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1 
 
Antropologia 
Antropologia é a ciência que estuda o homem e as implicações e características de sua evolução 
física (Antropologia biológica), social (Antropologia Social), ou cultural (Antropologia Cultural). 
A palavra Antropologia deriva das palavras gregas antropos (humano, ou homem) + 
logos (pensamento ou razão). 
Esta é uma ciência tardia que surgiu, ou se constituiu como disciplina científica, em meados 
do século XIX a partir das descobertas de Darwin e sua teoria evolucionista quando se concentrava 
na elaboração de teorias sobre a evolução do homem, sua sociedade e cultura. O homem não era 
mais fruto da criação Divina, então os cientistas começaram a procurar pela sua origem: o chamado 
“elo perdido”, que ligaria o homem moderno a seus ancestrais hominídeos. Com o tempo os estudos 
sobre o homem ganhou forma, os cientistas começaram a se interessar pelos grupos humanos 
primitivos e seus costumes, cultura e características, passando a entender o homem não mais como 
uma criação de Deus, mas da natureza. 
A Antropologia Biológica, ou Física, é tida como uma ciência natural e se ocupa da análise 
de material colhido em escavações ou sítios arqueológicos, estando por isso profundamente 
relacionada com a Arqueologia e a Anatomia. Este ramo da Antropologia se ocupa também da 
observação do comportamento dos macacos e símios e das diferenças aparentes entre os seres 
humanos (epidérmica, pele, cor dos olhos, estatura, etc.). 
Já a Antropologia Social é uma ciência social (tal qual a sociologia e a psicologia) que 
estuda as características culturais dos povos (“cultura” é tida aqui como a manifestação dos hábitos, 
rotinas ou costumes de um povo) e a evolução de seus costumes, crenças, religiões, relacionamento 
familiar, manifestações artísticas, etc. O que acaba englobando áreas como a linguística, a própria 
arqueologia e a etnologia. 
Os conhecimentos adquiridos por meio da Antropologia (Social, Cultural ou Biológica) 
podem ser aplicados por governos para facilitar o contato com povos específicos como os 
indígenas, quilombolas, através da chamada “Antropologia Aplicada”. 
Outros termos associados à Antropologia são: Etnologia e Etnografia. Segundo Claude Lévi-
Strauss (1908;...) ambas não constituem disciplinas diferentes da antropologia, apenas concepções 
ou níveis diferentes do mesmo tipo de estudo e, por isso, não deveriam nunca estar dissociadas. 
Ainda segundo Lévi-Strauss, a Etnografia seria o correspondente aos primeiros estágios da 
pesquisa, englobando o trabalho de campo e a observação; a Etnologia seria um nível acima, mais 
aprofundado, onde são feitas conclusões mais extensas que não seriam possíveis no primeiro 
momento (síntese), constituindo-se, pois, a Etnografia o passo preliminar à Etnologia. E, por fim, a 
Antropologia, seria o segundo e último passo da síntese, onde são abrangidas as conclusões da 
Etnografia e Etnologia. 
 
 
 
2 
 
Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda 
 
Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, publicado em 1936, é uma interpretação original 
da decomposição da sociedade tradicional brasileira e da emergência de novas estruturas políticas e 
econômicas. Uma visão inovadora que introduziu os conceitos de patrimonialismo e burocracia, 
explicando os novos tempos. 
Na obra, Sérgio Buarque buscou na história colonial as origens dos problemas nacionais. Como 
veremos adiante, descreveu o brasileiro como um “homem cordial”, isto é, que age pelo coração e 
pelo sentimento, preferindo as relações pessoais ao cumprimento de leis objetivas e imparciais. O 
Brasil Colônia é visto por Sérgio Buarque como tendo pouca organização social, daí o recurso 
freqüente à violência e ao domínio personalista. A escravidão desvalorizou o trabalho e favoreceu 
aventureiros que desejavam “prosperidade sem custo” – traços que se refletiam até no cultivo da 
terra, por métodos predatórios semelhantes aos da mineração. 
É um livro inovador no que diz respeito à busca da identidade nacional. Num momento onde a 
psicologia vinha se desenvolvendo muito e a sociologia começava a perder seu caráter altamente 
“científico”, Sérgio Buarque foi atrás do que poderíamos chamar de essência do homem brasileiro. 
Num jogo de idas e vindas pela nossa história, deixando claro os momentos que mais considerava, 
Sérgio Buarque foi construindo um panorama histórico no qual inseriu o “homem cordial”, que 
nada mais é do que fruto de nossa história, originada da colonização portuguesa, de uma estrutura 
política, econômica e social completamente instável de famílias patriarcais e escravagistas. 
Capítulos 
Capítulo 1 - Fronteiras da Europa: No primeiro capítulo da obra, Sérgio Buarque mostrou que os 
países Ibéricos eram os que faziam fronteiras entre a Europa e o mundo através do mar. Ficavam 
um pouco à margem do resto da Europa, inclusive no que se refere às navegações, das quais foram 
pioneiros. Para os países Ibéricos cada homem tinha que depender de si próprio. Eles não possuíam 
uma hierarquia feudal enraizada, por isso a burguesia mercantil se desenvolveu primeiro nesses 
países. Somado a isso, havia o relaxamento organizacional que estava muito presente na história de 
Portugal e, conseqüentemente, no Brasil. Para Sérgio Buarque, a aparente anarquia ibérica era 
muito mais correta, muito mais justa que a hierarquia feudal, pois não tinha muitos privilégios a ser 
dados. A nobreza portuguesa era muito flexível, ao que o autor chamou de mentalidade moderna. 
Havia uma igualdade entre os homens. 
O pioneirismo de Portugal nas navegações se deve a um incentivo próprio. O autor chegou a 
defender a mentalidade burguesa e os países ibéricos. Os ibéricos não gostavam do trabalho manual, 
queriam ser senhores. Por fim o autor nos falou que o Brasil teve muitas características ibéricas e 
sua construção cultural veio daí. 
Capítulo 2 - Trabalho e Aventura: Para o autor, os portugueses, que foram os primeiros a se 
lançarem ao mar, eram ao que estavam mais aptos para a missão no Novo Mundo. 
Em seguida Sérgio Buarque fala que existem dois tipos de homens: um com olhar mais amplo, o 
aventureiro, e outro com olhar mais restrito, o trabalhador. No entanto, esses dois homens se 
confundem dentro de si mesmo. 
O gosto pela aventura foi o que possibilitou a colonização no Novo Mundo. O português foi o povo 
que melhor se adaptou na América. 
3 
 
A economia escravista colonial foi a forma pela qual a Europa conseguiu suprir o que faltava em 
sua economia. O indígena não conseguiu se “adaptar” à escravidão, tornando o escravo africano 
imprescindível para o sistema colonial. O português vinha para a colônia buscar riqueza sem muito 
trabalho, além disso, eles preferiam a vida aventureira ao trabalho agrícola. Nesse contexto, a mão-
de-obra escrava apareceu como elemento fundamental em nossa economia. 
Como o fator "terra" era abundante na colônia, não havia preocupação em cuidar do solo, o que 
acarretou em sua deterioração. Os portugueses se aproveitaram de muitas técnicas indígenas de 
produção, com isso os índios acabaram ganhando certa proteção que os distanciou um pouco da 
escravidão. 
Para Sérgio Buarque, os portugueses já eram mestiços antes dos Descobrimentos. Além disso, já 
conheciam a escravidão africana no seu país. O autor faz parecer que o preconceito com os negros 
era bem maior do que com os índios no Brasil colonial. O Brasil não conheceu outro tipo de 
trabalho que não fosse o escravo. O trabalho mecânico era desprezado, pois só se fazia o que valia a 
pena, o que era lucrativo. Os brasileiros não eram solidários entre si. A moral da senzala era a 
preguiça. A violência que ela continha era negadora de virtudes sociais. 
O autor critica os colonos holandeses que não procuraramse fixar no Brasil. Além disso, tais 
colonos trouxeram para o Brasil um aspecto que não se adequou aqui, a formação do seu caráter 
urbano, quase liberal. 
Sérgio Buarque ainda afirma, que a própria língua portuguesa era mais fácil para os índios e os 
negros, o que ajudou muito na colonização. Outro elemento que facilitou a comunicação no Brasil 
colonial foi a Igreja Católica que tinha uma forma de se comunicar muito mais simpática que as 
igrejas protestantes. Concluiu o capítulo mostrando que o resultado de tudo isso foi a mestiçagem, 
que possibilitou a construção de uma nova pátria. 
Capítulo 3 - Herança Cultural: Analisa a marca da vida rural na formação social brasileira. 
Repousando na escravidão, ela entra em crise quando esta declina; baseando-se em valores e 
práticas ligadas aos estabelecimentos agrícolas , suscita conflitos com a mentalidade urbana. A esta 
altura defini-se no livro uma segunda dicotomia básica, a relação rural-urbano, que marca em vários 
níveis a fisionomia do Brasil. 
A estrutura da sociedade colonial era rural. Isso pode ser visto quando analisamos quem detinha o 
poder na época colonial: os senhores rurais. Dentro desse contexto, a abolição da escravatura 
aparece como um grande marco na nossa história. 
O autor conta que entre 1851 e 1855, observou-se um notável desenvolvimento urbano, graças à 
construção das estradas de ferro, e que tal desenvolvimento esteve muito ligado à supressão do 
tráfico negreiro. 
Muitos senhores rurais eram contra esta supressão, o que resultou numa continuidade do tráfico, 
mesmo depois de abolido legalmente. O medo do fim do tráfico fez com que aumentasse o número 
de escravos exportados para o Brasil até 1850. Buarque de Holanda fala que houve um 
aproveitamento do capital oriundo do tráfico para abrir outro Banco do Brasil. Fala também um 
pouco das especulações em cima do tráfico e da abertura deste Banco. 
Para o autor, havia uma incompatibilidade entre as visões do mundo tradicional e o mundo 
moderno, o que resultou em muitos conflitos. Exemplo disso foi o malogro comercial sofrido por 
Mauá. O Brasil não tinha a menor estrutura econômica, política ou social para desenvolver a 
indústria e o comércio. 
4 
 
