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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS ESCOLA DE ENFERMAGEM ALFREDO PINTO DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO EM SERVIÇOS DE ENFERMAGEM PROFESSORA: GICÉLIA LOMBARDO PEREIRA ALUNOS: Isabela P. de Andrade; Marianna R.Francisco; Nathália F. Mendes; Yan Barros Rigo. TEORIA DA LIDERANÇA Rio de Janeiro Abril/2017 INTRODUÇÃO: LIDERANÇA X ADMINISTRAÇÃO Este trabalho, têm por finalidade relatar de forma cronológica o que significa a Teoria da liderança de forma geral, citando o nome de diversos teóricos influenciadores para a construção desse conceito que tanto se difunde hoje em dia e ao final, traremos de forma bastante ampla o impacto desta teoria na prática da enfermagem atual e como essa teoria nasceu dentro da profissão. Antes de iniciarmos a discussão a respeito dos teóricos e pesquisadores que difundiram os conceitos da teoria da liderança, vamos ilustrar o trabalho primeiramente com o significado de LIDERANÇA que buscamos nos dicionários. “Liderança é a arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e influenciando de forma positiva mentalidades e comportamentos. A liderança pode surgir de forma natural, quando uma pessoa se destaca no papel de líder, sem possuir forçosamente um cargo de liderança. É um tipo de liderança informal. Quando um líder é eleito por uma organização e passa a assumir um cargo de autoridade, exerce uma liderança formal.” Tendo esse conceito em mente, pode-se entender que liderar é uma espécie de arte, arriscando a dizer que é um dom em muitos casos, uma habilidade natural entre alguns indivíduos. Acredita-se ainda que o líder muito se assemelha a um administrador, porém administrar é um ato que nada tem a ver com liderar. Administrar é o ato de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recursos, com o objetivo de alcançar metas definidas. É uma palavra com origem no latim “administratione”, que significa “direção, gerência”. Agora podemos diferenciar uma atividade da outra facilmente. Não é difícil ouvir o emprego da palavra líder de modo errado. Onde o Líder é a pessoa que se destaca no meio de um grupo, aquele que delega funções e se apropria de funções que servem de exemplo e impulsiona sempre a equipe a construir e alcançar novas metas. Já um administrador nada tem a ver com um líder. É uma pessoa que delega funções de maneira engessada e que tem apenas o intuito de bater as metas propostas. Qualquer pessoa pode ser uma administradora, já um líder se destaca sempre, por ser algo natural de algumas pessoas. Um administrador é um gerente, ele apenas coordena e não se afina com a equipe. Daí podemos tirar agora que um administrador é essencial dentro de qualquer comunidade, mas um líder é um ser que faz a diferença dentro do núcleo, seja ele qual for. Com esses dois pontos bastante elucidados, sabendo diferenciar liderança de gerência, podemos entrar na historicidade da teoria da liderança propriamente. A liderança surgiu da administração, os termos e variáveis que envolvem o seu entendimento acompanham um processo dinâmico em sua evolução histórica. O termo líder está em uso desde o século XIV, mas foi o termo liderança que ficou conhecido na língua inglesa na primeira metade do século XIX. Embora o emprego do termo liderança seja relativamente jovem, seu significado traz vários sentidos, cada teoria de administração, bem como os modelos de liderança, apresentam diferentes variáveis que historicamente caracterizam as teorias, a liderança e o líder. ● A EVOLUÇÃO DA TEORIA DA LIDERANÇA Ao longo dos anos , as diversas teorias sobre administração por vezes citavam o papel de líder , porém , ainda não havia uma distinção entre o líder e o administrador. No ínicio do século XX, foi então que a Teoria dos Traços se dedicou a explicar e aprofundar as competências e características do líder, distinguindo-o assim , do administrador/gestor. Sendo a primeira a se dedicar exclusivamente a esse personagem tão importante dentro do processo de gerenciamento do serviço. Após a pioneira Teoria dos Traços, outros teóricos foram desenvolvendo e aperfeiçoando teorias sobre a liderança , e sua aplicabilidade nos diversos campos de trabalho. As constantes transformações socioeconômicas refletiram na produção de teorias que se adequavam ao contexto histórico , para atender as demandas daquele momento. Outras entretanto, foram visionárias e ainda hoje servem de base para o estudo