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caderno didatico (lingua portuguesa e sociologia)

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PEDAGOGIA
1 período
CADERNO
DIDÁTICO III
MELHORES
Pedagogia
Universidade Estadual de Montes Claros - Campus Montes Claros
 
UNIVERSIDADES
2008
Abril
EDITORA
Guia
Estudante
do
 
1º PERÍODO 
LÍNGUA
PORTUGUESA
AUTORES
Érica Karine Ramos Queiroz
Doutora em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas - 
Unicamp, especialista em Educação e graduada em Letras pela 
Universidade Federal de Viçosa - UFV. Atualmente é coordenadora de 
Pesquisa do ISEMOC-CRECIH/SOEBRAS e professora do Departamento 
de Letras da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Nely Rachel Veloso Lauton
Especialista em Redação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas 
Gerais – PUC/Minas, graduada em Língua e Literatura Francesa pela 
Associação de Cultura Franco-brasileira e graduada em Letras pela 
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Pollyanne Bicalho Ribeiro
Doutora em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais – PUC/Minas, mestre em Educação, Administração e 
Comunicação pela Universidade São Marcos, graduada em Letras pela 
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e graduada em Direito pelo 
Centro Universitário Fumec. Atualmente é consultora da Consultoria 
Técnica Educacional e professora da Universidade Estadual de Montes 
Claros – Unimontes e da Faculdade da Cidade de Santa Luzia. 
Sandra Ramos de Oliveira
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino de Português pela 
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atualmente é 
professora da Unimontes e professora do Instituto Superior de Educação - 
Isemoc.
Waneuza Soares Eulálio 
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna pelas 
Faculdades Unidas do Norte de Minas – Funorte, especialista em 
Alfabetização pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes e 
graduada em Letras - Português/Inglês pela Universidade Federal de 
Viçosa - UFV. Atualmente é professora da Unimontes e tutora a distância 
da Universidade Aberta do Brasil – UAB. É revisora da Revista Fronteiras do 
Sertão do Departamento de História.
SUMÁRIO
DA DISCIPLINA
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Unidade I: Linguagem, língua, fala e gramática . . . . . . . . . . . . . . 16
1.1 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2 Conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Unidade II: Leitura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.1 Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2 Processos de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.3 Fatores intervenientes no “ato de ler” . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Unidade III: Texto e textualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.1 O que é texto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.2 Fatores de textualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.3 Produção de texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . . . . . 67
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
1.4 Variações lingüísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.5 Níveis de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.6 Linguagem oral e linguagem escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.7 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.5 Vídeos sugeridos para debate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
APRESENTAÇÃO
374
Prezado acadêmico, 
A disciplina “Língua Portuguesa” integra a grade curricular do 1º 
período do Curso de Licenciatura em Pedagogia, com 45 horas-aula.
É sobre essa disciplina que vamos falar, inicialmente, pois é 
necessário que você compreenda a importância do conteúdo a ser 
estudado para tomar sua participação prazerosa e eficaz. 
O Michaelis: moderno dicionário da Língua Portuguesa registra os 
sinônimos “sustentáculo”, “base”, “alicerce” para o substantivo 
“fundamento”. Ora, estudar, então, “Língua Portuguesa” significa rever 
noções básicas de nossa língua materna, discutir e resgatar algumas 
regras, conceitos e definições que a sustentam. Além disso, o 
conhecimento da base de uma língua, de seu alicerce torna seu usuário 
mais competente, mais criativo no trato com as palavras; mais seguro e 
questionador no desempenho de suas atividades cotidianas e no convívio 
com seus pares. 
Compreender os fundamentos da língua – e não apenas conhecê-
los – possibilita ao falante o desenvolvimento de diferentes habilidades, 
como: reconhecer informações, elaborar hipóteses, inferir, relacionar 
conceitos e fatos, desenvolver reflexões mais abrangentes, argumentar e 
defender idéias e, principalmente, possibilita-lhe ser um autor/leitor mais 
completo e consciente do uso das palavras. 
Na disciplina “Língua Portuguesa”, vamos ajudá-lo a 
compreender o funcionamento da Língua Portuguesa nos seguintes 
aspectos:
1. leitura: caracterização, processos, modos de leitura e fatores 
intervenientes no “ato de ler”;
2. concepções de língua, linguagem, fala, gramática e variedades 
lingüísticas; 
3. o processo de comunicação;
4. funções da linguagem;
5. texto e fatores de textualidade;
6. tipos e gêneros textuais; e
7. produção textual. 
375
Nossa intenção é ressaltar que o estudo da língua/linguagem é 
extremamente importante, pois é por meio da linguagem que interagimos 
com os outros, informando ou sendo informados, esclarecendo ou 
justificando nossas opiniões, modificando o ponto de vista de nossos 
interlocutores ou sendo modificados pelo ponto de vista deles. 
É pela linguagem que expressamos nossas certezas, nossas 
angústias, alegrias, tristezas, nossos conhecimentos e opiniões. É a 
linguagem que nos distingue e nos faz capazes de ver a vida com novos 
olhares, principalmente nesta nossa época de globalização, de quebra de 
tabus e preconceitos e de, sobretudo, estabelecimento de novos valores. 
O avanço tecnológico deste milênio reflete uma renovada 
estrutura social em que várias linguagens – verbais, não verbais – se 
entrecruzam, se misturam, se completam e se modificam sem cessar. 
Assim sendo, o conhecimento sobre o funcionamento da língua 
não deve ser algo mecânico e passivo. Pelo contrário, deve-se cruzar esse 
conhecimento com as várias possibilidades de linguagens do mundo atual: 
cinema, fotografia, pintura, charges, quadrinhos, informática, música etc., 
percebendo suas intenções comunicativas, contrastes e afinidades, 
desvelando os “entreditos”, as mensagens e ideologias subjacentes, enfim, 
estabelecendo todas as possíveis interlocuções. 
Pretendemos, pois, que você alcance os seguintes objetivos:
1. refletir sobre os fundamentos da Língua Portuguesa, 
percebendo-os como processo dinâmico de interação social, isto é, como 
forma de realizar ações, de agir e atuar sobre o outro por meio da 
linguagem; 
2. melhorar a gramática de uso, substituindo incorreções e 
inadequações por normas da língua padrão; 
