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Apostila Direito Constitucional II(3).pdf

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Direito Constitucional II 
 
1. Da Organização do Estado Brasileiro (Arts. 18/36, CRFB) 
 
 A Constituição Federal de 1988 consagrou, como forma de organização do Estado Brasileiro 
a forma federativa, admitindo como membros da federação a União, os Estados, os Municípios e o 
Distrito Federal, todos autônomos na forma do artigo 18, caput. da CRFB. 
 
 Tal autonomia deve ser compreendida como a capacidade conferida a cada um dos entes 
federativos para atuar livremente, nos limites de competência que lhe foram determinados pela 
Constituição Federal. 
 
 Devemos ressaltar ainda, que a autonomia conferida aos entes federativos é dotada de 
quatro características essênciais: autorganização, autolegislação, autogoverno e 
autoadministração. 
 
 O artigo 1º, caput. CRFB/88, consagra a indissolubilidade do vínculo federativo, sendo 
assim, veda expressamente o exercício do direito de secção, que seria o direito de desligamento 
da federação. Caso algum membro da federação venha a atuar nesse sentido, será passivo de 
intervenção federal, pois cabe a União manter a integridade do território nacional (Art. 34, I, 
CRFB). 
 
 Finalmente, cabe observar que a forma federativa do estado brasileiro foi consagrada como 
cláusula pétrea da CRFB/88, no artigo 60, §4º, I, ou seja, durante a vigência dessa constituição 
não será possível a adoção de qualquer outra forma de organização do estado brasileiro. 
 
A) Critério empregado pela CRFB/88 para partilhar competências: 
 
 O critério empregado pela Constituição Federal para distribuir competências entre os 
membros da federação, foi o critério da predominância de interesses, com isso o sistema de 
interesse nacional foram incluídos no rol de competências da União, os de interesse regional foram 
conferidos aos Estados e os de interesse local restaram sob as competências dos municípios. 
 
 O distrito Federal foi tratado como caso à parte pela CRFB/88, isso porque, ao vedar sua 
divisão em municípios (Art. 32, caput.), lhe atribuiu simultaneamente o exercício das competências 
legislativas e as administrativas reservadas aos municípios, artigo 32, §1º. 
 
B) Técnica empregada pela CRFB/88 para partilhar competências: 
 
 A técnica empregada pela CRFB/88 para compartilhar competências entre os entes 
federativos foi a técnica das competências remanescentes. Nesse sentido, em termos de 
competência legislativa, por exemplo, o artigo 22 da CRFB, descreve de modo taxativo as 
competências da União; o artigo 30, I da CRFB atribui aos municípios a competência para legislar 
sob assuntos de interesse local. Enquanto aos estados foram atribuídas as competências 
remanescentes na forma do artigo 25, §1º, CRFB. 
 
 
- Autorganização: é a capacidade conferida pela CRFB aos estados para se organizarem através de 
constituições próprias, sempre observando os parâmetros de organização estabelecidos pela CRFB 
(Art. 25, caput.). Do mesmo modo, os municípios e o distrito federal auto organizam-se, pois não 
obstante não o façam através de constituição, podem exercer tal capacidade através de lei orgânica 
(Art. 29, caput. e 32, caput.). 
 
- Autolegislação: é a capacidade de disporem de legislação própria, sendo essencial que observem a 
divisão de competências estabelecidas pela CRFB. Sendo assim, quando um ente federativo legisla 
sob matéria que não consta no seu rol de competência, pratica ato inconstitucional. 
 
- Autogoverno: é a capacidade conferida aos entes federativos para disporem de governantes 
próprios, em geral, eleitos pelo povo. Essa capacidade repercute em outra característica importante 
da federação: a regra da não intervenção. 
Sendo assim, em regra, um ente federativo não poderá intervir em outro, somente podendo fazê-
lo naquelas circunstâncias excepcionais estabelecidas pela CRFB. O artigo 34, prevê intervenção da 
União nos municípios de territórios federais e os estados intervirem nos municípios. A União não 
pode interferir em municípios. 
 
 
 
 
 
 
 
- Autoadministração: é a capacidade conferida aos entes federativos para disporem de 
administração própria e para prestarem serviços próprios. Tal capacidade repercute em outra: A 
capacidade para instituir e arrecadar tributos próprios, assim como estabelecido pela CRFB, pois, 
somente assim, poderá dispor de receita indispensável ao funcionamento de sua administração e a 
prestação de seus serviços. 
 
 A federação brasileira é composta atualmente por, 27 unidades federativas, 26 estados e o 
distrito federal. Entretanto a CRFB autoriza a criação de novos estados, de novos municípios e 
territórios federais, desde que observados os requisitos previstos no artigo 18, §3º e §4º. 
 
1.1. A Autonomia Relativa do Distrito Federal (Arts. 21, XIII e XIV, CRFB c/c art.32 CRFB) 
 
 Em princípio, poderá aparecer que o distrito federal é dotado de uma autonomia muito 
mais robusta do que aquela conferida aos estados e municípios, isso porque acumula 
competências legislativas e administrativas estaduais e municipais. 
 
 Entretanto a autonomia do distrito federal é apenas relativa, pois compete a União 
organizar e manter o poder judiciário, o ministério público, a defensoria pública, assim como as 
polícias e corpo de bombeiro civil e militar que atuam no distrito federal. 
 
1.2. A Natureza Jurídica dos Territórios Federais (Art. 33, CRFB) 
 
 Atualmente não existem territórios federais em funcionamento no Brasil, porém o artigo 18, 
§3º, CRFB, autoriza a criação de novos territórios federais, desde que tal criação seja precedida 
por autorização popular, através de plebiscito, e por autorização do congresso nacional através de 
lei complementar. 
 
 Devemos notar que a criação de um território federal sempre resultará de um atendimento 
a um interesse da União, daí sua natureza jurídica ser a de autarquia federal. Logo, ainda que seja 
dotado de personalidade jurídica, será mantido por verbas da União, não tendo autonomia 
administrativa e financeira. 
 
 O governador de território federal, ao contrário do que ocorre nos estados, não será eleito 
pelo povo, e sim, nomeado pelo presidente da república, após uma autorização do senado federal, 
na forma do artigo 84, XVI, CRFB. 
 Por outro lado,a população do território federal terá direito à representação na câmara dos 
Deputados, na forma do artigo 45, §2º. Contudo diversamente do que ocorre nos estados, essa 
representação não será proporcional å população. Cada território sempre terá 4 deputados. 
 
 As contas dos territórios federais deverão ser fiscalizadas pelo Congresso Nacional com 
parecer prévio do Tribunal de Contas da União, o que significa pelo fato de sua natureza jurídica 
ser de autarquia federal, de ser mantido por verbas do orçamento da União. 
 
 Outra curiosidade se da em relação a fiscalização das contas, dos municípios localizados em 
território federal. Como tais municípios não estão vinculados em qualquer estado, não haveria 
como suas contas serem fiscalizadas por um Tribunal de Contas Estadual, logo, tais contas serão 
fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União. 
 
 Por último, devemos observar, que nos territórios federais, os órgãos de segurança 
judiciários, do ministério público e da defensoria pública serão todos vinculados a União. 
 
1.3. Da Divisão de Competências legislativas e Administrativas 
 
A)- Competências Legislativas (Competências Privativas) 
 União: Art. 22, CRFB. 
 Estados: Art. 25, §1º, CRFB. 
 Municípios: Art. 30, I e II, CRFB. 
 Distrito Federal: Estados + Municípios. 
 
B)- Competências Administrativas (Competências Exclusivas) 
 União: Art. 21, CRFB. 
 Estados: Art. 25, §1º, CRFB. 
 Municípios: Art. 30, III - IX, CRFB. 
 Distrito Federal: Estados + Municípios. 
 
C)- Competências Concorrentes (Competências Legislativas) 
 Artigo 24, CRFB. 
 
D)- Competências Comuns (Competências Administrativas) 
 Artigo 23, CRFB.O artigo 24 da CRFB, menciona a distribuição de competências concorrentes entre a União, 
os Estados e o Distrito Federal. Entretanto, determinadas competências legislativas, previstas em 
tal dispositivo também poderão ser objetos de legislação concorrente municipal, na forma do 
artigo 30, II da CRFB, que autoriza os municípios a legislarem de forma suplementar em relação a 
legislação federal e estadual. 
 
 É bem verdade que a atuação municipal na legislação suplementar não poderá ocorrer 
sobre todas as matérias previstas no artigo 24 da CRFB, e sim, sobre aquelas que tenham relação 
com o interesse local, por exemplo o artigo 24,I (Direito Tributário) e IX (Educação). 
 
 Em princípio, a a possibilidade de tais entes federativos legislarem simultaneamente sobre 
determinada matéria, poderá ocasionar conflitos insolúveis, Contudo, o próprio artigo 24, §1º/§4º, 
CRFB, estabelece regramentos que buscam evitar tais conflitos normativos. 
 
 Nesse sentido, caberá a União legislar sobre normas gerais, restando aos Estados e 
eventualmente aos Municípios, a legislação suplementar. Porém, inexistindo lei federal sobre 
normas gerais, os estados poderão legislar plenamente sobre a matéria (gerais + suplementares). 
 Diante de legislação federal superveniente e contrária à aquela sobre normas gerais fixadas 
pelo Estado, haverá de prevalecer a lei federal, que suspenderá os efeitos da legislação Estadual 
(Art. 24, §4º, CRFB). 
 
 Obs.: Assim como ocorre no âmbito de competências privativas, no campo da legislação 
concorrente também não há hierarquia entre legislação federal e estadual. A lei federal somente 
suspende a eficácia da normatização do Estado, porque é competência da União legislar sobre 
normas gerais, logo o Estado somente pode atuar nesse campo enquanto inexista a legislação da 
União. 
 
2. Da Defesa do Estado a das Instituições Democráticas 
 
2.1. Estado de Defesa (Art. 136, CRFB) 
 
 O Estado democrático e suas instituições podem, eventualmente, atravessar momentos de 
crise, o que poderia mesmo comprometer o próprio modelo democrático e o sistema de proteções 
que a constituição oferece. 
 