Os senhores de engenho eram sinônimos de solidez dentro da sociedade colonial. O engenho era um 
organismo completo, uma micro-sociedade. 
Num primeiro momento, os homens que vinham para a cidade eram os que tinham certa 
importância no campo. Houve uma substituição das honras rurais para as honras da cidade. Os 
colonos brancos continuavam achando que o trabalho físico não dignificava o homem, mas sim o 
trabalho intelectual. Com a Revolução Industrial, o trabalhador teve que virar máquina. O 
sentimento de nobreza e a aversão ao trabalho físico saíram da Casa Grande e invadiram as cidades; 
o que nos mostra o quanto foi difícil, durante a Independência, ultrapassar os limites políticos 
gerados pela colonização portuguesa. 
Para Sérgio Buarque a vida da cidade se desenvolveu de forma anormal e prematura. O predomínio 
esmagador do ruralismo, segundo todas as aparências, foi antes um fenômeno típico do esforço dos 
nossos colonizadores do que uma imposição do meio. 
Capítulo 4 - Semeador e o Ladrilhador: As cidades eram instrumentos de dominação. A Coroa 
Espanhola, diferentemente da Portuguesa, criou cidades em suas colônias. Sérgio Buarque mostra 
como eram construídas tais cidades. Para Portugal suas colônias eram grandes feitorias. Enquanto a 
colonização portuguesa se concentrou predominantemente na costa litorânea, a colonização 
espanhola preferiu adentrar para as terras do interior e para os planaltos. 
O interior do Brasil não interessava para a metrópole. As bandeiras normalmente acabavam se 
transformando em roças, à exceção da descoberta do ouro. Com tal descoberta, a metrópole tentou 
evitar a migração para o interior da colônia. O advento das minas fez com que Portugal colocasse 
um pouco mais de ordem na colônia. 
Sérgio Buarque continua falando sobre a colonização portuguesa sempre comparando-a com a 
espanhola. Mesmo sendo mais liberais que os espanhóis, os portugueses mantinham firme o pacto 
colonial, proibindo a produção de muitas manufaturas na colônia. Também falou do desleixo 
português na construção das cidades. 
Os portugueses eram corajosos, mas prudentes. Portugal tinha maior flexibilidade social, e havia um 
desejo de sua burguesia em se tornar parte da nobreza. Não havia tradição em Portugal nem orgulho 
de classe, todos queriam ser nobres. Nasceu a “Nova Nobreza”, que era muito mais preocupada com 
as aparências do que com a antiga tradição. Falou um pouco da história política de Portugal 
vinculada à vontade que a maior parte da população tinha em se tornar nobre, e tal desejo pode ser 
facilmente constatado no Brasil, mostrando que o papel da Igreja aqui era o de “simples braço de 
poder secular, em um departamento da administração leiga”. 
Nas notas do capítulo, o autor trabalhou com a questão da vida intelectual tanto na América 
espanhola como na portuguesa, mostrando que na primeira ela era mais desenvolvida. Tratou da 
língua geral de São Paulo, que durante muitos séculos foi a língua dos índios, devido à forte 
presença da índia como matriarca da família. Falou da aversão às virtudes econômicas, 
principalmente do comércio. E por fim, da natureza e da arte coloniais. 
Ladrilhador – o espanhol acentua o caráter da cidade como empresa da razão, contrária a ordem 
natural, prevendo rigorosamente o plano das que fundou na América, ao modo de um triunfo da 
linha reta, e que na maioria buscavam regiões internas enquanto os portugueses, norteados por uma 
política de feitoria, agarrados ao litoral, de que só se desprenderiam no século XVIII foram „ 
semeadores‟ de cidades irregulares, nascidas e crescidas ao deus-dará, rebeldes à norma abstrata. 
Capítulo 5 - O Homem Cordial: Para Sérgio Buarque, o Estado não foi uma continuidade da 
família. Comparou tal confusão com a história de Sófocles, sobre Antígona e seu irmão Creonte, 
5 
 
sobre um confronto entre Estado e família. Houve muita dificuldade na transição para o trabalho 
industrial no Brasil, onde muitos valores rurais e coloniais persistiram. Para o autor, as relações 
familiares (da família patriarcal, rural e colonial), eram ruins para a formação de homens 
responsáveis. 
Até hoje vemos a dificuldade entre os homens detentores de posições públicas conseguirem 
distinguir entre o público e o privado. "Falta ordenamento impessoal que caracteriza a vida no 
Estado burocrático”. 
A contribuição brasileira para a civilização foi então, o “homem cordial”. Mas o que significa ser 
um homem cordial no contexto abordado pelo historiador? A princípio, o adjetivo "cordial" gerou 
muitas querelas. Os conservadores da época acharam que associar o brasileiro à imagem de um 
"homem cordial" parecia desvirilizante, e o melhor seria encaixá-lo no protótipo de um Cavaleiro 
da Esperança, ou coisa que o valesse. Com o tempo, a polêmica cedeu lugar a um entendimento 
parcial do que significava, para Hollanda, a cordialidade do brasileiro que, ao contrário do que 
superficialmente possa parecer, não quer dizer apenas sincero, afetuoso, amigo. As paixões – 
egoístas e desgovernadas – estão na origem do conceito: trata-se de um homem de "fundo emotivo 
extremamente rico e transbordante", segundo Sérgio Buarque de Hollanda, ou seja, um homem 
dominado pelo coração (cor, coração em latim). 
A impossibilidade que o brasileiro tem em se desvincular dos laços familiares a partir do momento 
que esse se torna um cidadão, gerou o “homem cordial”. Esse homem cordial é aquele generoso, de 
bom trato, que para confiar em alguém precisava conhecê-lo primeiro. A intimidade que tal homem 
temcom os demais chega a ser desrespeitosa, o que possibilitou chamar qualquer um pelo primeiro 
nome, usar o sufixo “inho” para as mais diversas situações e até mesmo, colocar santos de castigo. 
O rigor é totalmente afrouxado, onde não há distinção entre o público e o privado: todos são amigos 
em todos os lugares. O Brasil é uma sociedade onde o Estado é propriedade da família, os homens 
públicos são formados no círculo doméstico, onde laços sentimentais e familiares são transportados 
para o ambiente do Estado, é o homem que tem o coração como intermediário de suas relações, ao 
mesmo tempo em que tem muito medo de ficar sozinho. 
Capítulo 6 - Novos Tempos: Há na sociedade brasileira atual, um apego muito forte ao recinto 
doméstico, uma relutância em aceitar a superindividualidade. Poucos profissionais se limitam a ser 
apenas homens de sua profissão. Há um grande desejo em alcançar prestígio e dinheiro sem esforço. 
O bacharelado era muito almejado por representar prestígio na sociedade colonial urbana. Não 
havia uma real preocupação com a intelectualidade com o sabre, havia um amor pela idéias fixas e 
genéricas o que justificou a entrada do positivismo e sua grande permanência no Brasil. O autor fez 
críticas aos positivistas. Para o autor a democracia foi “sempre um mal-entendido” no Brasil. Os 
grandes movimentos sociais e políticos vieram de cima para baixo, o povo ficou indiferente a tudo. 
O romantismo acabou se tornando um mundo fora do mundo, incapaz de ver a realidade, o que 
ajudou na construção de uma realidade falsa, livresca. Muitos traços da nossa intelectualidade ainda 
revelam uma mentalidade senhorial e conservadora. Falou da importância da alfabetização para o 
Brasil. 
Capítulo 7 - Nossa Revolução: As revoluções da América, não se parecem com revoluções. A 
revolução brasileira é um processo demorado que vem durando três séculos e a Abolição foi um 
importante marco. As cidades ganharam autonomia em relação ao mundo rural. O café trouxe 
mudanças na tradição, como a legitimação da cidade. A terra de lavoura deixa então de ser o seu 
pequeno mundo para se tornar unicamente seu meio de vida, sua fonte de renda e riqueza. O café 
substituiu a cana, mas não deixou espaço para a economia de subsistência. As cidades ganharam 
novo sentido com o café, que acabaram solapando a zona rural. 
6 
 
