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DIREITO PROCESSUAL PENAL I Aula-23/05/2016 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA CONEXÃO E CONTINÊNCIA FORO PREVALENTE - Como o artigo 79 dispõe que nos casos de conexão e continência deve haver um só processo, torna-se necessário estabelecer critérios para que o foro (ou justiça) prevaleça sobre os demais. - Nessa hipótese o prevalente terá sua competência prorrogada, pois estará julgando um delito que, pelas regras gerais, seria de competência de outro. - O critério está elencado no artigo 78: No concurso entre a competência do júri e de outro órgão de jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri. OBS: Se o crime for eleitoral e doloso contra a vida, os processos serão julgados separadamente, não haverá a reunião de processos, pois a competência de ambos é fixada na CF/88. (há quem conteste essa afirmação) - Crimes dolosos contra a vida e foro por prerrogativa de função O constituinte optou por conceder à algumas pessoas, em razão do alto cargo que ocupam na estrutura do Estado a prerrogativa de serem julgadas por um certo órgão jurisdicional (VER SÚMULA 721 DO STF) - Crimes dolosos contra a vida e as infrações penais de menor potencial ofensivo O entendimento é que deve ser da competência do tribunal do júri, vez que não há nenhuma ressalva constitucional, aplica-se o inciso I do Art. 78. Podem os institutos despenalizadores serem aplicados? A questão foi tratada na Lei 11.313/2006 – que alterou o artigo 60 da lei 9.099/95. Se houver concorrência entre Júri e crime de competência da Justiça Federal, ambos serão apreciados dentro do júri a ser realizado na esfera Federal. No concurso de jurisdição da mesma categoria Quando o legislador fala em mesma categoria deve-se entender essa expressão como grau de poder jurisdicional, ou seja, os limites dentro dos quais cada órgão do poder judiciário pode exercer legitimamente sua função, posto de que a jurisdição é una. Trata-se da competência originária de cada um, assim, havendo concorrência horizontal, ou seja, quando se dá entre magistrados aptos a julgar o mesmo tipo de causa, deve-se obedecer ao descrito nas alíneas abaixo: Prepondera o local da infração a qual for cominada a pena mais grave (reclusão, detenção e prisão simples). Se a pena máxima for igual, usa-se a que tem a maior pena mínima. Essa regra não é aplicada em caso de crimes da justiça estadual e federal, quando deverá prevalecer a justiça Federal – por regra constitucional. Prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem iguais. É natural que o local que sofreu mais perturbações atraia para si a competência para julgar crime ocorrido em outro lugar. Se as penas forem idênticas e em igual número, firmar-se-á a competência por prevenção. A prevenção surge para sanar os problemas de conflito de competência quando as regras específicas se mostram insuficientes. Sempre que não for possível determinar o juiz natural pela regra da gravidade do crime, nem pelo número de delitos, elege-se o juiz pela prevenção, isto é, aquele que primeiro conhecer de um dos processos torna-se competente para julgar ambos, avocando o outro. No concurso de jurisdição de categorias diversas – instâncias diversas – predominará a de maior graduação. Ex.: Tribunal de Justiça e Juiz Singular – Prevalecerá o Tribunal de Justiça. A divisão em categorias, ou seja, graus de jurisdição, reflete uma hierarquia, devendo predominar aquela que se mostrar mais próxima do topo, nessa situação estamos diante de uma concorrência vertical, onde o magistrado de maior grau exercerá a força atrativa. Superior é o poder jurisdicional apto a rever as decisões de outras cortes. Exemplo: Cidadão que não goza de nenhuma prerrogativa em razão do exercício da função, concorre em crime com um Juiz de Direito, ambos serão processados e julgados pelo tribunal de justiça. Dirimindo eventuais conflitos que possam aparecer, o STF editou a súmula 704. No concurso entre jurisdição comum e especial – prevalecerá a especial Pertence à jurisdição comum tudo aquilo que não guardar relação com a especial, é a regra geral para todos os casos que não contém regras especiais, estabelecidas na Constituição Federal. Desta forma, são especiais, em matéria criminal, justiça Eleitoral e a justiça militar, não há incidência de normas processuais penais na seara trabalhista. Sempre que ocorrer conflitos, caberá a força atrativa à justiça especial. Apesar de a justiça federal ser comum, deve se frisar que em relação à justiça Estadual ela é especial, vez que tem sua competência determinada diretamente da Constituição Federal, razão pela qual não se pode afastá-la. Súmula nº 38 do STJ “Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades”. Súmula nº 122 do STJ “Compete à Justiça Federal o processo e o julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual”. A Justiça eleitoral somente julga, por força da aplicação da regra de conexão, as infrações penais conexas de competência da justiça estadual. (não julga crimes federais conexos – atribuição constitucional). RITO Em caso de conexão entre crimes que tenham ritos processuais diversos, deverá ser seguido o rito mais amplo, ou seja, aquele que assegure maiores oportunidades de desse ao réu. CONEXÃO ENTRE JURISDIÇÃO COMUM E A DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL - Prevalecerá a competência da justiça comum. SEPARAÇÃO DE PROCESSOS Apesar da existência da conexão e continência, a lei estabelece alguns casos de separação do processo. Essa separação poderá ser obrigatória ou facultativa. Obrigatória – artigo 