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Citações para o júri

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DEVERES FUNCIONAIS DO MP/ACUSAÇÃO:
Lei nº 8.625/93: "Art. 43. São deveres dos membros do Ministério Público, além de outros previstos em lei:
 [...]
IX - tratar com urbanidade as partes, testemunhas, funcionários e auxiliares da Justiça";
FUNÇÃO DO DELEGADO: 
CP: "(PREVARICAÇÃO)
"Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa".
CPP: "Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.          (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995)
Parágrafo único.  A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função".
CPP: "Art. 13.  Incumbirá ainda à autoridade policial:
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos"
Lei nº 12.830/13: "Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia. 
Art. 2o  As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. 
§ 1o  Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.
 [...]
 § 6o  O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias".
PERGUNTAS SUBJETIVAS:
CPP: "Art. 213.  O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato".
VEDAÇÃO DE REFERENCIA À PRONÚNCIA E À AUSÊNCIA DO RÉU:
CPP: "Art. 478.  Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)"
VEDAÇÃO DE LEITURA DE DOCUMENTO QUE NÃO TENHA SIDO JUNTADO AOS AUTOS:
CPP: "Art. 479.  Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único.  Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)"
INDICAÇÃO DAS FOLHAS DOS AUTOS:
CPP: "Art. 480.  A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)"
DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA NA AUSÊNCIA DO RÉU: 
CPP: "Art. 217.  Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)"
TESTEMUNHA POR OUVIR DIZER: 
STJ:
"RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA FUNDAMENTADA EXCLUSIVAMENTE EM ELEMENTO INFORMATIVO COLHIDO NA FASE PRÉ-PROCESSUAL. NÃO CONFIRMAÇÃO EM JUÍZO. TESTEMUNHA DE OUVIR DIZER. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. A decisão de pronúncia é um mero juízo de admissibilidade da acusação, não sendo exigido, neste momento processual, prova incontroversa da autoria do delito - bastam indícios suficientes de que o réu seja seu autor e a certeza quanto à materialidade do crime.
2. Muito embora a análise aprofundada dos elementos probatórios seja feita somente pelo Tribunal Popular, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial, mormente quando essa prova está isolada nos autos, como na hipótese, em que há uma única declaração, colhida no inquérito e não confirmada em juízo.
3. O Tribunal de origem, ao despronunciar o ora recorrido, asseverou que "o único indício a incriminar o imputado seria a declaração de uma testemunha não presencial, [...] na fase pré-processual, na qual refere ter tomado ciência do crime e de sua autoria, depois do que uma vizinha havia contado" (fls. 726-727), razão pela qual, consoante o enunciado na Súmula n. 7 do STJ, torna-se inviável, em recurso especial, a revisão deste entendimento, para reconhecer a existência de prova colhida sob o contraditório judicial apta a autorizar a submissão do recorrido à julgamento perante o Tribunal do Júri.
4. A primeira etapa do procedimento bifásico do Tribunal do Júri tem o objetivo de avaliar a suficiência ou não de razões (justa causa) para levar o acusado ao seu juízo natural. O juízo da acusação (iudicium accusationis) funciona como um filtro pelo qual somente passam as acusações fundadas, viáveis, plausíveis, idôneas a serem objeto de decisão pelo juízo da causa (iudicium causae). A instrução preliminar realizada na primeira fase do procedimento do Júri, leciona Mendes de Almeida, é indispensável para evitar imputações temerárias e levianas. Ao proteger o inocente, "dá à defesa a faculdade de dissipar as suspeitas, de combater os indícios, de explicar os atos e de destruir a prevenção no nascedouro;
propicia-lhe meios de desvendar prontamente a mentira e de evitar a escandalosa publicidade do julgamento".
5. Não se verifica contrariedade à lei federal em acórdão que deixa de acolher o testemunho indireto (por ouvir dizer) como prova idônea, de per si, para submeter alguém a julgamento pelo Tribunal Popular.
6. A norma segundo a qual a testemunha deve depor pelo que sabe per proprium sensum et non per sensum alterius impede, em alguns sistemas - como o norte-americano - o depoimento da testemunha indireta, por ouvir dizer (hearsay rule). No Brasil, embora não haja impedimento legal a esse tipo de depoimento, "não se pode tolerar que alguém vá a juízo repetir a vox publica. Testemunha que depusesse para dizer o que lhe constou, o que ouviu, sem apontar seus informantes, não deveria ser levada em conta." (Helio Tornaghi).
7. Recurso especial não provido.
(REsp 1444372/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 16/02/2016, DJe 25/02/2016)
STF:
"EMENTA: AÇÃO PENAL. CRIME DE PREVARICAÇÃO (ART. 319 DO CP) E DE RESPONSABILIDADE DE PREFEITO (ART. 1º DO DECRETO-LEI Nº 201/67). AUSÊNCIA DE PROVAS. IMPROCEDÊNCIA. ABSOLVIÇÃO DOS RÉUS. 
1. A configuração do crime de prevaricação requer a demonstração não só da vontade livre e consciente de deixar de praticar ato de ofício, como também do elemento subjetivo específico do tipo, qual seja, a vontadede satisfazer "interesse" ou "sentimento pessoal". Instrução criminal que não evidenciou o especial fim de agir a que os denunciados supostamente cederam. Elemento essencial cuja ausência impede o reconhecimento do tipo incriminador em causa. 
2. A acusação ministerial pública carece de elementos mínimos necessários para a condenação do parlamentar pelo crime de responsabilidade. Os depoimentos judicialmente colhidos não evidenciaram ordem pessoal do Prefeito de não-autuação dos veículos oficiais do Município de Santa Cruz do Sul/RS. A mera subordinação hierárquica dos secretários municipais não pode significar a automática responsabilização criminal do Prefeito. Noutros termos: não se pode presumir a responsabilidade criminal do Prefeito, simplesmente com apoio na indicação de terceiros -- por um "ouvir dizer" das testemunhas --; sabido que o nosso sistema jurídico penal não admite a culpa por presunção. 