 Nesse sentido, para os momentos de crise que possam conduzir a tal resultado, a própria 
Constituição Federal previu instrumentos para combate-los, que são os seguintes: o Estado de 
Defesa e o Estado de Sítio. 
 
 Apesar das aparências o Estado de Defesa e o Estado de Sítio não significam retrocessos 
democráticos, pois, as restrições que impõe aos indivíduos e a sociedade tem o objetivo maior de 
preservar a democracia. 
 
 A competência para decretar o Estado de Defesa é do Presidente da República, entretanto, 
para que possa fazê-lo, deve ouvir previamente os conselhos de defesa e da república. 
 
 Devemos observar que trata-se de um ato discricionário, ou seja, observando os critérios 
da conveniência e da oportunidade, o presidente é livre para optar ou não pela decretação. Logo o 
presidente não estará vinculado aos pareceres emitidos pelo conselho. 
 
 O artigo 136, caput. da CRFB, prevê que o Estado de Defesa poderá ser decretado diante 
de duas situações: desordem pública ou social ameaçadas ou violadas por grave e eminente 
instabilidade política ou desastres de grandes proporções produzidas pela natureza. 
 
 É de se notar, ainda, que o Estado de Defesa somente poderá ser decretado em locais 
restritos e determinados. Com isso, caso a crise se manifeste em âmbito nacional, será certo o 
descabimento da decretação do Estado de Defesa 
 
 Portanto, o decreto deverá indicar precisamente as áreas abrangidas pelo Estado de 
Defesa, bem como, especificar sua duração. 
 
 O prazo de duração do Estado de Defesa, não poderá ser superior a 30 dias, admitindo-se 
somente uma prorrogação, que deverá observar o mesmo limite temporal (Art. 136, §2º, CRFB). 
 
 Além disso, será indispensável que o presidente da república submeta o decreto, no prazo 
máximo de 24 horas, ao congresso nacional, o qual terá 10 dias, contados da data de seu 
recebimento para votá-lo. Sua aprovação somente poderá ocorrer por maioria absoluta. Não 
atingindo o quorum exigido, o decreto estará rejeitado, cessando imediatamente o Estado de 
Defesa. 
 
 As medidas coercitivas a vigorarem durante o Estado de Defesa são aquelas previstas no 
artigo 136, §1º e §2º da CRFB, sabendo-se que em regra, não serão todas implementadas 
simultaneamente. Será a motivação do decreto que orientará as decisões sobre as medidas 
implementadas pelo decreto. 
 
 Obs.: Há cerca de cinco anos, diante da situação de calamidade na saúde pública do 
município do Rio de Janeiro, a União decretou intervenção em alguns hospitais municipais. tal 
medida é flagrantemente inconstitucional, pois viola a autonomia do Estado do Rio de Janeiro. 
Entretanto nada impediria a decretação do Estado de Defesa, na forma do artigo 136, §1º, II, 
CRFB, ou seja, durante seu prazo de vigência, a União poderia ocupar os hospitais municipais e 
prestar serviços de saúde no âmbito de seu município. 
 
2.2. Estado de Sítio (Arts. 137/141, CRFB) 
 
 O Estado de Sítio somente poderá ser decretado pelo presidente da república, desde que 
previamente ouvidos os conselhos de defesa e da república, ainda que seus pareceres não sejam 
vinculantes. Entretanto diversamente do que ocorre no Estado de Defesa, no Estado de Sítio, a 
decretação só poderá ocorrer mediante autorização prévia do Congresso Nacional. 
 
 O artigo 137, I e II da CRFB, dispõe sobre as causas que podem conduzir a decretação do 
Estado de Sítio. Entretanto, devemos observar que a motivação sempre deverá ter um caráter 
nacional, ainda que a decretação em si, possa abranger as áreas determinadas. 
 
 O decreto do Estado de Sítio deverá designar sua duração, as medidas coercitivas a 
vigorarem e as áreas a serem abrangidas pela decretação, caso esta não ocorra para abranger 
todo o território nacional. 
 
 Quanto ao prazo de duração, este poderá ser determinado ou indeterminado, o que vai 
depender de sua motivação. No caso de decretação na forma do artigo 137, I, CRFB, admitisse-a a 
decretação por, no máximo 30 dias, com a possibilidade de sucessivas prorrogações, sempre 
previamente autorizadas pelo Congresso Nacional e por prazo não excedente a 30 dias. 
 
 Caso a decretação ocorra na forma do artigo137, II, CRFB, ou seja, em caso de guerra 
declarada ou de estado de guerra, não haverá prazo fixado para sua duração, mantendo-se toda 
sua vigência durante todo o período que perdurar sua motivação. 
 
 Convém ressaltar ainda, que a apreciação do pedido do presidente da república ao 
Congresso Nacional para decretar o Estado de Sítio, deve ser feito de imediato. Caso o Congresso 
esteja em recesso será convocado imediatamente pelo seu presidente devendo reunir-se no prazo 
máximo de 5 dias. 
 
 As medidas coercitivas a vigorarem durante o Estado de Sítio, vão depender, quanto a sua 
extensão, dos motivos que conduziram a decretação, sendo assim quando a decretação ocorrer na 
forma do artigo 137, I, CRFB, somente poderão ser executadas aquelas medidas previstas no 
artigo 139, I ao VII, CRFB. 
 
 Contudo, quando a decretação ocorrer na forma do artigo 137, II, CRFB, teremos duas 
possibilidades: 
1)- Em caso de guerra declarada, qualquer medida poderá ser executada, inclusive a pena de 
morte, na forma do artigo 5º da CRFB; 
2)- Em caso de estado de guerra, serão admitidas todas as medidas, exceto a pena de morte. 
 
 
 
2.3. Das Forças Armadas e da Segurança Pública (Arts.142/144, CRFB) 
 
 As Forças Armadas tem como funções recíprocas a defesa nacional, a defesa do regime 
democrático e de suas instituições, e ainda, em última instância, a defesa da lei e da ordem. 
 
 Em situação de normalidade não caberá as Forças Armadas atuarem no campo da 
segurança pública, função que foi às polícias civil e militar e aos corpos de bombeirosmilitares dos 
estados. Não obstante, temos precedentes da atuação das Forças Armadas na área de segurança 
pública, como ocorreu algumas vezes no Rio de Janeiro, porém, em todas as situações ouve um 
convênio, uma colaboração administrativa entre a União e o Estado, descaracterizando a medida 
como uma intervenção. 
 
 Mais recentemente, tivemos a criação da Força Nacional de Segurança, que também 
caracterizou um convênio entre as entidades federativas, logo, seus membros tem origem nas 
Forças Armadas e nos órgãos de segurança de diversos estados. 
 
 A organização militar encontra-se fundada em dois princípios: a hierarquia e a disciplina. É 
certo que, não haverá hierarquia sem disciplina, por isso, teremos um regulamento disciplinar 
prevendo sanções à aqueles que o violarem. Nesse contexto, o artigo 142, §2º, CRFB, prevê o não 
cabimento de habeas corpus em razão da restrição de liberdade de locomoção do militar, como 
decorrência de sanção disciplinar. Entretanto, o poder judiciário brasileiro tem admitido tal 
impetração quando tais sanções violarem a legalidade ou forem desproporcionais em relação as 
infrações praticadas. 
 
 O artigo 14, §3º, V da CRFB, prevê que é condição de ilegibilidade a filiação partidária e 
por sua vez o artigo 142, §3º, V da CRFB, prevê que o militar da ativa não poderá ser filiado a 
partidos políticos. Logo, aparentemente, o militar da ativa não poderia ser eleito. 
 
 Entretanto, o artigo 14, §8º da CRFB, admite que o militar da ativa se apresente como 
candidato, o que parece incoerente com a vedação de sua filiação partidária. Entretanto, a 
jurisprudência eleitoral tem consentido que os militares da ativa se apresentem em convenção 
partidária, mesmo antes de sua filiação, e caso sejam indicados em convenção, deverão se afastar 
da atividade de militar, ficando agregados, para que possam se filiar ao partido político que os 
indicou. 
 
 Caso o militar tenha menos de 10 anos de serviço, seu afastamento será definitivo; com 
mais de 10 anos, caso não seja eleito, poderá retornar à atividade militar, e sendo eleito, no ato de 
sua diplomação, passará imediatamente à inatividade. 
 
 Os órgãos de segurança pública encontram-se relacionados pelo artigo 144, I ao V, CRFB, 
sendo todos de natureza federal ou estadual. Entretanto, o artigo 144, §8º, CRFB, faculta aos 
municípios a criação de guardas municipais, os quais, além de atuarem na preservação dos bens e 
das instalações municipais, também atuam como órgãos de segurança pública. 
 
 No âmbito dos Estados a segurança pública foi compartilhada entre a polícia militar, a civil e 
o corpo de bombeiro militar. Muito embora, em alguns estados exista uma integração entre a 
Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro Militar. 
 
 A Polícia Militar é a polícia ostensiva, que realiza o patrulhamento com a finalidade de 
prevenir a prática de crimes, por isso mesmo é chamada de Polícia Preventiva. 
 
 Por outro lado a Polícia Civil, atua tipicamente na investigação de crimes ocorridos, ou seja 
atua como órgão auxiliar do Ministério Público, colhendo elementos probatórios que instruam a 
ação penal. Pode, ainda, atuar como auxiliar do poder judiciário, quando do cumprimento de 
mandados judiciais, por isso também é chamada de Polícia Judiciária. 
 
 Obs.: Apesar de tais funções serem exercidas tipicamente pela Polícia Militar e Civil, nada 
impede que, atipicamente, a Polícia Militar atue na investigação ( Ex.: inquérito policial militar.) e a 
Polícia Civil atue como polícia ostensiva. 
 
