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Necessidades Calóricas do Enfermo Professora Ana Adélia Hordonho Como estimar ? 1º Passo: Determinação do estado nutricional. A desnutrição protéico-calórica – 80% de hospitalizados dificuldade na resposta aos tratamentos médicos da morbidade e mortalidade dos pacientes. Objetivo: Prevenção ou atenuação desse quadro. A hipo ou a hiperalimentação Efeitos deletérios na clínica ou no EM(hiperglicemia, síndrome da realimentação e maior tempo em VM). Qual fórmula usar? E qual o peso ? Ideal, atual? Se for obeso ? Se obeso e hipertenso? Se o paciente for diabético ? Posso usar EER ? E agora??? Quando usar Harris ? E a fórmula de bolso ? FAO/OMS? MEDINDO DIRETAMENTE O GASTO ENERGÉTICO TOTAL Água Duplamente Marcada Mede o gasto energético total em condições de vida normal utilizando dois isótopos estáveis de água. Estimativa mais acurada do gasto energético. Alto custo. Bicarbonato Marcado Mede o gasto energético através das variações na diluição do isótopo refletindo a produção de CO2. (SCHOELLER et al., 1990). MEDINDO DIRETAMENTE O GASTO ENERGÉTICO TOTAL Água Duplamente Marcada Mede o gasto energético total em condições de vida normal utilizando dois isótopos estáveis de água. Estimativa mais acurada o gasto energético. Método altamente preciso; Extremamente caro (350 a 500 dólares por isótopo); Aplicável em sujeitos com doenças, obesos e faixas etárias diferenciadas; Necessita de equipamentos e técnicos especializados. (SCHOELLER et al., 1990). Calorimetria Direta Afere diretamente a produção de calor. É um método de identificação de gasto energético em atividade. Custo elevado e inviável na prática . (SARTORELLI et al., 2006). Calorimetria Indireta Método que determina o Gasto energético de repouso – GER e a taxa de utilização dos substratos energéticos a partir do consumo de oxigênio e da produção de gás carbônico obtidos por análise do ar inspirado e expirado pelos pulmões. Mais viável na prática. (DIENER, 1997) CALORIMETRIA INDIRETA Calorimetria Indireta Fórmula para estimar a TMB: Idade (anos) Fórmula Idade (anos) Fórmula 0 – 3 (60.9 x Peso) – 54 0 – 3 (61x Peso) – 51 3 – 10 (22.7 x Peso) + 495 3 – 10 (22.5 x Peso) + 499 10 – 18 (17,5 x Peso) + 651 10 – 18 (12.2 x Peso) + 746 18 – 30 (15.3 x Peso) + 679 18 – 30 (14,7 x Peso) + 496 30 – 60 (11.6 x Peso) + 879 30 – 60 (8,7 x Peso) + 829 > 60 (13.5 x Peso) + 487 > 60 (10,5 x Peso) + 596 Homens Mulheres Equações de predição / FAO/OMS (1985) Food and Nutrition Board, National Research Council, National Academy of Sciences. Recommended Dietary Allowances, 10a ed. Washingtoon, DC: National Academy Press, 1989) FAO / OMS (1985): FATORES MÉDIOS de atividades ocupacionais Leve Moderada Intensa Homens 1.4 1.6 1.9 Mulheres 1.4 1.6 1.8 Fonte: AVESANI,C.M.; SANTOS, N.S.J.; CUPPARI,L. Necessidades e Recomendações de Energia. In : CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto . São Paulo: Manole, 2002. CMI GET(cals/dia): TMB X NAF Fórmulas Disponíveis • Equação de Mifflin St. Jeor (1990) • Equação de Penn State (PSU) (2004) • Água Duplamente Marcada • Equação de Ireton-Jones (1997) • GMB /TMB– Gasto (Taxa) Metabólica Basal Fórmula de Harris & Benedict (1919) • Fórmula de bolso (prática) (2006) Necessidades Calóricas do Enfermo Equação de Mifflin St. Jeor (1990) • Recomendada pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) como forma de estimar as necessidades energéticas em indivíduos hospitalizados, incluindo obesos. Homens: 10 x peso + 6,25 x altura – 5 x idade + 5 Mulheres: 10 x peso + 6,25 x altura – 5 x idade – 161 Mifflin MD et al. Am J Clin Nutr. 1990; 51: 241 – 247. SBNPE. Projeto Diretrizes. 