3. O crime do inciso XIV do art. 1º do Decreto-Lei nº 201/67 é delito de mão própria. Logo, somente é passível de cometimento pelo Prefeito mesmo (unipessoalmente, portanto) ou, quando muito, em coautoria com ele. Ausência de comprovação do vínculo subjetivo, ou psicológico, entre o Prefeito e a Secretária de Transportes para a caracterização do concurso de pessoas, de que trata o artigo 29 do Código Penal. 4. Improcedência da ação penal. Absolvição dos réus por falta de provas, nos termos do inciso VII do artigo 386 do Código de Processo Penal."
(AP 447, Relator(a):  Min. CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 18/02/2009, DJe-099 DIVULG 28-05-2009 PUBLIC 29-05-2009 EMENT VOL-02362-01 PP-00022)
TJAL:
"PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO DE PRONÚNCIA. PEDIDO DE DESPRONÚNCIA. MERAS SUSPEITAS SEM AMPARO EM ELEMENTOS CONCRETOS. INDÍCIOS DE MOTIVAÇÃO EM RELAÇÃO A UM DOS RECORRENTES. ABSOLUTA AUSÊNCIA DE INDÍCIOS SOBRE A PREPARAÇÃO OU EXECUÇÃO DO CRIME. CORRÉU QUE É MENCIONADO EM UM ÚNICO DEPOIMENTO DE OUVIR DIZER. FRAGILIDADE DO ARCABOUÇO PROBATÓRIO. DESPRONÚNCIA QUE SE IMPÕE. RECURSOS CONHECIDOS E PROVIDOS. 
I - Em relação ao primeiro réu, o acervo probatório não logra produzir senão uma vaga suposição de que ele poderia ter encomendado a morte da vítima em virtude de um desentendimento ocorrido dias antes, não havendo informações acerca do planejamento ou da execução do delito. 
II - Na verdade, tudo o que se reuniu contra o réu foi um possível motivo, sendo que nem por ouvir dizer as testemunhas situam o réu no local do crime antes, durante ou depois da morte, tampouco o segmento testemunhal de prova é capaz de vinculá-lo ao corréu, suposto autor material. 
III - Quanto ao segundo réu, seu nome foi ventilado por um declarante na fase policial, mas nada mais foi descoberto sobre sua suposta participação no crime. O recorrente não foi reconhecido por nenhuma testemunha, não tinha vínculo de amizade com o corréu, nem frequentava a casa ou a rua onde morava a vítima. 
IV - Inexistindo indícios suficientes à formação de um juízo, ao menos preliminar e precário, da autoria delitiva, a providência que deveria ter sido adotada em primeiro grau é aquela prevista no art. 414, do Código de Processo Penal, isto é, a despronúncia. 
V - Recursos conhecidos e providos para despronunciar os réus.
(TJ-AL - RSE: 00002385320148020048 AL 0000238-53.2014.8.02.0048, Relator: Des. Sebastião Costa Filho, Data de Julgamento: 27/07/2016, Câmara Criminal, Data de Publicação: 28/07/2016)
TJDF:
"PROCESSO PENAL. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE. HOMICÍDIOS. CONSUMADO E TENTADO. MERAS CONJECTURAS. OUVI DIZER. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS SUFICIENTES PARA SUBMETER O ACUSADO AO JÚRI POPULAR. AGENTE QUE MANTINHA O ROSTO COBERTO. RECONHECIMENTO COMPROMETIDO. VOTO MINORITÁRIO. PROVIMENTO. 
1. Regular decisão que rejeita a denúncia, se tal peça não demonstra respaldo indiciário mínimo, não prosperando se baseada apenas no "ouvi dizer" das testemunhas. 
2. Meras conjecturas ou 'flatus vocis', não se mostram poderosos para submeter o recorrido ao tribunal do júri (jtj, 317/516). 
3. O magistrado, para rejeitar a denúncia ou impronunciar o réu, não está obrigado a ser econômico na sua fundamentação, como sói ocorrer se opta pela sua pronúncia. neste caso, a vedação visa evitar influência no ânimo dos jurados. 
4. Os relatos dão conta de que o infrator estava com o rosto envolto em uma camiseta, sendo forçoso admitir que seu reconhecimento não ficou comprometido. 
5. Recurso provido".
(TJ-DF - EIR: 828149520038070001 DF 0082814-95.2003.807.0001, Relator: SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, Data de Julgamento: 08/11/2010, Câmara Criminal, Data de Publicação: 24/11/2010, DJ-e Pág. 77)
TESE: AUSÊNCIA DE ANIMUS NECANDI E DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DO ART. 329 DO CP:
"Resistência	
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência".
"HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DESCABIMENTO. ROUBO MAJORADO. ARMA DE FOGO. APREENSÃO E PERÍCIA DA ARMA. DESNECESSIDADE. TESTEMUNHOS FIRMES. ERESP 961.863/RS. RESISTÊNCIA. ABSORÇÃO PELO CRIME DE ROUBO. MOMENTOS DISTINTOS. NÃO OCORRÊNCIA. MODIFICAÇÃO QUE IMPLICA EM REEXAME APROFUNDADO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. DECISÃO FUNDAMENTADA. REGIME FECHADO. INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
- Este Superior Tribunal de Justiça, na esteira do entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, tem amoldado o cabimento do remédio heróico, adotando orientação no sentido de não mais admitir habeas corpus substitutivo de recurso ordinário/especial. Contudo, a luz dos princípios constitucionais, sobretudo o do devido processo legal e da ampla defesa, tem-se analisado as questões suscitadas na exordial a fim de se verificar a existência de constrangimento ilegal para, se for o caso, deferir-se a ordem de ofício.
- É pacífico o entendimento dessa Corte Superior, no sentido de que a incidência da majorante do uso de arma prescinde de apreensão e perícia do objeto, sobretudo, quando comprovado, por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima ou mesmo de testemunhas.
- Não prospera a afirmação de que o crime de resistência decorreu de contexto único, tendo em vista que os dois crimes restaram bem definidos em momentos distintos: inicialmente o roubo e, posterior a consumação deste, a resistência quando, após ordem dada pelos policiais, os meliantes não teriam acatado e, em fuga, efetuaram disparos contra a guarnição policial, sendo certo que a modificação do que ficou decidido pelas instâncias ordinárias implicaria no reexame aprofundado do conjunto fático probatória, procedimento incompatível com os estreitos limites da via eleita.
- Inexiste o constrangimento ilegal apontado na primeira fase de fixação das penas, pois consta dos autos que a decisão que estabeleceu a reprimenda considerou corretamente o artigo 59 do Código Penal, sendo o aumento, fundamentado diante das peculiaridades do caso concreto.
