do esmalte pelos ameloblastos. A distância entre cristais, ocupada por substância orgânica, nunca é superior a 2-3 nm. Por isso, os valores de dureza e do nódulo elástico de Young são mais baixos (maior eslasticidade) na cauda do prisma do que na cabeça e ainda mais baixos (eslasticidade) na bainha do prisma, isso se acontece pelo maior conteúdo orgânico existente nessas áreas. Melfi e Alley (2010) afirmam também que no interior do esmalte a orientação dos prismas é bem é complexa, os mesmos não seguem uma trajetória retilínea através do esmalte, em algumas regiões, por seu trajeto sinuoso, são entrecruzados ou até entremeados. Os prismas que quando se dirigem da superfície da dentina até a superfície externa do dente se organizam e dispõe em planos ou fileiras circunferenciais em torno do eixo maior do dente. Nos anéis circunferenciais de prismas que constituem o esmalte, cada prisma faz um trajeto ondulado para a direita e para a esquerda no plano transversal do dente e para cima e para baixo no plano 13 longitudinal do mesmo. Entre as fileiras ou planos sucessivos existe uma mudança de orientação de aproximadamente dois graus. Para Ferreris e Muñoz (2006) o estudo da orientação dos prismas tanto em cortes longitudinais quanto transversais é fundamental para a sua aplicação posterior no preparo de cavidades em dentística operatória, pois a orientação pode variar em cada região ou setor em que o dente é analisado. Uribe fez novas investigações e introduziu novos conceitos em relação à orientação dos prismas e sua incidência no preparo das cavidades em cortes longitudinais de pré-molares e molares. Os resultados obtidos mediante micrografias e perfilogramas de contorno por projeção óptica, em que se mediram os ângulos de terminação dos prismas na superfície e adamantina utilizada utilizando um goniômetro óptico, são: Os prismas formam ângulos agudos (de ±60,33 graus sexagésimos) em direção à profundidade dos sulcos e fossas das faces oclusais de molares e pré-molares em sua terminação com a superfície externa do esmalte. Os prismas formam ângulos retos de ±90° ao nível dos vértices cuspídeos (formam os respectivos tubérculos) e na profundidade dos sulcos e fossas oclusais, portanto os planos de clivagem são perpendiculares à sua superfície externa. Deve-se considerar que as cúspides de todos os dentes são zonas desprotegidas que devem ser protegidas durante o preparo de cavidades e com materiais restauradores adequados. Por outro lado, a perpendicularidade dos prismas na profundidade dos sulcos oclusais determina a produção de micro fissuras com conteúdo glicoprotéico que forma áreas de alto risco para a cárie por pseuodobiofilme. Os prismas formam ângulos obtusos em direção oclusal (de ±106,5 graus sexagésimos) quando terminam na superfície do esmalte correspondente ao terço gengival ou médio das faces mesial, distal, vestibular, lingual ou palatina com média de ±96,25 graus sexagésimos. Os prismas apresentam uma zona de entrecruzamento acentuado na projeção dos vértices cuspídeos com o corno dentário correspondente,denominada “esmalte nodoso”. Considera-se com uma área de proteção interna do esmalte à perpendicularidade dos prismas ao nível incisal e cuspídeo. Ferreris e Muñoz (2006) lembram da importância de conhecer a exata direção dos prismas de esmalte objetiva respeitar, ao preparar as cavidades, o seguinte axioma terapêutico: toda parte do esmalte deve ter seu apoio dentário 14 correspondente. A complexa disposição dos prismas em fileiras ou planos circunferências, como indicado anteriormente, e a diferente orientação dos mesmos na espessura do esmalte permite que ele resista, eficazmente, às forças da mastigação. 