 No âmbito da União, tais funções foram reunidas na Polícia Federal, que exerce a função de 
policiamento ostensivo na guarda das fronteiras, nos portos e aeroportos, enquanto que a função 
de polícia de investigação é exercida em auxílio ao Ministério Público Federal, ou a justiça federal, 
quando do cumprimento de seus mandados. 
 
 Por fim, devemos observar que não há impedimento quanto a estruturação de modalidades 
específicas de patrulhamento, seja no âmbito da Polícia Militar, seja no âmbito da Polícia Civil. Por 
isso, muitas polícias estaduais realizam patrulhamento aéreo e marítimo, pois, não temos em tais 
hipóteses uma afronta as funções da Forças Armadas. O que seria vedado pela Constituição 
Federal, por violar o sistema se segurança por ela previsto, seria a criação de um órgão de 
patrulhamento aéreo e marítimo. 
 
3. Da Intervenção Federal (Arts. 34/36, CRFB) 
 
 A forma federativa de estado adotada pela Constituição Federal de 1988, denota a 
existência de autonomia na relação entre os membros da federação. Por isso, como regra a 
Constituição não permite que a União intervenha nos Estados e no Distrito Federal, entretanto, as 
exeções permitidas foram previstas no artigo 34, I-VII, CRFB. 
 
 Devemos concluir, então, que a intervenção guarda duas características exenciais: 
1) Expecionalidade; 
2) Temporariedade. 
 
 Portanto, a intervenção não deverá ocorrer, como regra, contudo, se for decretada, será 
temporária, destinando somente a decisão do problema que a motivou. Solucionada sua 
motivação, cessará a intervenção, restaurando-se a autonomia do ente federativo. 
 
 A intervenção federal somente poderá ocorrer através de um decreto do presidente da 
república, exigindo-se em algumas hipóteses que ouça aconselhamento dos conselhos da república 
(Art. 90, I, CRFB) e da defesa nacional (Art.91, §1º, II, CRFB). 
 
 O presidente da república somente ficará dispensado da consulta aos respectivos conselhos 
quando estiver diante das hipóteses de intervenção provocada por ordem judicial, pois, nestas 
situações não lhe cabe fazer juízo de valor sobre a conveniência de decretar a intervenção, pois ela 
será obrigatória. 
 
 Devemos observar, que a Constituição Federal de 1988 traçou duas hipóteses gerais de 
intervenção, quais sejam: 
 
- Intervenção Espontânea: é aquela que será decretada pelo presidente da república sem qualquer 
provocação de outro órgão ou poder, sendo um ato discricionário, ou seja, o chefe do poder 
executivo avalia a conveniência e a oportunidade de fazê-lo. 
 
- Intervenção provocada: é aquela realizada a partir de uma solicitação (Art. 34, IV, CRFB), ou de 
uma requisição (Art. 34, IV, VI, VII e 36, I, II, CRFB). 
 
 Devemos salientar portanto, que a intervenção provocada por solicitação nada mais é do 
que um pedido, ou seja, é da discricionariedade do presidente decretá-la ou não, por outro lado, a 
intervenção provocada por requisição é uma ordem, sendo um ato vinculado, ou seja, o presidente 
será obrigado a realizar a intervenção, sob pena de ser responsabilizado politicamente caso não a 
efetive. 
 
 Obs.: Artigo 36, III, CRFB- a intervenção provocada pela violação ao artigo 34, VIII, da 
CRFB, ou pela recusa a execução da lei federal, dependerá de uma decisão do Supremo Tribunal 
Federal , em ação proposta naquele tribunal pelo procurador geral da União (chefe do MPU). Esta 
ação denomina-se “Ação Direta Interventiva”. 
 
 Em regra, o decreto de intervenção expedido pelo presidente deverá ser submetido ao 
Congresso Nacional, em 24 horas, o que ocorrerá nas hipóteses de intervenção espontânea e 
naquela de intervenção provocada, prevista no artigo 34, IV, CRFB, quando quem sofrer a coação 
for o poder executivo ou legislativo. 
 
 Não será necessário submeter o decreto ao Congresso Nacional quando ocorrer qualquer 
das outras hipóteses de intervenção provocada, pois, em todas ela haverá requisição, ordem 
cumprida pelo presidente (Art. 36, §3º, CRFB). 
 
4. Do Poder Legislativo (Art. 44/76, CRFB) 
 
4.1. Das Casas do Congresso Nacional 
 
A- Câmara dos Deputados (Art. 45, CRFB): 
• Casa de representação do povo; 
• Mandato de deputado federal: 4 anos, com reeleições sucessivas; 
• A representação é proporcional à população ( Para os territórios federais serão quatro deputados); 
• Renovação total de4 em 4 anos. 
 
B- Senado Federal (Art. 46, CRFB): 
• Casa de representação dos Estados e do Distrito Federal; 
• Mandato de senador: 8 anos, com reeleições sucessivas; 
• A representação é fixa, 3 senadores por estado e distrito federal; 
• Renovação parcial de 4 em 4 anos ( 1/3 ou 2/3). 
 
 
 
4.2. Da Estrutura da Câmara dos Deputados e do Senado Federal 
 
 
 Câmara dos Deputados Senado Federal 
 
 
 Mesa Diretora Mesa Diretora 
 
 
 
 CCJ CCJ 
 
 
 
 CT CT 
 
 
 
 Plenário Plenário 
 
- Mesa Diretora: é o órgão colegiado encarregado da administração da casa legislativa, assim como, 
da direção dos trabalhos legislativos da competência do plenário. A Mesa Diretora é composta por 7 
cargos efetivos. São eles: presidência, 1º vice-presidência, 2º vice-presidência, 1º secretário, 2º 
secretário, 3º secretário e 4º secretário. Além dos 7 titulares, serão eleitos 7 suplentes, todos com 
mandato de 2 anos admitida uma reeleição. 
 
 
 Obs.: Caso a casa tenha as duas mesas, a forma será (Art. 57, §5º, CRFB) 
 
 
 
Câmara dos Deputados Senado Federal 
 
 Presidente Presidente 
 1º Vice- presidente 1º Vice- presidente 
 2º Vice-presidente 2º Vice-presidente 
 1º Secretário 1º Secretário 
 2º Secretário 2º Secretário 
 3º Secretário 3º Secretário 
 4º Secretário 4º Secretário 
 
 
- CCJ (Comissão de Constituição e Justiça): esta comissão exerce duas funções: analisa a 
constitucionalidade das propostas legislativas apresentadas à casa, assim como, sua juridicidade, ou 
seja, seu enquadramento na técnica legislativa. 
 
- CT (Comissão Temática): tal comissão é aquela prevista pelo regimento da casa como 
componentes para analisar projetos sobre determinado tema ou matéria. Sendo assim tal comissão 
irá atuar no sentido de aperfeiçoar o projeto de sua competência. 
 Ex.: Comissão de Saúde; Comissão de Meio Ambiente; Comissão de Educação. 
 
 As casas do Congresso Nacional dispõem de comissões permanentes e de comissões 
temporárias, as quais, na medida do possível, serão ocupadas respeitando-se uma representação 
proporcional aquela que o partido tem no plenário da casa. 
 
 As comissões permanentes são aquelas previstas nos respectivos regimentos internos, 
quais sejam, a CCJ e a CT. Por serem permanentes, seu funcionamento ocorrerá, de modo 
interruptível, durante toda a sessão legislativa. 
 
 As comissões temporárias são aquelas constituídas para funcionarem durante um certo 
período, afim de atenderem a um objetivo específico que não poderia ser materializado pela obra 
de qualquer uma das comissões permanentes. 
 
 As comissões temporárias podem ser de duas ordens: 
 
A- Comissões Especiais: é aquela constituída para analisar determinado projeto, cuja matéria não 
se enquadra na competência de qualquer das comissões temáticas permanentes. Sendo assim, 
havendo deliberação sobre o projeto em questão, a comissão especial será dissolvida. 
 Ex.: A comissão constituída para análise do projeto do pré-sal; 
 
B- Comissões Parlamentares de Inquérito: esta comissão é constituída para investigar um fato 
certo, por tempo determinado. Em princípio, sua duração máxima será de 120 dias, podendo ser 
prorrogada, de cada vez, por 60 dias, tendo como limite temporal o final da legislatura. Ao final de 
seus trabalhos, a CPI emitirá um relatório com as suas conclusões, que tem equivalência ao 
inquérito policial. Tal relatório, deverá ser enviado ao Ministério Público, para que promova a 
responsabilidade civil e criminal dos infratores. 
 
 Em princípio as CPIs terão poderes de investigação idênticos àqueles interessados ao poder 
judiciário, ressalvadas quatro hipóteses, que são temas de reserva de jurisdição: 
1. Decretação de prisão, salvo a prisão em flagrante; 
2. Decretação de interceptação das comunicações telefônicas; 
3. Decretação de indisponibilidade dos bens, por ser medida acautelatória processual; 
4. Decretação de ordem e busca e apreensão domiciliar. 
 
Informativos sobre CPI 
 
1. Requisitos para criação da CPI: a inconstitucionalidade da exigência de 
submissão da subscrição de requerimento de instauração à deliberação 
plenária. 
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 434 
 
2. Não indicação de membros para composição da CPI: frustração ao 
direito das minorias 
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 393 
 
 
3. Número máximo de CPI’s em funcionamento na Casa Legislativa: 
Constitucionalidade da previsão 
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 207 
 
4. Investigação de fatos conexos que surjam no iter da CPI: 
possibilidade 
STF, PLENÁRIO, INQUÉRITO 2245 
 
 
5. Limitação cronológica: a locução prazo certo e a possibilidade de 
prorrogação 
STF, PLENÁRIO, HC 71.261 
 
 
 6. Poderes Instrutórios das autoridades judiciais. Limites: Decretação de 
prisão, salvo a prisão em flagrante; decretação de interceptação das comunicações 
telefônicas; decretação de indisponibilidade dos bens, por ser medida acautelatória 
processual; decretação de ordem e busca e apreensão domiciliar. 
STF, PLENÁRIO, HC 80.240 
 
 
7. Direito ao silêncio e a não auto-incriminação 
STF, PLENÁRIO, HC 75.244 (...) Não importa que na CPI – que tem poderes de instrução, 
mas nenhum poder de processar e julgar – a rigor não haja acusados. A garantia contra a 
autoincriminação não tem limites especiais nem procedimentais: estende-se a qualquer 
indagação por autoridade pública de cuja resposta possam advir subsídios à 
imputação ao declarante da prática do crime (...). (HC 75244/DF, rel. Sepúlveda Pertence, 
26.04.1999). 
 