- Inexiste constrangimento ilegal quando as instâncias ordinárias fixam o regime inicial mais gravoso, destacando a presença de circunstâncias judiciais desfavoráveis ao paciente, que, inclusive, justificaram a pena-base acima do mínimo legal - 5 anos para o roubo e 2 anos para o crime de resistência.
- Habeas Corpus não conhecido".
(HC 221.741/RJ, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), QUINTA TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe 20/05/2013)
"RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TENTATIVA DE HOMICÍDIO COM DOLO EVENTUAL. IMPUTADA REALIZAÇÃO DE DISPAROS POR INDIVÍDUO EM FUGA VOLTADA CONTRA POLICIAL MILITAR QUE O PERSEGUE. TIROS A ESMO. AUSÊNCIA DE RISCO AO BEM JURÍDICO TUTELADOA IMPEDIR O RECONHECIMENTO DA FORMA TENTADA DE CRIME CONTRA A VIDA. IMPRONÚNCIA CONFIRMADA POR SEUS FUNDAMENTOS, POR MAIORIA DE VOTOS. Recurso desprovido, por maioria de votos". 
(TJ-RS - RSE: 70052425691 RS, Relator: João Batista Marques Tovo, Data de Julgamento: 01/02/2013, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 09/04/2013)
"PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. PORTE ILEGAL DE ARMA. RESISTÊNCIA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. MATERIALIDADE. AUTORIA. PROVA SUFICIENTE. PENA. CORREÇÃO. 
1. A JUNTADA DE INFORMAÇÕES ACERCA DO REGISTRO DA ARMA DE FOGO, BEM COMO O ESCLARECIMENTO ACERCA DO TRÂNSITO EM JULGADO DE DECISÃO CONSTANTE DA FOLHA PENAL JÁ JUNTADA AOS AUTOS, APÓS AS ALEGAÇÕES FINAIS, NÃO CONFIGURA NULIDADE POIS NÃO INFLUIU NA DECISÃO NEM CAUSOU PREJUÍZO À DEFESA. 
2. HAVENDO PROVA ROBUSTA NO SENTIDO DE QUE OS RÉUS EFETUARAM DISPAROS CONTRA A VIATURA DA POLÍCIA E ENTRARAM EM LUTA CORPORAL COM OS POLICIAIS, MANTÉM-SE A CONDENAÇÃO PELO CRIME DE RESISTÊNCIA. IMPÕE-SE, TODAVIA, DAR NOVA CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA AO FATO, CAPITULANDO-O NO 'CAPUT' DO ARTIGO 329 DO CP, EIS QUE A RESISTÊNCIA NÃO IMPEDIU A EXECUÇÃO DO ATO. 
3. O DELITO DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO É ABSORVIDO PELO ROUBO QUANDO DECORRE DAS FASES PREPARATÓRIA E EXECUTÓRIA DO DELITO MAIS GRAVE. NO CASO, TODAVIA, A ARMA NÃO SÓ FOI ADQUIRIDA UM MÊS ANTES, COMO TAMBÉM FOI UTILIZADA E APREENDIDA APÓS A CONSUMAÇÃO DO ROUBO, CARACTERIZANDO DELITO AUTÔNOMO. 
4. PROCESSOS EM ANDAMENTO NÃO PODEM SER CONSIDERADOS COMO MAUS ANTECEDENTES, NADA IMPEDINDO, TODAVIA, QUE SIRVAM DE SUBSÍDIO NA ANÁLISE DA PERSONALIDADE. 
5.FIXADA EM PATAMAR EXCESSIVO, REDUZ-SE A PENA PARA ADEQUÁ-LA AOS PARÂMETROS LEGAIS. 6. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS"
(TJ-DF - APR: 20060310108447 DF, Relator: CÉSAR LOYOLA, Data de Julgamento: 29/05/2008, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação: DJU 10/09/2008 Pág. : 113)
“RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICIDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. SENTENCA DE PRONUNCIA. EXCLUSAO DAS QUALIFICADORAS `MOTIVO FUTIL E `RECURSO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DO OFENDIDO. EXISTINDO, NOS AUTOS, SUPORTE PROBATORIO SUFICIENTE A INDICAR INIMIZADE E OCORRENCIA DE FORTE DISCUSSAO ENTRE REU E VITIMA, IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO HOMICIDIO, AS QUALIFICADORAS DESCRITAS NOS INCISOS II E IV DO § 2º DO ART. 121, CP, DEVEM SER EXCLUIDAS DA APRECIACAO DOS JURADOS, POR NAO-CONFIGURADAS. RECURSO DO MINISTERIO PUBLICO DESPROVIDO. DESCLASSIFICACAO. INVIABILIDADE. A AUSENCIA DE ANIMUS NECANDI, CAPAZ DE JUSTIFICAR A DESCLASSIFICACAO DA INFRACAO NA FASE DE PRONUNCIA, E SOMENTE AQUELA QUE NAO PADECE DE DUVIDAS, O QUE NAO E O CASO DOS AUTOS. HAVENDO INDICIOS SUFICIENTES DA AUTORIA E DO DOLO, MESMO QUE EVENTUAL, DE MATAR, DEVE O REU SER SUBMETIDO AO TRIBUNAL DO JURI, CONSTITUCIONALMENTE COMPETENTE PARA APRECIAR A MATERIA. RECURSO DA DEFESA DESPROVIDO. SENTENCA MANTIDA”. 
(Recurso em Sentido Estrito Nº 70005510102, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Délio Spalding de Almeida Wedy, Julgado em 05/06/2003)
“TENTATIVA DE HOMICIDIO. SENTENCA DE PRONUNCIA. ADMISSIBILIDADE DA ACUSACAO QUANTO A AUTORIA. VOLUNTARIEDADE A SER EXAMINADA PELOS JURADOS. SUBSISTENCIA DA DECISAO ATACADA TAMBEM QUANTO A QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE, POR NAO MANIFESTAMENTE IMPERTINENTE. EXCLUSAO DA QUALIFICADORA DA SURPRESA, EM RAZAO DA ANIMOSIDADE ANTERIOR EXISTENTE ENTRE O REU E A VITIMA E DA CIRCUNSTANCIA DE TER HAVIDO BREVE DISCUSSAO ENTRE AMBOS ANTES DO FATO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. UNANIME”.