das atribuições do líder. De início , os estudos sobre a liderança eram amplos e focavam nas características pessoais e/ou comportamentos do líder. Hoje, dedica-se mais o estudo da liderança como a capacidade de influenciar pessoas. Tentaremos com esse trabalho traçar uma ordem cronológica dos descobrimentos sobre o as teorias de liderança , para assim, podermos entender como se deu a construção do conceito de liderança que temos hoje. - TEORIA DOS TRAÇOS (1900-1940) A Teoria dos Traços tem como eixo principal o entendimento de que o líder já nasce com as características necessárias para a liderança. Todas suas atitudes são naturalmente desenvolvidas, mas nunca adquiridas. Todas competências que possui são intrínsecas à sua personalidade. Essa Teoria visava mais as características pessoais do líder, do que suas atitudes. Identificou traços constantemente associados à liderança, que podem proporcionar sucesso por diferenciarem os líderes dos não-líderes, tais como, desejo de liderar, honestidade e integridade, autoconfiança e ambição. Esses traços do líder também eram considerados universais, ou seja, todo o líder, deve possuir esses traços. Porém, essa afirmação da teoria , dava espaço para uma brecha, pois não levava em consideração as influências do meio na liderança, e as especificidades que cada contexto de trabalho exigiria da pessoa que exercersseria esta função. Destacamos o teórico Gordon Allport , que em pesquisas estabeleceu três tipos básicos de traços: cardinais, centrais e secundários (Alpport, G., 1966). Tendo outros, como Raymond Catell. A longo do tempo a Teoria dos Traços perdeu força , pois era baseada no pensamento empírico, e tinha uma abordagem ineficaz. As combinações de características não eram suficiente para identificar com consistência os líderes dos não-líderes, ou líderes eficazes dos líderes não-eficazes. A teoria falhou por não considerar a influência dos fatores externos. - TEORIAS COMPORTAMENTAIS (1940- 1970) A partir do declínio da Teoria dos Traços, em meados da década de 40, os teóricos mudaram o foco de suas pesquisas. Deixaram de lado os traços da personalidade , para se debruçarem sobre o comportamento do líder. A ação que cada uma fazia, era o que diferenciaria os líderes dos liderados. Esta teoria, diferentemente dos traços, defende que os comportamentos podem ser aprendidos e, portanto, as pessoastreinadas nos comportamentos de liderança apropriados, poderiam liderar eficazmente. Os avanços se deram quando Lewin (1951) e, White e Lippit(1960) , estabeleceram 3 estilos de liderança: Autoritário, Democrático e Laissez-faire- também conhecido como Liberal. Esses estilos descreviam o líder, de acordo com suas ações durante o exercício de sua liderança e os resultados que se obtinha com cada um deles. O estilo Autoritário caracterizava-se por ações centralizadas nas decisões do líder. Que as tomava sem consultar a equipe, e colocava as ações em prática por meio de ordem. A comunicação verticalizada e a hierarquia também são pontos fortes desse estilo de liderança. O estilo autoritário resultava em ações previsíveis, porém onde a criatividade e a autonomia dos não liderados, não eram levadas em consideração. Obteve bons resultados, no ambiente das forças-armadas, por exemplo. Já o estilo Democrático , pode ser descrito como um estilo onde o "nós" era o foco. Todos podiam ser ouvidos , e o líder dava prêmios para incentivar e motivar a participação e colaboração no grupo. As ordem vinham como sugestões. Mostrou-se ideal para atender grupos onde a cooperação entre os componentes era fundamental. Já que com esse estilo, a confiança dos liderados no líder aumentava sendo proporcional ao aumento da produtividade. Esse estilo , ainda hoje , é bem aceito no campo da enfermagem , pois garante um aumento na qualidade do atendimento ao paciente e na relação entre a equipe. Por fim , o estilo Liberal . Nesse estilo, o líder era apenas um mediador e só tomava o posto de líder quando solicitado. Não haviam ordens ou orientações . Não havia nenhum tipo de controle . Os grupos com esse estilo de líder, facilmente de desmotivam e perdem produtividade devido a falta de organização. Segue abaixo um quadro correlacionando os estilos de comportamento dos líderes e dos liderados, desenvolvido por Chiavenato(2005). -TEORIA DA LIDERANÇA CONTINGENCIAL Com a evolução das pesquisas sobre liderança, percebeu-se que as características, os traços o comportamento do líder não explicavam