O Brasil é um país pacífico, brando. Julgamos ser bons à obediência dos regulamentos, dos 
preceitos abstratos. É necessário que façamos uma espécie de revolução para darmos fim aos 
resquícios de nossa história colonial e começarmos a traçar uma história nossa, diferente e 
particular. 
Para o autor a ausência de partidos políticos atualmente é um sintoma de nossa inadaptação ao 
regime legitimamente democrático. Sérgio Buarque critica o Brasil que acredita em fórmulas. Fala 
quais são os principais elementos constituintes de uma democracia. Com a cordialidade, o brasileiro 
dificilmente chegará nessa “revolução”, que seria a salvação para a sociedade brasileira atual. 
Obra ambiciosa 
A frase que melhor define o espírito e a ambição de Raízes do Brasil, certamente é: Vivemos entre 
dois mundos. Um definitivamente morto e outro que luta por vir à luz do dia. Recusando tanto o 
fascismo (e sua versão tupiniquim, o integralismo), quanto o comunismo, Sérgio Buarque deu 
alento a uma visão democrático-burguesa da história, num diagnóstico do "caráter nacional" que 
parte da avaliação do peso da herança do escravismo na sociedade brasileira. 
Ele entrevia o processo de formação das classes trabalhadoras ainda tolhido por heranças da 
sociedade colonial escravocrata. Seu diagnóstico apontou o autoritarismo, a ausência de uma ética 
do trabalho, o gosto pelo ócio, o elogio da vida de grande senhor, como traços do caráter ibérico 
presentes no brasileiro e que se traduzem naquilo que aponta como nossa reduzida capacidade de 
organização social, a inclinação à anarquia e à desordem. 
Proximidade com Gilberto Freyre 
Em vários momentos, Raízes do Brasil parece repetir teses de Casa Grande & Senzala; 
compartilha com Gilberto Freyre a visão psicológica e culturalista da história, e se refere às 
"determinantes psicológicas" da expansão portuguesa na América; ao "exíguo sentimento de 
distância entre os dominadores, aqui, e a massa trabalhadora constituída de homens de cor", cujo 
resultado eram relações com os donos que variavam "da situação de dependente para a de 
protegido, e até mesmo de solidário e afim". 
 
 Idêntica é sua descrição do colonizador português, segundo a qual, mais do que nenhum 
outro povo da Europa cedia com docilidade ao prestígio comunicativo dos costumes, da linguagem 
e das seitas dos indígenas e negros. Diz também que o peculiar da vida brasileira parece ter sido, 
por essa época, uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do passional, e 
uma estagnação, ou antes uma atrofia correspondente das qualidades ordenadoras, 
disciplinadoras, racionalizadoras. Daí sua tese, inspirada em Ribeiro Couto, de que "a contribuição 
brasileira para a civilização será de cordialidade - daremos ao mundo o "homem cordial" -; talvez a 
tese mais difundida e menos compreendida de seu ensaio. 
Mas a medida da distância entre Sérgio Buarque e Gilberto Freyre é dada pela prudência que 
o afasta da apologia das oligarquias agrárias (localizando aquelas tendências no passado colonial e 
apontando-as como "exatamente o contrário do que parece convir a uma população em vias de 
organizar-se politicamente") e de sua visão da revolução brasileira como um processo que, vindo 
das décadas anteriores à abolição, ainda se desenrolava em seu tempo. 
 
 
7 
 
Weberiano 
Como historiador, inovou ao usar teses de Max Weber na pesquisa e na análise de nossa história, 
como contraponto às idéias marxistas que davam, entre nós, seus primeiros passos com o trabalho 
de escritores ligados ao Partido Comunista do Brasil e com a obra mais sistemática de Caio Prado 
Júnior. 
Raízes do Brasil é um exemplo da aplicação dos tipos ideais weberianos na análise da situação 
histórica, traduzindo-se nas contraposições entre trabalho e aventura, o racional e o cordial, o 
pessoal e o impessoal etc. Sérgio Buarque foi pioneiro também no uso do conceito weberiano de 
patrimonialismo para descrever as relações politicamente promíscuas entre o Estado, os governos e 
as classes dominantes no Brasil. É também do sociólogo alemão a idéia de capitalismo que ilumina 
sua obra, que não é um modo de produção específico, com leis e formas de organização próprias da 
produção e distribuição, mas um sistema movido pela busca do lucro monetário. 
Mesmo com essas limitações, esse arsenal teórico permitiu-lhe ir mais longe do que fora Gilberto 
Freyre, temperando as teses psicologistas e culturalistas com análises de inspiração sociológica 
mais acurada, com a vantagem adicional de permitir a seu autor - um homem de cultura 
reconhecidamente larga, que excedia o campo da história - fazer a crítica de posições ideológicas 
ligadas aos interesses e à visão de mundo das classes dominantes. 
Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Teoria Geral do Direito 
É inegável a existência de um tridimensionalismo no direito no que se refere à validade, à justiça e à 
eficácia, sendo esses aspectos independentes. A norma ideal deve buscar atender a esses três 
parâmetros perfeitamente para que os três coincidam, daí pode-se falar de uma “teoria reducionista 
valorosa". 
 CAPÍTULO I: O direito como regra de conduta. 
No primeiro capítulo de sua obra Teoria Geral do Direito, o pensador italiano Norberto Bobbioafirma, 
primeiramente, que para este estudo adotou o ponto de vista normativo, ou seja, partindo do princípio de que 
a experiência jurídica é uma experiência normativa constrói suas argumentações. 
 De forma didática o autor expõe a variedade e a multiplicidade das normas. Destarte, apesar de 
dedicar sua atenção as normas jurídicas, fala também das normas sociais, dos preceitos religiosos, das regras 
morais e assim por diante. 
De acordo com Bobbio existem, ao menos, duas teorias que diferem da teoria normativa, são elas: a 
teoria do direito como instituição e a teoria do direito como relação. Para explicar a primeira teoria, usou o 
pensamento do também italiano Santi Romano, para o qual os elementos constitutivos do direito são três: a 
sociedade, a ordem e a organização. Dessa forma, em síntese, podemos dizer que o direito existe quando há 
uma sociedade ordenada por meio de uma organização. O direito nasce no momento em que um grupo 
social passa de uma fase inorgânica (não organizada) para uma fase orgânica (organizada). O fenômeno de 
passagem de uma fase para outra também é chamado de INSTITUCIONALIZAÇÃO. Em resumo, é a 
sociedade ordenada e organizada que Romano chama de INSTITUIÇÃO. 
Para Norberto Bobbio há uma contradição, ainda que marginal, na teoria de Romano: se for verdade 
que a organização é o principal elemento característico da sociedade jurídica, e se também for verdade que 
existem sociedades não organizadas, pode-se perfeitamente admitir que o direito pressupõe a sociedade, mas 
não se pode admitir que toda sociedade é jurídica. 
Para falar de pluralismo jurídico, nosso autor contrapõe a teoria do direito como instituição com a 
teoria estatista do direito. Esta, por sua vez, produto histórico da formação dos grandes Estados modernos, 
considera direito somente o direito estatal e identifica o âmbito do direito com o âmbito do Estado. Em 
oposição, para a teoria da instituição até uma associação para delinqüir, uma vez organizada com o objetivo 
de estabelecer a ordem entre os seus membros, é um ordenamento jurídico. Nesse sentido, o problema sobre 
o qual se insiste na polêmica entre pluralistas e monistas, de saber se o direito é somente produzido pelo 
Estado ou também é produzido por grupos sociais diferentes do estado, é principalmente uma questão de 
palavras: quem afirma que direito é apenas o direto estatal usa a palavra “direito” em sentido restrito. Quem 
considera, seguindo os institucionalistas, que é direito também aquele de uma associação para delinqüir, usa 
o termo “direito” em sentido mais amplo. 
 Sobre o valor científico da teoria da instituição, Bobbio propõe duas observações críticas: 
9 
 