(Recurso Crime Nº 697221968, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Moacir Aguiar Vieira, Julgado em 23/06/1999)
“PENAL - PRONÚNCIA - HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO - INTIMAÇÃO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA - LEGÍTIMA DEFESA - COTEJO ANALÍTICO DE PROVAS - IMPOSSIBILIDADE - MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA DA SURPRESA - BRIGA PRETÉRITA - DECOTE - PRELIMINAR REJEITADA - DADO PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO. 
1. Inexiste vício no procedimento, decorrente da ausência de intimação da decisão de pronúncia, se os autos comprovam que o réu foi pessoalmente intimado da referida decisão. 
2. A pronúncia, como qualquer outra decisão judicial, deve ser fundamentada, mas sem que se faça exagerado cotejo analítico das provas e sem afirmações que impliquem em julgamento antecipado e condenatório em relação à imputação feita na denúncia. 
3. Havendo uma versão nos autos que indica que o réu, após uma discussão, dirigiu-se ao interior de sua casa para pagar uma arma de fogo, não é recomendada a absolvição sumária, cabendo aos jurados a escolha da solução para a causa. 
4. Evidenciado, pelas provas dos autos, que a qualificadora da surpresa inexistiu, em virtude de as testemunhas afirmarem que o réu e a vítima, um dia antes do crime, tiveram uma acirrada briga, ela deve ser decotada na fase da pronúncia. 
5. Preliminar rejeitada. Dado parcial provimento ao recurso para decotar a qualificadora do recurso que dificultou a defesa da vítima, mantendo o réu pronunciado nas iras do artigo 121, § 2.º, I do CP”.
(Rec em Sentido Estrito 1.0271.09.127541-9/001, Rel. Des.(a) Jane Silva, 3ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 06/10/2009, publicação da súmula em 13/11/2009)
No mesmo sentido, o Eg. STJ:
“RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO. ART. 121, § 2º, II E IV, DO CÓDIGO PENAL. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS. POSSIBILIDADE. IMPROCEDÊNCIA MANIFESTA EVIDENCIADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SÚMULA Nº 7/STJ. INCIDÊNCIA.
1. Do contexto fático delineado pelo Tribunal de origem, conclui-se que as provas apresentadas demonstram não ter o acusado agido em razão de uma "discussão banal", mas, sim, devido ao fato da vítima tê-lo "atacado", após "intervir nas agressões que perpetrava contra seu próprio filho e sua ex-mulher" - atual companheira do recorrido.
2. Ainda que a desavença tenha surgido por causa de somenos importância, verifica-se que o entrevero evoluiu para agressões físicas, culminando com a morte. Assim sendo, é possível a exclusão da qualificadora do motivo fútil, por se apresentar manifestamente improcedente.
3. Ademais, conforme relatado pelo Tribunal de origem, instantes antes da prática do delito a vítima havia proferido ameaça de morte contra o réu e sua companheira. Outrossim, as provas até então produzidas indicam que o disparo de arma de fogo nas costas do ofendido ocorreu no momento das agressões físicas recíprocas.
4. Dessarte, não se vislumbra o elemento "surpresa" de modo a dificultar ou impedir a defesa, pois agravamento da situação era perfeitamente presumível para qualquer dos contendores.
5. Não se desconhece, é importante ressaltar, a jurisprudência desta Corte e do Supremo Tribunal Federal no sentido de que, havendo dúvida, por menor que seja, a respeito da incidência ou não de determinada qualificadora, deve-se reservar ao Tribunal do Júri a análise detalhada do mérito da acusação.
6. De notar, todavia, que a prova dos autos se resume às palavras do acusado e de sua companheira, pois não existem notícias de testemunhas presenciais dos disparos que foram deflagrados contra a vítima.
7. Logo, ante a ausência de versões conflitantes sobre a dinâmica dos fatos narrados, a pretensão do recorrente de restabelecer qualificadoras contidas na sentença de pronúncia, excluídas pelo Tribunal, que as considerou improcedentes, envolve reexame de provas, o que é vedado a teor do contido no enunciado da Súmula n.º 7 do STJ.
8. Recurso especial a que se nega provimento”.
(REsp 1122263/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 11/04/2011)
"APELAÇÃO CRIMINAL - JÚRI - PROCESSUAL PENAL - PEDIDO DE BAIXA DO PROCESSO EM DILIGÊNCIA, PARA COMPROVAÇÃO DE PARENTESCO ENTRE JURADOS - PRECLUSÃO - ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO DE JURADOS QUE DEVE SER FEITA TÃO LOGO INICIADOS OS TRABALHOS - DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS - OCORRÊNCIA - QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL - RECONHECIMENTO SEM AMPARO NOS AUTOS - CRIME PRECEDIDO DE SÉRIA DISCUSSÃO ANTERIOR ENTRE OS ENVOLVIDOS.
- A argüição de impedimento de juradodeve ser feita tão logo sejam instalados os trabalhos, sob pena de preclusão, nos termos do artigo 571, V, CPP.
- Comprovada a existência de sério desentendimento anterior entre réu e vítima, a decisão dos jurados, reconhecendo a qualificadora do motivo fútil, revela-se manifestamente contrária à prova dos autos, devendo, por isso, ser cassada, a fim de ser realizado novo julgamento popular".
(TJMG - APR 10216140030174001 MG, Rel. Des. Beatriz Pinheiro Caires, Orgão Julgador Câmaras Criminais / 2ª CÂMARA CRIMINAL, Julgamento: 23 de Julho de 2015, Publicação: 03/08/2015)
"ECA. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE HOMICÍDIO. ABSOLVIÇÃO. LEGÍTIMA DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECONHECIMENTO DO PRIVILÉGIO. IMPOSSIBILIDADE. PREMEDITAÇÃO. DECOTE DA QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL. POSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE DISCUSSÕES ANTERIORES. DESCARACTERIZAÇÃO DA QUALIFICADORA. MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA DA INTERNAÇÃO. MODIFICAÇÃO PARA A LIBERDADE ASSISTIDA. VIABILIDADE. AUSÊNCIA DE ENVOLVIMENTO EM ATOS INFRACIONAIS. RECURSO PROVIDO EM PARTE.