3. elaborar textos adequados ao interlocutore à situação 
comunicativa; e
4. ser leitor crítico e reflexivo.
Neste primeiro período, nossa disciplina apresenta as seguintes 
unidades
Unidade I
1. Linguagem, língua, fala e gramática
1.1. Conceitos básicos
1.2. Processos comunicativos 
1.3. Funções da linguagem
1.4. Variações Lingüísticas
1.5. Níveis de fala
1.6. Linguagem oral e linguagem escrita
Apresentação UAB/Unimontes
376
Unidade II
1. Leitura
1.1. Caracterização
1.2. Processos de leitura
1.3. Fatores intervenientes no “ato de ler”
Unidade III
1. Texto e Textualidade 
1.1. O que é texto
1.2. Fatores de textualidade
1.3. Produção de texto
Tipologia e Gêneros Textuais
Esperamos de você uma participação ativa, engajada e proveitosa 
para desenvolver suas potencialidades e realizar, com o devido mérito, seus 
estudos de graduação que lhe permitirão vencer barreiras intelectuais, 
profissionais e sociais. 
De nossa parte, desejamos-lhe sucesso e estamos juntos neste 
desafio, torcendo por você e a seu dispor. 
Seja bem-vindo aos estudos da “Língua Portuguesa”. 
Um abraço, 
Os autores
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
A
B
G
GLOSSÁRIO
PARA REFLETIRDICAS
C
F
E ATIVIDADES
377
1UNIDADE 1LINGUAGEM, LÍNGUA, FALA E GRAMÁTICA
1.1 APRESENTAÇÃO 
Esta é a primeira unidade da disciplina Fundamentos da Língua 
Portuguesa e esperamos que você a inicie com muita vontade de ampliar 
os seus conhecimentos sobre a língua portuguesa. Então, vamos lá!
O principal objetivo aqui, é que você reflita sobre a importância da 
linguagem para a comunicação humana e conheça os principais 
elementos que constituem o processo comunicativo.
Ao ler o texto, temos a certeza de que você aprenderá os conceitos 
fundamentais de linguagem, língua, fala e de gramática, percebendo a 
relevância destes aspectos lingüísticos para que o processo comunicativo 
aconteça de maneira eficiente. 
Nesta unidade vamos estudar também as funções da linguagem 
que nos permitirão compreender como o emissor e o receptor se 
relacionam linguisticamente através de um canal que permite a 
interpretação de uma mensagem.
Outro assunto de extrema relevância nesta unidade é a variação 
lingüística. Há muito tempo, na escola só se atribuía à língua as 
características de “certo” ou de “errado”. Hoje, porém com o 
conhecimento das diversas formas de se falar, já se considera também o 
diferente, ou seja, há usos da língua que são errados (aqueles que não 
estão de acordo com a organização que a língua nos possibilita) mas há 
também usos que, apesar de não estarem de acordo com essa 
organização, são apenas diferentes, não constituem erro.
Bem, de acordo com o que propomos aqui, esta primeira unidade 
abordará os conceitos básicos de Linguagem, Língua, Fala e Gramática e 
terá as seguintes subunidades: 
1.1 linguagem, língua, fala, gramática:conceitos básicos;
1.2 processos comunicativos;
1.3 funções da linguagem;
1.4 variação lingüística;
1.4.1 níveis de fala;
1.5 linguagem oral e linguagem escrita.
É importante que você tenha sempre à mão um bom dicionário e 
que não se esqueça de que as atividades sugeridas, os glossários que 
complementam o texto e os pontos de reflexão apresentados são 
essenciais para que você compreenda satisfatoriamente o texto.
Mãos à obra! Vamos começar a leitura.
378
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
1.2 CONCEITOS BÁSICOS
O interesse pela linguagem é antigo e remonta ao séc. IV, a.C. 
quando os hindus estudaram sua língua com o objetivo de evitar que os 
textos sagrados, reunidos no Veda, sofressem modificações ao serem 
falados. 
Atualmente, a lingüística moderna define a linguagem como 
manifestação de algo mais específico: a língua. A linguagem pertence ao 
domínio individual e social, porque é propriedade inata ao ser humano e é 
social, porque só existe em sociedade. Sendo assim, a linguagem é 
compreendida como expressão do pensamento e veículo de comunicação 
social e pode referir-se à linguagem dos animais, à música, dança, pintura, 
mímica etc., assinalando que cada uma dessas linguagens tem suas 
especificidades de manifestação.
O lingüista Ferdinand de Saussure, considerado o pai da 
lingüística moderna, separa a linguagem em Língua e Fala. A língua, para 
Saussure, é “um sistema de signos” – um conjunto de unidades que se 
relacionam dentro de um todo e é a parte social da linguagem, exterior ao 
indivíduo; não pode ser modificada pelo falante e obedece às leis do 
contrato social estabelecido pelos membros da comunidade. A fala é um 
ato individual; resulta das combinações feitas pelo sujeito falante 
utilizando o código da língua; expressa-se pelos atos de fonação 
necessários à produção dessas combinações.
Analisando o conceito de Saussure concluímos que: a língua é 
ampla, coletiva e está à disposição de todos os falantes da comunidade. A 
língua obedece a padrões criados pela própria comunidade, logo, um 
falante não pode modificá-la. Ela serve a toda a comunidade e não a um 
membro isolado. É a parte social da linguagem. 
A fala, ao contrário, é individual, representa o uso particular que se 
faz da língua. O falante tem a liberdade de buscar na língua os recursos 
que ela oferece e combinar esses recursos, conforme suas necessidades e 
intenções. E é por isso que a fala é individual e tem caráter dinâmico e a 
língua é coletiva e tem caráter mais fixo. 
A lingüística tem como objeto de estudo a linguagem verbal em 
uso, ou seja, para o lingüista interessa descrever e explicar os fatos de 
linguagem sem estabelecer juízo de valor do uso. A perspectiva de estudo 
da gramática tradicional é contrária à do lingüista, pois a gramática tem 
como finalidade ditar normas e prescrever os fatos de linguagem. 
A gramática não reconhece a diferença entre fala e escrita e 
considera a escrita como modelo de correção para a língua falada. A 
posição da gramática é normativa ao dizer o que é a língua e como deve 
ser, isto é, a gramática dita regras para o uso considerado correto da 
língua. 
Como falantes de uma língua, sabemos que a língua escrita não é 
modelo para a língua falada, pois a diferença entre essas duas 
Línguas naturais (Inglês, 
Português, Russo, Italiano, 
Chinês etc.) são sistemas 
de signos lingüísticos. Os 
signos lingüísticos são os 
elementos de significação 
(significante e significado) 
nos quais se baseiam as 
línguas.
Para você entender melhor 
os conceitos de significante 
e significado, acompanhe 
esta exemplificação: 
O significante é o suporte 
para a idéia, é a seqüência 
de sons que se combinam 
nas palavras: flor, fleur, 
fiori, flower, kukka (em 
Português, Francês, 
Italiano, Inglês e Finlandês, 
respectivamente) e, 
significado é a idéia, o 
conteúdo.
Observe que, em todas as 
línguas do exemplo, o 
significado é o mesmo: 
“flor”, parte da planta. 
Hindu: natural ou 
habitante da Índia. 
Veda: conjunto de textos 
sagrados da tradição 
religiosa e filosófica da 
Índia.
a.C: antes de Cristo. 
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
379
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