1. A teoria da instituição confunde a teoria normativa com a teoria estatista. Esta é apenas uma teoria 
normativa restrita, pois restringe a palavra “norma” às normas do Estado. Portanto, a teoria 
normativa pode sim ser compatível com o pluralismo jurídico a partir do momento em que não há 
motivo para restringir a palavra “norma”. 
2. Para Romano antes de ser norma o direito seria organização. Contudo, a organização e a disciplina 
só podem ser realizadas mediante regras de conduta, então as normas vêm antes da organização. 
Conseqüentemente, a teoria da instituição não exclui, antes inclui, a teoria normativa do direito, que 
não sai derrotada da polêmica, e sim fortalecida. 
Segundo Bobbio, o grande mérito da teoria da instituição é o de ressaltar que só se pode falar em direito 
quando existe um conjunto de normas formadoras de um ordenamento e que, portanto, o direito não é 
norma, mas um conjunto de normas. Graças também à teoria da instituição, a teoria geral do direito 
evoluiu cada vez mais de teoria das normas jurídicas para a teoria do ordenamento jurídico. 
A teoria do direito como relação, ou melhor, a teoria do direito como relação intersubjetiva 
(individual) é analisada inicialmente em oposição à teoria do direito como instituição. Para Bobbio, esta 
última critica não só a teoria normativa, mas também a teoria da relação intersubjetiva. De acordo com os 
institucionalistas (principalmente os franceses), uma pura e simples relação entre dois sujeitos não pode 
constituir direito, este só nasceria quando essa relação estiver inserida numa série mais ampla, complexa e 
estável de relações constituintes, isto é, a instituição. Os institucionalistas, em geral, consideram a doutrina 
da relação inspirada por uma concepção individualista do direito. 
O iluminista jurídico Immanuel Kant é um dos representantes da teoria do direito como relação 
jurídica. Para Kant há quatro tipos possíveis de relação de um sujeito com outros sujeitos. Dessas quatro, só a 
última poderia ser considerada uma relação jurídica: 
1. Sujeito (c/ direitos e deveres) e sujeito (c/ direito e sem deveres: Deus). 
2. Sujeito (c/ direitos e deveres) e sujeito (c/ deveres e sem direitos: escravo). 
3. Sujeito (c/ direitos e deveres) e sujeito (sem direito e deveres: coisa ou animal). 
4. Sujeito (c/ direitos e deveres) e sujeito (c/ direitos e deveres: outro homem). 
A teoria mais recente do direito como relação jurídica é exposta por Alessandro Levi. Por “relação 
jurídica” Levi entende, no sentido tradicional da palavra, uma relação intersubjetiva, ou melhor, a relação 
entre dois sujeitos, sendo um titular de uma obrigação e o outro de um direito. E esta relação jurídica seria o 
conceito fundamental à compreensão do direito como fenômeno, ai está a crítica de Bobbio, pois para ele é o 
conceito de norma jurídica que desempenha este papel. 
Assim, mais uma vez, Norberto Bobbio considera que a teria do direito como relação intersubjetiva não 
elimina a teoria normativa. Seguindo sua linha de pensamento, a relação jurídica enquanto relação direito-
dever, refere-se sempre a duas regras de conduta, sendo que a primeira atribui um poder, a outra atribui um 
dever. É a norma que, ao qualificar a relação, a transforma em uma relação jurídica e não o oposto. 
 CAPÍTULO II: Justiça, validade e eficácia. 
10 
 
Neste segundo capítulo o pensador italiano Norberto Bobbio apresenta três critérios distintos de valoração de 
uma norma jurídica: o critério de justiça, o critério de validade e o critério de eficácia. 
O critério de justiça: Norma justa é aquilo que deve ser; norma injusta é aquilo que não deveria ser. 
Corresponde ao problema entre o que é real e o que é ideal, quer dizer, para julgar a justiça de uma norma é 
preciso compará-la a um valor ideal. Por isso costuma-se chamar o problema da justiça de problema 
deontológico do direito. 
O critério da validade: Para decidir se uma norma é válida é preciso, geralmente, realizar três operações: 
1. Verificar se a autoridade que a emanou tinha o poder legitimo de enunciar normas jurídicas. 
2. Verificar se não há uma outra norma sucessiva que a ab-rogou expressamente ou regulou a mesma 
matéria. 
3. verificar se não é incompatível com outra norma do sistema (ab-rogação implícita). 
O problema da validade jurídica pressupõe que se tenha respondido à pergunta: o que se entende por direito? 
O critério da eficácia: Pressupõe saber se essa norma é ou não seguida pelas pessoas quem se destina. O fato 
de uma norma existir enquanto norma jurídica não implica que ela também seja constantemente seguida. 
 Bobbio deixa claro que os três critérios são independentes: a justiça não depende nem da validade 
nem da eficácia, e a eficácia não depende nem da justiça nem da validade. 
 O autor lembra ainda que estes três critérios são exatamente os problemas fundamentais que se 
ocupou e se ocupa a filosofia do direito. Do problema da justiça nasce a filosofia da justiça, do problema da 
validade nasce a teoria geral do direito e por fim, do problema da eficácia nasce a sociologia jurídica.Correspondendo assim, em parte, à distinção das três tarefas da filosofia do direito: deontológica, ontológica 
e fenomenológica. 
 Norberto Bobbio considera não ser possível aceitar outras teorias que não realizam a distinção entre 
estes três critérios, considerando-as reducionistas. O autor expõe três teorias reducionistas: a que reduz a 
validade à justiça (uma norma só é válida se é justa. Ex: doutrina do direito natural), a que reduz a justiça à 
validade (uma norma é justa simplesmente por ser válida. Ex: concepção positivista) e a que reduz a validade 
à eficácia (a validade depende da eficácia. Ex: correntes realistas da jurisprudência americana). 
O direito natural: (Tem uma concepção ideal do direito.) Corrente de pensamento jurídico segundo a qual 
uma lei, para ser lei, deve ser conforme a justiça. Há várias divergências entre os jusnaturalistas sobre o que 
deve ser considerado justo ou injusto, esta variedade de opiniões decorria de duas razões fundamentais: 
1. O termo “natureza” é um termo genérico que adquire diferentes significados dependendo da maneira 
como é usado. 
2. Ainda que seu significado fosse unívoco a constatação de que uma tendência é natural não permite 
deduzir se essa tendência é boa ou má, uma vez que não permite deduzir um juízo de valor de um 
juízo de fato. 
11 
 
O positivismo jurídico: (tem uma concepção formal do direito.) Para Bobbio para encontrar uma teoria 
completa e coerente do positivismo, temos de remontar à doutrina política de Thomas Hobbes. Segundo 
Hobbes, efetivamente não existe outro critério de justo ou injusto fora da lei positiva, vale dizer, fora do 
comando do soberano. No estado de natureza não existe o justo e o injusto, pois não existem convenções 
válidas. No estado civil o justo e o injusto repousam no comum acordo dos indivíduos de atribuir ao 
soberano o poder de decidir o que é justo e o que é injusto. Tal teoria é a justificativa mais coerente do poder 
absoluto, mas Bobbio não entra no mérito deste assunto. 
O realismo jurídico: Do ponto de vista desta corrente, os jusnaturalistas pecam porque confundem o direito 
real com as aspirações à justiça, os positivistas porque o confundem com as regras impostas e formalmente 
válidas. Consideram apenas o direito efetivamente aplicado como o único objeto possível de pesquisa por 
parte dos juristas. No último século há, pelo menos, três momentos em que tal modo de conceber o direito 
surgiu: 
1. O primeiro momento é representado pela escola histórica do direito, que é a expressão mais genuína 
do romantismo jurídico. 
2. O segundo momento é marcado pela concepção sociológica do direito; surge por efeito da confusão 
que se foi criando entre a lei escrita nos códigos (o direito válido) e a realidade social em decorrência 
da Revolução Industrial (direito eficaz). 
3. A terceira é a concepção realista do direito que teve êxito nestas últimas décadas nos Estados 
Unidos. 
 
Por fim, o autor termina este capítulo fazendo algumas considerações sobre as correntes sociológicas do 
direito. Por exemplo, de acordo com ele devemos considerar que a crítica a estas correntes resumiu-se em 
geral numa revisão das fontes do direito, vale dizer, numa crítica ao monopólio da lei e na reavaliação de 
duas outras fontes diversas da lei, o direito consuetudinário e o direito judiciário (o juiz legislador). 
INDEPENDÊNCIA DOS CRITÉRIOS 
Os três critérios apresentados são independentes, para demonstrar essa relação, o autor formulou 
seis proposições: 
Norma justa e inválida: são por exemplo as proposições dos jusnaturalistas, todos esses direitos 
naturais que não se inserem em um ordenamento positivo. 
“O estado de natureza tem uma lei de natureza a governa-lo e que a todos submete; e a razão que é 
essa lei, ensina a todos os homens que apenas a consultam que sendo todos iguais e independentes, 
nenhum deve prejudicar a outrem na vida, na saúde, na liberdade ou nas posses.” 
Norma válida e injusta: os ordenamentos jurídicos estão longe de expressar perfeitamente esse 
valor incerto e final que é a justiça; como já dito o problema da justiça é arbitrário, existem 
12 
 
ordenamentos que aceitam a pena de morte ou de mutilação, sendo essas contrárias aos “direitos 
humanos” e a um referencial ético cristão por exemplo. 
Norma Válida e não eficaz: são casos de normas que entram em desuso com o tempo, ou que 
foram emanadas, mas não surtiram efeito social. Um bom exemplo são os direitos do preso: “é 
assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”, é o que está escrito no texto 
constitucional no artigo 5º, mas a realidade do sistema prisional brasileiro é outra que não se 
aproxima de nenhum tratado de direitos humanos já concebido. 
Norma eficaz e inválida: são as normas espontâneas de boa convivência por exemplo, ou mesmo 
as normas estabelecidas por um traficante numa favela e que são obedecidas pelos habitantes. Outro 
exemplo é o jogo do bicho, como fala Oliveira: “Apesar de ilegal, ele (o jogo do bicho) tem uma 
legitimidade social bastante forte – para não dizer unanime” 
Norma justa e ineficaz: aí recolocamos o exemplo dos direitos do preso, que para uma concepção 
humanista são justos, válidos, porém ineficazes. 
Norma eficaz e injusta: algo pode ser extremamente difundido porém, dependendo de um 
referencial, injusto. É o caso das touradas que são difundidas no mundo hispânico, porém criticadas 
por outras culturas que acham um ato de “maldade” e paralelamente injusto, o maltrato do animal. 
Poderia recolocar nesse ponto as penas de morte e mutilação já citadas anteriormente. 
Afere-se empiricamente acima a independência desses três valores. 
 CAPÍTULO III: As proposições prescritivas. 
No capítulo 3 de sua obra Teoria Geral do Direito, Norberto Bobbio diante do conjunto de normas jurídicas 
procura abordar que tipo de proposições são elas. 
Primeiramente adverte que pretende evitar que se confunda o estudo formal da norma jurídica com um 
dos muitos formalismos. Por “formalismo jurídico” entende-se uma consideração exclusiva do direito como 
forma. Contudo, sob o nome genérico de “formalismo jurídico” hoje se submetem, ao menos, três teorias 
diversas: 
1. Formalismo ético: Diz respeito ao modo de definir justiça. È justo o que é conforme a lei. O 
que é justiça? 
2. Formalismo jurídico: Diz respeito ao modo de definir o direito. A característica do direito não 
é de prescrever o que cada um deve fazer, mas simplesmente o modo como cada um deve agir se 
quiserem alcançar os próprios objetivos. O que é o direito? 
3. Formalismo científico: Diz respeito ao modo de conceber a ciência jurídica e o trabalho do 
jurista. Como deve comportar-se a ciência jurídica? 
 
