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REVISÃO HISTÓRIA DA PSICOLOGIA N2 PSICOLOGIA ANIMAL A psicologia animal regista um grande desenvolvimento a partir do inicio do século XX. Muitos dos que realizam estas investigações estão convictos que o comportamento dos animais tem enormes semelhanças com o dos homens, nomeadamente no seus níveis mais básicos. Por outro lado, as experiências com animais tinha para eles uma enorme vantagem face às realizadas com seres humanos: - Não levantava problemas morais ! A Reflexologia e o Behaviorismo são duas correntes da psicologia cujos conceitos fundamentais foram construídos a partir de estudos com animais. REFLEXOLOGIA A reflexologia foi criada por Pavlov, prémio Nobel em 1904 pela sua obra sobre a digestão. Centrou o estudo da psicologia no comportamento dos animais, procurando descobrir as respostas inatas ou adquiridas a certos estímulos. A principal descoberta de Pavlov foi os reflexos condicionados. Os cães, por exemplo, salivam não apenas quando viam comida (reflexo inato), mas também quando regiam a outros estímulos que eram associados à chegada de comida. Esta resposta dado que não era inata, era portanto aprendida por associação (reflexo condicionado). A investigação psicológica devia segundo Pavlov centrar-se no estudo destas respostas (reflexos inatos ou adquiridos) em relação aos estímulos do meio. A influência destas investigações foi enorme no desenvolvimento posterior da psicologia científica, em particular no Behaviorismo. BEHAVIORISMO O Behaviorismo, palavra de origem inglesa que em português significa "comportamento" . O Behaviorismo é uma corrente e método da psicologia que afirma que o único objecto de estudo da psicologia é o comportamento observável, seja nos homens como nos animais, e que é susceptível de ser medido. O seu John Watson sustentou que não existem estados internos na consciência, como "pensamento", "vontade", "percepções", etc. A única coisa que existem são respostas orgânicas (musculares ou glandulares). As emoções, hábitos, pensamentos ou a linguagem, não passam de respostas fisiológicas complexas a estímulos externos. Neste sentido procurou determinar as leis que regiam a relação entre a ocorrência de certos eventos ambientais (estímulos) e o comportamento observável que provocavam (respostas). Valorizou as experiências na formação dos seres humanos, secundarizando a herança genética. Todo o comportamento (conduta) era aprendida. Seguindo um pensamento rigorosamente empirista defende que o homem é um produto das experiências. Aplicou de forma sistemática métodos objectivos (experiências e observações laboratoriais, testes, etc). Principais referências: Watson , Skinner PSICANÁLISE A Psicanálise designa várias coisas: - Método de exploração do psiquismo, em particular do inconsciente. - Terapêutica no tratamento de histerias e neuroses. - Corrente muito diversificada da psicologia que se afirma continuadora de obra de Freud. A psicanálise é inseparável do seu criador - Sigmund Freud (1856-1939). Formado em medicina, começou por interessar-se pela anatomia do cérebro e depois pelas doenças nervosas. De inicio utiliza a hipnose como método terapeutico. Através da hipnose dedica-se a despertar nos pacientes recordações desaparecidas e que em tempos foram reprimidas. Este método permite-lhe confirmar a existência de três níveis de actividade psiquica: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. - O consciente é o Eu. Corresponde à dimensão da nossa vida e identidade pessoal reconhecidas como tais. O consciente é regido por leis lógicas, temporais, espaciais, etc. - O pré-consciente faz parte do Eu. É constituído por conteúdos que são inconscientes em forma latente, mas que podem tornar-se conscientes mediante um esforço de recordação. - O inconsciente é a zona mais dinâmica do psiquismo humano, albergando toda as forças instintivas, ancestrais, os desejos, as pulsões reprimidas ou censuradas. Estes conteúdos não afloram ao consciente. O inconsciente é