79. Facultativa – artigo 80. Aula-24/05/2016 DESCLASSIFICAÇÃO E COMPETÊNCIA Se iniciado o processo, perante um juiz, houver desclassificação para infração de competência de outro, vários caminhos poderão ser seguidos, dependendo da hipótese concreta. Em se tratando de um só crime na ação penal, o juiz deverá remeter o processo ao juízo competente para o julgamento (artigo 74, Parágrafo 2º); Se a desclassificação ocorrer em fase de pronúncia, o artigo 74, parágrafo 3º, estabelece que o processo será remetido ao juízo competente; Se a desclassificação ocorrer no plenário do júri, em razão das respostas dos jurados aos quesitos, caberá ao juiz-presidente proferir, de imediato, a sentença (artigo 74, parágrafo 3º, 2ª parte, e 492, parágrafo 2º). - Há, no entanto, regras específicas em caso de conexão e continência, quando ocorrer desclassificação ou absolvição em relação ao crime que havia dado competência ao juiz: Perpetuatio Jurisdicionis – artigo 81 “caput” - No crime comum, mesmo tendo havido tal desclassificação ou absolvição, o juiz continua competente para julgar a outra infração. Se a pessoa estava sendo processada por um crime doloso contra a vida e por crime comum conexo, caso o juiz, na fase de pronúncia, desclassifique o crime doloso contra a vida, deverá remeter os autos ao juízo competente, para apreciar o delito. Se, em plenário, os jurados absolverem o réu em relação ao crime doloso contra a vida, continuam a julgar os crimes conexos, uma vez que, ao julgarem o mérito, firmaram sua competência. Se os jurados, em plenário, desclassificam o crime doloso contra a vida para o delito de outra natureza. Cabe ao juiz-presidente julgar os crimes conexos – com base no artigo 74, § 3º. CONFLITO DE JURISDIÇÃO OU COMPETÊNCIA – artigos 113 e ss. do CPP - Um dos pressupostos de validade do processo é a competência do juiz. Se o juiz for incompetente, a relação processual se torna inválida, a menos que se trate de incompetência relativa, não arguida oportuno tempore. - O denominado conflito de jurisdição é um dos meios pelos quais se solucionam problemas ligados à competência. - Diz-se quehá conflito de jurisdição quando duas ou mais autoridades judiciárias se dizem competentes ou incompetentes para o conhecimento de uma determinada causa. - O correto seria dizer conflito de competência. A própria CF/88 fala dessa maneira. Há dois tipos de conflito de jurisdição/competência: Conflito positivo de competência – ocorre quando dois ou mais Juízos ou Tribunais se consideram ao mesmo tempo competentes para o exame de determinada causa. Conflito negativo de competência – ocorre quando dois ou mais Juízos ou Tribunais se consideram ao mesmo tempo incompetentes para o exame de determinada causa. - Também ocorre conflito quando houver divergência quando a unidade de processo, seja sua junção ou sua separação. O conflito de competência pode ser suscitado: pelas partes, por requerimento – artigo 115 do CPP; por representação do juiz. - O conflito deve ser suscitado de forma escrita e fundamentado, com cópia da alegação, artigo 116 do CPP. - O relator recebe o processo, determina que os Juízos envolvidos prestem informações. - Com as informações, colhe o parecer do Ministério Público em Segunda instância (procurador geral). O conflito então é julgado. - Para o conflito positivo o procedimento tem forma própria por meio de instrumento que é remetido ao Tribunal. Como o processo continua tramitando, a suspensão ou não dos atos processuais dependem do relator do Tribunal. - No conflito negativo os próprios autos nos quais se suscita o conflito são encaminhados ao Tribunal. O processo fica suspenso até a decisão do Tribunal. Competência para julgar os conflitos: 1 – Cabe ao STF – dirimir conflitos envolvendo Tribunais Superiores. Se envolver o próprio STF e outro Tribunal, não há conflito, o STF dá a palavra final. Se o conflito envolver Tribunais Superiores ou um Tribunal Superior e um Juiz, cabe também ao STF dirimir. 2 – Cabe ao STJ – dirimir conflitos envolvendo Tribunais Estaduais ou Tribunais Regionais Federais e um juízo a ele não vinculado. Ex. – TJ de São Paulo x Juiz do Rio de Janeiro. 3 – Cabe ao Tribunal Regional Federal – dirimir conflito entre Juízes Federais da mesma região. Se for região diferente, cabe ao STJ. Cabe também ao TRF julgar conflito entre Juiz Federal e Juiz Estadual com competência federal. 4 – Cabe ao Tribunal Regional Eleitoral – dirimir conflito envolvendo juízos eleitorais do mesmo Estado. Se Estados diferentes, cabe ao TSE. 5 – Cabe ao Tribunal de Justiça – dirimir conflitos entre Juízes estaduais no mesmo Estado. Obs. – Conflitos entre Juízes dos Juizados Especiais Criminais do mesmo Estado, atualmente a competência é do Tribunal de Justiça. CONFLITO DE ATRIBUIÇÃO E DE COMPETÊNCIA – DISTINÇÃO. - O conflito será de competência quando estiver em jogo o exercício da jurisdição, ou seja, quando o ato a ser praticado for um ato jurisdicional, ato que vise a solução do caso penal. - Entretanto, quando o ato a ser praticado for um ato administrativo, ato de administração, o conflito será de atribuição. - Atribuição é a “competência” administrativa para atuar em determinado procedimento em juízo ou fora dele. - Mesmos atos que devem ser praticados por juízes podem estar sujeitos ao critério de atribuição e não de competência, quando atuam em funções atípicas (administrativas). - A atribuição está para o promotor de justiça assim como a competência está para o Juiz (atuar sem atribuição pode levar à nulidade processual por ilegitimidade de parte).
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