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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Disciplina: Português IV Coordenador: Ronaldo Amorim Lima AP3 – 2016. 1 GABARITO Observações 1) Leia toda a prova com atenção e com calma, respondendo exatamente o que se solicita em cada questão e não desviando suas respostas para outros assuntos. 2) Revise suas respostas, evitando cometer erros ortográficos, discursivos e/ou gramaticais, pois eles serão considerados na avaliação. Dar um jeitinho (texto editado) Paulo Mendes Campos Escrevi, na semana passada, que há duas constantes na maneira de ser do brasileiro: a capacidade de adiar e a capacidade de dar um jeito. Citei um livro francês sobre o Brasil, no qual o autor dizia que só existe uma palavra importante entre os brasileiros: amanhã. ... Dar um jeito é outra disposição integralmente nacional, inencontrável em qualquer outra parte do mundo. Dar um jeito é um talento brasileiro, coisa que a pessoa de fora não pode entender ou praticar, a não ser depois de viver dez anos entre nós, bebendo cachaça conosco, adorando feijoada e jogando diariamente no bicho. É preciso ser bem brasileiro para se ter o ânimo e a graça de dar um jeitinho em situações inajeitáveis. Em vez de cantar o Hino Nacional, a meu ver, o candidato à naturalização deveria passar por uma única prova: dar o jeitinho numa situação moderadamente enrolada. Mas chegou a minha vez de dar um jeitinho nesta crônica: há vários anos andou por aqui uma repórter alemã que tive o prazer de conhecer. Tendo de realizar algumas incursões jornalísticas pelo país, a moça muito frequentemente expunha problemas de ordem prática a colegas brasileiros. Reparou logo, espantada, que os nossos jornalistas reagiam sempre do mesmo modo aos galhos que ela apresentava: vamos dar um jeito. E o sujeito pegava o telefone, falava com uma porção de gente, e dava um jeito. Sempre dava um jeito. Mas, afinal, que era dar um jeito? Na Alemanha não tem disso não; lá a coisa pode ser ou não pode ser. Tentei explicar-lhe, sem sucesso, a teoria fundamental de dar um jeito, ciência que, se difundida a tempo na Europa, teria evitado umas guerras carniceiras. A jovem alemã começou a fazer tantas perguntas esclarecedoras, que resolvi passar à aula prática. Entramos na casa comercial dum amigo meu, comerciante cem por cento, relacionado apenas com seus negócios e fregueses, homem de passar o dia todo e as primeiras horas da noite dentro da loja. Pessoa inadequada, portanto, para resolver a questão que forjei no momento de parceria com a jornalista. Apresentei ele a ela e fui desembrulhando a mentira: o pai da moça morava na Alemanha Oriental; tinha fugido para a Alemanha Ocidental, mas temia ser preso; era preciso evitar que o pai da moça fosse preso. Que se podia fazer? Meu amigo comerciante ouviu tudo atento, sem o menor sinal de surpresa, metido logo no seu papel de mediador, como se ele fosse o próprio secretário da Nações Unidas. Qual! o próprio secretário das Nações Unidas não teria escutado a conversa com tão extraordinária naturalidade. A par do estranho problema, meu amigo deu um olhar compreensivo para a jornalista, olhou para mim, depois para o teto, tirou uma fumaça do cigarro e disse gravemente: “O negócio é meio difícil... é... esta é meio complicada... Mas vamos ver se a gente dá um jeito.” Puxou uma caderneta do bolso, percorreu-lhe as páginas e murmurou com a mais comovente seriedade: “Deixe-me me ver antes de tudo quem eu conheço que se dê com o Ministro das Relações Exteriores.” A jornalista alemã ficou boquiaberta. 