modalidades da linguagem se deve à sua organização e ao uso social. Para 
o lingüista não há uso melhor ou pior, rico ou pobre, visto que seu objetivo é 
descrever e não prescrever. De acordo com a lingüística, as línguas naturais 
são simplesmente diferentes e, desde que atendam às necessidades de 
comunicação entre seus falantes, já estão exercendo sua função: 
COMUNICAR. Os estudos sobre as línguas concluem que todas elas 
possuem um sistema de comunicação estruturado, complexo emuito 
desenvolvido.
Outros estudos sobre a linguagem a consideram também como 
atividade, como ação que tem objetivo socialmente definido: o de 
estabelecer vínculos e compromissos anteriormente inexistentes. A 
linguagem é responsável pela interação entre os indivíduos, estabelecendo 
pactos interindividuais e exigindo respostas em forma de reações e 
comportamentos dos falantes. 
Estudar, então, a língua é buscar detectar os compromissos que se 
criam através da fala (ato individual) e buscar preencher as condições 
exigidas por uma situação de comunicação. 
Processos Comunicativos
1.2.1 Importância da comunicação humana
Como você sabe, na sociedade em que vivemos é de fundamental 
importância que saibamos comunicar de maneira clara e eficiente. 
Comunicação, pensamento e a própria vida são fatores que se 
complementam e até se misturam, já que estamos a todo tempo nos 
comunicando, ora através da fala, ora da escrita, de um gesto, de 
expressões faciais, sorrisos, da leitura de um texto, de um documento, de 
revistas e jornais etc.
É preciso ter em mente que só através de uma comunicação clara, 
segura e objetiva podemos nos aprofundar nos níveis de conhecimento 
pessoal, tecnológico e social.
A comunicação é o centro de todas as atividades humanas. Com 
certeza nada acontece sem que haja prévia comunicação. Comunicar bem 
não é só transmitir ou receber bem uma informação. COMUNICACÃO é 
uma troca de CONHECIMENTOS E DE ENTENDIMENTO e ninguém 
entende ninguém sem considerar além das palavras, sem considerar 
também as emoções, o contexto e a situação em que se tenta trocar 
Fonte: Folha de São Paulo – 05 de setembro de 2008. P. E 11
Figura 1: A língua se concretiza pela fala.
O homem é um “animal 
político”. Assim afirma 
Aristóteles na sua obra 
Política, distinguindo o 
homem (único dotado de 
linguagem) dos outros 
animais (que possuem voz). 
Com a voz (“phone”), os 
animais exprimem dor e 
prazer; mas, com a palavra 
(“logos”), o homem 
exprime o bom e o mau, o 
justo e o injusto. 
Ser um “animal político” 
significa, pois, compartilhar 
valores com outros 
indivíduos, o que torna 
possível a vida social, cívica 
e política dos homens.
Exerça sua cidadania 
através, também, do uso da 
linguagem. 
PARA REFLETIR
380
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
conhecimentos, idéias ou qualquer outra mensagem, seja ela verbal (que 
utiliza palavras) ou não-verbal (que se dá através de gestos, cores, imagens 
etc.).
Para comunicar-se, o homem utiliza a linguagem que é o conjunto 
de símbolos significativos (léxico) somado a métodos também significativos 
de combiná-los (sintaxe). Esses símbolos são diferentes de um idioma para 
outro e foram escolhidos por acaso, variando de acordo com cada cultura. 
O homem inventou a linguagem para exprimir seus sentimentos, suas 
intenções e vontades, fazendo com que as pessoas interajam e convivam 
em sociedade.
O que é comunicar?
Se você pensar um pouco, vai perceber que COMUNICAR é 
estabelecer uma relação com alguma coisa ou alguém, transmitindo sinais 
através de um código que pode ser convencionado (linguagem humana) 
ou natural (sinais fisiológicos: dor, febre etc.).
A comunicação deve acontecer de maneira lógica, clara e 
coerente, pois ela é a base das relações entre os homens que, a partir e 
através dela, se tornam agentes, influenciam o meio em que vivem e 
afetam as pessoas que estão à sua volta, o seu ambiente físico e a si 
mesmos, produzindo reações. 
Para que uma mensagem seja transmitida com sucesso, é preciso 
que o falante esteja atento a fatores, como habilidade comunicativa, 
atitude, nível de conhecimento do ouvinte e as posições ocupadas dentro 
do sistema sócio-cultural. Assim, ele deverá produzir uma mensagem 
adequada ao contexto, ao grupo social do receptor e ao momento em que 
ocorre a comunicação. Para uma mensagem que chame a atenção do 
receptor, o falante deverá utilizar signos que sejam do seu conhecimento e 
também do conhecimento do receptor que ficará interessado na 
informação.
1.2.3 O processo de Comunicação 
Processo de comunicação é o fenômeno que ocorre quando o 
Elementos da Comunicação
emissor (a pessoa que fala, o codificador) emite uma mensagem 
(informação ou sinal) ao receptor (a pessoa que ouve ou decodificador), 
através de um canal (instrumento ou meio). O receptor interpretará a 
mensagem e, a partir daí, dará a resposta que demonstrará se as 
informações foram captadas (feedback), completando o processo de 
comunicação.
Para ampliar seus 
conhecimentos sobre esse 
assunto, assista ao 
videodocumentário “Um 
buraco branco no tempo”, 
uma produção de Peter 
Russel, com base em uma 
obra romântica. Duração: 
27 minutos. Veja sinopse 
do videodocumentário no 
fim deste caderno. 
Léxico: conjunto de 
vocábulos que formam 
uma língua (vocabulário).
Sintaxe: estudo da 
combinação lógica das 
palavras em uma frase.
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
PARA REFLETIR
381
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
No processo comunicativo são utilizados os elementos presentes 
no esquema anterior (código, mensagem, referente, emissor, receptor e 
canal). Conheça cada um deles: 
CÓDIGO: pode ser definido como qualquer conjunto de 
símbolos usados na transmissão e recepção de uma mensagem de 
maneira a ter significação para alguém, como as palavras de um idioma 
(língua); 
Ÿ MENSAGEM: expressão de idéias (conteúdo transmitido por 
um emissor) através de uma forma determinada (tratamento) pelo 
emprego de um código;
Ÿ REFERENTE: é o contexto em que estão insertos o emissor e o 
receptor. É também o conjunto de atitudes e reações dos sujeitos 
envolvidos no processo de comunicação;
EMISSOR ou EMITENTE: quem transmite uma idéia, emite; 
quem transforma a mensagem em código (uma pessoa, uma empresa, 
Ÿ
Ÿ
uma emissora de televisão, estação de rádio etc.);
Ÿ RECEPTOR, RECEBEDOR ou DESTINATÁRIO: pessoa que 
recebe, decodifica a mensagem (um indivíduo ou um grupo); e
Ÿ CANAL: é o meio através do qual fazemos uma mensagem 
chegar a outra pessoa, uma espécie de "veículo da mensagem", como as 
ondas sonoras, na linguagem oral (fala), ou um bilhete, na linguagem 
escrita, por exemplo.
É muito importante escolher o canal capaz de transmitir sua 
mensagem com maior qualidade e há elementos que podem impedir a 
Leia outros textos sobre 
comunicação e reflita sobre 
a importância deste 
aspecto para a vida 
humana. 
Pense no estreito laço que 
liga a comunicação à 
cultura e anote suas 
conclusões.
 