- Quando a discussão havida entre as partes gera uma alteração considerável no estado de ânimo do agente, o motivo aparentemente pequeno pode, em algumas circunstâncias, assumir certa relevância, descaracterizando a futilidade.
- Tratando-se de adolescente sem antecedentes que cometeu ato infracional grave, mostra-se possível a fixação da liberdade assistida, em razão da capacidade do adolescente em cumprir a medida, e tendo em vista as circunstâncias do ato infracional, com fulcro no art. 112, § 1º, do ECA.
- Recurso provido em parte".
(TJMG, APR 10607140002181001 MG, Rel. Des. Doorgal Andrada, 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgado em 11 de Julho de 2014, Publicação 18/07/2014)
"RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - HOMICÍDIO SIMPLES - SENTENÇA DE PRONÚNCIA - EXCLUSÃO DE QUALIFICADORAS ARTICULADAS NA DENÚNCIA - ADMISSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE OFENSA À SOBERANIA DO TRIBUNAL DO JÚRI - MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA - NÃO CONFIGURAÇÃO DA SURPRESA E DO MOTIVO FÚTIL - SÉRIAS DESAVENÇAS ANTERIORES AO HOMICÍDIO - RECURSO DA ACUSAÇÃO DESPROVIDO.
1) Embora a princípio não deva o juiz singular excluir qualificadoras constantes da denúncia, não lhe é defeso fazê-lo quando se revelam impertinentes ou manifestamente improcedentes. A exclusão, em casos tais, não importa desrespeito à soberania do Tribunal do Júri;
2) Havendo grande animosidade anterior entre agente e vítima, não é de se reconhecer o motivo fútil, apesar de, sem sombra de dúvidas, ter sido injusto;
3) Não há como reconhecer a ocorrência da qualificadora da surpresa se resta patente nos autos que a aproximação e a intenção do agente foi percebido pela vítima, havendo, inclusive, aquele disparado alguns tiros em direção a esta, sem acertá-la, para somente após luta corporal, apoderar-se novamente da arma e desferir o tiro fatal quando a vítima encontrava-se caída ao chão;
4) Recurso conhecido e desprovido".
(TJAP. RECSENSES 44707, Rel. Des. MELLO CASTRO, Câmara Única, Julgamento
27 de Fevereiro de 2007, Publicação DOE 3984, página (s) 27 de 13/04/2007)
"RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - PRONÚNCIA - PRETENDIDA IMPRONÚNCIA - ALEGAÇÃO DE FALTA DE PROVAS QUANTO À AUTORIA - IMPROCEDÊNCIA - INDÍCIOS DE AUTORIA - MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE - PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE - EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA DE MOTIVO FÚTIL - EXISTÊNCIA DE DISCUSSÃO E AGRESSÃO FÍSICA COMUNS ANTERIORES AO CRIME - PROVIMENTO PARCIAL. 
Existindo, em tese, indícios quanto à autoria do crime, pelas provas testemunhais, indicando o agente como autor dos disparos, não há falar em impronúncia, devendo o agente ser levado a julgamento perante o Tribunal do Júri. 
A qualificadora do motivo fútil deve ser afastada, quando o conjunto probatório é harmônico em afirmar que houve discussão e agressões físicas comuns anteriores ao fato criminoso".
(TJMS. RECSENSES 7695 MS 2006.007695-9. Rel. Des. Carlos Stephanini, 2ª Turma Criminal, julgado em 21 de Junho de 2006, publicado em 13/07/2006)
TESE: MOTIVO FÚTIL + TORPE - CUMULAÇÃO - INCOMPATIBILIDADE:
"HOMICÍDIO QUALIFICADO - EMPREGO DE MEIO QUE IMPOSSIBILITOU OU DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA - SUPERIORIDADE FÍSICA - INOCORRÊNCIA - MOTIVO TORPE E MOTIVO FÚTIL - COEXISTÊNCIA INCOMPATÍVEL.
A superioridade de força do agente ativo não traduz, por si só, a qualificadora do recurso que impossibilitou ou dificultou a defesa da vítima. Em regra, são incompatíveis, no homicídio contra a mesma vítima, as qualificadoras subjetivas do motivo fútil e do motivo torpe".
(TJ/SC RCCR 211268 SC 2003.021126-8. Recurso Criminal n. 2003.021126-8, Rel. Des. Newton Janke. Julgamento em 22/06/04)
"RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRELIMINARES DE NULIDADE. OITIVA DE TESTEMUNHAS SEM PRESTAÇÃO DO COMPROMISSO LEGAL. INOCORRÊNCIA. TERMOS DE DECLARAÇÕES A COMPROVAR O CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS LEGAIS. REJEIÇÃO. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO DEFENSOR CONSTITUÍDO ACERCA EXPEDIÇÃO DA CARTA PRECATÓRIA E DA DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO PELO JUÍZO DEPRECADO. INTELIGÊNCIA DAS SÚMULAS 273 DO STJ E 155 DO STF. TESTEMUNHA OUVIDA NO JUÍZO DEPRECADO SOB ASSISTÊNCIA DE DEFENSOR NOMEADO. TESTEMUNHA ABONATÓRIA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. REJEIÇÃO. MÉRITO. COEXISTÊNCIA DE QUALIFICADORAS SUBJETIVAS. MOTIVO TORPE E MOTIVO FÚTIL. INVIABILIDADE. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL. DECOTE DO MOTIVO TORPE. QUALIFICADORAS DO MOTIVO FÚTIL E DO RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. AFASTAMENTO INVIÁVEL. MEDIDA EXCEPCIONAL. MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA NÃO VERIFICADA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 64 DO TJMG. PRELIMINARES REJEITADAS E RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
- Os registros contidos nos termos de declarações, a comprovar que as testemunhas foram advertidas e compromissadas antes de suas oitivas, demonstram a inocorrência de qualquer irregularidade ou ilegalidade, já que cumpridas as exigências normativas dos arts. 203 e 206 do CPP.