caracterizado por ser: atemporal (Não existe a dimensão do tempo. Um facto ocorrido na infância manifesta-se na idade adulta como atual), ilógico (não existem contradições, predomina a ambivalência), concreto (Não existem abstrações, mas apenas situações e coisas específicas), simbólico, mágico (qualquer coisa é possível), primitivo (as reações do inconsciente são extremas e sem matizes). A causa de muitas das perturbações mentais (histerias e neuroses) estava segundo Freud na acumulação de desejos e necessidades censurados ou reprimidos no inconsciente. Esta acumulação acabava por gerar enormes forças energéticas que determinavam o aparecimento de sintomas neuróticos nos pacientes. A hipnose foi o primeiro método que ele utilizou para atingir as zonas mais profundas do psiquismo, para descobrir as causas inconscientes das neuroses. Mas Freud não tardou a abandonar a Hipnose, adoptando o método das associações livres. O paciente era convidado a colocar-se num estado de abandono dos seus pensamentos, sem procurar reprimi-los ou dissimulá-los. A Associação Livre foi depois complementada pela interpretação dos sonhos. O sonho é segundo Freud a manifestação (simbólica) de desejos recalcados. O trabalho do psicanalista consistia em decifrar na cadeia de associações livres do paciente, a sexualidade que fora censurada ou recalcada. SEXUALIDADE A sexualidade é para Freud não apenas uma dimensão do psiquismo humano, mas é também e, sobretudo o conjunto de processos através dos quais um indivíduo se constitui na sua relação com outros, psiquicamente interiorizados (o pansexualismo freudiano). Freud distingue várias fases na sexualidade infantil, sendo a fase decisiva é a que corresponde ao complexo de Édipo (3-5 anos). A passagem por cada uma das fases implica um confronto entre a satisfação das pulsões sexuais e as forças que lhe opõem. A resolução desses conflitos provoca dicotomias difíceis de resolver, e que irão influenciar a formação da personalidade do adulto. PRINCIPAIS FASES DA SEXUALIDADE INFANTIL Fase Oral. A boca é a primeira zona erógena. A obstinada persistência do bebé em sugar é para Freud a prova que a criança procura na boca a sua satisfação libidinal. Dicotomias: optimismo/pessimismo; admiração/inveja; credulidade/desconfiança. Fase Anal-Sádica. Os anus é a segunda zona erógena. Por volta dos 2-3 anos, o excremento urinário e fecal torna-se para a criança num "instrumento" de prazer, mas também pelos quais ela mostra a sua afeição, inclinação e agressividade. Dicotomias: Ordem compulsiva/desordem; "masoquismo” / “sadismo”. Fase Fálica. Os órgãos genitais são a nova zona erógena. Entre os três e os 5/6 anos, criança manifesta-se interessada pelos órgãos sexuais e pela sua diferença entre os sexos. É nesta fase que se estabelece o célebre Complexo de Édipo. . Dicotomias: Orgulho/humildade; sedução/timidez; castidade/promiscuidade. Fase de Latência: Amnésia da sexualidade Infantil. Entre os seis e os 12 anos. - Aprendizagem social; - Desenvolvimento da consciência moral; Fase Genital: Reaviva-se o complexo de Édipo. Predomínio da genialidade. Corresponde ao período da puberdade e adolescência. - Reativação de conflitos anteriores (““ ex “““. Complexo de Édipo”) - Regressões sob a forma de "ascetismo" ou "intelectualizarão". EVOLUÇÃO DA PSICANÁLISE FREUDIANA A Psicanálise pode ser dividida em dois períodos fundamentais: antes e depois de 1920. Antes de 1920 Freud está centrado na exploração do inconsciente e na terapia de certas doenças, depois alarga a sua metodologia à análise de outros domínios como a História da Humanidade, a Religião, a Arte, etc. A partir de 1920 a estruturae o dinamismo do psiquismo humano sofre uma profunda reinterpretação: - O Consciente (Eu) rege-se agora pelo princípio da realidade, o que convém ou não fazer. - O Pré-consciente (Super-Ego, Super-Eu) passa a representar a cultura, os valores sociais e familiares. Corresponde à consciência moral e ao Ideal de Eu ( a imagem que cada um tem de si mesmo). O Super-Ego é o