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O SISTEMA DAS CIÊNCIAS E O LUGAR DA GEOGRAFIA
ALFRED HETTNER
O geógrafo que não se preocupa com o conhecimento das regiões corre o perigo de ficar completamente desprovido de fundamento geográfico. O conhecimento das regiões, mesmo sem a geografia geral, continua sendo um conhecimento geográfico. Em contrapartida, a geografia geral sem o conhecimento das regiões de maneira nenhuma pode cumprir o papel da Geografia e com frequência situa-se fora do âmbito desta disciplina.
Alfred Hettner
CONTEXTUALIZAÇÃO DO AUTOR
Alfred Hettner foi um geógrafo alemão, nascido em 1859 e falecido em 1941, que se interessou profundamente pela filosofia quando completava a sua tese de doutoramento na Universidade de Estrasburgo, tendo baseado as suas concepções epistemológicas da geografia nas ideias do seu compatriota, o filósofo Kant. Seguiu a escola regional e defendeu o carácter corográfico da geografia, considerando-a como uma ciência interessada, exclusivamente, no estudo de unidades espaciais, únicas e singulares as regiões. Partindo do princípio que a região devia ser estudada sob o ponto de vista da geografia física e humana, contribuiu para esbater o carácter dualista da disciplina, evitando a sua divisão nesses dois ramos. De entre a sua obra destaca-se Die Geographie.
Hettner viveu o momento de auge da intelectualidade que põe a cultura de referência alemã na vanguarda do pensamento europeu, nas décadas de vinte e trinta, influindo na inteligência de todo o continente, em particular a francesa (é inegável a presença de Heidegger na filosofia e de Weber no pensamento social que colocarão os pensadores franceses na vanguarda mundial na segunda metade do século). É uma intelectualidade que se debate com o positivismo. Propõe um retorno a Kant. Ou condena toda a filosofia que ele representa. Kant e Nietzsche estão no ar. Mas também a fenomenologia de Husserl. E daqui a pouco a ontologia analítica de Heidegger. É o tempo de Cassirer, Mannheim, Lukács, Jaspers, Simmel, Weber, Arendt, Freud. Ocupa-os a preocupação com a cultura, a ciência, o homem, cujo destino uma avassaladora expansão da técnica (vive-se a passagem da fase da primeira para a da segunda revolução industrial) está pondo em cheque; a relação dilemática da filosofia e da ciência; a resposta da epistemologia e do método. Dentre as influências de Hettner cabe destacar o pensamento de Richard Hartshorne, que considera que a análise geográfica deve se voltar para o entendimento da diferenciação das áreas da superfície terrestre.
Seu trabalho "Geografia, sua História, sua essência e Métodos", publicado em Breslan, em 1927, permancerá para sempre um marco no desenvolvimento da geografia, onde considera a geografia regional como o tema mais importante da disciplina. Nesta obra, Hettner questionou questões fundamentais, tais como, o objeto da geografia e o que é geografia.
No período da Primeira Guerra Mundial, Hettner voltou-se para os aspectos geográficos da política, economia, e dos problemas de guerra. Além disso, muitos de seus artigos incentivavam o ensino da geografia nas escolas primárias e secundárias e a valorização de seu ensino nas universidades e dirigiu o Geographische Zeitschrift inteiramente em direção a estes problemas.
CONTEXTUALIZAÇÃO DA OBRA
A transição do século XIX para o XX traz uma importante modificação no projeto de conhecimento geográfico. A geografia inscrita na cientificidade positivista, de racionalidade científica evolucionista, será substituída. Iniciava-se uma resistência à ideia da existência de uma normalidade histórica - uma lei evolucionista universal - uniformemente atuante em todas as sociedades.
A perspectiva regional ou corológica, apresenta suas primeiras formulações nos anos situados em torno do final do século XIX e início do século XX. Tem como principal ideal preencher o vazio criado pela crise da cientificidade positivista.
Hettner foi uma expressão típica do seu tempo e lugar. O autor procurou em seu texto trabalhar na temática de que a Geografia seria a superfície da Terra, e o estudo seria a partir de suas unidades espaciais. Cada uma única e singular. Cada área, ou unidade espacial, deveria ser estudada em seus aspectos físicos e humanos.
