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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Na prática do serviço público, os funcionários podem cometer condutas violadoras do Direito, que podem ser de ordem cível, penal e/ou administrativa, compondo a tríplice responsabilidade do agente público, no entanto, há outras vertentes que defendem outros tipos de responsabilidade, havendo até mesmo doutrinadores que falam em responsabilidade sêxtupla dos agentes públicos, sendo estes processos: civil; penal; administrativo disciplinar; improbidade administrativa; responsabilidade política e processo de controle. Foi então instituída a Lei de Improbidade Administrativa (LIA – Lei n°8.429/92), para melhor tratar deste assunto, especificamente. Além da lei supracitada, o assunto ainda é tratado na Constituição Federal em seu artigo 37, §4°, que possui eficácia limitada, complementando-se com a Lei de Improbidade Administrativa, possibilitando a definição de contornos concretos para o princípio da moralidade administrativa (Art. 37, caput, CF), sendo este, na verdade, um subprincípio do princípio da moralidade e, portanto, decorrente do princípio da legalidade. O texto constitucional estabelece dois mecanismos processuais com natureza de garantia fundamental para a defesa da moralidade administrativa, sendo estas: a) Ação Popular (art. 5°, LXXIII, CF); e b) Ação de Improbidade Administrativa (art. 37, §4°, CF). Difere-se uma da outra por conta da legitimidade ativa e nos pedidos que podem ser formulados, sendo que a ação popular só pode ser proposta por um cidadão, tendo a sentença competência para anular o ato lesivo à moralidade, bem como condenar o réu ao pagamento de perdas e danos. Por sua vez, a ação de improbidade administrativa só pode ser intentada pelo Ministério Público ou por pessoa jurídica interessada, tendo como possíveis efeitos da sentença: perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente; ressarcimento integral do dano; perda da função pública; suspensão dos direitos políticos; multa civil; proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Saliente-se que as duas podem ser propostas simultaneamente e são de competência privativa do Poder Judiciário, não podendo ser realizadas pela Administração Pública. A Constituição não definiu em seu conteúdo quem é o detentor da competência para legislar sobre a improbidade administrativa, entretanto, considerando a natureza das penas previstas, entende-se que tal atribuição pertence à União. É válido lembrar que a legislação específica é aplicável a qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual. Em caso de improbidade por parte de um agente público, a mesma recebe o nome de improbidade própria. Caso o ato seja praticado por um particular não agente, é chamada de improbidade imprópria. Estes últimos só poderão ser punidos caso sua conduta: a)induza o agente á prática do ato; b) concorre para o ato; c)figura como beneficiário do ato; d) for sucessor de quem praticou o ato, até o limite da herança. De qualquer forma, este não responderá sozinho pelo ato ímprobo. A vítima da improbidade é a entidade que sofre as consequências do ato ímprobo, sendo esta o sujeito ativo da ação de improbidade (art. 17, LIA). Ainda segundo esta lei, podem ocupar esta condição pessoas jurídicas das seguintes categorias: a)administração pública direta, composta pelos entes federados; b) administração pública indireta, que são autarquias, fundações, associações públicas e outros; c)empresas incorporadas ao patrimônio público ou de entidade cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual; d) entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, provenientes de órgãos públicos; e) entidades cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio da receita anual. A Lei n°8.429/92 estabelece um rol exemplificativo de condutas ímprobas em seus artigos 9° à 11, dividindo-as em três grupos distintos segundo a gravidade do comportamento: a) atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito (art. 9°); b) atos de improbidade que causam prejuízo ao erário (art. 10); c) atos de improbidade que atentam contra os princípios da administração pública (art. 11). A prescrição do crime de improbidade administrativa está elencada no art. 23 da Lei n°8.429/92. Insta dizer que não há necessidade de dolo para configuração de conduta ímproba e que, nos casos previstos pela Lei da Ficha Limpa, tornam-se inelegíveis todos os agentes públicos condenados em egunda instância por ato doloso de improbidade administrativa, ainda que a decisão não tenha transitado em julgado.
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