 
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 184 
A condição de testemunha não afasta a garantia constitucional do direito ao silêncio 
(CF, art. 5º, LXIII: "o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado"). Com esse 
entendimento, o Tribunal, confirmando a liminar concedida, deferiu habeas corpus para 
assegurar ao paciente - inicialmente convocado à CPI do Narcotráfico como indiciado -, na 
eventualidade de retornar à CPI para prestar depoimento, ainda que na condição de 
testemunha, o direito de recusar-se a responder perguntas quando impliquem a 
possibilidade de auto-incriminação. HC 79.589-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 5.4.2000. 
 
 
8. Quebra de sigilo Bancário, Fiscal e de Dados (inclusive os telefônicos) 
STF, PLENÁRIO, MS 23.452 
 
9. Decisões das CPIs: necessidade de fundamentação 
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 223 
 
 
10. Respeito ao Princípio da Colegialidade 
STF, DECISÃO MONOCRÁTICA, INFORMATIVO 185 
 
11. Medidas processuais cabíveis contra os atos das CPI’s e a 
competência originária do STF para apreciá-las 
STF, PLENÁRIO, MS 23.452 
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, em sede originária, 
mandados de segurança e habeas corpus impetrados contra Comissões Parlamentares 
de Inquérito constituídas no âmbito do Congresso Nacional ou no de qualquer de suas 
Casas. 
 
12. STF, DECISÃO MONOCRÁTICA, MS 24.630 
Cuida-se de mandado de segurança,com pedido de liminar, impetrado pela Ordem dos 
Advogados do Brasil em favor do advogado Bruno Romero Pedrosa Monteiro e da sociedade 
de advogados denominada Monteiro e Filho Advogados Associados S/C. Figura como 
autoridade coatora o Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito dos 
Combustíveis da Câmara dos Deputados - Deputado Federal Carlos Santana. (MS 24.630, 
Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, 26-08-2003). 
 
Impetração contra ato praticado pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Futebol. A Mesa 
do Senado Federal, não sendo responsável pela quebra do sigilo, não tem legitimidade 
para compor o pólo passivo do writ. 1. Os poderes de investigação próprios das 
autoridades judiciárias de que as CPIs são constitucionalmente investidas (CF, artigo 58, § 3º) 
não são absolutos. Imprescindível a fundamentação dos atos que ordenam a quebra dos 
sigilos bancários, fiscais e telefônicos, visto que, assim como os atos judiciais são nulos se 
não fundamentados, assim também os das comissões parlamentares de inquérito. (MS 
23.957, Rel. Maurício Corrêa, 20-09-2001). STF, PLENÁRIO, MS 23.957 
 
 
4.3. Do Processo Legislativo 
 
4.3.1. Procedimento Legislativo Ordinário (Arts. 61, 64, 65, CRFB) 
 
A. Iniciativa 
 1- Aberta ou concorrente: Art. 61, caput, CRFB. 
 2- Reservada ou privativa: Arts. 61, §, 1º, I e II; 93, caput, CRFB; 
 3- Popular: Arts. 61, §, 2º, CRFB. 
 
 Obs.: Na grande maioria dos casos a Câmara dos Deputados exercerá o papel de casa 
iniciadora do projeto, cabendo ao Senado Federal de casa revisora. Entretanto o Senado Federal 
também poderá ser a casa iniciadora, o que somente ocorrerá em duas hipóteses: 
1. Quando o projeto for apresentado por um senador; 
2. Quando o projeto for apresentado por uma comissão do senado. 
3. Quando for apresentado por comissão mista, de forma alternada. 
 
B. Discussão e Emendas 
 
C. Votação 
 Em regra, os projetos em tramitação nas casas legislativas serão votados de forma 
definitiva pelos seus respectivos plenários. Entretanto, o artigo 58, §2º, I, CRFB, dispõe que os 
regimentos internos das respctivas casas poderão dispensar a votação de determinados projetos 
pelo plenário, restando as próprias comissões realizar sua votação definitiva. 
 
 Obs.: Os projetos de lei ordinária devem ser aprovados por maioria simples ou relativa, ou 
seja, pela maioria dos presentes à cessão de votação. Devemos observar, contudo que uma cessão 
deliberativa somente poderá ser instaurada se estiver presente no mínimo a maioria dos menbros 
da casa. 
 
 Caso o projeto seja aprovado pela casa iniciadora com ou sem emendas seguirá 
diretamente para a casa revisora. Por outro lado será arquivado. 
 
 Se o projeto for aprovado sem emendas na casa revisora, seguirá diretamente ao 
presidente da república, para sanção ou veto. Caso seja aprovado com emendas, as emendas 
feitas pela casa revisora serão enviadas a casa iniciadora, que deverá deliberar sobre sua 
admissibilidade. Nesse caso, após a deliberação sobre as emendas, o projeto seguirá para o 
presidente da república para sanção ou veto. 
 
 O projeto de lei rejeitado será arquivado definitivamente. Porém, o artigo 67, CRFB, prevê 
que sua matéria poderá constituir objeto de outro projeto. Em prinípio, este novo projeto somente 
poderá ser apresentado na cessão legislativa seguinte, entretanto, se tiver a assinatura da maioria 
absoluta dos menbros de qualquer das casas, poderá ser apresentado na mesma cessão 
legislativa. 
 
D. Sanção ou Veto 
Sanção: 1- Tacita, art. 66, §3º, CRFB 
 2- Expressa, art. 66, caput. CRFB 
 
Veto: 1- Total, art. 66, §1º, CRFB 
 2- Parcial, art. 66, §2º, CRFB 
 
 O veto deve ser entendido como a manifestação da discordância do presidente da república 
em relação a um projeto de lei, que poderá incidir sobre seu conteúdo integral (veto total) ou 
sobre determinados dispositivos (veto parcial). 
 
 O prazo do veto é de 15 dias úteis, contados da data do recebimento do projeto, 
entretanto, o veto não prevalecerá se não for motivado nas 48 horas subsequentes, hipótese que 
configurará sanção tácita. Os motivos do veto são os sequintes: 
 
1. A inconstitucionalidade do projeto (veto jurídico); 
2. A sua contrariedade ao interesse público ( veto político). 
 
 Devemos observar que o veto não tranca de modo absoluto o processo legislativo, pois o 
artigo 66, §4º, CRFB, prevê que caberá ao Congresso Nacional apreciá-lo, em cessão unicameral. 
 
E. Promulgação e Publicação 
 
 O ato da promulgação em pricípio caberá ao presidente da república, entretanto, se não o 
fizer caberá ao presidente do Senado Federal tal promulgação (Art. 66, §7º, CRFB). 
 
 A promulgação deve ser entendida como um atestado de validade, que informa a 
sociedade que a ordem jurídica foi renovada, contudo, a vigência da lei somente poderá ter início 
após sua publicação, ou seja, sua veiculação no órgão oficial do Estado (Diário Oficial). 
 
F. Procedimento Legislativo Sumário ou Regime de Urgência (Art. 64, CRFB) 
 
 O procedimento sumário observa as mesmas fases do procedimento ordinário, contudo, 
conserva algumas diferenças que são as seguintes: 
1. A casa iniciadora sempre será a Câmara dos Deputados, pois, o regime de urgência sempre poderá 
ser empregado quando a iniciativa do projeto for do presidente da república. 
2. Diversamente do o que ocorre no procedimento ordinário, no regime de urgência as casa 
legislativas terão prazo para concluir a votação. Em pricípio este prazo será de 45 dias para a Câmara 
dos Deputados e mais 45 dias para o Senado Federal, admitindo-se sua prorrogação por mais 10 dias 
para a apreciação das emendas feitas pela casa revisora. 
 
 
 
4. Das Espécies Normativas (Art.59, I- VII, CRFB) 
 
1. Emenda à Constituição (art. 60, CRFB) 
 
2. Limites formais 
 
Tratam do procedimento de elaboração da emenda: 
 
Iniciativa da PEC: art. 60, I, II e III, CRFB 
 
Tramitação da PEC: Art 60 §§ 2º, 3ºe 5º CRFB 
 
 
Qual o procedimento de modificação? 
 
Art. 60, § 2º, CRFB 
 
Votações Quorum 
LO 1 MS 
LC 1 MA 
EC 2 3/5 
 
Art. 60, § 3º, CRFB 
A Emenda será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal. 
 
Art. 60, § 5º, CRFB 
 
A matéria de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada somente poderá 
ser objeto de nova apreciação na sessão legislativa subseqüente. 
 
 
 
 
3. Limites circunstanciais (Art 60 § 1º CF) 
 
 São empregados nas hipóteses de anormalidade constitucional (Estado de Defesa, Estado de 
Sitio e Intervenção Federal), com a finalidade de evitar eventuais rompimentos com a ordem 
constitucional sem que o povo tenha plena capacidade de mobilização em sua defesa, posto 
que em tais circunstancias pode não dispor da integralidade dos direitos fundamentais. 
 
 
4. Limites materiais 
- Explícitos: cláusulas pétreas (Art 60 § 4º, inc. I a IV, CF) 
- Implícitos: decorrem da interpretação da Constituição 
 
2 – LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA 
 
 A Lei Complementar tem a finalidade específica de regulamentar normas da Constituição 
Federal, sendo admitida tanto para aquelas que dispõem sobre a reserva à lei complementar, como 
àquelas que autorizam regulamentação por lei ordinária. 
 A Lei Ordinária, por sua vez, tem como finalidade disciplinar temas previstos na Constituição, 
cujas normas não exijam regulamentação através de lei complementar, assim como todos os 
demais temas disciplinados por lei. 
 