13 
 
Bobbio lembra que seu ponto de vista formal não está relacionado com nenhum desses três 
formalismos. Dessa forma, deste seu ponto de vista formal, uma norma é igual a uma proposição, e estas, 
especificamente, são conjuntos de palavras que possuem significado no seu todo. 
Podemos distinguir os vários tipos de proposições com base em dois critérios: 
QUANTO À FORMA GRAMATICAL QUANTO À FUNÇÃO 
Declarativas Asserções 
Interrogativa Perguntas 
Imperativas Comandos 
Exclamativas Exclamação 
 
Os comandos, particularmente nos interessam mais. Eles podem ser expressos de duas formas: a 
mais comum é a imperativa e a outra é a declarativa. 
O autor demonstra ainda três tipos de funções fundamentais da linguagem que dão origem a três 
tipos de linguagens bem diferenciados (ainda que nunca se encontrem em estado puro na realidade): 
Função DESCRITIVA Linguagem CIENTÍFICA 
Função EXPRESSIVA Linguagem POÉTICA 
Função PRESCRITIVA Linguagem NORMATIVA 
 
Características das proposições prescritivas:Nosso autor trabalha com a oposição entre proposições 
prescritivas e descritivas. As duas têm como características diferenciais: 
1. Quanto à FUNÇÃO: 
Descrição: Visamos informar os outros; 
Prescrição: Visamos modificar seu comportamento. 
2. Quanto ao comportamento do DESTINATÁRIO: 
Descritiva: o destinatário crê que a proposição seja verdadeira; 
Prescritiva: o destinatário a executa. 
3. Quanto ao critério de VALORAÇÃO: 
Descritiva: pode ser verdadeira ou falsa; 
Prescritiva: pode ser justa ou injusta ou válida ou inválida. 
 Depois de praticamente esgotar suas considerações sobre a especificidade da categoria das 
proposições prescritivas em comparação com as outras duas categorias, Bobbio passa a explicar três critérios 
fundamentais de distinção dos tipos de prescrição: 
14 
 
1. Quanto ao sujeito ativo / passivo: 
IMPERATIVOS AUTÔNOMOS: Aqueles em que quem estabelece a norma e quem a executa são a mesma 
pessoa. 
IMPERATIVOS HETERÔNOMOS: Aqueles que quem estabelece a norma e quem a executa são duas 
pessoas diferentes. 
 Para Kant apenas os imperativos morais são autônomos. Pois a moral consistiria naqueles comandos 
que o homem, como ser racional, dá a si mesmo. Este teve a inspiração da seguinte frase de Rousseau: “A 
liberdade consiste na obediência à lei que cada um prescreveu para si”. 
 De acordo com Norberto Bobbio, a distinção entre imperativos autônomos e heterônomos é 
importante para o estudo do direito porque pretende sugerir que, quando nos comportamos moralmente, 
obedecemos apenas a nós mesmos; em contrapartida, quando agimos juridicamente, obedecemos a leis que 
nos são impostas por outros. 
2. Quanto à forma como o comando é expresso: (também remonta a Kant) 
IMPERATIVOS CATEGÓRICOS: Prescrevem uma ação boa em si mesma. Ex: Você não deve mentir. 
IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS: Prescrevem uma ação boa para alcançar um fim. Que pode ser possível 
ou impossível. O exemplo do primeiro fim está nas regras de habilidade ou normas técnicas: Se você que 
aprender inglês, deve fazer exercícios de tradução do português par o inglês. O exemplo do segundo fim está 
nas regras de prudência ou normas pragmáticas: “Se você quer ser feliz, deve dominar suas paixões”. 
 Vemos que para Kant podem-se distinguir com base na forma três tipos de norma: 
a. As normas éticas: “você deve X”; 
b. As normas técnicas: “se você que Y, deve X”; 
c. As normas pragmáticas: “uma vez que você deve Y, também deve X” 
3. Quanto à força obrigatória: 
COMANDOS x CONSELHOS: Enquanto sou obrigado a seguir um comando, tenho a faculdade de seguir 
um conselho. Ou seja, caso eu não execute o comando, aquele que o estabeleceu não fica indiferente às 
conseqüências dele decorrentes; caso eu não siga um conselho, o conselheiro fica indiferente as 
conseqüências (Ex: Se não quiser fazer o que lhe digo, pior para você.) 
 Nem todas as prescrições com que nos deparamos quando estudamos um ordenamento jurídico são 
comandos. Basta pensar que, em todo ordenamento jurídico, ao lado dos órgãos deliberativos, existem os 
órgãos consultivos, cuja tarefa é precisamente não dar ordens, mas conselhos. 
Hobbes chama de “exortação” o mau conselho, que é dado por conselheiros corruptos. Contudo, para 
Bobbio o conselho é uma combinação de elementos prescritivos e descritivos, ao passo que, com a 
exortação, tende-se a obter o mesmo efeito suscitando sentimentos (Ex: O médico aconselha a criança a 
tomar certo remédio, a mãe a exorta a fazê-lo). 
COMANDOS x PEDIDOS: Os pedidos se distinguem dos comandos por uma menor força vinculante. Quer 
dizer, são aquelas proposições com as quais visamos fazer com que o outro faça algo em nosso favor, 
embora sem vinculá-lo. 
CONSELHOS x PEDIDOS: Enquanto o poder de dar conselhos é geralmente atribuído a órgãos públicos, o 
poder de promover pedidos (o poder de petição) é geralmente atribuído aos indivíduos. No conselho o que 
está ausente é sobre tudo o dever, no pedido é o poder. No conselho o que chama atenção, em relação ao 
comando, é a ausência da obrigação de segui-lo; no pedido o que chama atenção, sempre em relação ao 
comando, é a ausência do direito de obter o que se pede. 
Em síntese: 
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Comandos / Imperativos Obrigatórios 
Conselhos / Recomendações Não-obrigatórios 
Pedidos / Exortações Não-obrigatórios 
 
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DIREITO CIVIL I 
 
 
 
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Residência 
Residência é o local onde a pessoa mora com intuito permanente, que pode coincidir com o 
domicílio legal. Diferente das moradas provisórias, como os casos de hotéis ou aquelas temporadas 
em casa de um amigo ou um parente. A residência exige o intuito de permanência. 
Um indivíduo pode ter varias residências. 
Domicílio 
Já o Domicílio, conforme definição do dada pelo Código Civil, pode ser o local onde a pessoa 
estabelece sua residência definitiva, ou local onde a pessoa exerce suas atividades profissionais. 
Uma pessoa pode ter vários domicílios. 
O nosso Código Civil estabelece alguns domicílio legais, independente da residência ou atividade 
profissional, conforme artigos abaixo transcritos. 
 LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. 
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo 
definitivo. 
25 
 
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, 
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar 
onde esta é exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá 
domicílio para as relações que lhe corresponderem. 
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde 
for encontrada. 
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. 
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos 
lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as 
circunstâncias que a acompanharem. 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
I - da União, o Distrito Federal; 
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e 
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. 
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será 
considerado domicílio para os atos nele praticados. 
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa 
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada umadas suas agências, o lugar do 
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor 
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo 
da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o 
do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. 
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem 
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último 
ponto do território brasileiro onde o teve. 
26 
 
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e 
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
 
 
Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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34 
 
FILOSOFIA 
O ILUMINISMO - Pensadores e características 
 
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa, 
que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas) e pregava maior liberdade 
econômica e política. 
 Este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de 
liberdade, igualdade e fraternidade. 
O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham 
interesses comuns. 
 