2.2.2 Esmalte Aprismático Ferreris e Muñoz (2006) definem o material calcificado sem prismas como esmalte aprismático, está localizado na superfície externa do esmalte prismático e possui uma espessura de 30 µm. Alguns autores estendem a espessura do esmalte aprismático até 100 µm. O esmalte aprismático está presente em todos os dentes decíduos (zona superficial em toda a coroa) e em 70% dos dentes permanentes. Nos últimos se encontra localizado em maior quantidade nas regiões cervicais e nas zonas das fissuras e microfissuras e, em menor quantidade, nas superfícies cuspídeos. No esmalte aprismático os cristais de hidroxiapatita se dispõem paralelos entre si e perpendiculares à superfície externa. Com microscopia de força atômica foi mostrado que a superfície dentária a esse nível é constituída por partículas de até 100 µm dispostas em contato muito estreito umas com as outras, que são formadas, por sua vez, pela associação de vários cristais de hidroxiapatita. Em relação a formação Ferreris e Muñoz (2006) salientam que no esmalte aprismático são propostos dois mecanismos. O primeiro consiste na ausência ou menor desenvolvimento dos processos de Tomes dos ameloblastos, responsáveis pela formação dos prismas e pala disposição dos cristais no desenvolvimento conhecido como a amelogênese. Este mecanismo se denomina padrão de formação tipo P ou prisma-dependente. O segundo mecanismo é, na realidade, uma variedade do anterior e se denomina padrão de formação do tipo R ou Retzius-dependente. Mediante o mesmo, grupos de ameloblastos individuais, dispostos sobre as estrias de Retzius próximas à periferia, formam esmalte aprismático ao mesmo tempo que se configura estrias. O esmalte aprismático que se forma na região cervical e na região media da cora segue fundamentalmente um padrão de formação tipo R, enquanto o esmalte aprismático que se forma na superfície oclusal e cuspídea segue um padrão de formação tipo P. 15 Melfi e Alley (2010) acreditam que o esmalte aprismático constitui um sério inconveniente do ponto de vista clínico quando se utiliza o ataque ácido, pois não se conseguem as microrretenções por não existir prismas e, por isso aumenta o tempo de ataque ou se elimina o esmalte adjacente à junção amelodentinária também se dispõe perpendicularmente à dentina devido aos ameloblastos ainda não terem desenvolvido o processo de Tomes. 16 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao mecanismo de formação do esmalte dar-se o nome de amelogênese. Este mecanismo possui duas grandes etapas. A primeira, elaboração de uma matriz orgânica extracelular. Já na segunda grande etapa ocorre a mineralização quase que imediata da mesma, envolvendo a formação, nucleação e crescimento dos cristais e também a remoção da matriz orgânica e maturação do cristal. Esses processos acontecem simultaneamente. Os ameloblastos durante a formação do germe dentário passam por uma série de fases que envolvem todas as mudanças sofridas por esses elementos, desde quando as células possuem um caráter absolutamente indiferenciado até que, após a diferenciação e a maturação desaparecem por completo. Cada fase se caracteriza por mostrar mudanças estruturais citoquímicas e ultraestruturais que podem depender do estado funcional que possuem as células em relação aos processos de formação ou maturação do esmalte. O esmalte prismático é formado pelo conjunto de prismas do esmalte, formando a maior parte da matriz extracelular mineralizada, já na parte periférica, mais precisamente na coroa e na junção amelodentinária encontra-se uma estrutura sem prismas que que é denominada o esmalte aprismático, neste há quase a ausência do processo de Tomes dos ameloblastos. 17 REFERÊNCIAS FERRARIS, M E. G.; MUÑOZ, A. C. Histologia e embriologia bucodental: Bases estruturais da patologia, diagnóstico, tratamento e prevenção odontológica. 2. ed. Buenos Aires: Médica Panamericana S.A.C.F., 2006. KATCHBURIAN E.; ARANA, V. Histologia e Embriologia Oral: Texto, Atlas, Correlações Clínicas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Ltda., 2012. MELFI, R. C.; ALLEY, K. E. Embriologia e Histologia Oral de Permar: Manual para estudantes de odontologia. 10. ed. São Paulo: Santos Editora, 2010.
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