MENSAGEM
 
 
 
 
 
 
 
EMISSOR RECEPTOR
 
 
 
 
 
 
CANAL 
CÓDIGO
 
Realidade 
Referente (contexto) 
 
Preste muita atenção aos 
comerciais transmitidos 
pelo rádio e pela televisão e 
verifique se eles atendem 
às condições apresentadas 
no texto que você acabou 
de ler (Chamam a atenção 
do receptor? Usam uma 
linguagem adequada? 
Estão de acordo com o 
canal onde são veiculados? 
Levam em consideração o 
momento e a situação em 
que o receptor está 
inserto?)
PARA REFLETIR
ATIVIDADES
eficiência comunicativa como:
Ÿ o RUÍDO: que é uma interferência indesejada na transmissão 
de uma mensagem (na fala pode ser um barulho e na escrita, um rabisco 
ou uma letra ilegível, por exemplo); 
Ÿ a AMBIGÜIDADE, refere-se à desorganização da mensagem 
(período fragmentado, ordem inversa, inadequação vocabular etc.); e
Ÿ a REDUNDÂNCIA, que consiste na repetição desnecessária de 
palavras ou termos.
Ao decodificar uma mensagem, você a está percebendocomo um 
estímulo. Ao codificar uma nova mensagem, você está dando uma 
resposta ao estímulo, mostrando como ele foi percebido e interpretado por 
você. A comunicação compreende, na maioria das vezes, uma ação e 
uma reação, pois a ação do emissor afeta a reação do receptor e a reação 
do receptor afeta a subseqüente reação do emissor, tornando o processo 
circular. Às vezes, quando são utilizados dois canais simultâneos, a 
qualidade da mensagem aumenta (ver e ouvir, por exemplo, é melhor do 
que só ver ou só ouvir), mas se o falante não souber utilizar bem esses 
canais, ele pode prejudicar o sucesso da sua comunicação. Se um 
conferencista apresenta um trabalho usando um data-show, por exemplo, 
e não consegue combinar sua fala com as transparências apresentadas, 
ele pode tornar mais difícil a compreensão do conteúdo pelos 
expectadores).
Sempre que comunicamos algo, pensamos no nosso receptor, em 
quem queremos atingir com o que dizemos, assim, tanto o emissor cria 
expectativas sobre o receptor quanto o receptor em relação ao emissor. 
Quando duas pessoas interagem, põem-se no lugar uma da outra, 
procurando perceber o mundo como a outra o percebe, tentando predizer 
a resposta da outra e esse processo possibilita o ideal da comunicação que 
é a interação humana. 
1.3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Agora que você já trabalhou os Processos Comunicativos e já 
conhece as noções da Teoria da Comunicação, vamos fazer algumas 
considerações sobre as Funções da Linguagem. 
382
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Em síntese:
Em uma sala de aula (referente), se o professor (emissor) 
expõe oralmente (canal) um assunto (mensagem), e o aluno 
(receptor) ouve com atenção, ele consegue dar resposta (feedback) 
ao ser questionado. 
Mas, quando há barulho, por exemplo, conversa paralela 
(ruído), a compreensão fica comprometida.
O Filme “Nell”, do Diretor 
Michael Apted, é muito 
interessante para você 
analisar o importante papel 
desempenhado pela 
linguagem na comunicação 
humana. 
Nell é o nome da jovem 
que é encontrada em uma 
casa na floresta, onde vivia 
com sua mãe eremita. O 
médico que a encontra, 
após a morte da mãe, 
constata que ela se 
expressa em um dialeto 
próprio, evidenciando que 
até aquele momento ela 
não havia tido contado 
com outras pessoas. 
Intrigado com a descoberta 
e ao mesmo tempo 
encantado com a inocência 
e a pureza da moça, ele 
tenta ajudá-la a se integrar 
na sociedade.
 Assista ao filme e 
tente relacioná-lo aos 
conceitos estudados sobre 
“Processos Comunicativos” 
e “Funções da 
Linguagem”. 
DICAS
383
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Leia a seguinte tira humorística:
A tira exemplifica uma situação de comunicação. Numa situação 
de comunicação há, pelo menos, duas pessoas interagindo por meio da 
linguagem: quem fala (locutor ou emissor) e aquele com quem se fala 
(interlocutor ou receptor). 
Tradicionalmente, o processo de comunicação verbal está 
baseado em seis elementos: o emissor, o receptor, a mensagem, o código, 
o canal e o referente.
Tomando a tira como exemplo, vamos rever esses elementos:
Ÿ O emissor (locutor, remetente) é Helga, a esposa de Hagar;
Ÿ O receptor (interlocutor, destinatário) é Hagar;
Ÿ A mensagem é representada pelas falas de Helga; trata-se de 
um alerta para que o marido se comporte bem e beba com moderação;
Ÿ O código é a língua portuguesa (linguagem verbal) usada por 
Helga e Hagar. 
Ÿ O canal (contato) é o som produzido pelo código (língua oral); 
e
Ÿ O referente (contexto) é a situação ou contexto em que Helga e 
Hagar estão e é também o assunto da mensagem, isto é, o conjunto de 
atitudes e reações do emissor e do receptor. Repare que o casal está em 
uma reunião social e como Helga conhece bem o marido, mesmo estando 
de costas para ele, ela o alerta para que “tenha modos” e não se exceda 
com a bebida. 
A cada um desses seis elementos corresponde uma função da 
linguagem. 
De acordo com a Teoria da Comunicação, toda mensagem tem 
uma finalidade, uma intenção predominante que orienta sua produção. A 
mensagem pode ter a finalidade de informar, persuadir, provocar humor, 
emocionar etc.
A partir dessas finalidades é que classificamos a função da 
linguagem predominante nos textos. Essas funções são: expressiva, 
conativa, referencial, fática, metalingüística e poética. 
1.3.1 Funções expressiva (ou emotiva)
Fonte: HOJE EM DIA, 7/9/2008
Figura 2: tira humorísticaPara reforçar seu 
conhecimento sobre as 
funções da linguagem, 
acesse: 
www.portrasdasletras.
com.br
O estudo das funções da 
linguagem é muito 
importante para 
percebermos diferenças e 
semelhanças entre os vários 
tipos de mensagem. 
Analisar como essas 
funções se organizam nos 
textos alheios, permite-nos 
perceber as finalidades que 
orientam a elaboração 
desses textos.
Aplicando o conhecimento 
de funções da linguagem 
nos textos que produzimos, 
poderemos planejar o que 
escrevemos e fortalecer a 
eficácia e a expressividade 
das mensagens. 
DICAS
PARA REFLETIR
384
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
A função expressiva ou emotiva está centrada no emissor 
(remetente ou locutor) e expressa sua atitude, sua emoção, seu estado de 
espírito em relação ao que fala.
Exemplificando
Observe que o poema está centrado na expressão dos 
sentimentos, emoções e estado de alma do “eu-lírico”. É um texto 
subjetivo, pessoal. Nele aparecem pronomes de primeira pessoa: “Eu não 