As críticas do movimento ao Antigo Regime eram em vários aspectos como: 
- Mercantilismo. 
-Absolutismo monárquico. 
- Poder da igreja e as verdades reveladas pela fé. 
Com base nos três pontos acima, podemos afirmar que o Iluminismo defendia: 
- A liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do estado na economia. 
- O Antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão. 
- O predomínio da burguesia e seus ideais. 
As idéias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela população. Alguns reis 
absolutistas, com medo de perder o governo - ou mesmo a cabeça -, passaram a aceitar algumas 
idéias iluministas. 
Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam conciliar o jeito de 
governar absolutista com as idéias de progresso iluministas. 
Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II, da Prússia; Catarina 
II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal. 
Alguns pensadores ficaram famosos e tiveram destaque por suas obras e idéias neste 
período. São eles: 
John Locke é Considerado o “pai do Iluminismo”. Sua principal obra foi “Ensaio sobre o 
entendimento humano”, aonde Locke defende a razão afirmando que a nossa mente é como 
uma tábula rasa sem nenhuma idéia. 
Defendeu a liberdade dos cidadãos e Condenou o absolutismo. 
François Marie Arouet Voltaire destacou-se pelas críticas feitas ao clero católico, à 
inflexibilidade religiosa e à prepotência dos poderosos. 
Charles de Secondat Montesquieu em sua obra “O espírito das leis” defendeu a 
tripartição de poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. 
No entanto, Montesquieu não era a favor de um governo burguês. Sua simpatia política 
inclinava-se para uma monarquia moderada. 
Jean-Jacques Rousseau é autor da obra “O contrato social”, na qual afirma que o soberano 
deveria dirigir o Estado conforme a vontade do povo. Apenas um Estado com bases democráticas 
teria condições de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. 
Rousseau destacou-se também como defensor da pequena burguesia. 
35 
 
François Quesnay foi o representante oficial da fisiocracia. Os fisiocratas pregavam um 
capitalismo agrário sem a interferência do Estado. 
Adam Smith foi o principal representante de um conjunto de idéias denominado liberalismo 
econômico, o qual é composto pelo seguinte: 
- o Estado é legitimamente poderoso se for rico; 
- para enriquecer, o Estado necessita expandir as atividades econômicas capitalistas; 
- para expandir as atividades capitalistas, o Estado deve dar liberdade econômica e política para os 
grupos particulares. 
A principal obra de Smith foi “A riqueza das nações”, na qual ele defende que a economia deveria 
ser conduzida pelo livre jogo da oferta e da procura. 
 
Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser 
levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a 
evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões 
que, até então, eram justificadas somente pela fé. 
SÉCULO DAS LUZES 
 A apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, e, este, passou a ser conhecido 
como o Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução 
Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também teve influência em 
outros movimentos sociais como na independência das colônias inglesas na América do Norte e na 
Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil. 
 Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém, era corrompido pela 
sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade 
justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram 
contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários ao 
absolutismo do rei, além dos privilégios dados a nobreza e ao clero. 
 Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro que 
possuíam, eles não tinham poder em questões políticas devido a sua forma participação limitada. 
Naquele período, o Antigo Regime ainda vigorava na França, e, nesta forma de governo, o rei 
detinha todos os poderes. Outra forma de impedimento aos burgueses eram as práticas 
mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas questões econômicas. 
 No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte forma: Em primeiro lugar vinha o 
clero, em segundo a nobreza, em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo. Com 
o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade comercial para ampliar significativamente seus 
negócios, uma vez que, com o fim do absolutismo, foram tirados não só os privilégios de poucos 
(clero e nobreza), como também, as práticas mercantilistas que impediam a expansão comercial 
para a classe burguesa. 
 
 
 
36 
 
 
PRINCIPAIS FILÓSOFOS ILUMINISTAS 
 
Os principais filósofos do Iluminismo foram: 
John Locke (1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do 
tempo através do empirismo; 
Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica a intolerância 
religiosa; 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a ideia de um estado democrático que garanta 
igualdade para todos; 
Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e 
Judiciário; Denis Diderot (1713-1784) 
Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia 
conhecimentos e pensamentos filosóficos da época. 
EMPIRISMO 
 
O empirismo éa posição filosófica que aceita a experiência como base para a análise da 
natureza, procurando rejeitar as doutrinas dogmáticas. Usado pela primeira vez pela Escola 
Empírica, uma escola de praticantes da medicina na antiga Grécia, o termo empirismo deriva da 
palavra grega empeiría (ἐμπειρία), que designa conhecimento ou habilidade obtida por meio da 
prática, sendo também a origem da palavra "experiência", por intermédio do termo latino 
"experientia". 
Empiristas defendem que o conhecimento é primariamente obtido pela experiência sensorial, alguns 
empiristas radicais vão além afirmando que o conhecimento só é obtido pela experiência sensorial e 
por nenhuma outra forma. 
A posição empirista é frequentemente contrastada com o racionalismo, que estabelece a 
razão como origem do conhecimento, independente dos sentidos. O conceito e a busca de 
evidências como fonte primária de conhecimento existiu durante toda a história da filosofia e 
ciência, desde a Grécia antiga, mas foi com o surgimento do chamado Empirismo Britânico, no 
século XVII, que consolidou-se como uma posição filosófica especifica, sendo o filósofo John 
Locke considerado o fundador do empirismo como tal. 
Os principais filósofos do Empirismo Britânico foram John Locke, George Berkeley e David 
Hume. 
Locke é famoso por sua comparação da mente humana com uma folha em branco, tabula 
rasa, na qual as experiências derivadas das impressões dos sentidos são impressas. Desta forma, 
haveriam duas formas de surgimento de ideias, pela sensação e pela reflexão, com ideias podendo 
ser simples ou complexas. 
37 
 
As ideias simples não são passíveis de análise, sendo referentes as qualidades primárias e 
secundárias dos objetos. Sendo as primárias aquelas que definem o que o objeto é essencialmente, 
por exemplo, uma mesa tem como qualidade primária o arranjo especifico de sua estrutura atômica, 
qualquer outro arranjo faria outro objeto e não uma mesa. As qualidades secundárias tratam das 
informações sensoriais acerca do objeto, definindo seus atributos (cor, sabor, espessura, etc). 
Ideias complexas combinam ideias simples e constituem substancias, modos e relações. 
Desta forma, segundo Locke, e discordando dos racionalistas, o conhecimento humano acerca dos 
objetos do mundo é a percepção de ideias que estão em concordância ou discordância umas com as 
outras. Esta hipótese tornou-se a base da posição empirista. 
Preocupado que a posição de Locke levaria ao ateísmo, Berkeley formulou a hipótese de que 
as coisas só existiriam na medida em que são percebidas. Para além destas, existiriam as entidades 
que percebem, tendo sua existência garantida mesmo sem que outro as perceba. Exagerando a 
alegoria da tabula rasa, Berkeley defendeu que a ordem que vemos na natureza é a escrita de Deus. 
Por isto, sua posição é hoje conhecida como idealismo subjetivo. 
Na sequência desta discussão, o filósofo Hume moveu a posição empirista na direção 
do ceticismo. Para Hume, a recusa de Berkeley se daria pelo fato de que o empirismo possui 
implicações que não são aceitas pela maioria dos filósofos, devido a convicções pessoais. 
No campo conceitual, Hume utiliza a distinção de argumentos, proposta por Locke, entre 
demonstrativos e prováveis e a expande, dividindo os argumentos em demonstrações, provas e 
probabilidades. Sendo as provas, aqueles argumentos da experiência aos quais não se pode oferecer 
oposição. Hume afirma ainda que a razão por si mesma não poderia fazer surgir qualquer ideia 
original, ao mesmo tempo em que desafia a causalidade, ao afirmar que a razão não seria capaz de 
concluir que a existência de uma causa seja um requisito absoluto. 
Derivações posteriores incluem ainda o Empirismo Lógico, tendo como expoentes os 
filósofos Nelson Goodman, W. V. Quine e Hilary Putnam e Karl Popper, e o Pragmatismo, 
desenvolvido especialmente a partir das discussões entre Charles Sanders e William James. 
O Príncipe de Maquiavel 
O livro um príncipe que esteja governando um Estado e o aconselha sobre como manter seu 
governo da forma mais eficiente possível. Essa eficiência é a ciência política de Maquiavel. Ele 
começa descrevendo os diferentes tipos de Estado e como cada tipo afeta a forma de governo do 
príncipe. Também ensina como um príncipe pode conquistar um Estado e manter o domínio sobre 
ele. Por exemplo, no caso dos principados hereditários, por já estarem afeiçoados à família do 
príncipe, é mais fácil de mantê-los: é só continuar agindo de acordo com seus antecessores. E 
mesmo que o príncipe não seja bom e acabe perdendo o Estado, ele o readquire por pior que seja o 
ocupante. 
" sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois a fortuna( oportunidade) é 
mulher e, para conservá-la submissa, é necessário (...) contrariá-la. Vê-se , que prefere, não 
raramente, deixar-se vender pelos ousados do que pelos que agem friamente. Por isso é sempre 
amiga dos jovens, visto terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com mais 
audácia". 
Quando ele pensa nos assuntos políticos, faz uma ligação entre autores antigos e as experiências do 
mundo moderno. Como resultado de tudo isso temos O Príncipe, que traz ensinamentos de como 
conquistar Estados e conservá-los sob domínio. Trata-se de um manual para governantes. 
38 
 