Hettner põe a geografia no plano de encontro do nomotetismo e do ideografismo, centrando a referência unitária no conceito de região. O sistema das ciências se baseava no passado exclusivamente nas relações ou na diversidade dos objetos, ou seja, as ciências se estruturavam de acordo com as afinidades concretas de seus objetos. Alguns sistematizadores ingênuos, sobretudo os que se originam das ciências particulares e não se tomam o encargo de considerar o sistema das ciências, prosseguem, ainda hoje, agindo assim.
IDEIA(S) NUCLEAR(ES) DO TEXTO
A região é a categoria universal da geografia, o conceito portador da capacidade de oferecer uma visão de unidade de espaço (Hettner diz corológica) à pluralidade dos aspectos físicos e humanos, e de assim forjar a síntese de mundo, que é a identidade metodológica e científica da geografia.
Chega-se à síntese regional por intermédio da interação entre a geografia sistemática, parte da geografia encarregada de realizar a análise dos fenômenos no seu plano tópico, e a geografia regional, a verdadeira geografia, e que se serve da primeira, ao tempo que impõe-lhe a necessária unidade sintética. Uma parte importante, talvez a maioria, das ciências concretas, que em seu conjunto poderiam denominar-se ciências sistemáticas, põe umas depois das outras as condições temporais e espaciais, e encontra sua unidade na homogeneidade ou na afinidade dos objetos dos quais se ocupa. A distinção habitual das ciências entre ciências da natureza e ciências do espírito se baseia em uma diferenciação sistemática.
A proposta hettneriana surge nesta mesma direção como uma culminação da perspectiva corológica do conhecimento geográfico. Segundo Hettner, a ciência é uma só, em última análise. Contudo, devido ao crescente desenvolvimento do conhecimento humano cada campo de conhecimento deve ter seu objeto de investigação onde os cientistas devem trabalhar com determinados e próprios métodos. Sendo assim, a geografia deve definir o lugar que ocupa dentro do sistema lógico das ciências. Nas palavras de Hettner:
a definição da geografia como ciência geral da Terra não é possível logicamente, leva a uma via morta [...] é um produto artificial, um "injeto" tardio e artificioso na geografia, fruto de uma mistura de diversas tendências e de carência de lógica (HETTNER, 1927, apud Randle, 1984, p.93)
POSIÇÃO DO AUTOR/TEXTO FRENTE AOS SEGUINTES ASPECTOS:
Dentro do sistema das ciências, a geografia se encontra, segundo Hettner, entre as ciências concretas que dirigem seus estudos à ordenação das coisas no espaço. Desta forma, a geografia encontra uma base epistemológica específica que lhe remete ao estudo da ordenação espacial da superfície terrestre, ao estudo da distribuição espacial e das singularidades das superfície terrestre.
A definição corológica da geografia proposta por Hettner se apresenta como uma justificativa epistemológica para seu estudo entre o campo dos conhecimentos naturais e os do conhecimento humano.
Hettner propõe o método regional que vem contrário ao possibilismo e ao determinismo. Nele, a diferenciação de áreas é vista através da integração de fenômenos heterogêneos em uma dada porção da superfície da Terra. Focalizando assim o estudo de áreas e atribuindo à diferenciação como objeto de geografia. Para ele a geografia não é nem nomotética e nem idiográfica. Era ambas. 
Buscando responder qual seria a essência da geografia, Hettner considerou que a essência estaria no estudo das diferenciações da superfície terrestre. Assim, afirmou a vertente corológica da geografia, ou seja, o estudo regional. 
Hettner traz um conceitode ciências corológicas, onde uma delas se ocupa do ordenamento das coisas no espaço universal: é a astronomia, que no passado se entendeu indevidamente como uma mecânica aplicada, isto é, como uma ciência de leis abstratas, quando seu verdadeiro objeto é a constelação e a natureza dos distintos astros. A outra ciência corológica é a ciência do ordenamento do espaço terrestre, ou, posto que não conhecemos o interior da terra, da superfície terrestre. Uma ciência corológica deste tipo é necessária por razões muito parecidas às que justificam a ciência cronológica da história. Se não houvesse relações entre os distintos pontos da superfície terrestre e se os diferentes fenômenos situados em um mesmo lugar fossem independentes entre si, não seria necessária nenhuma concepção corológica. Porém a existência destas relações, que as ciências sistemáticas e históricas aludem ou apenas podem tratar, torna necessária uma ciência corológica especial da terra. Essa ciência é a geografia.