 A doutrina constitucionalista não trata de modo uníssono a questão da existência de hierarquia 
entre lei complementar e lei ordinária. Vejamos: 
 
1 – Há hierarquia entre elas em razão dos procedimentos de elaboração serem 
diferenciados, ou seja, o fato de uma lei complementar ser votada por maioria absoluta, 
enquanto a lei ordinária é votadapor maioria simples, colocaria o primeiro num patamar 
superior, imediatamente abaixo da constituição (minoritária). 
 
2 – Sustenta a inexistência de hierarquia com fundamento na tese de que, a LC e a LO tem 
campos de atuação diversas, sendo assim, seria irrazoável supor a existência de um conflito 
entre eles (majoritária). Esta posição tem sido também adotada pelo Supremo Tribunal 
Federal, que admite a revogação de lei complementar por lei ordinária, desde que a 
primeira não tenha atuado em campo a ela reservado (ex: art. 7, I, CRFB; art. 93, caput, 
CRFB). 
 
 
 
3 - LEI DELEGADA (ART. 68, CRFB) 
 
 As leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, mediante delegação do 
Congresso Nacional, logo, trata-se de uma lei que tem origem no Poder Executivo com autorização 
do órgão que tipicamente exerce a função legislativa. 
 
 Devemos observar que ao autorizar a atuação do Poder Executivo no campo de sua 
competência, o Congresso Nacional estabelece limites. Note-se que o Presidente da República 
solicita a delegação ao Congresso Nacional para elaborar a Lei Delegada, podendo o Poder 
legislativo negar-lhe tal licenciosidade. Contudo, na hipótese do Congresso Nacional optar por 
autorizar a delegação, deverá fazê-lo através de uma Resolução, que também especificará os 
limites da delegação e determinação a eventual apreciação futura do projeto de Lei Delegada. 
 
 Caso o Congresso Nacional venha a apreciar o projeto de Lei Delegada, será vedada a 
possibilidade de alterar o projeto, apondo-lhe emendas, servindo tal apreciação somente para 
aprová-lo ou rejeitá-lo. 
 
 Em consequência, caso o projeto seja aprovado pelo Congresso Nacional, o será de acordo com 
a vontade presidencial, o que subtrai qualquer necessidade de aposição de vetos. Ocorrendo, 
eventualmente, a violação dos limites da delegação estabelecida pelo Congresso Nacional, a 
providência adotada pelo Poder Legislativo será àquela prevista no art. 49, inc. V, da CF, ou seja, o 
Congresso Nacional haverá de aprovar um projeto de decreto legislativo, com o fito de sustar os 
efeitos da Lei Delegada. 
 
 Por fim, saliente-se que a Lei Delegada é uma espécie normativa com hierarquia de Lei 
Ordinária. Por isso, eventuais antinomias entre ambas devem ser sanadas pelos demais critérios 
jurídicos tradicionais de solução de conflitos normativos: critério da especialidade ou critério 
cronológico. 
 
 
 
4 - MEDIDA PROVISÓRIA (art. 62, CRFB) 
 
 A medida provisória tem natureza de ato normativo federal, pois somente deve ter como 
objeto matérias de relevância e urgência, que não admitam a tramitação no âmbito do Congresso 
Nacional, sob a forma de projeto de lei ordinária. 
 
 A inspiração desse modelo de normatização oriunda do Poder Executivo vem da 
Constituição Italiana de 1947, que confere ao primeiro-ministro a competência para inovar a ordem 
jurídica através de normatização de urgência. 
 
 Ocorre que, como sabemos, a Itália experimenta um sistema de governo parlamentarista, o 
que, por si, inviabiliza qualquer abuso da parte do primeiro-ministro quanto ao numero exacerbado 
de edições da referida normatização de urgência. Trata-se, ainda que momentaneamente, de 
verdadeira usurpação da competência do Parlamento, o que jamais seria admitido por este, a 
quem deve justificativas de seus atos o primeiro-ministro, sob pena de ter votada a sua 
desconfiança, com a consequente perda da condição de chefe do Poder Executivo. 
 
 No Brasil, desde a promulgação da CRFB/88, uma questão que sempre despertou a 
atenção dos juristas foi o abuso quanto ao número de edições e reedições de MP’s, isto porque, os 
únicos critérios existentes para limitá-los eram a sua relevância e sua urgência, pois, o Presidente 
da Republica tem mandato por prazo certo, o que retira do Poder Legislativo a possibilidade de 
abreviatura d seu mandato, ressalvada a hipótese da abertura de processo de impeachment, por 
crime de responsabilidade (o que, em tese, seria possível no caso do abuso da prerrogativa de 
editar normatização de urgência, na forma do art. 85, CRFB). 
 
 A bem da verdade, nem mesmo os pressupostos da relevância e da urgência vinham sendo 
objeto de criteriosa fiscalização do Congresso Nacional, o que tornou o Poder Executivo, desde 
então, um órgão cuja atuação revelava flagrante primazia de vontade sobre o Poder Legislativo. 
 
 Com a promulgação da Emenda Constitucional N. 32/01, uma série de modificações foram 
introduzidas, iniciando-se pela determinação constitucional de algumas matérias seriam 
insuscetíveis de disciplina através de Medida Provisória (Art 62 §§ 1º e 2º CRFB/88). Ademais, no 
que pertine ao período de vigência da Medida Provisória, este passou a ser de 60 dias, com a 
possibilidade de que esta seja reeditada por uma única vez, pelo mesmo período. 
 
 Sobre a tramitação do projeto de conversão da Medida Provisória devemos ressaltar alguns 
aspectos: 
 
1 – Caberá a uma comissão mista (Deputados e Senadores) a elaboração do 
projeto de conversão; 
 
2 – A votação de tal projeto na Câmara dos Deputados deverá ocorrer em até 45 
dias da publicação da Medida Provisória, sob pena de trancamento da pauta. (ver. 
Art. 62, § 6º). O mesmo se aplica ao Senado Federal. 
 
 Convém salientar que, esgotado o prazo de deliberação sobre o projeto de conversão, a 
medida provisória perde os seus efeitos desde a sua edição, devendo o Congresso Nacional, no 
prazo de 60 dias, disciplinar as relações jurídicas dela decorrentes, através de um Decreto 
Legislativo. Em caso de inércia do Congresso Nacional, ficam convalidados os efeitos da medida 
provisória, no período de sua vigência, como forma de preservar a segurança das relações 
jurídicas. 
 
 Finalmente é possível falar em veto sobre o projeto de conversão, pois o Congresso 
Nacional poderá emendá-lo, transformando o texto original da Medida Provisória. 
 
 
5. Decreto Legislativo (Art. 59, VI, CRFB) 
 
 O decreto legislativo é a espécie normativa destinada a viabilizar o exercício das 
competiências exclusivas do Congresso Nacional, na forma do artigo 49, CRFB. É de se notar, 
portanto, que não será admitida a edição de decreto legislativo pelas casas do CN, em separado. 
 
 Outra peculiaridade do decreto legislativo, diz respeito ao âmbito de sua eficácia. Em geral, 
o decreto legislativo opera efeitos externos ao CN, ainda que o artigo 49, VII, CRFB, possa ser 
reconhecido como uma exceção a esta regra. 
 A de;iberação sobre o projeto de decreto legislativo será operada em sessão conjunta da 
câmara e do senado, por maioria simples, não sendo possível amanisfestação do chefe do poder 
executivo através de veto. 
 
6. Resolução (Art. 59, VII, CRFB) 
 
 A resolução é a espécie normativa destinada ao exercício das competências do cn que 
dispensem o decreto legislativo (Ex.: Art. 68, §2º, CRFB), além disso, podem ser editadas pelas 
casas do CN, em separado. No caso da Câmara dos Deputados, para viabilizar o exercício de suas 
competências privativas (Art. 51, CRFB), no caso do Senado suas competências privativas estão 
descritas no artigo 52. 
 
 A aprovação do projeto de resolução, caso a CF não determine em contrário, também será 
operado por maioria simples. 
Em geral, as resoluções operam efeitos internos ao CN, oque poderá ser expecionado em 
algumashipóteses, a exemplo do artigo 52, p.ú., CRFB e o artigo 155, §2º,V, a, CRFB. 
 
 
 
 
5. DAS PRERROGATIVAS PARLAMENTARES 
 
 
a) Imunidade material ou inviolabilidade (art. 53, caput, CRFB) 
 
 A imunidade material, prevista no art. 53, caput, CRFB, garante aos parlamentares federais 
a inviolabilidade de seu mandato em decorrência da manifestação de suas opiniões, palavras e 
votos, não podendo ser responsabilizados civil e criminalmente. Devemos notar que a 
inviolabilidade não protege o mandato do parlamentar somenteno âmbito do Congresso Nacional, 
mas também fora dele, desde que a manifestação decorra do exercício do respectivo mandato. 
 
 Em decorrência, os Deputados Federais e Senadores, quando emitir qualquer manifestação 
que guarde conexão com o mandato, não praticam os chamados crimes de palavra (calúnia, injúria 
e difamação), pois a norma constitucional exclui a possibilidade de vir a ser aplicada a norma 
penal, sancionando a conduta do parlamentar. 
 
 Decerto, a imunidade material alcança também a responsabilidade civil decorrente de atos 
praticados por parlamentares no exercício de suas funções, desde que demonstrada a relação de 
pertinência com o mandato, não havendo sequer a possibilidade do Poder Judiciário conhecer de 
ação de indenização proposta contra o parlamentar em razão de manifestações decorrentes do 
exercício da função parlamentar, mesmo que as opiniões atacadas tenham sido proferidas, por 
exemplo, em uma entrevista concedida a qualquer órgão de imprensa. 
 