Na Itália do Renascimento reinava grande confusão. A tirania imperava em pequenos principados, 
governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A 
ilegitimidade do poder gera situações de crise e instabilidade permanente, onde somente o cálculo 
político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o 
príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a posição interna, atemorizar os súditos para evitar a 
subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo da administração. Como o 
poder se funda exclusivamente em atos de força, é previsível e natural que pela força seja deslocado 
deste para aquele senhor. Nem a religião, a tradição ou a vontade popular legitimam o soberano, e 
assim ele tem de contar exclusivamente com sua energia criadora. A ausência de um Estado central 
e a extrema multipolariza-ção do poder criam um vazio, que as mais fortes individualidades têm 
capacidade de ocupar. 
Maquiavel afirma ser a história a mestra dos atos humanos, especialmente dos governantes, e que o 
mundo sempre foi habitado por homens com as mesmas paixões, sempre existindo governantes e 
governados, bons e maus súditos. Aqueles que se rebelam devem, portanto, ser punidos. 
"Se ensinei aos príncipes de que modo se estabelece a tirania, ao mesmo tempo mostrarei ao povo 
os meios para dela se defender". 
"É necessário ser príncipe para conhecer perfeitamente a natureza do povo, e pertencer ao povo para 
conhecer a natureza dos príncipes". 
Os elementos básicos definidores do método maquiavélico são: Utilitarismo - "Escrever coisa útil 
para quem, a entenda; Empirismo - "Procurar a verdade efetiva das coisas"; Antiutopismo - "Muitos 
imaginaram repúblicas e principados que jamais foram vistos"; Realismo - "Aquele que abandona 
aquilo que se faz por aquilo que se deveria fazer, conhece antes a ruína do que a própria 
preservação". 
No capítulo inicial dO Príncipe, Maquiavel postula haver duas principais vias pelas quais se adquire 
um principado - pelo exercício da virtú ou pelo dom da fortuna. Segundo o autor, o carisma da virtú 
é próprio daquele que se conforma à natureza de seu tempo, apreende-lhe o sentido e se capacita a 
realizar praticamente a necessidade das circunstâncias, isto é, dos momentos propícios fornecidos 
pela fortuna. 
Algumas figuras maquiavélicas - Moisés, Ciro e Rômulo - "criaram grandese duradouras 
instituições", devido à virtú. Já a decadência de Cesare Borgia foi decorrente da fortuna que o 
abandonou. Por intermédio de uma história comparada, Maquiavel conclui que "apenas por meio da 
virtú" um príncipe pode vencer "a instabilidade da fortuna" e assim "conservar seu estado". No 
penúltimo capítulo o autor comprova sua tese ao demonstrar que a decadência italiana era reflexo 
da ausência de virtú, capaz de domar os ímpetos da fortuna. 
aparecem claramente nos capítulos intermédios da obra 
 
Maquiavel começa O Príncipe descrevendo os dois principais tipos de governo: as monarquias e as 
repúblicas. O seu objeto de estudo é a monarquia. Os aspectos mais controversos da análise de 
Maquiavel No capítulo 15, propõem-se descrever como um monarca sobrevive de fato, em vez de 
descrever grandes princípios morais. Descreve as virtudes que em geral se pensa serem necessárias 
a um governante, concluindo que algumas «virtudes» levam os príncipes ao desaparecimento, ao 
passo que alguns «vícios» 
39 
 
Colégio Santo Agostinho Resumo da aula sobre O Príncipe – prof. William Menezes permitem-lhes 
sobreviver. De fato, as «virtudes» que apreciamos nas pessoas pode levar à sua deposição. No 
capítulo 16, Maquiavel nota que nós pensamos normalmente que o melhor para um governante é ter 
a reputação de ser generoso. Mas, se a generosidade for praticada em segredo ninguém o saberá e 
ele será considerado ganancioso. Se for praticada abertamente, a necessidade de manter a sua 
reputação, poderá levá-lo à bancarrota. Terá então necessidade de retirar mais dinheiro aos seus 
súbditos o que o fará ser odiado. Para o autor do Príncipe o melhor é o governante ter uma 
reputação de ser avarento. Maquiavel antecipa exemplos de monarcas generosos que tiveram 
sucesso. Mas defende que a generosidade só deve ser praticada para com os soldados somente com 
base no saque retirado de uma cidade inimiga. No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe 
ser severo quando pune as pessoas do que magnânimo. A severidade por meio da sentença de morte 
só afeta alguns, mas detêm crimes que afetam muitos. Indo mais longe, defende que é melhor ser 
temido do que amado. Mas os governantes devem evitar ser odiados, o que é fácil de conseguir não 
confiscando a propriedade dos súbditos: «as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai, do 
que a perda da herança.» No capítulo 18, possivelmente a parte mais controversa do Príncipe, 
Maquiavel argumenta que o governante deve saber ser dissimulado desde que isto sirva as suas 
intenções. Mas, quando o príncipe tiver necessidade de ser dissimulado não pode dar a idéia de que 
o é. De fato, deve mostrar-se sempre dotado de pelo menos cinco virtudes: clemência, benevolência, 
humanidade, retidão e religiosidade. No capítulo 19, Maquiavel defende que o príncipe deve evitar 
fazer coisas que o façam ser odiado. O que se realiza ao não confiscar a propriedade, nem dar 
mostras de avidez ou de desinteresse. A melhor maneira de não ser deposto é evitar ser odiado. 
"A natureza criou o homem de tal 
 
modo que ele pode desejar tudo sem poder obter tudo". 
"Não sei falar de seda ou lã, benefícios ou pedras; preciso discorrer sobre as coisas do Estado ou 
fazer voto de silêncio". 
Em síntese, O Príncipe é um manual para governantes que visa a auxiliar um novo príncipe a 
manter o poder e o controle no seu Estado. Apresenta exemplos da espécie de situações e problemas 
que esse príncipe poderá enfrentar, e aconselha-o de modo circunstanciado quanto ao modo de 
solucioná-los. 
Hobbes e o Leviatã 
Hobbes e o Leviatã - o gigante composto por indivíduos aglomerados. 
Hobbes publica em 1651 “Leviatã, ou a matéria , a Forma e o Poder de um Eclesiástico e Civil – 
Leviatã, na introdução o autor indica o caminho que pretende seguir: 
“ ... a arte do homem... pode fazer um animal artificial...Mais ainda, a arte pode imitar o homem, 
obra-prima racional da natureza.Pois é justamente uma obra de arte esse grande Leviatã que se 
denomina coisa pública ou Estado (Commonwealth) ... o qual não é mais do que um homem 
artificial, embora de estatura muito mais elevada e de froça muito maior que a do homem natural, 
para cuja proteção e defesa foi imaginado. Nele, a soberania é uma alma artificial,pois que dá a vida 
e o movimento a todo corpo... A recompensa e o castigo... são os seus nervos. A opulência e as 
riquezas de todos os particulares, a sua força.Salus populi, a salvação do povo, e a sua função... a 
equidade e as leis são para ele razão e vontade artificiais. A concórdia é a sua saúde, a sedição sua 
doença, e a guerra civil sua morte. Enfim, os pactos e os contratos que, na origem, presidiram a 
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constituição, agregação e união das partes desse corpo político, assemelham-se ao Fiat ou façamos o 
homem, pronunciado por Deus na criação.” 
O Leviatã é a sinopse do bobbismo, trata-se de seguirmos um rígido desenvolvimento dialético que 
nos conduz, dos homens naturais ao homem artificial, ao Estado-Leviatã. Para Hobbes no princípio 
de tudo está o movimento. O homem é um mecanismo. Do movimento nasce a sensação.Apetite ou 
desejo, aversão ou ódio,trata-se de “um pequeno começo de movimento”, ou esforço em direção a 
alguma coisa ou para longe de alguma coisa. O objeto da cobiça ou do anseio é o bem. O objeto da 
aversão ou do ódio é o mal. Nada existe de bom ou de mau em si: estes adjetivos só têm sentido 
relativamente àquele que os emprega. O prazer é o efeito do bem. O desprazer, o efeito do mal. O 
mal soberano, supremo, é a morte.A dor causada pela infelicidade de outrem é a piedade; decorre da 
idéia de que análoga infelicidade nos pode atingir.A vontade, o ato de desejar, não é mais do que 
“derradeiro apetite ou derradeira aversão que encerra o debate redundando imediatamente em agir 
ou não agir.” “ o que se chama felicidade” existe quando nossos desejos se realizam com um 
sucesso inabalável. O poder é a condição sine qua non para esta felicidade. 
Para o autor o homem se diferencia dos outros animais pela razão, que é apenas um cálculo, pela 
curiosidade ou “desejo de conhecer o porquê e como”; pela religião que provém, não só desse 
desejo de conhecer causas... mas também da ansiedade do futuro e do temor do invisível. 
„Lê em ti mesmo” a natureza do homem, disse Hobbes.O homem, porém, não vive sozinho, aí está a 
sua condição natural. Para todo homem, um outro homem é um concorrente como ele, ávido pelo 
poder sob todas as suas formas. Concorrência, desconfiança recíproca, voracidade da glória ou de 
fama têm como resultado a guerra perpétua de “cada um contra cada um”, de todos contra todos : o 
homem é um lobo para o homem: homo homini lupus. 
“Onde não há poder comum, não há lei; onde não há lei, não há justiça”. Na guerra, a força e a 
astúcia são as duas virtudes cardeais”. Em tal guerra, não há propriedade, não há teu e meu 
distintos, “mas só pertence a cada um o que este tomar e durante o tempo em que conseguir 
conservar”. A miserável condição em que a “simples natureza” – afora todo pecado, toda perversão 
– situa o homem. Eis o estado de natureza. 
Algumas de suas paixões o inclinam à paz: em primeira linha, o medo da morte. A razão, que é 
apenas um cálculo, sugere-lhe apropriados artigos de paz, que lhe permitem entrar em acordo com 
os outros homens. Hobbes chama a esses artigos de paz: leis de natureza; define-as como conclusão 
ou teoremas concernentes “ao que conduz à nossa própria conservação e defesa”. 
Hobbes enumera dezenove leis de natureza, essas leis se acham resumidas em uma fórmula: “não 
façais aos outros o que não quereis que vos façam”. Concordai, portanto, em renunciar ao direito 
absoluto sobre todas as coisas, direito que cada um de vós, igual aos outros, possuí no estado de 
natureza,e tende a vontade de observar esse acordo de renúncia. 
Dada a natureza humana, não obstante o medo da morte e as normas da razão, tal acordo não será 
observado, a menos que um poder irresistível, visível e tangível, armado do castigo, constranja a 
observância os homens atemorizados.Qual será esse poder irresistível? O estado ou coisa pública, 
commonwealth, o homem artificial. Quem o constituirá? E como, ou façamos o homem? São os 
homens naturais que o constituirão, por um pacto voluntário firmado entre si, tendo em vista a 
própria proteção, a fim de saírem, sem temor de recaída, do espantoso estado natural – para a sua 
libertação, sua salvação. 
41 
 