tinha”... “minha face”?
São comuns também na função emotiva a presença de 
interjeições e pontuação marcada por exclamações e reticências. 
1.3.2 Função Conativa (apelativa)
A função conativa é aquela que está centrada no destinatário. 
Também chamada apelativa, essa função estimula o receptor a tomar uma 
atitude, tentando persuadi-lo, tentando influenciar seu comportamento. 
Observe a presença da função conativa neste folheto:
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, 
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra. 
Eu não dei por esta mudança, 
Tão simples, tão certa, tão fácil:
 Em que espelho ficou perdida a minha 
face?
(Cecília Meireles)
385
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Você observou que a intenção principal é estimular o receptor a 
utilizar um serviço diferenciado de lavagem de carro. Para isso, o texto da 
propaganda emprega verbo no imperativo “Aguarde!”, que faz um apelo 
direto ao destinatário. Além disso, a mensagem tenta sensibilizá-lo quanto 
à questão do uso racional da água. Isso sinaliza que, se o receptor for uma 
pessoa com consciência social, ele buscará o serviço oferecido. 
1.3.3 Função referencial (denotativa)
Classificamos de referencial a função que tem por objetivo 
transmitir informações. Ela é também chamada denotativa, está centrada 
no contexto. 
A mensagem apresenta linguagem clara, direta, procurando 
traduzir a realidade objetivamente. 
O anúncio a 
seguir, com conteúdo 
e s s e n c i a l m e n t e 
i n f o r m a t i v o , 
exemplifica a função 
referencial.
A o l e r o 
anúncio, você percebe 
c l a r a m e n t e s e u 
objetivo: informar aos 
leitores do Jornal Hoje 
em Dia o que significa e 
de que se encarrega a 
Associação Mineira de 
Figura 3: Volante distribuído a visitantes e consumidores do Montes 
Claros Shopping Center
Figura 4: Hoje em Dia (7-9-2008)
386
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Rádioe Televisão, AMIRT.
A linguagem aponta para um significado único, não dando 
margem à dupla interpretação.
A função referencial aparece em seus livros de estudos, livros 
técnicos e científicos, bulas de remédios, manuais de instruções etc. 
1.3.4. Função Fática
A função fática encontra-se centrada no contato (canal) e nela 
predomina o cuidado de estabelecer ou de manter a comunicação, isto é, 
manter o contato entre o emissor e o receptor.
Nas conversas telefônicas, o tradicional “alô”, os cumprimentos 
habituais são maneiras de iniciar o contato com o recebedor. As frases-
feitas, os clichês de abertura de diálogos: “Olá, como vai?”, “Oi, tudo 
bem?”, têm também a finalidade de estabelecer contato.
A função fática está representada por palavras, frases, ou 
expressões que denotam a necessidade ou o desejo de iniciar, manter ou 
cortar a comunicação. 
Exemplificando:
A função fática está bastante evidente nos quadrinhos. Observe o 
emprego de frases-feitas: “Romeu, há quanto tempo!”, “O que tem feito?” 
Essas frases não têm necessariamente um conteúdo informativo preciso, 
apenas pretendem criar condições para uma interação verbal. Outras 
expressões comuns à função fática também aparecem nas falas dos 
quadrinhos: E aí... Hem... Ih... Isso!
Na verdade, nesse reencontro casual, os amigos nada disseram, 
apenas mantiveram um contato superficial. 
In: ABAURRE et alli – Português. Língua e Literatura. 
São Paulo: Moderna, 2003
Figura 5:
387
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
1.3.5 Função metalingüística 
 1.3.6 Função poética
A função metalingüística está centrada no próprio código, isto é, 
centrada na língua. O emissor usa a língua (código) para dar alguma 
explicação, fazer ressalvas, apresentar uma definição, um conceito etc. 
No fragmento a seguir, intitulado “Bisbilhotice”, de Luís Fernando 
Veríssimo, o autor define, primeiramente, a palavra “bisbilhotar” para, 
depois, introduzir o tema propriamente dito: discussão sobre o uso de 
grampos em telefones de magistrados e políticos brasileiros. 
Observe a função metalingüística no 1º parágrafo do artigo.
Os dicionários são obras de caráter metalingüístico, neles usa-se a 
língua (código lingüístico) para definir a própria língua.
A função poética enfatiza a mensagem. Se, ao ler um texto, você 
perceber que o objetivo da mensagem é mostrar um trabalho de 
elaboração da linguagem, então, você está diante da função poética.
Anúncios publicitários (e políticos) recorrem freqüentemente à 
função poética da linguagem. Neles é comum um trabalho com o signo 
Bisbilhotice
“Bisbilhotar” vem, se não me falha o etimológico, 
do italiano “bisbigliare”, que não é bisbilhotar no nosso 
sentido, mas quase o seu oposto. Os sinônimos de 
“bisbigliare” no meu dicionário italiano são “mormorare”, 
“sussurrare”, “dire sottovoce”. Ou seja, o que se faz para 
evitar a bisbilhotice dos outros. Um bisbilhoteiro brasileiro 
e um “bisbigliatore” italiano, conforme o dicionário, não 
teriam diálogo, um tentando desesperadamente ouvir o 
que o outro murmura ou sussurra.
O que aproximaria os dois seria o fato de que é 
tão difícil encontrar um italiano falando baixo quanto um 
brasileiro. O sottovoce não pegou em nenhum dos dois 
povos. E o que sempre agrava as crises brasileiras – como 
essa dos grampos, ou da bisbilhotice banalizada e 
oficializada – é que ninguém, do presidente ao gari, 
passando por ministros e comentaristas, se segura na hora 
de dizer bobagens. Se ao menos as dissessem sottovoce, o 
dano seria menor. (...)
Veríssimo. HOJE EM DIA. 7/9/2008. P. 8 - PLURAL
388
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
lingüístico (rimas, jogo de palavras, neologismos, aliterações, assonâncias) 
com o objetivo de provocar algum efeito de sentido no receptor. 
A função poética não abrange somente a poesia, embora, na 
poesia, a função poética seja predominante e, em outras formas de 
expressão lingüística, ela seja acessória. 
Veja os exemplos de função poética nos textos abaixo:
Nos versos de Drummond, o trabalho com a linguagem (criação 
das rimas: amada/nada; medida/vida) produz efeito melódico.
No texto de propaganda, percebe-se o jogo de palavras entre 
“dourados” e “cromados” para referir-se ao material empregado no 
produto anunciado (moto) e remeter à idéia de liberdade propiciada pela 
moto, ícone dos anos dourados. Houve, portanto um trabalho intencional 
de linguagem.
 