responsável pela auto- repressão e censura, produzindo sentimentos de culpa e auto-crítica, etc,. - O Inconsciente (Id) passa a representar a ancestralidade da espécie humana e o motor de toda a energia psíquica ( impulsos contraditórios de éros- amor e thanatos-morte). O inconsciente torna-se desta maneira impessoal. Rege-se pelo princípio do prazer, evitando a dor, etc. GESTALT A palavra "gestalt" de origem alemã, significa "forma", "configuração", "padrão" ou "estrutura". Esta corrente, surgiu por volta de 1912, na Austria, ligada ao Laboratório de Psicologia Experimental de Graz, mas tinha ramificações em outros países europeus, como a Alemanha. Entre os seus iniciadores destacam-se Max Wertheimer (1883-1943), Kurt Koffka, Wolfgang Kohler (1887-1967). Os seus iniciadores rompem com a teoria associacionista para a explicação das nossas percepções. Rejeitam que as nossas percepções sejam o resultado do somatório ou combinação de estímulos ou sensações. A sensação elementar não é dada de imediato à consciência. O que percepcionamos de imediato são totalidades, factos organizados. A totalidade é o elemento básico do conhecimento perceptivo. Aquilo que designamos por experiência é a consciência perceptiva de uma totalidade, ou uma Gestalt. A totalidade estrutura prevalece sobre os seus elementos constituintes. Exemplos: "Ouvimos a música como um todo organizado e não como notas isoladas". Quando percepcionamos algo, como uma cadeira, percebemo-la na sua totalidade, e só depois a começamos a analisar nas suas distintas propriedades (altura, materiais de construção, cor, etc). O objectivo desta corrente da psicologia foi o de determinar a experiência consciente da percepção e as leis pelas quais esta última se apresenta como uma totalidade. LEIS DA PERCEPÇÃO O gestaltismo afirma que na captação das formas em que se baseia a percepção intervêm certas leis. Estas leis definem a organização perceptual e determinam como se configuram os objectos na percepção: a) Lei da Forma e Fundo. Quando percepcionamos algo, separamos espontaneamente a "figura" do "fundo" b) Lei da Boa Forma ou da Pregnância. Na percepção tendemos a completar aquilo que se acha incompleto, a dar às coisas formas regulares, simples e simétricas. "A forma é a melhor possível nas condições presentes". c) Lei da Semelhança d) Lei do Fechamento e) Lei da Continuidade f) Lei da Proximidade. Os elementos são espontaneamente agrupados em função da sua proximidade. g) Lei do Contraste h) Lei da Constância Perceptiva i) Lei da Simplificação j) Lei da Conexão l) Lei da Região Comum m) Lei da Conectividade A totalidade determina não apenas a forma como os elementos são percepcionados, mas também o seu agrupamento e a sua significação. ESTRUTURASLINATAS Os gestaltistas afirmavam que os seres humanos possuem um sistema nervoso inato que está preparado para organizar a experiência sensível, facilitando a aprendizagem e o conhecimento. A mente humana está longe de ser passiva, como acreditavam os behavioristas, pelo contrário, ela é extremamente ativa e criativa na resolução dos problemas concretos. A conduta humana não é previsível, nem automática. Entre o momento em que o homem recebe os estímulos e aquele em que dá a resposta, existem toda uma série de processos intermédios que condicionam as respostas. FENOMENOLOGIA Fenomenologia é o estudo da experiência subjetiva de consciência, que tem suas raízes na obra filosófica de Edmund Husserl. Fenomenólogos pioneiros, como Husserl, Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty conduziram suas próprias investigações psicológicas no início do século XX. O trabalho destes fenomenólogos mais tarde influenciou pelo menos dois campos principais da psicologia contemporânea: uma abordagem psicológica fenomenológica da "Escola de Duquesne" , Amedeo Giorgi, Jonathan Smith, Frederick Wertz, Steinar Kvale, Wolfgang Köhler e outros (Análise Fenomenológica Interpretativa), e as abordagens experimentais associadas com Francisco Varela, Gallagher, Thompson, e