- É desnecessária a intimação da parte para que tome conhecimento da designação da audiência de oitiva de testemunha pelo juízo deprecado, sendo que a decretação de nulidade por ausência de cientificação acerca da expedição da carta precatória apenas se justifica quando demonstrado o prejuízo suportado, o qual não se verifica nas hipóteses em que há nomeação de defensor ad hoc para a inquirição e a testemunha ouvida nada elucida sobre os fatos em apuração. (Inteligência das Súmulas 273 do STJ E 155 do STF)- Inviável a coexistência das qualificadoras do motivo fútil e torpe, devendo ser mantida, após exame do caderno indiciário, aquela que supostamente impulsou a prática criminosa e afastada a ma is fragilizada. (Orientação jurisprudencial) - A presença de indícios suficientes de que o recorrente teria, em tese, agido em razão de motivo fútil, bem como mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, demanda a manutenção das qualificadoras dos incisos II e IV do art. 121, § 2º, do CP. (Inteligência da Súmula 64 do TJMG)".
(TJ/MG, Processo 10267150011927001 MG, Rel. Des. Nelson Missias de Morais, 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgado em 05/05/16, Publicado em 16/05/16)
"PROCESSUAL PENAL – APELAÇÃO CRIMINAL – HOMICÍDIO PRIVILEGIADO QUALIFICADO – EVIDENCIADA INCOMPATIBILIDADE DA QUALIFICADORA DE MOTIVO TORPE COM O HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (CARÁTER SUBJETIVO)– PRELIMINAR ACOLHIDA – DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE PREJUDICADO – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – DECISÃO UNÂNIME.
1 -– A jurisprudência pátria já firmou o entendimento de que é possível a coexistência de uma qualificadora de caráter objetivo, tais como meio cruel e surpresa, e o homicídio privilegiado, sendo, porém, incompatível com as de caráter subjetivos, tais como motivo torpe, motivo fútil ou finalidade especial. Precedentes;
2 - Apelante solto pelo juízo a quo. Prejudicialidade do pleito;
3 -– Recurso conhecido e parcialmente provido, à unanimidade".
(TJ/PI, APR 00033711620108180140 PI 201200010084027 Relator Des. Pedro de Alcântara Macêdo1ª Câmara Especializada Criminal Julgamento2 de Abril de 2014 Publicação11/04/2014)
- CONDENÇÃO COM PROVAS DO IP - IMPOSSIBILIDADE:"RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO TRANSNACIONAL DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O NARCOTRÁFICO. PROVAS JUDICIAIS. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. CRIME PREVISTO NO ART. 35 DA LEI N. 11.343/2006. ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA DA ASSOCIAÇÃO. PAPEL DE LIDERANÇA. AGRAVANTE CONFIGURADA. MAJORANTE DA TRANSNACIONALIDADE DO DELITO. CONTINUIDADE DELITIVA. FALTA DE INTERESSE DE AGIR.
1. A interposição de dois recursos pela mesma parte e contra a mesma decisão impede o conhecimento do segundo recurso, haja vista a preclusão consumativa e o princípio da unirrecorribilidade das decisões.
2. NÃO SE ADMITE, NO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO, A PROLAÇÃO DE UM DECRETO CONDENATÓRIO FUNDAMENTADO EXCLUSIVAMENTE EM ELEMENTOS INFORMATIVOS COLHIDOS DURANTE O INQUÉRITO POLICIAL, NO QUAL INEXISTE O DEVIDO PROCESSO LEGAL (COM SEUS CONSECTÁRIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA), SENDO CERTO QUE O JUIZ PODE DELES SE UTILIZAR PARA REFORÇAR SEU CONVENCIMENTO, DESDE QUE CORROBORADOS POR PROVAS PRODUZIDAS DURANTE A INSTRUÇÃO PROCESSUAL OU DESDE QUE ESSAS PROVAS SEJAM REPETIDAS EM JUÍZO, exatamente como no caso.
3. Não há como afastar a credibilidade dos depoimentos de policiais prestados em juízo, que, juntamente com outras provas submetidas ao contraditório e à ampla defesa, foram utilizados para corroborar o acervo fático-probatório e fundamentar a condenação. Precedentes.
[...].
12. Recurso especial de fls. 2.486-2.496 não conhecido. Recurso especial de fls. 2.406-2.445, interposto por Arsenio José Schlegel, conhecido em parte e, nessa extensão, não provido".
(REsp 1302515/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe 17/05/2016)
- NO PROCEDIMENTO DO JÚRI:
"PROCESSUAL PENAL. INDÍCIOS DE AUTORIA. PROVA COLHIDA NO INQUÉRITO. INSUFICIÊNCIA, NO CASO CONCRETO, PARA ARRIMAR PRONÚNCIA. FALTA DE CONFIRMAÇÃO EM JUÍZO.
1 - No caso concreto, não havendo qualquer confirmação em juízo, sob o crivo do contraditório, dos elementos colhidos no inquérito, não há como admitir arrimar-se a pronúncia apenas e tão-somente naquela prova apurada na fase inquisitorial. Precedente da Sexta Turma.
2 - Equivoca-se o Tribunal de origem ao afirmar que, indiscutivelmente, a prova colhida no inquérito é isolada e, mesmo assim, concluir pela pronúncia do paciente.
3 - Impetração não conhecida, mas concedida a ordem, ex officio, para restabelecer a decisão de impronúncia".
(HC 341.072/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 19/04/2016, DJe 29/04/2016)
"RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO TENTADO QUALIFICADO. PRONÚNCIA FUNDAMENTADA EXCLUSIVAMENTE EM ELEMENTO INFORMATIVO COLHIDO NA FASE PRÉ-PROCESSUAL. NÃO CONFIRMAÇÃO EM JUÍZO. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. A decisão de pronúncia é um mero juízo de admissibilidade da acusação, não sendo exigido, neste momento processual, prova incontroversa da autoria do delito - bastam a existência de indícios suficientes de que o réu seja seu autor e a certeza quanto à materialidade do crime.
2. Muito embora a análise aprofundada dos elementos probatórios seja feita somente pelo Tribunal Popular, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial, mormente quando essa prova está isolada nos autos, como na hipótese, em que há apenas os depoimentos da vítima e de sua mãe, colhidos no inquérito e não confirmados em juízo.
3. O Tribunal de origem, ao despronunciar o ora recorrido, asseverou que "não há prova judicializada suficiente para fins de pronúncia" (fl. 212), razão pela qual, consoante o enunciado na Súmula n. 7 do STJ, torna-se inviável, em recurso especial, a revisão deste entendimento, para reconhecer a existência de prova colhida sob o contraditório judicial apta a autorizar a submissão do recorrido a julgamento perante o Tribunal do Júri.