por completo o conceito de liderança. Começou a se estudar então como fatores da situação ou do ambiente podiam afetar a liderança alem dos outros fatores, para poder se determinar a melhor forma de liderar. Mary Parker Follett foi quem teve a visão inicial da organização como um sistema social de contingências onde era necessário que a liderança mudasse de açodo com a situação ou com os funcionários envolvidos. Essa visão foi publicada em uma série de livros entre 1896 e 1933, mas só recebeu o reconhecimento apropriado na década de 1970. Follett resaltou em seus estudos a necessidade de integração onde os dois lados fiquem satisfeitos sem a dominação por nenhum dos lados. Ela propôs a “lei da situação” que defendia que a situação deveria determinar os comandos necessários após ambos os lados estarem cientes do problema. Sendo assim não haveria um único método de liderar e sim o melhor método para a situação. - TEORIA DA LIDERANÇA SITUACIONAL É um método tridimensional em termos de gestão, desenvolvida por Paul Hersey e Kenneth Blanchard na década de 70, composta pelo comportamento da tarefa, comportamento do relacionamento e nível de maturidade do seguidor. Essa teoria se baseia no nível de maturidade do seguidor, onde o líder deve saber adequar à forma de liderar conforme for a maturidade do seguidor. A teoria propõe quatro tipos de liderança: determinar (E1), persuadir (E2), compartilhar (E3) e delegar (E4). Cada estilo de liderança se compõe de um comportamento, uma tarefa e uma forma de relacionamento. A maturidade do seguidor é dividida em quatro níveis: baixo (M 1), baixo a moderado (M 2), moderado a alto (M 3) e alto (M 4). Fonte: HERSEY; BLANCHARD, K.H. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da liderança situacional. Trad. Edwino A. Royer. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1986 p.189. - LIDERANÇA TRANSACIONAL E TRANSFORMACIONAL Em 1978, Burns (estudioso na área de integração líder e seguidores) defendia a existência de dois tipos de líderes, o transacional e o transformacional. O transacional caracteriza-se por ser mais tradicional, focado no trabalho e nas funções. O líder transformacional é um visionário à longo prazo, inspirando toda a equipe à fim de que esse objetivo seja compreendido e alcançado. Por ser considerado um modelo de mudança, muitos órgãos de saúde tem utilizado a liderança transformacional para sua gerência. Porém, para se obter uma liderança eficaz, necessário não abrir mão de nenhum dos dois modelos citados. Por mais que o líder transformacional seja visto como o ideal, não se pode deixar de lado as características do líder transacional. É preciso que o líder não deixe as tarefas administrativas de lado, bem como outras características do líder transacional. Como visto, o foco principal das teorias iniciais era o próprio líder. Foi a partir da década de 70, então, que o começou-se a se observar questões além do que somente o próprio líder, envolvendo o ambiente de trabalho, a cultura e a influência do líder. - TEORIA INTERACIONAL DE LIDERANÇA Conforme mencionado por Marquis e Huston (2010), essência da teoria interacional tem como base o comportamento da liderança, sendo determinada pela relação entre personalidade do líder e determinada situação. Esses autores destacam teóricas que propuseram modelos de liderança baseados nessa teoria. Schein (1970) propôs um modelo em que se observava a complexidade do indivíduo, em que o ambiente de trabalho era um sistema aberto ao qual ele reagia. A ideia de uma única estratégia de liderança em toda e qualquer situação é inexistente. Para Hollander (1978) o líder se torna eficaz quando é capaz de solucionar problemas, manter a eficiência do grupo, promover uma boa comunicação, demonstrar imparcialidade, competência, segurança, criatividade, e desenvolver identificação grupal. Kanter (1989) defende que o administrador precisa atuar de forma sinérgica. Não basta somente ter títulos ou cargos, mas é necessário que haja uma cooperação entre os líderes e os liderados. LIDERANÇA NA ENFERMAGEM A liderança na enfermagem como um todo é algo extremamente importante que foi se adaptando com o passar do tempo, e mudando de acordo com a evolução da tecnologia e necessidades estruturais de cada ambiente de atuação do mesmo, se molda sempre em prol de melhorar o atendimento e necessidade dos clientes. A necessidade de ajustar o desempenho das pessoas com os objetivos da organização, dentro desse