outros (tese da mente incorporada). Psicólogos fenomenológicos também figuraram com destaque na história do movimento da psicologia humanista. O sujeito da experiência pode ser considerada como a pessoa ou o eu-próprio, para fins de conveniência. Na filosofia fenomenológica (e em particular na obra de Husserl, Heidegger e Merleau-Ponty), "experiência" é um conceito muito mais complexo do que geralmente utilizado diariamente. Em vez disso, a experiência (ou o ser, ou a própria existência) é um fenômeno em-relação-a-algo e é definida pelas qualidades de direcionamento, mundanismo concretização, e, que são evocados pelo termo "ser-no-mundo ". A qualidade ou a natureza de uma dada experiência é muitas vezes referida pelo termo qualia, cujo arquétipo exemplar é a vermelhidão. Por exemplo, poderíamos perguntar: "Será que minha experiência de vermelhidão é a mesma que a sua? Conquanto seja difícil responder a essa pergunta de qualquer maneira concreta, o conceito de intersubjetividade é frequentemente utilizado como um mecanismo para entender como é que os seres humanos são capazes de sentir empatia com experiências uns dos outros, e de fato se engajar em comunicação significativa sobre elas. A formulação fenomenológica do Ser-no-mundo, onde a pessoa e o mundo são mutuamente constitutivas, é central aqui. PSICOLOGIA EXISTENCIAL A Psicologia Existencial, um dos muitos ramos da Psicologia, surge na Europa antes da Segunda Guerra Mundial e desenvolve-se depois dela paralelamente ao existencialismo filosófico. Allport, Rogers, From e Maslow alinham nesta corrente , que surge como reacção ao racionalismo de uma psicologia de certo modo positivista. Os seus fundamentos teóricos surgem pela expressão filosófica de Husserl, Heidegger, Sartre e Merleau-Ponty. TEMAS ABORDADOS As posições teóricas da Psicologia Existencial conduzem à abordagem de alguns temas como: A VONTADE E A DECISÃO O homem só se torna verdadeiramente humano na altura de se decidir. A terapia não deve aumentar a passividade do paciente, pelo contrário, deve aumentar o seu campo de liberdade e de decisão. A UNICIDADE E A INTEGRAÇÃO DA PESSOA Contra as teses atomistas, a psicologia existencial privilegia a unicidade do ser para além das suas diferentes expressões. A Identidade, Experiência, Actualização do Eu e Autenticidade Dá-se uma importância fundamental ao futuro através do desenvolvimento e do potencial de cada ser humano. APLICADA À TERAPIA A terapia baseada na psicologia existencial tem como questão central o melhoramento do sujeito e sua evolução e está indicada para indivíduos com alto nível de escolaridade, com capacidade de insight e boa capacidade de exploração interior. Realiza-se, pelo menos, uma vez por semana e tem a duração de um ou mais anos. O objeto da abordagem terapêutica não é o sintoma nem a doença, nem a estrutura, mas duas pessoas que existem num mundo, que nesse momento, é o consultório do terapeuta. Como técnica terapêutica insiste no fator fundamental da presença do terapeuta como sendo a questão mais importante e anterior a qualquer técnica. Aborda a terapia como uma técnica catártica em que a pessoa enfrenta os seus conflitos interiores e tenta, com a ajuda de um terapeuta, alargar a consciência de si mesmo;que o paciente consciencialize o que sente de forma clara e profunda. O terapeuta existencial não considera o paciente como um conjunto de pulsões, fantasmas e mecanismos de defesa, mas como uma pessoa que procura um significado para a sua existência. É a pessoa que dá sentido aos mecanismos e não o contrário. PSICOLOGIA HUMANISTA A psicologia humanista tem como principal característica considerar o ser humano como um todo. Ela se baseia no fato de que há múltiplos fatores envolvidos na saúde mental. Todos eles convergem e estão interligados: as emoções, o corpo, os sentimentos, o comportamento, os pensamentos, etc. “Percebo que se fosse estável, prudente e estático, viveria na morte. Portanto, aceito a confusão, a incerteza, o medo e os altos e baixos emocionais, porque