2011. Variações inexplicadas de 30% em indivíduos do mesmo sexo, altura e peso. Equação de Penn State (PSU) (2004) PSU = Mifflin (0.96) + Tmax (167) + Ve (31) – 6212 • Sendo: • Mifflin: Equação proposta por Mifflin St. Jeor; • Tmáx = Temperatura máxima do corpo nas últimas 24 horas, em graus centígrados; • Ve: Ventilação por minuto, no momento da medição. FRANKENFIELD DC, 2004. Equação de Ireton-Jones (1997) • Recomendada pela SBNPE para estimativa das necessidades energéticas de pacientes graves em ventilação mecânica ou espontânea, considerando casos de queimadura e obesidade como um agravante no estado nutricional, aumentando assim a demanda energética. Ireton-Jones C, Jones J. J Am Diet Assoc, 1997. SBNPE. Projeto Diretrizes, 2011. Homens TMB = 66 + (13,7 X Peso em Kg) + (5 X Estatura em cm) – (6,8 X Idade em anos) MulheresTMB= 655 + (9,6 X Peso em Kg) + (1,7 X Estatura em cm) – (4,7 X Idade em anos) Fórmula para estimar a TMB: Harris & Benedict (1919): GET = TMB x FA x FT x FI Necessidades Calóricas do Enfermo FI = Fator Injúria ou Estresse; FA = Fator Atividade; FT = Fator Térmico Usar para pacientes em condição de estresse ou injúria (hospitalizados). Não usar no ambulatório. Superestima ≈ 500 kcals TMB 7 a 24% Usar peso ajustado se obesos Luft VC et al. Rev. Nutr. 2008; 21 (5): 513 – 523. Harris & Benedict (1919): FA (Fator Atividade): Acamado 1,2 Acamado + móvel 1,25 Deambulando 1,3 38o C 1,1 39oC 1,2 40 0 C 1,3 41 0 C 1,4 FT (Fator Térmico): sem febre = 1 Necessidades Calóricas do Enfermo Em pacientes críticos não se recomenda utilizar FA ! Waitzberg DL, Dias MCG. Atheneu, 2007. O`Leary-Kelly CM, 2005. Magnoni D, 2010. Cuppari L, 2005. Weffort VRS, 2009. Kinney citado por Guimarães, 2008. Necessidades Calóricas do Enfermo Paciente não complicado 1,0 Jejum leve ou inanição 0,85 - 1,00 Fratura 1,2 Fratura de osso longo 1,15 - 1,3 PO de cirurgia geral 1,37 Insuficiência renal aguda 1,15 Hepatopatias 1,2 Diabetes Mellitus 1,10 Transplante de fígado 1,2 - 1,5 Crhon em atividade 1,2 Neurológicos (coma) 1,3 FI (Fator Injúria): O`Leary-Kelly CM, 2005. Magnoni D, 2010. Cuppari L, 2005. Weffort VRS, 2009. Pequena cirurgia 1.2 Câncer 1.1-1.45 Cirurgia eletiva 1-1.2 Infecção grave 1.3-1.35 Pós-operatório de cirurgia cardíaca 1.2-1.5 Insuficiência cardíaca 1.3-1.5 Pós-operatório câncer 1.1 Pós-operatório geral 1-1.5 Peritonite 1.2-1.5 Sepse 1.3-1.8 Pequeno trauma de tecido 1.14-1.37 Multitrauma + sepse 1.6 Fraturas múltiplas 1.2-1.35 AIDS 1.8-2.1 QUEIMADURAS: DOENÇAS CRÔNICAS DE < 20% 1-1.5 Fase aguda 1.9-2.1 20-40% 1.5-1.85 Fase sub-aguda 1.6-1.8 40-100% 1.85-2.05 Recuperação 1.4-1.5 Desnutrição grave + trauma ou estresse 1.5 Harris & Benedict (1919): FI (Fator Injúria): INDIVIDUALIZAR! Necessidades Calóricas do Enfermo Fórmula de bolso ou Prática (cals/Kg/dia) • Recomendada pela ESPEN (Associação Européia de Nutrição Parenteral e Enteral) e pelos diferentes Consensos e Diretrizes Médicas. • Obtida através da recomendação de quilocaloria (Kcal) multiplicada pelo peso corporal (kg) do indivíduo • GET = cals/Kg/dia ESPEN, 2006. In: INCA, MS, 2011 Fonte: Adaptado de: Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica, Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Associação Brasileira de Nutrologia, 2011. CURRERI