A natureza não depositou no homem o instinto de sociabilidade; o homem só busca companheiros 
por interesse, por necessidade; a sociedade política é o fruto artificial de um pacto voluntário, de um 
cálculo interesseiro. A transferência a um terceiro, por um contrato firmado “entre cada um e cada 
um”, do direito natural que cada um possuí sobre todas as coisas, eis o artifício que constituirá os 
homens naturais em sociedade política. A vontade única desse terceiro (homem ou assembléia) vai 
substituir a vontade de todos, a todos representando. 
Tal é a origem desse grande leviatã, ou, melhor, desse Deus mortal a que devemos, com o auxílio 
do Deus imortal, nossa paz e nossa proteção, porque munido do direito de representar cada um dos 
membros do estado, é detentor de tanto poder, e força que se torna capaz, graças ao terror que 
inspira, de dirigir as vontades de todos à paz no interior e ao auxílio mútuo contra os inimigos do 
exterior. 
Hobbes surge com uma concepção nova, ele realiza o esforço supremo de atribuir ao contrato uma 
soberania absoluta e indivisível, consegue isso rompendo com o dualismo anterior (corporativo e 
individualista – Althusius e Grotius respectivamente) fazendo dos dois contratos um só. 
Demonstrando que por um único e mesmo ato, os homens naturais constituem-se em sociedade 
política e submetem-se a um senhor, a um soberano. Não firmam contrato com esse senhor, mas 
entre si. É entre si que renunciam, em proveito desse senhor, a todo direito e toda liberdade 
prejudiciais à paz. Estão comprometidos; o senhor que escolheram não.Hobbes fortalece o poder de 
maneira única, sua concepção acaba por conferir-lhe direitos exorbitantes, direitos que equilibram 
mal, não só “obrigações”, mas simples deveres. 
Surge uma questão: a da forma do estado. “quando o representante é um homem, então o estado é 
uma Monarquia. Quando é uma assembléia de todos quantos se unem, é uma Democracia ou estado 
popular. Quando é uma assembléia composta apenas de uma parte dos que se unem, é o que se 
chama uma Aristocracia.Não pode existir qualquer outra espécie de estado, pois é necessário que 
um, ou mais, ou todos, possuam o soberano poder que é ... indivisível, integral”. 
É de suma importância a diferença, porque essas formas não têm a mesma capacidade para 
conservar a paz e a segurança. Dessa perspectiva Hobbes prefere a monarquia, tudo quanto se 
censura na Monarquia, encontra-se fora dela, e , especialmente na Democracia, até mesmo de forma 
mais grave. Assim os reis têm favoritos, mas pouco numerosos; os favoritos das democracias são 
numerosos e custam mais caro. A Monarquia tem mais de uma vantagem que lhe é característica. 
Todo homem, e por conseguinte todo governante, pensa em seu interesse pessoal, no dos seus, de 
seus amigos.Sua tendência natural é dar-lhes vantagem sobre o interesse publico. Na Monarquia “o 
interesse pessoal do soberano é o mesmo que o interesse público. As riquezas, o poder e a honra de 
um monarca não podem provir senão das riquezas, da força e da reputação de seus súditos.Nenhum 
rei pode ser rico, glorioso, nem estar em segurança, se os súditos são pobres, desprezíveis 
ou...fracos” 
Na Democracia, não é assim: um governante corrompido ou ambicioso pode colher de sua 
deslealdade, de sua perfídia ou de uma guerra civil mais vantagens do que da prosperidade 
pública.Homem ou assembléia, os direitos e deveres do soberano são os mesmos; a situação dos 
súditos é a mesma.Para que reine a paz, bem supremo, todos renunciam em favor do soberano, ao 
direito natural absoluto sobre todas as coisas.A renúncia a um direito absoluto não pode deixar de 
ser absoluta. A transmissão não pode ter sido senão total. Do contrário, o estado de guerra natural 
continuaria entre os homens, na justa medida em que tivessem conservado, por pouco que fosse, a 
sua liberdade natural. 
42 
 
Por seu desinteresse, por essa transmissão definitiva e irrevogável, os homens voluntariamente 
privaram-se de sua liberdade de julgamento sobre o bem e o mal, sobre o justo e o injusto. 
Comprometeram-se a considerar bom e justo o que ordena o soberano, mau e injusto o que ele 
proíbe.Tudo o que o soberano faz é como se eles mesmos o fizessem, queixar-se do soberano é 
queixar-se de si mesmo.É preciso escolher entre a guerra perpétua de todos contra todos, fruto da 
ausência do poder absoluto, e a paz, fruto de tal poder. 
Em Hobbes o absolutismo da soberania ocasiona sua indivisibilidade, e a desdenhosa rejeição de 
qualquer governo misto. Dividir o poder, é dissolve-lo. Os fragmentos do poder reciprocamente se 
destroem. Tornam-se outras tantas facções, pessoas soberanas.Verdadeira doença do corpo social. O 
soberano é o único poder legislativo. Não há lei senão sua ordem expressa. Para Hobbes as leis 
costumeiras não escritas tiram sua força “da vontade do soberano, expressa em silêncio” e não do 
tempo. Resumindo, para o autor onde não há poder comum, não há lei, e que onde não há lei não há 
justiça. Pois os da lei decide, artificialmente a respeito e do injusto. Fora de uma lei, nada se pode 
considerar injusto.E, por hipótese nenhuma lei pode ser injusta, contrário ao direito. Pode ser 
contrária a equidade, definida pelos preceitos racionais que Hobbes chama por “leis da natureza”, 
pode ser má por não ser necessária; não pode ser injusta. 
O direito para Hobbes não tem nem pode ter senão uma fonte: o estado, isto é, o poder, ou seja, a 
ordem, a expressão da vontade. Direito natural, direito racional, reflexos da razão, não são, para 
Hobbes, direito. Hobbes vê na propriedade apenas uma concessão do soberano. Pois antes de existir 
poder comum, soberania, ninguém podia gozar, em segurança, de um domínio qualquer, tendo cada 
um igual direito natural sobre todas as coisas. A distribuição estável dos bens, que se denomina 
propriedade, só pode ter sido feita pelo soberano.O soberano não pode estar sujeito as leis que 
estabeleceu, “ninguém pode submeter-se a si mesmo... quem só está submetido a si mesmo, não está 
vinculado”. Todo poder legislativo é forçosamente, independente das leis. No entanto é certo que o 
soberano permanece submetido pela lei que fez enquanto não resolve revoga-las. Nessa medida, seu 
poder absoluto não é poder arbitrário e , pode-se falar do reino da lei. Sabendo o que o soberano 
pode fazer, e que é ilimitado, resta-nos ver o que ele deve fazer.Ao mesmo tempo, irá revelar-se 
qual é ,no sistema de Hobbes a verdadeira situação dos súditos. 
O Soberano deve proporcionar aos súditos aquilo para que se instituiu o Estado: a segurança. A 
segurança do povo não é somente a conservação da vida dos súditos contra todos os perigos, é 
também o deleite das satisfações legítimas desta vida. Os homens uniram-se voluntariamente em 
sociedade política para nela viverem felizes ou menos felizes, tanto quanto o permite a condição 
humana. Daí resulta que o soberano tem o dever de assegurar aos súditos uma “inocente liberdade”. 
Inocente, no sentido de não ser nociva a paz. A ausência de impedimento exterior a nossos desejos, 
eis tudo. A lei é um impedimento exterior. O

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