contexto, direciona os gestores a buscar estratégias para o desenvolvimento de competências consolidadas no conhecimento. No paradigma atual de gestão de pessoas, o sucesso da instituição está na relação construída dos recursos humanos com a organização. Com essa ideia, trazemos parao contexto profissional da enfermagem, o enfermeiro é o encarregado de mediar e desempenhar funções competentes a sua profissão. Daí a importância de haver sincronia na atuação e a equipe. O enfermeiro será o responsável pela condução desse movimento, deve agir como um negociador no processo, entre as expectativas e a finalidade de exercício profissional de enfermagem. A atuação do enfermeiro na dupla dimensão do processo de trabalho que engloba ações assistências e gerenciais. Na perspectiva da gerência de pessoas, irá empregar estratégias de liderança de enfermagem voltadas para as transformações, ou seja, inovadoras, tendo como linha fundamental a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem e, além disso, buscar alternativas que possibilitem maior satisfação para os componentes da equipe de enfermagem no desempenho de suas funções. A proposta de trabalho em equipe foi introduzida na enfermagem como discurso e pouco visualizada na prática, o que mantém a organização do trabalho centrado na tarefa. Nesse contexto, o desenvolvimento das habilidades e competências, na perspectiva gerencial do enfermeiro para assumir a liderança, visa fortalecer a enfermagem enquanto equipe mudando o panorama das inter-relações humanas no trabalho de enfermagem. Essa é uma tendência contemporânea, ou seja, a preocupação do enfermeiro em ampliar suas habilidades enquanto líder de sua equipe, para desenvolver em seu ambiente de trabalho, cada vez mais, estilos de liderança eficaz que conduzam ao sucesso do trabalho da equipe. Alguns autores teorizam as equipes de sucesso por apresentar liderança compartilhada, tomada de decisão conjunta, implementação consistente de planos. Observação de regras fundamentais para a comunicação, gerenciamento eficaz de conflitos, relações interpessoais sólidas e coleguismo. CONCLUSÃO Para finalizar nossa pesquisa sobre a teoria da liderança, deixamos aqui um trecho retirado de um artigo científico, onde incorpora com muita clareza os tipos de liderança aplicadas dentro da enfermagem e a importância deles em cada contexto do ambiente de trabalho. Este trabalho foi muito importante para esclarecer sobre como o enfermeiro tem papel muito importante no que diz respeito à liderança e gerência de ambientes, sendo peça fundamental dentro do seu ambiente de atuação e que deve sempre se moldar e se preparar para enfrentar as problemáticas de seu trabalho, com sabedoria e visando sempre melhorar o ambiente e dinamizar a jornada. “Na prática o enfermeiro utiliza os 3 estilos de liderança de acordo com a tarefa a ser desenvolvida, a situação e as pessoas, pois ele tanto determina o cumprimento de ordens, como sugere a seu pessoal a realização de certas atividades e ainda consulta a equipe antes de tomar alguma decisão. O desafio está, portanto, em saber quando aplicar cada estilo, com quem e em que circunstâncias e tarefas a serem desenvolvidas”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Liderança em Enfermagem. Disponível em <http://www.ufjf.br/admenf/files/2016/04/Aula-Lideran%C3%A7a-em-Enf ermagem.pdf > 2. Aprenda as Teorias Administrativas Aplicadas a Enfermagem e Descubra qual é o seu Estilo de Liderança. Disponível em <http://www.enfermeiroaprendiz.com.br/aprenda-as-teorias-administrativ as-aplicadas-a-enfermagem-e-descubra-qual-e-seu-estilo-de-lideranca/> 3. Significado de Administração. Disponível em <https://www.significados.com.br/administracao/> 4. Liderança Situacional: Análise de Estilo de Enfermeiros-líderes. Disponível em <http://gepecopen.eerp.usp.br/files/artigos/artigo83Xfin.pdf> 5. Administração e Liderança em Enfermagem: Teoria e Prática. Bessie L. Marquis, Carol J. Hustonv, 8ª Edição 6. A Teoria dos Traços. Disponível em <http://www.administradores.com.br/producao-academica/a-teoria-dos-traco s/5265/> . Último acesso em 02/04/2017. 7. LIDERANÇA: EVOLUÇÃO DAS SUAS PRINCIPAIS ABORDAGENS TEÓRICAS , Aloir Pedruzzi Junior, José Moreira da Silva Neto, Marcos Roberto de Lima Leandro, Nubiana de Lima Irmão Pedruzzi (UNIR) . Disponível em <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T14_0282_0.pdf>. Último acesso em 02/04/2017.
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