esse é o preço que estou disposto a pagar por uma vida fluida, rica e excitante“ – Carl Rogers – COMO SURGIU A PSICOLOGIA HUMANISTA? A psicologia humanista é uma corrente da psicologia que surgiu no meio do século XX. Nasceu como uma alternativa para as duas escolas principais: o behaviorismo e a psicanálise. Seu objetivo era dar uma resposta diferente, abordando os problemas do ser humano, oferecendo uma perspectiva da área da saúde ao invés da doença. A abordagem humanista exalta a saúde mental e todos os atributos positivos da vida. A pessoa como um ser individual, ressaltando o que é necessário para atendê-la de forma personalizada e multidimensional. As raízes da psicologia humanista estão na corrente filosófica do existencialismo europeu, com autores tais como: Jean Paul Sartre “O homem nasce livre, responsável e sem desculpas.” Jean Jacques Rousseau “O homem é bom por natureza, é a sociedade que o corrompe.” Erich Fromm “Se eu sou o que tenho e perco o que tenho, quem sou eu, então?”. Viktor Frankl “O homem se realiza na mesma medida em que se compromete com o significado de sua vida”. Estes autores têm uma visão da condição humana com base na liberdade, no significado da vida, nas emoções e na responsabilidade. Eles consideram o indivíduo como responsável pela sua vida e pelas suas ações, sendo capaz de encontrar seu próprio caminho para a liberdade. PRINCIPAIS PRECURSORES DA PSICOLOGIA HUMANISTA Abraham Maslow e Carl Rogers podem ser considerados os principais precursores da psicologia humanista. Abraham Maslow: é conhecido principalmente pela sua famosa “Pirâmide de Maslow“, na qual ele define uma hierarquia diferente das necessidades humanas, a partir da mais básica (fisiológica), até chegar ao topo, onde você encontraria a autorrealização. Este conceito foi criado por Maslow para considerar que no momento em que o ser humano tiver satisfeitas todas as suas necessidades, ele atingirá o estado de desenvolvimento de seu impulso vital. Carl Rogers: tem uma nova visão terapêutica que busca uma colaboração mais estreita com o “cliente” (termo cunhado dentro da psicologia, sendo considerado mais adequado do que o termo “paciente”). Em seu livro “A terapia centrada no cliente”, ele mostra como rejeita as técnicas diretivas em sua experiência clínica, mostrando um relacionamento mais próximo com seus clientes, facilitando assim o encontro do indivíduo com ele próprio. Sua contribuição para a psicologia, a partir desta perspectiva, é inestimável, já que se considera que o indivíduo é capaz de encontrar dentro de si todos os recursos necessários para manter o equilíbrio em sua vida. Para Rogers, as pessoas que se encontram mal estão “dormindo”, e é necessário acordá-las através de sua própria sabedoria interior. O terapeuta serve como um guia para que eles possam encontrar suas próprias respostas. CARACTERÍSTICAS DA PSICOLOGIA HUMANISTA – Fornece uma ampla perspectiva holística, ou seja, caracteriza-se por ver a pessoa como um todo, numa base global. Cada um dos aspectos possui a mesma relevância. Os pensamentos, o corpo, as emoções e o lado espiritual. Estes aspectos estão inter-relacionados e se confluem mutuamente. Eles são a principal via pela qual o indivíduo encontra a si mesmo. – A existência humana ocorre em um contexto interpessoal, portanto, é muito importante e necessário o relacionamento com os outros, levando em conta o contexto em que é produzido, para o desenvolvimento individual do ser humano. – As pessoas possuem a capacidade de fazer suas próprias escolhas, de responsabilizar-se e de proceder para um desenvolvimento e implantação de seu próprio potencial. – Promove e facilita o desenvolvimento pessoal. O psicólogo serve como uma ferramenta para que a pessoa, através de recursos próprios, possa vir a compreender-se e desenvolver-se. – As pessoas têm uma tendência inata de autorrealização. O ser humano pode confiar na sabedoria dessa parte do seu interior, já toda a cura está em suas próprias respostas. Isto precisa ser