 Finalmente, parece razoável supor que inexiste, por igual, a possibilidade de sancionar 
politicamente o parlamentar, sob qualquer das modalidades de punição previstas no regimento da 
Casa Legislativa, por absoluta falta de coerência com a finalidade proposta pelo instituto, ou seja, 
conferir independência ao exercício da atividade parlamentar. Obviamente, tal assertiva deve ser 
tomada com reserva, pois, a falta de decoro por parte do parlamentar haverá de ensejar denúncia 
à comissão de ética da respectiva Casa, podendo resultar em punição, inclusive em cassação do 
mandato. 
 
OBS1: A imunidade material se presume quando está na Casa Legislativa, e deve ser 
comprovada quando o sujeito esteja fora da Casa Legislativa. 
 
 
Caso Bolsonaro x Maria do Rosário 
 
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia contra o 
deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por entrevista na qual ele disse que a 
deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada. Ao jornal "Zero 
Hora", ele declarou em dezembro de 2014 que ela era “muito ruim” e “muito 
feia”, e por isso não seria merecedora do estupro. Com a decisão, Bolsonaro 
passa à condição de réu. Ele vai responder por incitação ao crime, que tem pena 
de três a seis meses, e injúria, cuja punição varia de um a seis meses de 
detenção. Após as declarações de Bolsonaro, Maria do Rosário apresentou uma 
queixa-crime no STF pelos crimes de injúria e calúnia (este segundo crime foi 
rejeitado). Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) acionou o tribunal por 
apologia ao crime. A defesa de Bolsonaro argumentou que suas declarações são 
protegidas pelo artigo 53 da Constituição, que estabelece a imunidade 
parlamentar, não podendo ser responsabilizado civil ou penalmente por isso. 
O relator do caso no STF, ministro Luiz Fux, argumentou que a imunidade 
parlamentar não se aplica a declarações dadas à imprensa e sem relação com o 
exercício do mandato. O fato de Bolsonaro ter dado a entrevista em seu 
gabinete, por telefone, é "meramente incidental", segundo Fux. Outros três 
ministros da Primeira Turma — Edson Fachin, Rosa Weber e Luís Roberto 
Barroso — acompanharam o voto de Fux. Apenas Marco Aurélio Mello votou 
contra, usando o argumento da imunidade parlamentar. 
 
OBS2:Fora da Casa Legislativa, o ato deve guardar conexão com o mandato 
parlamentar para que haja proteção da imunidade. 
 
OBS3:O abuso nas imunidades pode acarretar falta de decoro parlamentar, e por 
conseqüência gerar a perda do cargo (art. 55). 
 
OBS4:Conforme decidiu o STF no informativo 232, o jornalista que divulga na 
literalidade o fato sobre difamação/ofensa de senador em relação a outro 
congressista, não se responsabiliza por ele, salvo se emitir alguma opinião. 
 
OBS5:Os fatos amparados pela imunidade material não ensejam crime em virtude da 
ausência de tipicidade. 
 
 
b)Imunidade formal (art. 53, §§ 2º, 3º, 4º e 5º, CRFB) 
 
 A primeira fisionomia assumida pela imunidade formal consiste na impossibilidade dos 
parlamentares federais, após a diplomação, virem a sofrer prisão, salvo em flagrante, decorrente 
da prática de um crime inafiançável. Significa dizer que, em regra, desde a diplomação, os 
parlamentares federais não podem ser presos, seja em decorrência da prática de um crime, seja 
em decorrência de uma das causas de decretação da prisão civil, na forma do art. 5º, LXVII, 
CRFB. 
 
OBS: De acordo com o inquérito 510, STF, os congressistas também podem ser presos 
por sentença penal condenatória definitiva. 
 
 Entretanto, mesmo que ocorra a prisão, naquela excepcional hipótese de flagrância de 
crime inafiançável, os autos deverão ser remetidos em, no máximo, vinte e quatro horas, à Casa 
Legislativa por integrada pelo parlamentar federal, para que esta delibere sobre a manutenção da 
prisão, podendo resolver, por maioria absoluta, pela sua cessação imediata, na forma do art. 53, § 
2º, CRFB. 
 
OBS: No informativo 437, o STF afastou a incidência da imunidade do art. 53, §2º, ao 
argumento de que a absurda anomalia institucional impedia a Casa Legislativa de 
apreciar com imparcialidade a manutenção ou não da prisão (a quase totalidade dos 
membros da Casa estava envolvida com a prática criminosa). O parlamentar teve o 
pedido feito no HC denegado (situação excepcional). 
 
 A segunda fisionomia assumida pela imunidade formal ganha contornos decorrentes de 
suas implicações sobre os processos criminais que tenham em seu pólo passivo os parlamentares 
federais. Segundo a dicção atual do art. 53, § 3º, CRFB, recebida pelo Supremo Tribunal Federal 
denúncia (ou queixa) contra o parlamentar, por crime praticado após a diplomação, deverá o 
Tribunal dar ciência à respectiva Casa, podendo, por iniciativa de partido político nela 
representado, pelo voto da maioria absoluta dos membros da Casa, sustar o andamento do 
processo criminal, desde que ainda não tenha sido proferida decisão com trânsito em julgado. 
 
 É de se notar que não mais se pode falar em imunidade processual em relação aos crimes 
praticados antes da diplomação, a uma, porque não haverá a necessidade do órgão julgador dar 
ciência do processo criminal à Casa Legislativa, a duas, porque não subsiste a possibilidade de 
sustação do processo por iniciativa de partido político nela representado. 
 
OBS1. Imunidades dos deputados estaduais e distritais (arts. 27,§1º e 32, §3º) 
- Possuem as mesmas imunidades que os congressistas. 
 
OBS2. Imunidades dos vereadores (art. 29, VIII) 
- Não possuem nenhuma imunidade formal, apenas material. 
- Se a CE ou a LOM trouxerem referidas imunidades formais para os vereadores, os 
dispositivos serão considerados inconstitucionais. 
- Vereadores possuem imunidade material, mas limitada à circunscrição do município e 
no exercício da função. 
c) Foro especial por prerrogativa de função 
 
 De acordo com o art. 53 §1º, os Deputados Federais e Senadores, desde a expedição do 
diploma, serão submetidos a julgamento perante o STF, pela prática de qualquer tipo de crime. A 
questão da competência para o julgamento dos parlamentares foi especificamente disciplinada 
pelo art. 84, CPP, entretanto, algumas questões devem ser analisadas sob o enfoque 
constitucional. 
 
 
1) crime cometido após a diplomação 
 
 A competência para o julgamento será do STF, podendo receber a denúncia ou a queixa 
sem qualquer licença prévia da Casa Legislativa, bastando que se lhe dê ciência do processo, 
podendo a Casa, a requerimento de partido político nela representado, por maioria absoluta, 
sustar o andamento do processo, desde que ainda não tenha sido proferida decisão com trânsito 
em julgado, ficando suspenso o prazo prescricional (CRFB, art. 53, § 5º). Cessado o mandato do 
parlamentar sem o julgamento definitivo, o processo deverá ser remetido à instância ordinária, 
pois, ao cancelar a súmula 394, o STF passoua entender que o foro especial cessa com o término 
do mandato. 
 
 
2) crime cometido antes da diplomação 
 
 Nesta hipótese, após a diplomação o processo deve ser remetido ao STF que, entendendo 
preenchidos os requisitos, dará prosseguimento à ação penal. Como se trata de crime praticado 
antes da diplomação, não incide a imunidade formal, significando dizer que o Poder Legislativo 
nada poderá fazer quanto ao andamento do processo. Encerrado o mandato sem que se tenha 
proferido decisão, cessará a competência do STF, que deverá remeter o processo ao juiz natural. 
 
OBS: na AP 396 (deputado Natan Donadan) o STF julgou a ação mesmo tendo o 
deputado renunciado na véspera do julgamento. A Corte entendeu ter havido 
inaceitável burla à sua jurisdição constitucional e também que a renúncia era abusiva. 
 
OBS2: parlamentar federal, ainda que licenciado da Casa para ocupar função de 
Ministro de Estado, Secretário de Estado, para tratamento de saúde, por exemplo, não 
perde o mandato, mantendo a ligação com o Poder Legislativo, de forma que deve 
manter o decoro parlamentar, sob pena de perda do cargo. Entretanto, fica com as 
imunidades material e formais suspensas, restando mantida intacta a prerrogativa de 
foro perante o STF. 
 
 
d) Limitação ao dever de testemunhar (art. 53, § 6º, CRFB) 
 
 Os Deputados Federais e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações 
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes 
confiaram ou deles receberam informações (CRFB, art. 53, § 6º). Sendo assim, nada indica que os 
parlamentares estejam desobrigados a testemunhar, ou seja, se intimados na condição de 
testemunha deverão prestar depoimento, se reservando o direito de nada dizer acerca de 
informações ou fontes que lhes confiaram tais informações, se as tiver obtido em razão de sua 
condição de parlamentar. 
 
 Entretanto, podemos dizer que, assim como outras autoridades, os parlamentares federais 
podem designar o local em que o seu depoimento será colhido, podendo ser em sua própria casa 
ou no local em que exerce o mandato, sendo razoável supor que ainda podem designar a data e o 
horário em que desejam fazê-lo. Não por outra razão, o art. 411, VI, CPC, designa tal 
possibilidade. 
 
 
e) Isenção do serviço militar (art. 53, § 7º, CRFB) 
 
 Os parlamentares federais gozam, ainda, da imunidade quanto à prestação de serviço 
militar. Denota-se que a atividade parlamentar pressupõe o exercício de uma função da maior 
relevância para o País e para a sociedade brasileira. Por isso, esta prerrogativa desobriga o 
parlamentar de se incorporar às forças armadas, ainda que em tempo de guerra, sem prévia 
autorização de sua Casa Legislativa. Sendo assim, mesmo que o Congressista deseja se incorporar 
não poderá fazê-lo, salvo se renunciar ao mandato (CRFB, art. 53, § 7º). 
 