Hettner defendeu o conceito da geografia como ciência corológica, ou como ciência dos espaços terrestres. O sistema das ciências se baseava no passado exclusivamente nas relações ou na diversidade dos objetos, ou seja, as ciências se estruturavam de acordo com as afinidades concretas de seus objetos. Alguns sistematizadores ingênuos, sobretudo os que se originam das ciências particulares e não se tomam o encargo de considerar o sistema das ciências, prosseguem, ainda hoje, agindo assim. As ciências concretas se referem à realidade de acordo com a versatilidade do conteúdo das coisas e as diferenças de seu comportamento no espaço e no tempo. Uma parte importante, talvez a maioria, das ciências concretas, que em seu conjunto poderiam denominar-se ciências sistemáticas, põe uma depois das outras as condições temporais e espaciais, e encontra sua unidade na homogeneidade ou na afinidade dos objetos dos quais se ocupa. Dentro das ciências naturais desenvolveram-se em primeiro lugar as ciências dos minerais e das rochas (mineralogia e petrologia), das plantas (botânicas), dos animais fósseis (paleontologia). 
A ausência de dicotomia na relação homem-natureza e na definição da geografia como ciência autônoma que teria como objeto de estudo, historicamente definido, o espaço terrestre. Inserida na classificação de Comte como ciência concreta, a geografia é, para Hettner, uma ciência corológica e sistemática que dirige sua atenção à ordenação das coisas no espaço. Seu pensamento difundiu-se não só pela Alemanha, mas também pela França e Estados Unidos, convertendo-se numa base teórica fundamental na história do pensamento geográfico, assimilada, posteriormente, por importantes autores, tais como Richard Hartshorne.Busca-se uma melhor compreensão da dicotomia existente entre a Geografia física e a Geografia humana e a necessidade de superá-la. 
A ciência geográfica possui uma grande virtude que é a visão global da realidade, mas a especialização é necessária para a evolução dessa ciência. Hettner não estuda a geografia de forma dividida entre Geografia física e Geografia Humana e numerosos metodólogos modernos adotaram as linhas gerais dessa perspectiva e a aproximação corológica ocupa uma posição preferida inclusive no caso daqueles geógrafos que, em teoria, partem do conceito de geografia como ciência da terra e rendem culto à opinião “dualista”.
Entre estes geógrafos se encontram A. Kirchhoff e H.Wagner. O autor nega a dicotomia em Geografia, acredita-se que as integrações complexas de fenômenos que variam ao longo das áreas constituem a realidade do mundo. Dessa forma, não se poderia separar a Geografia das análises sistemáticas e os estudos que partem da classificação de categorias de fenômenos, ao mesmo tempo em que não se poderia relegar a segundo plano as análises atribuídas ao método regional, que trata de estabelecer as interrelações de fenômenos que se dão na proximidade dos lugares.
A geografia regional também é considerada uma abordagem do estudo das ciências geográficas (de forma semelhante à geografia quantitativa ou às geografias críticas). Essa abordagem era prevalecente durante a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX também conhecida como o período do paradigma geográfico regional, quando a geografia regional tomou a posição central nas ciências geográficas. Foi posteriormente criticada por sua descritividade e a falta de teoria (geografia regional como abordagem empírica das ciências geográficas). Um criticismo massivo foi levantado contra essa abordagem nos anos 50 e durante a revolução quantitativa. Os principais críticos foram Kimble e Schaefer.
O paradigma da geografia regional teve impacto em muitas das ciências geográficas (como a geografia econômica regional ou a geomorfologia regional). Hettner, portanto, compreendia a geografia não como a ciência que estuda as relações entre natureza e homem, mas como uma ciência das diferenciações de áreas. Contudo, a geografia não poderia descuidar-se das generalizações possíveis a partir das associações espaciais. Há, desta forma, em sua geografia um duplo enfoque metodológico. Ela é, ao mesmo tempo, regional - estudo das características das áreas singulares, e geral comparando as áreas em função de certos tipos de especificidades.

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