1.4 VARIAÇÕES LINGÜÍSTICAS
Aliteração: repetição da 
mesma consoante no 
interior de um ou mais 
versos. 
“Quem com ferro fere, com 
ferro será ferido.” 
(provérbio)
Assonância: repetição da 
mesma vogal no interior de 
um ou mais versos.
Nos versos abaixo, há 
assonância das vogais a e 
o nasais. 
“E bamboleando em ronda 
dançam bandos tontos e 
bambos de pirilampos”.
(Versos de Guilherme de 
Almeida)
“O meu tempo e o teu, amada,
Transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
Amar é o sumo da vida.
(In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se aprende 
amando. São Paulo: Record, 1990)
(REVISTA VEJA, 5/12/2007. p. 120)
Figura 6
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
389
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se 
um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da 
idade; se uma matrona autoritária ou uma ama delicada; 
se um mercador errante ou um lavrador de pequeno campo 
fértil, [...]. (Horácio, Arte Poética)
Após o estudo dos conceitos de língua, linguagem, fala, 
gramática e das funções da linguagem, será mais fácil e proveitoso 
trabalhar com as variações lingüísticas, pois são conteúdos intimamente 
relacionados.
A língua é um valioso instrumento de ação social e seu uso, 
conforme seja adequado ou não, pode facilitar ou comprometer nosso 
relacionamento com as demais pessoas. 
Além disso, o uso individual da língua apresenta valores que vão 
além de nossa intenção de transmitir informações, idéias e pontos de vista. 
A escolha que fazemos das palavras, certas expressões que 
empregamos, nossas preferências por determinadas construções frasais 
têm o poder de revelar, de “denunciar” quem realmente somos, quais são 
nossas crenças, em que região do país nascemos, que nível social e de 
estudos possuímos, qual é nossa profissão, dentre muitos outros aspectos. 
Isso ocorre porque a língua é um sistema dinâmico, 
extremamente flexível, que se modela com naturalidade a diversos fatores 
que envolvem o falante, como religião, classe social, região geográfica, 
sexo, idade e a própria evolução histórica da língua e, ainda, o grau de 
formalidade/informalidade do contexto em que se dá a situação de fala ou 
Marcos Bagno é professor de lingüística da 
Universidade de Brasília (UnB), é um 
pesquisador que se dedica a criticar a 
idéia. Senso-comum, de que o brasileiro 
fala e escreve mal o próprio idioma. Essa 
visão atinge principalmente as camadas 
pobres da sociedade, por estarem 
distanciadas do padrão ensinado na 
escola. O preconceito lingüístico, porém, 
revela um outro preconceito: o social. “A 
língua, a maneira de falar, é apenas uma desculpa que as outras 
pessoas usam para discriminar, para excluir”, afirma Bagno. 
Mineiro de Cataguases, ele é autor de vários livros que desfazem 
mitos em torno do português falado e escrito no Brasil, como A 
Língua de Eulália (1997), Preconceito lingüístico – o que é, como se 
faz (1999), Português ou Brasileiro? (2002) e A norma oculta 
(2003).
www.sergipe.com.br/balaiodenoticias/linguistica.htm 
Figura 7: Marcos Bagno
390
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
escrita. 
Nosso contato diário com outrosfalantes em ambientes diversos – 
rua, clube, escola, trabalho, restaurante etc. – confirma que não há 
uniformidade no uso da língua. As pessoas se expressam de maneiras 
diferentes e isso é perfeitamente natural no interior de uma mesma língua, 
como é o caso da Língua Portuguesa. 
Essas diferenças podem se manifestar em relação ao vocabulário, 
à pronúncia, à morfologia e à sintaxe. Elas aparecem fortemente ligadas 
ao falante e são justificadas por motivos culturais, sociais, históricos, 
religiosos, geográficos e outros. 
A essas diferenças no uso da língua dá-se o nome de Variações ou 
Variantes Lingüísticas.
Antes de prosseguirmos no estudo das Variações Lingüísticas, é 
bom que se esclareça que não há uma “variedade” melhor ou pior, certa ou 
errada, elegante ou feia, de prestígio ou sem prestígio. Essas diferenças 
lingüísticas são como um distintivo dos indivíduos e grupos sociais e, por 
isso, elas são constituintes de sua identidade. Ora, eleger uma variedade 
lingüística como melhor significa desprezar as outras. Ao agirmos assim, 
expressamos um juízo de valor (nesse caso, inaceitável) e prejulgamos os 
falantes, usando essas diferenças lingüísticas naturais como pretexto para 
a discriminação social dos indivíduos.
Portanto, todas as Variações Lingüísticas são perfeitamente 
adequadas à realidade do grupo social e do contexto em que surgiram, 
desde que permitam a interação verbal entre os indivíduos, isto é, desde 
que permitam aos indivíduos expressarem suas necessidades 
comunicativas e cognitivas. 
1.4.1 Tipos de variações lingüísticas
As variações lingüísticas ocorrem devido a fatores geográficos 
(diatópicos), sócio-culturais (diastráticos), históricos ou de época 
(diacrônicos) e contextuais (diafásicos).
1.4.1.1 Variação geográfica
A variante lingüística mais evidente no Brasil é a geográfica.
Essa variante se caracteriza, principalmente, pelo acento 
lingüístico (altura, timbre, intensidade do som), isto é, pela maneira de 
pronunciar as palavras. Os habitantes de cada região apresentam 
“melodias” frasais diferentes, desenvolvem formas de realização 
lingüística que lhes são próprias e os distinguem dos falantes de outras 
regiões. 
Ao conjunto de características comuns da pronúncia de cada 
região denomina-se “sotaque”: sotaque mineiro, sotaque goiano, sotaque 
nordestino etc. ou “dialeto” regional: dialeto mineiro, dialeto nordestino 
391
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
etc. 
Alguns aspectos fonéticos regionais bastante conhecidos dos 
brasileiros são, por exemplo, a pronúncia do “s” chiado do carioca; a 
abertura das vogais pelos nordestinos; a entoação particular dos gaúchos e 
o “r” bem marcado no interior de São Paulo.
Exemplificando:
A letra da música “Cuitelinho”, composta por Paulo Vanzolini, 
mostra uma variação regional, própria do espaço geográfico rural de 
alguns estados brasileiros.
Nela, há também a influência da variação sócio-cultural, 
percebida no emprego de: “bera” por “beira”, “navaia” por “navalha”, 
“oio” por “olhos” (aspectos fonológicos) e “os oio se enche d'água por “os 
olhos se enchem d'água; “As garça dá...” por “As garças dão...” (aspecto 
morfológico).
Observe, ainda, que o compositor “brinca” com as rimas para 
efeito melódico. 
A variação geográfica ocorre também no vocabulário, em 
Os romances “O tempo e o 
Vento (de Érico Verissimo) e 
“Vidas Secas” (de 
Graciliano Ramos), por 
exemplo, são obras em que 
você encontra vocabulário 
típico da região geográfica 
em que o enredo se situa. 
Morfologia: Estudo do 
signo lingüístico reduzido à 
sua expressão mais simples 
(morfema) e a combinação 
entre esses morfemas 
formando unidades 
maiores como a palavra e o 
sintagma. 
Cuitelinho: Diminutivo de 
cuitelo. Nome popular dos 
beija-flores. 
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto 
Onde as onda se espaia. 
As garça dá meia volta, 
Senta na bera da praia. 
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia. 
Quando eu vim de minha terra, 
Despedi da parentaia. 
Eu entrei no Mato Grosso, 
Dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução, 
Enfrentei fortes bataia. 
A tua saudade corta
Como o aço de navaia. 
O coração fica aflito, 
Bate uma, a outra faia.
E os oio se enche d'água