 
6. DO PODER EXECUTIVO 
 
 
Os Conselhos da República e Conselho de Defesa Nacional 
 
 O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, 
sendo que as suas manifestações não terão, sob qualquer hipótese, caráter vinculatório em 
relação às opções do Presidente da República (CRFB, art. 89, caput). Compõem o Conselho da 
República, além do Presidente da República, que o convoca e o preside, o Vice-Presidente da 
República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal, os líderes da 
maioria e da minoria nas respectivas Casas, o Ministro da Justiça, assim como seis cidadãos 
brasileiros natos, maiores de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da 
República, dois eleitos pelas Casas do Congresso Nacional, todos com mandato de três anos, 
vedada a recondução. 
 
 A Lei n. 8041/90 regula a organização e o funcionamento do Conselho da República, cujas 
competências constitucionais foram definidas no sentido de se pronunciar sobre a intervenção 
federal, o estado de defesa e o estado de sítio, bem como questões reputadas relevantes pelo 
Presidente da República para a estabilidade das instituições democráticas. 
 
 O Conselho de Defesa Nacional, também convocado e presidido pelo Presidente da 
República (CRFB, art. 84, XVIII), é órgão de consulta deste, nos assuntos relacionados com a 
soberania nacional e a defesa do Estado democrático e dele participam como membros natos o 
Vice-Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado 
Federal, o Ministro da Justiça, o Ministro de Estado da Defesa, O Ministro das Relações Exteriores, 
o Ministro do Planejamento e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. 
 
 A Lei n. 8183/91 regula a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional, 
competindo-lhe, nos termos da Constituição: 
 
- opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração de paz, bem como sobre a 
decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal; 
- propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do 
território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas 
relacionadas com a preservação e exploração dos recursos minerais de qualquer tipo; 
- estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a 
independência nacional e a defesa do Estado democrático. 
 
 
 
Responsabilidade do Chefe do Poder Executivo Federal 
 
 
Os Crimes de Responsabilidade 
 
 O exercício de funções públicas, notadamente em razão de investidura de natureza política, 
direciona ao exercente (agente político) deveres que não são extensíveis aos demais agentes 
públicos (como os servidores, por exemplo). Sendo assim, o regime de responsabilização dos 
agentes políticos não sugere apenas a aplicação das normas previstas no Código Penal e na 
legislação penal especial, subsistindo um regime próprio de responsabilização. 
 
 Os ilícitos praticados por agentes políticos, notadamente aqueles praticados pelo Presidente 
da República, em geral, são pluriobjetivos, ou seja, significam a violação de bens jurídicos 
tutelados em mais de uma esfera do Direito, importando na aplicação de sanções penais, civis, 
administrativas e políticas. 
 
 Os crimes de responsabilidade correspondem às infrações político-administrativas, cujas 
sanções importam a vacância do cargo, a desinvestidura do agente e a sua inabilitação para o 
exercício de funções públicas por um determinado tempo. Consistem, assim, em sanções não 
penais, podendo ser aplicadas sem prejuízo destas. 
 
 A Constituição Federal de 1988, em seu art. 85, estabelece em rol exemplificativo que 
serão considerados crimes de responsabilidade aqueles citados em seus incisos, entretanto, a Lei 
n. 1079/50, recentemente alterada pela Lei n. 10.028/00, trata de outras hipóteses de crime de 
responsabilidade, com ênfase nos crimes contra a lei orçamentária1. 
 
 Além do Presidente da República, também poderão ser responsabilizados politicamente e 
destituídos de seus cargos através de processo de impeachment, o Vice-Presidente da República 
(CRFB, art. 52, I), os Ministros de Estado, nos crimes conexos com aqueles praticados pelo 
Presidente (CRFB, art. 52, I), os Ministros do STF (CRFB, art. 52, II), os membros do Conselho 
Nacional de Justiça (CRFB, art. 52, II), o Procurador-Geral da República (CRFB, art. 52, II), bem 
como os Governadores e Prefeitos, como veremos adiante. 
 
 O processo de impeachment tem seu procedimento determinado pela Lei n. 1079/50, 
sendo seccionado em duas fases: 1) Juízo de Admissibilidade (Câmara dos Deputados) ; e 2) 
Processo e Julgamento (Senado Federal). 
 
1 De acordo com a Súmula 722 do STF, a União é competente para legislar sobre crime de responsabilidade (definição, 
normas de processamento e julgamento).1) Juízo de Admissibilidade 
 
 Nesta fase inicial, a Câmara dos Deputados se encarrega de analisar a possibilidade do 
processo prosseguir, ou seja, diante dos fatos e das provas produzidas pelo denunciante2, aquela 
Casa Legislativa, pela maioria de 2/3 de seus membros, poderá admitir que o processo de 
impeachment seja instaurado e endereçado ao Senado Federal. Note-se que a Casa não há de 
formular juízo de valor sobre a procedência ou a improcedência das acusações, mas, tão somente, 
se pronunciar sobre a sua plausibilidade. 
 
OBS: Conforme decidiu o STF no MS 21564, já existe direito de defesa no curso desse 
juízo de admissibilidade realizado pela Câmara dos Deputados. 
 
 
 
2) Processo e Julgamento 
 
 Após a autorização da Câmara dos Deputados, o Senado Federal deverá instaurar o 
processo, sob a presidência do Presidente do STF, submetendo o Presidente da República a 
julgamento, assegurando-lhe a ampla defesa e o contraditório, podendo ao final absolvê-lo ou 
condená-lo pela prática do crime de responsabilidade. 
 
 É oportuno lembrar que, instaurado o processo, o Presidente da República ficará suspenso 
de suas funções pelo prazo de cento e oitenta dias. Se o julgamento não estiver concluído no 
aludido prazo, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do 
processo (CRFB, art. 86 §1º, II e § 2º). 
 
 A sentença condenatória materializar-se-á através de uma Resolução do Senado Federal, 
somente podendo ser proferida se obtido voto da maioria qualificada de 2/3 de seus membros, 
limitando-se a condenação à perda do cargo e à inabilitação para o exercício de qualquer 
função pública por oito anos, sem prejuízo da aplicação das demais sanções judiciais cabíveis 
(CRFB, art. 52, parágrafo único). 
 
 Ainda convém ressaltar que o art. 15, da Lei n. 1079/50, estabelece que “a denúncia só 
poderá ser recebida enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado 
definitivamente o cargo”. O ex-Presidente Fernando Collor de Mello impetrou mandado de 
segurança no STF, alegando que houvera renunciado antes de proferida a sentença pelo Senado 
Federal, o que sustaria a tramitação do processo de impeachment. O STF, no julgamento do MS 
21.689-1, por maioria de votos, decidiu que a renúncia ao cargo não extingue o processo que já 
fora este iniciado. 
 
OBS: As penas perda de cargo e inabilitação por 8 anos não guardam entre si a relação 
de principal/acessória, são ambas autônomas (caso Collor, em que a renúncia 
inviabilizou a perda do cargo mas a inabilitação foi aplicada). Havendo renúncia ao 
cargo, quando já fora instaurado o processo, este prosseguirá até o fim. 
 
 Ademais, o juízo natural do Presidente da República, quando do cometimento de crime de 
responsabilidade, é mesmo o Senado Federal, razão pela qual não subsiste qualquer possibilidade 
de que a decisão de tal órgão venha a ser revista pelo Poder Judiciário, no caso, pelo Supremo 
Tribunal Federal. 
 
OBS1: A autorização dada pela CD vincula o SF (que agora deverá processar o 
 
2 A acusação poderá ser formalizada por qualquer do povo, desde que no pleno gozo de seus direitos políticos. 
Presidente pelo crime de responsabilidade), mas não vincula o STF, que ainda fará 
novo juízo de admissibilidade da denúncia ou da queixa-crime e ao, final, poderá 
condenar ou absolver o Presidente, independente da decisão proferida pelo Senado 
Federal. 
 
OBS2: O SF é instância única e originária para o julgamento, por isso o STF não pode 
rever a decisão de mérito prolatada pelo SF (isto feriria o princípio da separação dos 
poderes); a Corte só pode avaliar (acionada através de MS) o respeito à legalidade e 
aos princípios constitucionais, como a ampla defesa / contraditório. 
 
 
 Os Crimes Comuns 
 
 A Lei n. 8038/90 instituiu normas procedimentais para os processos em face do Presidente 
da República, por crimes comuns, complementadas pelo Regimento Interno do STF (artigos 230 a 
246). A Constituição Federal de 1988, em seu art. 86, prevê que o processo contra o Presidente 
da República, por crime comum, incluídos os crimes eleitorais, as contravenções penais, os delitos 
contra a vida e outros, também terá duas fases: 1) Juízo de Admissibilidade (Câmara dos 
Deputados) ; e 2) Processo e Julgamento (Supremo Tribunal Federal). 
 
1) Juízo de Admissibilidade 
 
 Nesta fase inicial, a Câmara dos Deputados se encarrega de analisar a possibilidade do 
processo prosseguir3, ou seja, diante dos fatos e das provas produzidas pelo denunciante4, aquela 
Casa Legislativa, pela maioria de 2/3 de seus membros, poderá admitir que o processo de criminal 
siga seu curso. Note-se que, também aqui, a Casa não há de formular juízo de valor sobre a 
procedência ou a improcedência das acusações, mas, tão somente, se pronunciar sobre a 
continuidade ou não do processo. 
 
2) Processo e Julgamento 
 
 Esta fase se inicia com o recebimento da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal, ficando, 
da mesma forma que no caso anterior, o Presidente da República afastado de suas funções 
durante o prazo de cento e oitenta dias. Se o julgamento não estiver concluído no aludido prazo, 
cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (CRFB, 
art. 86 §1º, II e § 2º). 
 
A condenação pelo crime comum implica na perda do cargo e a suspensão dos direitos políticos, 
enquanto durarem os efeitos da pena (CRFB, art. 15, III). Normalmente, a inelegibilidade cessa 
com a extinção da pena, entretanto, em se tratando dos crimes elencados na alínea e do inciso I, 
do art. 1º , da LC n. 64/90, esta se prolongará por mais três anos. 
 