4. Recurso especial não provido".
(REsp 1254296/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2015, DJe 02/02/2016)
"PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356/STF. JÚRI. ALEGADA EXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGAMENTO. PRECLUSÃO. PRECEDENTES. CONDENAÇÃO AMPARADA EM ELEMENTOS COLHIDOS NA FASE INQUISITORIAL, CONFIRMADOS POR PROVAS OBTIDAS EM JUÍZO. POSSIBILIDADE. REVISÃO DE MATÉRIA PROBATÓRIA E EXAME DE LEI LOCAL. NÃO CABIMENTO. SÚMULAS 7/STJ E 280/STF. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO STF. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. CONDENAÇÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
1. É indispensável o efetivo exame da matéria pelo acórdão recorrido, em atenção ao disposto no artigo 105, inciso III, da Constituição Federal, que exige o prequestionamento por meio da apreciação da questão federal pelo Tribunal a quo, de modo a se evitar a supressão de instância.
2. De acordo com entendimento pacífico deste Superior Tribunal de Justiça, em atenção ao que estabelece o artigo 571, inciso VIII, do Código de Processo Penal, as nulidades ocorridas no Plenário do Júri, no que se refere à quesitação, devem ser apontadas no momento oportuno, sob pena de preclusão.
3. Admite-se a utilização das provas colhidas no inquérito para lastrear a condenação penal, DESDE QUE EM CONJUNTO COM OUTRAS PROVAS PRODUZIDAS NA FASE JUDICIAL. PRECEDENTES.
4. Se nas razões do recurso especial o recorrente deixa de refutar os fundamentos utilizados pelo aresto aplica-se, por analogia, o disposto na Súmula 284 do Excelso Pretório.
5. Não cabe a esta Corte, no julgamento de recurso especial, a análise de lei local, em atenção ao estabelecido na Súmula 280/STF, ou o exame de matéria constitucional, cuja competência é reservada ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do artigo 102, inciso III, da Carta Magna.
6. Para a comprovação da divergência jurisprudencial deve a parte recorrente evidenciar a existência de similitude fática e jurídica entre os arestos confrontados, nos termos do artigo 255, § 2º, do RISTJ.
7. A análise da assertiva de que o julgamento pelos jurados foi manifestamente contrário à prova dos autos demandaria a alteração das premissas fático-probatórias estabelecidas na instância ordinária, com o reexame das provas carreadas aos autos, o que não se admite no julgamento do recurso especial, nos termos do enunciado da Súmula 7/STJ.
8. Agravo regimental improvido".
(AgRg no REsp 1500980/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 24/03/2015)
"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL - DIREITO PROCESSUAL PENAL - HOMICÍDIO QUALIFICADO - TRIBUNAL DO JÚRI - CONDENAÇÃO PELO CONSELHO DE SENTENÇA - APELAÇÃO DA DEFESA PROVIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM - DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA ÀS PROVAS DOS AUTOS (ART. 593, III, "d", DO CPP) - PROVA COLHIDA EXCLUSIVAMENTE NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL (ART. 155, DO CPP) - INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA - IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO JULGADO - NECESSIDADE DE AMPLA DILAÇÃO PROBATÓRIA - SÚMULA 7/STJ - AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. Existindo duas versões amparadas pelo conjunto probatório é de ser preservado o juízo feito pelo Conselho de Sentença, soberano na análise da prova.
2. O Tribunal de origem, com base no acervo fático-probatório, entendeu que os jurados se valeram dos depoimentos dos envolvidos no crime colhidos na fase policial, não confirmados em Plenário e tampouco corroborados por outras provas produzidas sob o crivo do contraditório, fazendo incidir o óbice da Súmula 7/STJ a desconstituição de tal entendimento.
3. Agravo regimental não provido".
(AgRg no REsp 1366656/MG, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe 26/08/2014)
"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. INDÍCIOS DE AUTORIA BASEADOSEM PROVAS COLHIDAS DURANTE INQUÉRITO POLICIAL. POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO ART.
155 DO CPP. INOCORRÊNCIA.
1. O legislador prátio vedou expressamente a condenação baseada exclusivamente em elementos colhidos na investigação criminal, nos termos do art. 155 do Código de Processo Penal. No que se refere à sentença de pronúncia, tal dispositivo deve ser visto com reserva.
2. A sentença de pronúncia não encerra condenação, limitando-se tão somente a pronunciar o agente quando presente prova segura da materialidade e elementos indicativos de autoria, pois compete exclusivamente ao Tribunal do Júri, nos crimes dolosos contra a vida, apreciar o mérito da ação penal ou proceder ao exame aprofundado das provas, decidindo, por fim, pela procedência ou não da denúncia.
3. Hipótese em que a pronúncia não foi baseada exclusivamente em elementos produzidos na fase pré-processual.
4. Agravo regimental desprovido".
(AgRg no HC 247.911/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 21/05/2015, DJe 02/06/2015)
STJ - QUESITAÇÃO - DESCLASSIFICAÇÃO X ABSOLVIÇÃO:
"DIREITO PROCESSUAL PENAL. ORDEM DE FORMULAÇÃO DO QUESITO DA ABSOLVIÇÃO ENQUANTO TESE DEFENSIVA PRINCIPAL EM RELAÇÃO AO QUESITO DA DESCLASSIFICAÇÃO. 