Que até a vista se atrapaia.
(In: Marcos Bagno. A língua de Eulália São Paulo: Contexto, 
1997. p. 45-6.) 
Figura 8: Cuitelinho
DICAS
C
A
B
F
E
G
GLOSSÁRIO
392
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
algumas estruturas frasais e nas designações diferentes para o mesmo 
significado, que uma palavra pode adquirir de uma região para outra.
Assim é que usamos “mandioca”, “aipim” ou “macaxeira”; 
“pernilongo” ou “mosquito”, dependendo de nossa região de origem. 
Em Montes Claros, Minas Gerais, por exemplo, o objeto escolar 
onde se guardam lápis, borracha e canetas chama-se “estojo”, no Paraná 
é “penal” (de pena + al) estojo para guardar penas, lápis etc. Embora a 
palavra “penal” conste do dicionário como um regionalismo de Minas 
Gerais, ela não é usada entre os mineiros. 
E as variações geográficas se concretizam nas expressões típicas 
dos nordestinos: “OXENTE, BICHINHO (indicando admiração); VISSE? 
(ouviste), CABRA MACHO DA MULESTA (indivíduo corajoso, valentão); 
no “BAH, TCHÊ” dos gaúchos ou no uso freqüente do diminutivo pelos 
mineiros: “COITADINHO, TADINHO” (coitado) ou mesmo na redução 
desses diminutivos: “TADIN” (coitadinho), “BONZIN” (bonzinho) etc.
Exemplificando:
Abaixo, apresentamos-lhe um texto de Luís Fernando Veríssimo, 
escritor gaúcho, como exemplo de variação geográfica. 
Observe o emprego de palavras e expressões peculiares aos 
falantes gaúchos nos diálogos encenados pelo analista e seu paciente. 
1.4.1.2 Variação sócio-cultural
Apócrifo: não autêntico, 
 falso, suposto
Bombacha: calças largas, 
apertadas acima dos 
tornozelos por meio de 
botões; vestimenta típica 
do gaúcho campeiro.
Pelego: Pele de carneiro 
com a lã.
Abancar: tomar assento à 
banca 
 ou à mesa.
Marca: cada um dos 
passos ou 
 evoluções de uma dança.
Charlar: tagarelar, falar à 
toa. 
Pereba: pequena ferida, 
sarna. 
O Analista de Bagé 
Certas cidades não conseguem se livrar da reputação 
injusta que, por alguma razão, possuem. Algumas das pessoas 
mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vêm de Bagé, 
assim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas 
não adianta. 
Estas histórias do psicanalista de Bagé são 
provavelmente apócrifas (como diria o próprio analista de Bagé, 
história apócrifa é mentira bem educada) mas, pensando bem, 
ele não poderia vir de outro lugar.
Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é 
forrado com um pelego. Ele recebe os pacientes de bombacha e 
pé no chão.
— Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho. 
— O senhor quer que eu deite logo no divã?
— Bom, se o amigo quiser dançar uma marca, antes, 
esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vivente estendido e charlando 
que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.
— Certo, certo. Eu... 
C
A
B
F
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G
GLOSSÁRIO
As condições sociais influenciam decisivamente o modo 
de falar dos indivíduos. A idade, a experiência de vida do falante, seu grau 
de maturidade condicionam sua atuação lingüística. 
A variação sócio-cultural corresponde, principalmente, a 
diferenças que se percebem na fonologia (“muié” por “mulher”, 
“lâmpida” por “lâmpada”, “frecha” por “flecha”, “isquentá” por 
“esquentar”) e na morfologia (“nós vamu”, por “nós vamos, “as pessoa” 
por “as pessoas”).
Exemplificando:
Nos quadrinhos, para opor, humoristicamente,“céu” e “inferno”, 
o autor se vale da linguagem popular, com bastante criatividade. 
As variedades faladas pelos indivíduos de classe social menos 
393
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
— Aceita um mate?
— Um quê? Ah, não. Obrigado. 
— Pos desembucha.
— Antes, eu queria saber. O senhor é freudiano?
— Sou e sustento. Mais ortodoxo que reclame de xarope. 
— Certo. Bem. Acho que o meu problema é com a 
minha mãe
— Outro.
— Outro?
— Complexo de Édipo. Dá mais que pereba em 
moleque. 
— E o senhor acha...
— Eu acho uma pôca vergonha. 
— Mas...
— Vai te metê na zona e deixa a velha em paz, tchê!
Texto extraído do livro "O gigolô das palavras", L&PM Editores – 
Porto Alegre, 1982, pág. 78
O filme “Carlota Joaquina, 
Princesa do Brasil”, de 
Carla Camurati, (1995) 
representa uma ótima 
oportunidade de se verificar 
as diferenças entre o modo 
de falar de portugueses e 
brasileiros.
 www.portalimpacto.com.br
Figura 9: Quadrinhos
Usou-se (pre)conceitos 
para salientar que, de 
acordo com a 
sociolingüística, todas as 
variações se correspondem, 
todas são adequadas às 
mais diferentes situações 
sociais de que 
participamos. Seja qual for 
a variante usada, ela 
possibilita que os membros 
de uma sociedade 
estabeleçam relações 
comunicativas, afetivas e 
humanas.
DICAS
PARA REFLETIR
394
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
favorecida são denominadas populares, enquanto as variedades cultas 
associam-se às classes de maior prestígio e servem de referência para a 
norma escrita. 
Existe, no Brasil, uma tendência à discriminação da variante 
popular, geralmente fundamentada nos (pre)conceitos de que seus 
falantes não dominam a norma padrão, usam seus próprios recursos para 
se comunicarem, cometem “erros” que viciam e empobrecem a língua 
Outros fatores responsáveis pelas variantes sócio-culturais são: a 
idade do falante, a classe social a que pertence, a raça, a religião, a 
profissão. 
Variações lingüísticas referentes ao sexo também ocorrem no 
Português. É mais comum às mulheres, por exemplo, o uso de diminutivos: 
“comidinha”, “nenenzinho”, “belezinha” e mais freqüente que os homens 
usem aumentativos: “amigão”, “Fernandão”, “partidão” (referindo-se a 
uma boa partida de futebol).
Além desses exemplos, algumas palavras e expressões de nossa 
língua se destinam exclusivamente ao uso pelas mulheres (“obrigada”, 
“grata”, “eu mesma”, “eu própria”) e outras, apenas ao uso do sexo 
masculino (“obrigado”, “grato”, “eu mesmo”, “eu próprio”). 
No Brasil, a variação sócio-cultural é bastante evidente. Quanto 
mais cultura o cidadão tiver, mais bem estruturadas serão suas frases, mais 
rico seu vocabulário, ao contrário do falar das pessoas com pouco ou 
nenhum estudo. Um enfermeiro ou um técnico em enfermagem, por 
exemplo, dominam um vocabulário específico de sua área e são capazes 
de sustentar um diálogo eficiente com os demais profissionais com quem 
convivem. A profissão condiciona o falante ao uso de expressões típicas de 
sua área de atuação.
Profissionais da área médica, por exemplo, têm gírias específicas 
com as quais interagem, mesmo à vista do paciente leigo no assunto, sem 
que este compreenda de que trata. 
Do vocabulário específico dos profissionais se formam as gírias, 
que facilitam a comunicação entre eles e os caracterizam. As gírias ligadas 
a profissões ou determinados grupos sociais (estudantes, capoeiristas, 
internautas) são denominadas “jargão”.
A idade é outro fator que influencia as diferenças sócio-culturais 
Vários fatores como a 
profissão, a idade, o sexo, a 
religião, dentre outros e o 
convívio no meio social 
determinam as escolhas e 
os hábitos lingüísticos das 
pessoas. 
Você se importa com a 
impressão que causa nos 
outros, quando usa uma 
linguagem inadequada ao 
contexto?
São alguns 
exemplos de jargões 
médicos “Evoluir o 
paciente” (fazer anotações, 
descrições no prontuário); 
“CT de crânio” (tomografia 
computadorizada); 
“Bexigoma” (repleção ou 
distensão vesical.
A gíria inexiste no 
dicionário)
Gírias 
populares:
 