et al, 1974. Martins C, 2000. ESPEN, 2006. ASPEN, 2009. INCA, 2011. MAGNONI D, 2010. NETO FT, 2009, ESPEN, 1977. NECESSIDADES CALÓRICAS PARA ENFERMOS Fórmula de bolso ou Prática (cals/Kg/dia): 20 – 25 Kcal/Kg/dia para redução de peso 30 – 35 Kcal/Kg/dia para manutenção de peso > 35 Kcal/Kg/dia (para recuperação do estado nutricional ou ganho de peso) Citado(por Martins e Cardoso 2000) NECESSIDADES CALÓRICAS PARA ENFERMOS Fórmula Prática ou de bolso (cals/Kg/dia): 20 – 25 Kcal/Kg/dia ou de 14 a 18 Kcal/Kg/dia(Hipermetabólico) 30 – 35 Kcal/Kg/dia (paciente acamado/sedentário) > 35 Kcal/Kg/dia (para recuperação do estado nutricional) Waitzberg, 2001. NECESSIDADES PROTEICAS PARA ENFERMOS Fonte: ASPEN, 1998 • “Sem estresse” - ausência de febre e não uso de corticoesteróides. • Estresse leve a moderado - febre entre 37,2 e 38,9ºC, uso de até 30 mg/dia de corticosteroides, cirurgia de rotina, como pequena redução do intestino, cirurgia por laparoscopia, fratura; infecção como bronquiolites ou gastroenterites e presença de úlcera por pressão/ úlcera de decúbito. • Estresse severo - febre > 38,9ºC > de 72 horas, uso > 30 mg/dia de corticosteroides, grande cirurgia em estômago, fígado, pâncreas e pulmão, ressecção grande de intestino, com < 50 cm restante, trauma, múltiplas injúrias, fraturas ou queimaduras, pancreatite, sepse ou inflamação grave, várias UPP profundas, doença crônica com algum comprometimento/ deterioração, paciente em tratamento para doença maligna ou aquisição de HIV com uma infecção secundária. Secker DJ, Jeejeebhoy KN. J Acad Nutr Diet. 2012; 112 (3): 424 – 431. Duarte A.C.G. Atheneu, 2007. Recomendação de carboidrato • Para adultos e idosos de acordo com o IOM, 2005. RDA 130 g/dia. • Na ausência de recomendação específica Faixa de Distribuição Aceitável de Macronutrientes (AMDR) 45 - 65% do VET. • Particularidades: – Nos diabéticos; – Na hipertrigliceridemia; – Pacientes que realizam diálise peritoneal ambulatorial contínua; – Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e má ventilação e aqueles com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). IOM, 2005; Magnoni D, 2010; Projeto Diretrizes, 2011. Recomendação hídrica para adultos e idosos: Ingestão recomendada (AI) de fibra para adultos e idosos: IOM, 2005 ; Martins C, 2003. American Dietetics Association, 2008 20 a 35g /dia ou 14g/1000kcal ou 25g para mulheres e 38g para homens. OMS, 2007 – Mínimo de 20g/dia. FASEB, 1987 – 10 a 13g/1000 Kcal Associação Americana de Diabetes, 2008 No mínimo 14g/1000kcal. Ao determinar as necessidades por Harris Benedict: Utilizar o peso teórico ou ideal se o objetivo for recuperação do estado nutricional Utilizar o peso atual, se para manutenção do estado nutricional. Ao determinar as necessidades pela fórmula prática ou de bolso (cals/Kg ou Kcal/Kg): Utilizar o peso atual. Qual peso devo utilizar ? •Praticando...................... 1) Paciente, 42 anos, homem, com peso de 65Kg, altura de 1,69m é hospitalizado com quadro de fratura de osso longo. Não deambula e não apresenta febre. Calcule suas necessidades energéticas: 2) Paciente diabética, 66 anos de idade, com peso de 54Kg e 1,56m, atendida na clínica escola para acompanhamento nutricional. Calcule suas necessidades energéticas. 3) Paciente jovem, mulher, obesa, com peso de 80Kg deverá ser submetida a uma intervenção dietética para perda de peso. Calcule suas necessidades energéticas.
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