entendido, pois não é necessário controlar o ambiente ou controlar as próprias emoções suprimindo-as. A psicologia humanista focaliza o indivíduo sob uma perspectiva global. Ela compreende que todos os aspectos que compõem o ser humano são importantes. O indivíduo é considerado um ser único, responsável por sua própria experiência, capaz de se tornar ciente de seus próprios recursos; se desenvolver, alcançar a autorrealização e descobrir todo o seu potencial. “O elemento básico do campo do conhecimento é a experiência direta e íntima. (…). Não há substituto para a experiência”. – Abraham Maslow – CONSTRUTIVISMO Jean Piaget (1896-1980), fundador do construtivismo, define-o como a teoria do desenvolvimento do conhecimento em resultado de uma interacção com o meio. Piaget procurou determinar os processos de construção do conhecimento desde as suas formas mais elementares até ao níveis superiores, nomeadamente o conhecimento científico. Comportamento. Para Piaget o indivíduo não é um simples resultado do meio (tese behaviorista), nem é simplesmente determinado por princípios inatos (tese gestaltista). O seu desenvolvimento é determinado pela interação entre fatores internos (orgânicos, hereditários) e fatores externos (meio). Nos primeiros meses de vida, o seu comportamento é determinado por reflexos inatos, mas depois as respostas são cada vez mais complexas fruto de um processo de adaptação. Este processo embora tenha algumas etapas comuns a todos os indivíduos, não produz em todos os mesmos resultados. As mesmas coisas não têm a mesma significação para todos. O comportamento é uma resposta que varia em função da interação entre a personalidade do sujeito (P) e a situação (S). A personalidade vai-se formando através desta interação com o meio. Neste processo são decisivas as disposições biológicas do sujeito, as diversas aprendizagens e as atividades sobre o meio. O comportamento é visto como a resposta de uma dada personalidade numa situação concreta. Esta concepção sobre o comportamento marcou uma ruptura com as concepções anteriores (inatistas e comportamentalistas). Perspectivas em Confronto Perspectiva inatista: o sujeito era visto como o resultado das potencialidades que havia herdado. O meio tinha uma reduzida influência sobre o seu comportamento. Perspectiva comportamentalista (behaviorista): O sujeito é visto como o resultado do meio. A hereditariedade tem uma limitada influência sobre o comportamento. Perspectiva construtivista (psicologia genética): o sujeito é o resultado da sua interacção com o meio. . Conhecimento. O construtivismo (ou psicologia genética) procura explicar o desenvolvimento do pensamento (inteligência) como um processo continuo de adaptação do organismo ao meio, marcado por várias fases (estádios): Cada uma delas representa um estágio de equilíbrio, cada vez mais estável,entre o organismo e o meio, onde ocorrem de determinados mecanismos de interacção, como a assimilação e a acomodação. Todo o conhecimento começa por uma assimilação pelas estruturas e esquemas do sujeito dos dados que recebe do exterior. Estas estruturas e esquemas são os meios que permitem o conhecimento. Esta assimilação implica por sua vez a sua modificação. A acomodação consiste na modificação destas estruturas ou esquemas aos novos dados. A inteligência surge assim, como o conjunto das estruturas e esquemas que um organismo dispõe em cada fase do seu desenvolvimento. A adaptação do organismo constitui a expressão do equilíbrio atingido entre a assimilação e a adaptação. ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 1º.Estádio: Período Sensório-Motor (até aos 2 anos) Este período vai desde o nascimento até aos dois anos. A partir da transformação dos reflexos inatos a criança começa a desenvolver a sua inteligência, prática e manipulativa (sensório-motora), que consiste fundamentalmente numa diferenciação entre ela e o mundo. A criança começa por possuir apenas sensações internas- prazer, dor -, mas depois é capaz de acompanhar com o olhar um objeto que se desloque no seu campo visual. Lentamente vai reconhecendo a autonomia dos objetos e reconhecendo-se diferente deles. O pensamento como representação interiorizada ainda não existe. No final deste período, a criança apresenta as seguintes características cognitivas: a) é capaz de conhecer as coisas sem estar diretamente a atuar sobre as mesmas; b) procura-as quando não as encontra no seu campo visual (noção de permanência dos objetos); c) evoca no presente uma atividade passada (noção de sucessão temporal dos acontecimentos e de certa relação de causalidade); c) aparece a linguagem, ou função simbólica (18/24 meses); 2º.Estádio: Período Pré-Operatório (2 aos 5/6 anos) Começa por volta dos 2 anos e vai até aos cinco/seis anos. Durante este período a criança desenvolve a inteligência representativa, ligada á aquisição da linguagem. Ela desenvolve a capacidade de representar qualquer coisa por meio de outra coisa, isto é, um significado qualquer (objeto, acontecimento, etc), por meio de um significante diferenciado que só servirá para essa representação: linguagem, gesto simbólico, imagem mental, etc. (Função Simbólica). A partir deste momento a criança está em condições de atuar sobre os objetos de maneira organizada, deixando de estar dependente da manipulação directa das coisas. Ainda permanece no entanto num estado de confusão entre o mundo objectivo e o subjectivo. 3º.Estádio: Período das Operações Concretas ( 5 aos 12 anos) Começa com o pensamento operacional(5/8 anos) e vai até às operações concretas (8/12 anos). É nesta fase que nasce o verdadeiro raciocínio na criança, graças à aquisição de uma nova possibilidade: doravante a criança não se fixa apenas àquilo que percepciona, mas mostra-se capaz de efectuar operações mentais reversíveis, ou seja, de reviver um processo não apenas na ordem em que ocorreu, mas também na sua ordem inversa. Apesar destes avanços ela ainda têm a necessidade de recorrer à concretização dos seus pensamento, o que não a deixa resolver problemas enunciados apenas em termos verbais. Algumas noções que são adquiridas neste estádio: Aos 9 anos a noção de conservação do peso; Aos 11 anos a conservação do volume; etc. 4º.Estádio: Período das Operações Formais (11/12 aos 14 anos) Começa por volta dos 11/12 anos e vai até à adolescência. O pensamento liberta- se dos domínios do real e do concreto, para abranger o universo do possível e do abstracto. Atinge o raciocínio hipotético-dedutivo que já não se baseia sobre objectos manipuláveis, mas sobre hipóteses e proposições. Com o pensamento formal é capaz de extrair conclusões de puras hipóteses e não apenas de observações do mundo exterior. Por volta do 15/16 anos é capaz de formular teorias sobre qualquer assunto e é influenciada pela linguagem formal. CONSTRUTIVISMO SOCIAL O construtivismo social foi criado pelo psicólogo russo Lev S. Vygostsky (1896-1934) e possui muitos pontos em comum com a teoria interaccionista de Jean Piaget. Opondo-se ao behaviorismo considera que o objecto de estudo da psicologia é a consciência. Esta é profundamente influenciada pelo contexto social e cultural em que a criança foi criada. Para além dos factores biológicos Vygostsky coloca em evidência na formação da personalidade a educação, os valores éticos, as estruturas políticas, etc. com as quais a pessoa dialoga (interage) e lhe permitem interiorizar uma dada cosmovisão. A linguagem desempenha neste processo um papel fundamental. Ao falar a criança está a interiorizar as estruturas sociais da sociedade onde está inserida. O pensamento é a linguagem interiorizada e a linguagem o pensamento comunicado. Vygostsky considera que cada função superior surge duas vezes no processo de desenvolvimento da criança: Primeiro como actividade colectiva, promovida por adultos ou um grupo social (nível social, interpsicológica). Depois como uma actividade individual interiorizada pela criança (nível individual, intrapsicológica). Em Construção !
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