 Cabe salientar que a renúncia do Presidente da República, a sua condenação ou mesmo a 
sua absolvição quanto à prática de crime de responsabilidade, não inibe a possibilidade de que se 
aplique sanção penal, contudo, depois de cessado o mandato, o processo deverá ser remetido pelo 
STF para o órgão competente para conhecer da matéria. 
 
OBS1: As penas são aquelas previstas em abstrato no tipo penal. 
OBS2:Como conseqüência da condenação, temos no art. 15, III, a suspensão dos 
direitos políticos, o que gera a perda do cargo (o que se dá de forma reflexa). A 
 
3 Interessa notar que apenas o desencadeamento da ação necessitará da licença parlamentar, não sendo exigível para a instauração do inquérito 
policial ou parlamentar (CPI) ou para o oferecimento da denúncia, da queixa subsidiária ou da queixa-crime. 
4 A denúncia, quanto aos crimes comuns, deve ser oferecida pelo Procurador-Geral da República, em se tratando de ação penal pública. Em se 
tratando de ação penal privada, a queixa-crime deve ser oferecida ao Tribunal pelo próprio ofendido. 
condenação aplicada será a prevista no tipo penal, e não a perda do cargo (como pena 
principal), que só ocorrerá no caso de crime de responsabilidade. 
OBS3:A denúncia, nos casos de ação penal pública, será ofertada pelo PGR. 
 
 
As imunidades do Presidente da República 
 
O Presidente da República não possui imunidade material, apenas imunidades formais. 
 
1. Prisão (art. 86, §3º) 
 
 O Presidente da República somente poderá ser preso depois que sobrevier sentença penal 
condenatória (CRFB, art. 86, § 3º). 
OBS: Não há prisão em flagrante, preventiva ou temporária. (Não confundir este art. 
com o 53, §2º) 
 
 
2. Cláusula de irresponsabilidade penal relativa (art. 86, §4º) 
 
 
 Conforme a regra do art. 86, §4º , da CRFB, o Presidente da República, durante a vigência 
do mandato, não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 
Desta forma, as infrações penais por ele praticadas somente serão passíveis de processo e 
julgamento, com eventual condenação, se guardarem relação com o exercício do mandato 
presidencial.Assim, as infrações penais praticadas antes do início do mandato ou durante a sua 
vigência, que não tenham se produzido em razão do mandato, não poderão ser objeto de 
persecução criminal, ficando esta provisoriamente inibida, acarretando a suspensão do prazo 
prescricional. Trata-se, na espécie, de verdadeira irresponsabilidade penal relativa, pois a 
imunidade atinge somente os crimes praticados antes do mandato, ou durante, sem relação 
funcional. 
 
 Quanto às infrações de natureza civil, política, administrativa, fiscal ou tributária, poderá o 
Presidente ser responsabilizado, pois a imunidade somente abrange os ilícitos penais que não 
tenham sido praticados em razão do mandato. Note-se que, em caso de condenação criminal do 
Presidente da República durante o curso de seu mandato, hipótese que somente poderá ocorrer se 
o crime for dele decorrente, a sanção a ser aplicada é aquela prevista no tipo penal. A perda do 
cargo somente ocorrerá por via reflexa, pois, ficando suspensos os direitos políticos do Presidente 
da República (CRFB, art. 15, III), não poderá continuar a exercer a função para a qual fora eleito. 
 
OBS: Somente a imunidade referente à autorização pela Câmara dos Deputados lhe foi 
entregue enquanto Chefe de Governo; as demais foram previstas para o Chefe de 
Estado. Por isso, de acordo com a interpretação do STF, as regras sobre a imunidade 
formal em relação à prisão (art. 86, §3º), bem como aquelas relacionadas à imunidade 
penal relativa (art. 86, §4º), não podem ser estendidas aos Governadores e Prefeitos 
por atos normativos próprios, na medida em que as regras sobre a matéria estão 
reservadas à competência exclusiva da União. 
 
OBS2: A infração penal praticada antes do mandato não tem qualquer relação 
funcional, ficando provisoriamente inibida e acarretando a suspensão do curso da 
prescrição. 
 
 
 
Responsabilidade do Chefe do Poder Executivo e dos Secretários Estaduais 
 
 
Os Crimes Comuns e os Crimes de Responsabilidade 
 
 Os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, quanto aos crimes comuns, são 
julgados perante o Superior Tribunal de Justiça, após a autorização de, pelo menos, 2/3 dos 
membros da respectiva Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, não 
subsistindo em favor de tais Chefes do Poder Executivo a imunidade quanto à prisão e a cláusula 
de irresponsabilidade penal relativa5. 
 
 Constituem crimes de responsabilidade dos governadores dos Estados ou dos seus 
Secretários, quando por eles praticados, os atos definidos como crimes na Lei n. 1079/50, sendo 
permitido a todo cidadão denunciar o Governador perante a Assembléia Legislativa pela prática de 
qualquer dos crimes de responsabilidade elencados pela legislação. 
 
 A denúncia assinada pelo denunciante e, com a firma reconhecida, deve ser acompanhada 
dos documentos que a comprovem, ou da declaração de impossibilidade de apresentá-los com a 
indicação do local em que possam ser encontrados, não podendo ser recebida a denúncia depois 
que o Governador, por qualquer motivo, houver deixado definitivamente o cargo. 
 Apresentada a denúncia, se a Assembléia Legislativa, por maioria absoluta, decretar a 
procedência da acusação, será o Governador imediatamente suspenso de suas funções, devendo 
ser julgado pela forma que determinar a Constituição do Estado e somente poderá ser condenado 
à perda do cargo, com inabilitação até cinco anos para o exercício de qualquer função pública, sem 
prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 
 Quando o tribunal de julgamento for de jurisdição mista serão iguais, pelo número, os 
representantes dos órgãos que o integrarem, excluído o Presidente, que será o Presidente do 
Tribunal de Justiça. Em qualquer hipótese, só poderá ser decretada a condenação pelo voto de 
dois terços dos membros de que se compuser o tribunal de julgamento. 
 
 Nos Estados, onde as Constituições não determinarem o processo nos crimes de 
responsabilidade dos Governadores, aplicar-se-á o disposto na Lei n. 1079/50, devendo, porém, o 
julgamento ser proferido por um tribunal composto de cinco membros do Legislativo e de cinco 
desembargadores sob a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá direito de 
voto no caso de empate. Os membros do Poder Legislativo serão escolhidos mediante eleição pela 
Assembléia Legislativa, enquanto os desembargadores o serão mediante sorteio. 
 
 Convém ressaltar, ainda, dois aspectos: os Secretários de Estado, nos crimes conexos com os 
dos governadores, serão sujeitos ao mesmo processo e julgamento e, desde o recebimento da 
denúncia ou da queixa-crime pelo STJ (somente após a autorização da Assembléia Legislativa) ou 
após a autorização do processo político-adminsitrativo pela Casa Legislativa estadual ou distrital, o 
Governador ficará suspenso de suas funções. 
 
 
Responsabilidade do Chefe do Poder Executivo e dos Secretários Municipais 
 
 
5 O STF decidiu na ADI 1021 e no HC 80511 que somente a imunidade referente à autorização do 
processo seria extensível aos Governadores, se houver previsão expressa na respectiva 
Constituição Estadual. 
 
 
Os Crimes Comuns e os Crimes de Responsabilidade 
 
 Os Prefeitos, quanto aos crimes comuns, inclusive os dolosos contra a vida, os crimes de 
ação penal privada e as contravenções penais, e nos “crimes de responsabilidade” elencados no DL 
201/67, que são denominados “crimes de responsabilidade impróprios” porque nada têm de 
infração político-administrativa, são julgados perante o Tribunal de Justiça do Estado em que se 
localiza Município por ele governado, independentemente de autorização da Câmara Municipal. 
 
 O inquérito policial ou a ação penal contra a pessoa que toma posse como prefeito devem 
ser encaminhados ao Tribunal de Justiça, podendo as diligências virem a ser acompanhadas pelo 
Procurador-Geral de Justiça ou por membro do Ministério Público por ele designado, assim como o 
oferecimento da denúncia. 
 
 No entanto, se o crime é praticado contra patrimônio da União ou relacionado a bens cuja 
prestação de contas seja feita a órgão federal, a competência para o julgamento do Prefeito passa 
a ser do Tribunal Regional Federal (Súmula 208, STJ), mas, caso a verba já tenha sido incorporada 
ao patrimônio do Município, a competência permanece sendo do Tribunal de Justiça (Súmula 209, 
STJ). 
 
 A condenação definitiva por crime comum ou de responsabilidade impróprio implica a 
suspensão dos direitos políticos do Prefeito (CRFB, art. 15, III), a perda do mandato e a 
inelegibilidade por três anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 
 
OBS: Os crimes do art. 1º do Decreto Lei 201/67 são comuns e serão julgados no Judiciário. Já as 
infrações político-administrativas do art. 4º do mesmo Decreto são efetivamente crimes 
responsabilidade, portanto de julgamento a ser realizado na Câmara dos Vereadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO PODER JUDICIÁRIO: FUNDAMENTO, ATRIBUIÇÕES E GARANTIAS 
 
 
Espécies de garantias do Poder Judiciário 
 
As garantias do Poder Judiciário encontram sua melhor classificação nos ensinamentos de José 
Afonso da Silva, que as divide em duas espécies principais: garantias institucionais e garantias 
funcionais. 
 
As garantias institucionais subdividem-se em garantias de autonomia orgânicoadministrativa 
e garantias de autonomia financeira. 
 
As garantias de autonomia orgânicoadministrativa consistem na capacidade que o Judiciário 
tem de estruturar e promover o funcionamento dos seus próprios órgãos, sem a interferência de 
outros poderes. Estão previstas no artigo 96 do texto constitucional. 
 
Já as garantias de autonomia financeira estão dispostas no artigo 99 da Constituição e se 
manifestam no poder que o Judiciário tem de elaborar seu próprio

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