A tese absolutória de legitima defesa, quando constituir a tese principal defensiva, deve ser quesitada ao Conselho de Sentença antes da tese subsidiária de desclassificação em razão da ausência de animus necandi. De fato, o § 4º do art. 483 do CPP (com redação dada pela Lei 11.689/2008) permite a formulação do quesito sobre a desclassificação antes ou depois do quesito genérico da absolvição, ao estabelecer que, "Sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o 2º (segundo) [questionamento acerca da autoria ou participação] ou 3º (terceiro) [indagação sobre se o acusado deve ser absolvido] quesito, conforme o caso". Essa opção do legislador - no sentido de conferir certa flexibilidade à ordem do aludido quesito da desclassificação - ocorreu tendo em vista eventuais dificuldades que poderiam surgir em alguns casos. No caso em análise, para afirmar se o quesito sobre a desclassificação deve ser formulado antes ou depois do quesito genérico da absolvição, faz-se necessária a ponderação de dois princípios jurídicos garantidos no art. 5º, XXXVIII, da CF: "a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida" e a "plenitude de defesa". Por um lado, por força da "competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida", o Conselho de Sentença só pode proferir decisão absolutória se previamente reconhecer a existência de crime doloso contra a vida ou conexo. Nesse sentido, há entendimento doutrinário no sentido de que a desclassificação, em regra, deve ser questionada antes do quesito genérico relativo à absolvição, justamente porque visa firmar a competência do Tribunal do Júri para decidir o delito doloso contra a vida. Por outro lado, o princípio constitucional da ampla defesa no Tribunal do Júri tem uma nuance que amplifica o seu significado. A defesa, além de ampla deve ser plena, pode ser exercida mediante defesa técnica e, também, autodefesa, de modo a cercar o acusado de maiores garantias diante de um tribunal popular leigo que pode se amparar inclusive em convicção íntima, julgando sem a obrigação da fundamentação das decisões imposta ao magistrado togado. Nessa conjuntura, por força do princípio da "plenitude de defesa", o juiz-presidente pode formular quesito com base no interrogatório do acusado, como expressão do exercício pleno do direito de autodefesa. Do mesmo modo, se o juiz-presidente inferir tese alternativa do interrogatório, deve formular quesito a respeito, mesmo que antagônica em relação à tese sustentada pela defesa técnica, não podendo rejeitar as teses sob o fundamento de que são incompatíveis. Nestes casos - em que há teses alternativas -, eventual conflito deve ser solucionado pela regra da subsidiariedade. Dessa forma, em favor da "plenitude de defesa" no Tribunal do Júri, a tese principal deve preceder, em todos os aspectos, as eventuais teses subsidiárias sustentadas na defesa técnica ou na autodefesa. Sendo assim, considerando o fato de que há norma processual que permite a formulação do quesito sobre a desclassificação antes ou depois do quesito genérico da absolvição, estando a defesa assentada em tese principal absolutória (legítima defesa) e tese subsidiária desclassificatória (ausência de animus necandi), a tese principal deve ser questionada antes da tese subsidiária, sob pena de causar enorme prejuízo para a defesa e evidente violação ao princípio da amplitude da defesa. Acerca do tema, aliás, invoca-se entendimento doutrinário segundo o qual, seja diante de desclassificação própria ou de imprópria, "se a participação de menor importância for apenas uma tese subsidiária, tendo postulado a defesa, como tese principal, a legítima defesa, o quesito da desclassificação deverá ser formulado depois do terceiro quesito, sobre a inocência do acusado. Isso porque haveria grande prejuízo para a defesa, ficando praticamente prejudicada eventual tese principal de absolvição, se o quesito sobre a participação de menor importância fosse formulado antes do quesito sobre ser o acusado inocente". Além disso, acolhida a tese principal absolutória, inexiste nulidade decorrente da falta do quesito relativo à desclassificação quando proveniente de tese subsidiária, até porque a desclassificação própria - diferentemente da desclassificação imprópria - sequer demanda quesito específico, podendo ser inferida a partir da resposta aos demais quesitos (como ocorre, exemplificativamente, no caso de resposta positiva ao quesito da tentativa, que resulta na afirmação da existência de crime doloso contra a vida por incompatibilidade lógica entre a tentativa e a ausência de animus necandi). Além do mais, vale lembrar que o quesito relativo à absolvição é obrigatório, devendo ser formulado independente das teses defensivas sustentadas em Plenário, e sua falta é que induz à nulidade absoluta do julgamento (HC 137.710-GO, Sexta Turma, DJe 21/2/2011). Por isso, visando conferir maior eficácia ao princípio da plenitude da defesa, deve ser considerada a tese defensiva principal com primazia na aplicação da norma, mormente quando mais favorável ao réu, de modo que a tese de desclassificação, quando subsidiária, deve ser questionada somente após o quesito da absolvição, em caso de resposta negativa, sob pena de, acaso acolhida a tese subsidiária, faltar o quesito obrigatório relativo à tese principal e suprimir do Conselho de Sentença a autonomia do seu veredicto. REsp 1.509.504-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 27/10/2015, DJe 13/11/2015.
DESISTÊNCIA X TENTATIVA
"RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - TENTATIVA DE HOMICÍDIO - REJEIÇÃO DA DENÚNCIA - IRRESIGNAÇÃO DO PARQUET - DENÚNCIA QUE NARRA A OCORRÊNCIA DE DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA - EVIDENTE ATIPICIDADE DA CONDUTA - RECURSO DESPROVIDO. 
- A denúncia que narra que o denunciado absteve-se, por vontade própria, de continuar na execução do crime de homicídio, ao perceber que a pessoa que estava sob seu domínio se tratava de indivíduo diverso do que intencionava matar, deve ser rejeitada diante da evidente atipicidade da conduta, já que relatada a ocorrência da desistência voluntária. 
- A tentativa diferencia-se da desistência voluntária, porquanto, na primeira, o agente quer, mas não pode continuar na execução do delito, enquanto, na segunda, o agente pode, mas não quer mais o resultado". 
(TJ-MG - Rec em Sentido Estrito 10697120017671001 MG; Data de publicação: 19/09/2014)
"Ementa: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIMES CONTRA A VIDA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. RECONHECIMENTO. DESCLASSIFICAÇÃO. Preliminar de nulidade por violação ao art. 212 do Código de Processo Penal . Inocorrência. O reconhecimento da nulidade por inversão na ordem dos questionamentos depende de irresignaçãodefensiva tempestiva no momento da audiência, o que não ocorreu. Desistência voluntária. O juiz, ao proferir a sentença de pronúncia, deve proceder a uma análise da viabilidade da acusação. No caso, a prova coligida demonstrou que o delito não se consumou porque o agente, voluntariamente, desistiu de prosseguir na execução da ação e não por circunstâncias alheias a sua vontade. Vítima que não correu risco de morte. Desclassificação para outro delito de competência do juiz singular. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO".
 (TJRS. Recurso em Sentido Estrito Nº 70054327838, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Diogenes Vicente Hassan Ribeiro, Julgado em 07/11/2013, Data de publicação: 12/12/2013)

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