1) Leia as definições de classes de palavras a seguir e diga que tipo de critério (funcional, morfológico e/ou semântico) é utilizado. Destaque o(s) ponto(s) que se refere(m) ao(s) critério(s) encontrado(s). Utilize exemplos do texto “Dar um jeitinho” para ilustrar seus comentários. (3 pontos) a) “O substantivo faz parte da classe de palavras variáveis da língua portuguesa. Isso quer dizer que pode apresentar flexões de gênero e número.” CRITÉRIO MORFOLÓGICO b) “O adjetivo é a classe variável em gênero, número e grau que, modificando substantivo ou pronome substantivo, atribui-lhe características, aspecto, estado, modo de ser.” CRITÉRIOS MORFOLÓGICO E FUNCIONAL c) “O pronome é a classe de palavras que substitui o substantivo (nome). Tem a finalidade de indicar a pessoa do discurso ou situar no tempo e espaço, sem utilizar o seu nome.” CRITÉRIOS FUNCIONAL E SEMÂNTICO 2) Destaque uma forma dependente, uma forma presa e uma forma livre do fragmento “A jornalista alemã ficou boquiaberta”. (1 ponto) FORMA DEPENDENTE: A FORMAS PRESAS: IST – A (EM “JORNALISTA”), FIC – O – U (EM “FICOU”)... FORMAS LIVRES: JORNALISTA, ALEMÃ, FICOU e BOQUIABERTA 3) Explique o fenômeno da alomorfia, descrevendo a formação de plural das palavras “relações”, “exteriores”, “jornalistas” e “inajeitáveis”. (1 ponto) ALOMORFIA É O FENÔMENO DA REPRESENTAÇÃO DE UM MORFEMA POR DOIS OU MAIS MORFES. ESSE FENÔMENO É COMPROVÁVEL NA FORMAÇÃO DO PLURAL DOS NOMES. O MORFEMA RESPONSÁVEL POR ESSA FORMAÇÃO PODE SER REPRESENTADO PELOS MORFES –S, –ES OU –IS. O PLURAL DAS PALAVRAS APRESENTADAS SÃO DESCRITOS DA SEGUINTE FORMA: “RELAÇÕES” – TOMANDO-SE A FORMA SINGULAR “RELAÇÃO”, ELIMINA-SE A VOGAL NASAL /Ã/ E ACRESCENTA-SE O ALOMORFE –ES. “EXTERIORES” – TOMANDO-SE A FORMA SINGULAR “EXTERIOR”, ACRESCENTA-SE O ALOMORFE –ES. “JORNALISTAS” – TOMANDO-SE A FORMA SINGULAR “JORNALISTA”, ACRESCENTA-SE O ALOMORFE –S. “INAJEITÁVEIS” – TOMANDO-SE A FORMA SINGULAR “INAJEITÁVEL”, RETIRA-SE O –L (OU A SEMIVOGAL /w/) E ACRESCENTA-SE O ALOMORFE –IS. 4) Comente a formação de gênero dos substantivos, tomando como exemplo as palavras “pai”, “colega”, “secretário”, “pessoa”. (1 ponto) “PAI” É UMA PALAVRA DE GÊNERO ÚNICO E, PORTANTO, NÃO SOFRE FLEXÃO PARA O FEMININO. FAZ PAR COM O SUBSTANTIVO TAMBÉM DE GÊNERO ÚNICO “MÃE”. PARES DE PALAVRAS DESSE TIPO SÃO CONHECIDOS COMO HETERÔNIMOS. “COLEGA” NÃO SE FLEXIONA EM GÊNERO. A MARCAÇÃO DESTE SE FAZ POR MEIO DE DETERMINANTE EXTERNO, QUE PODE SER UM ADJETIVO, UM PRONOME E, PRINCIPALMENTE, UM ARTIGO “SECRETÁRIO” É UM SUBSTANTIVO QUE SE FLEXIONA EM GÊNERO, COM A ELIMINAÇÃO DA VOGAL TEMÁTICA –O E ACRÉSCIMO DA DESINÊNCIA DE GÊNERO –A. “PESSOA” É UMA PALAVRA DE GÊNERO ÚNICO. 5) Os advérbios atuam, na oração, como modificadores de outros termos. Utilizando os exemplos sublinhados no texto de Paulo Mendes Campos, comente essa característica dos advérbios. (1 ponto) ADVÉRBIOS SÃO PALAVRAS QUE MODIFICAM VERBOS, ADJETIVOS, OUTROS ADVÉRBIOS OU MESMO UMA ORAÇÃO INTEIRA. OS EXEMPLOS APRESENTADOS SÃO: “INTEGRALMENTE”, QUE MODIFICA O ADJETIVO “NACIONAL”; “DIARIAMENTE”, QUE MODIFICA A FORMA VERBAL “JOGANDO”; “MUITO”, QUE MODIFICA O ADVÉRBIO “FREQUENTEMENTE”. 6) As palavras “integralmente”, “inadequadas”, “extraordinária”, “jornalista”, “naturalidade” e “desembrulhando” são formadas por dois processos distintos. Separe-as, de acordo, com esses processos. (1 ponto) “INADEQUADAS”, “EXTRAORDINÁRIA” E “DESEMBRULHANDO” – DERIVAÇÃO PREFIXAL OU PREFIXAÇÃO. “INTEGRALMENTE”, “JORNALISTA” E “NATURALIDADE” – DERIVAÇÃO SUFIXAL OU SUFIXAÇÃO. 7) Identifique e comente o tipo de formação das palavras do quadro abaixo. (1 ponto) O PROCESSO DE FORMAÇÃO DESSAS PALAVRAS É DENOMINADO “ONOMATOPEIA”. TRATA-SE DA REPRODUÇÃO APROXIMADA DE UM SOM NATURAL. 8) Apresente os processos de formação das palavras “showmício” e “hidroshop”. (1 ponto) “SHOWMÍCIO” (“SHOW” + “COMÍCIO”) – COMPOSIÇÃOPOR AGLUTINAÇÃO, JÁ QUE A PALAVRA “COMÍCIO” PERDEU ELEMENTOS AO SE JUNTO COM “SHOW”, QUE, POR SUA PARTE, É UM ESTRANGEIRISMO. OU AMÁLGAMA LEXICAL DE UM ESTRANGEIRISMO (“SHOW”) COM UMA PALAVRA DA LÍNGUA PORTUGUESA (“COMÍCIO”) “HIDROSHOP” (“HIDRO” + “SHOP”) – COMPOSIÇÃO POR HIBRIDISMO, QUE É A UNIÃO DE DOIS RADICAIS DE LÍNGUAS DIFERENTES.
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