bafafá: confusão;
patavina: nada;
araque: sem valor, mentira;
 
arco da velha: muito 
antigo;
 etc. 
Advogados usam 
“peticionar”; eu, sua 
professora de Português, 
uso “pedir” ou “solicitar”, 
porque, na minha 
profissão,“ não entro com 
uma ação perante o juiz.
PARA REFLETIR
395
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
de adolescentes e idosos. Os jovens são, comumente, mais abertos a 
inovações lingüísticas advindas do avanço tecnológico, enquanto os idosos 
se mostram mais reservados a isso, são mais conservadores das estruturas 
e usos já internalizados.
Todos os fatores mencionados comprovam que o uso da língua 
está subordinado ao nível social e cultural das pessoas. Nossa fala é o 
produto de tudo aquilo que nos fez chegar ao que somos hoje: o convívio 
com nossa família, com os amigos, os livros que lemos, os filmes a que 
assistimos, a religião que praticamos, nossas crenças e valores, enfim, é 
nossa experiência de vida que determina nossas escolhas e essas escolhas 
nos dão identidade. 
1.4.1.3 Variação histórica 
Incluem-se, também, no âmbito das variações lingüísticas, 
aquelas denominadas históricas ou de época.
São variações que ocorrem por um processo natural de 
desenvolvimento e enriquecimento das línguas, ocasionado pelo avanço 
social, político, tecnológico, científico e cultural das sociedades. 
Assim é que algumas palavras “envelhecem”, entram em desuso, 
passam a figurar apenas nos dicionários, porque aquilo que elas 
designavam também deixou de ser usado ou foi substituído por algo mais 
eficiente. É o caso, por exemplo, da palavra “escarradeira”. Se ela já foi 
utensílio de destaque na sala de visitas das famílias patriarcais 
(literalmente significando “cuspideira”, “vaso em que se escarra”), hoje 
essa palavra é inteiramente desconhecida das gerações mais jovens. 
Motivo? Desapareceram a casa grande e a senzala, logo, o hábito de se 
cuspir em vaso também desapareceu e, com ele, a palavra que o 
acompanhava. 
Algumas palavras e expressões, às vezes, mudam seu significado e 
outras mais antigas, ainda em uso, alteram sua grafia para 
acompanharem a evolução social. 
Essa mesma evolução social é responsável, em contrapartida, por 
um incontável número de palavras e expressões novas que invadem nosso 
cotidiano, cada vez mais repleto de tecnologias. 
As palavras em desuso são chamadas “arcaísmos” e as de criação 
recente são denominadas “neologismos”. 
Muitos escritores brasileiros desfrutam de sua liberdade de uso da 
língua para criar neologismos singulares que notabilizam seu estilo e 
enriquecem nossa literatura. 
Guimarães Rosa se destaca nesse trabalho. Observe um 
fragmento de seu estilo literário em que ele apresenta alguns neologismos. 
Os textos que analisaremos a seguir ilustram a variação histórica. 
Para aprofundar seus 
conhecimentos sobre a 
variação sócio-cultural, 
sugerimos que você faça a 
leitura do livro: A Língua de 
Eulália – novela 
sociolingüística, de Marcos 
Bagno, editora Contexto, 
São Paulo.
O enredo leva o leitor a um 
passeio prazeroso pela 
Sociolingüística – ciência 
ainda nova – e lhe permite 
uma compreensão mais 
ampla do papel das 
variantes sócio-culturais. 
DICAS
396
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Observe que as palavras “collyrio” e “Brazil” figuram nos dias atuais com a 
mesma acepção, mas com grafia diferente. 
À época da veiculação dotexto I (em 1934), ele era conhecido 
como “reclame” (vindo do francês “réclame”), termo que também 
“envelheceu”. 
Atualmente, esse gênero textual é conhecido como: comercial, 
anúncio, propaganda (texto de propaganda). 
É importante ressaltar, ainda, que o espaço rural ou urbano é 
também responsável por determinadas características da língua. 
A região rural, por sua localização mais afastada dos centros 
urbanos, tende a manter uma certa regularidade no uso da língua e é 
menos afeita a novidades lingüísticas. 
A região urbana, ao contrário, tende a ser mais flexível a essas 
novidades, à criação de nomes para designarem novas técnicas, 
aparelhos, remédios, doenças, veículos etc. e as incorpora com maior 
facilidade. 
Assim sendo, pode-se concluir que os falares urbanos são mais 
dinâmicos, pois refletem a velocidade das mudanças, os apelos e as 
exigências das grandes cidades.
1.4.1.4 Variações contextuais
“Do demo? Não gloso. Senhor pergunte aos moradores. Em 
falso receio, desfalam no nome dele – dizem só: o Que-Diga.
[...] Doideira. A fantasiação. E o respeito de dar a ele assim 
esses nomes de rebuço, é que é mesmo que ele forme forma, 
com as presenças.”
(Do livro “Grande Sertão: Veredas”. João Guimarães Rosa. p. 
26). 
Figura 10: Redame (1934) e Embalagem atual do colírio (2008)
 www.farmaciaviverbememcasa.com.br
397
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
Como o próprio termo indica, variações contextuais são 
decorrentes do contexto, ou seja, da situação de comunicação. Elas 
nascem do comportamento lingüístico do indivíduo. Ora, por experiência 
pessoal, sabemos que há ambientes e situações que permitem o uso de 
uma linguagem bastante informal (um diálogo afetivo com uma criança), 
outros que requerem um nível mais formal de linguagem (apresentar um 
tema em um congresso científico).
Um falante não utiliza a mesma variante em todas suas atividades 
lingüísticas. 
No ambiente familiar, por exemplo, em que as pessoas não estão 
preocupadas com uma comunicação dentro da norma padrão, o falante 
usará uma linguagem mais descontraída; no ambiente de trabalho, 
certamente utilizará uma linguagem mais técnica, específica de sua 
profissão; em algum evento social de caráter cerimonioso utilizará uma 
linguagem mais formal, diferentemente do que faria se estivesse assistindo 
a uma partida de futebol de seu time. 
Assim, o falante pode se permitir escolher a linguagem mais 
adequada à situação comunicativa e, mesmo sendo extremamente 
escolarizado e culto, nada o impede de usar uma gíria num bate-papo com 
amigos.
Exemplificando: 
O texto em quadrinhos que apresentamos para exemplificação 
encena exatamente o que se acabou de afirmar no parágrafo acima. 
O quadrinista Angeli simula uma situação de poder exercida 
através da linguagem. O político (detentor do poder) usa uma linguagem 
formal, cerimoniosa e “postiça” para coagir o depoente (pessoa mais 
simples: roupas informais; frases curtas afirmativas, denotando respeito).
O humor decorre da passagem inesperada da linguagem formal 
para a informal. Quando o político se sentiu ameaçado, deixou de lado a 
l inguagem artif icial e 
passou a exercer sua 
“autoridade” com uma 
linguagem informal e 
mesmo agressiva.
Isso reforça, pois, a 
idéia de que a situação ou 
contexto em que se dá a 
comunicação condiciona o 
comportamento lingüístico 
do falante. 
Observe:
1 . 5 N Í V E I S D E 
LINGUAGEM
Fonte: In: Platão e Fiorin. Lições de texto: 
leitura e redação. SP: Ática. 2004
Figura 11: Texto em quadrinhos
398
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Ate aqui, insistimos no fato de que não falamos sempre do mesmo 
jeito, de que podemos nos valer de diversas variantes lingüísticas, conforme 
a circunstância em que se dá a comunicação. 
Dessas poss ibi l idades de uso da l íngua surgem, 
conseqüentemente, diferentes tipos de linguagem, cada qual com suas 
especificidades. 
Essas variações de uso da língua por um mesmo falante recebem 
o nome de registros ou níveis de linguagem.
Estudiosos da sociolingüística consideram que são três os níveis de 
linguagem: nível culto, familiar e popular.
1.5.1 Nível culto (formal) 
Correspondente à linguagem cuidada, com observância às 
normas da língua padrão, utilizado por falantes altamente escolarizados – 
intelectuais, diplomatas, cientistas, literatos. Empregado, principalmente, 
na forma escrita e em situações de maior formalidade. 
O vocabulário é amplo, apurado, preciso, as construções mais 
elaboradas. 
Exemplificando:
O texto a seguir é parte da resposta de um profissional a alguém 
que pôs em dúvida a seriedade de seu trabalho. Apesar de ser um desabafo 
– desabafos geralmente são emocionais – o articulista mantém o tom da 
gravidade do assunto e usa a linguagem formal cujo vocabulário é objetivo, 
amplo e as estruturas frasais mais complexas. 
1.5.1.1 Nível familiar (comum) 
Fala quem pode
“[...] Todo o relato descrito pela senhora reclamante 
pode ser verificado diretamente e com precisão na central de 
regulação. Todas as ligações telefônicas e transmissões do 
Samu são gravadas: podem-se verificar os horários, que tipo de 
informação o solicitante passou, se houve um segundo 
telefonema, que tipo de ambulância compareceu, o momento 
exato de sua chegada, o que foi falado no rádio etc.
A acusação de omissão de socorro (artigo 135 do 
Código Penal, 'deixar de prestar assistência...') feita pela 
reclamante é séria e deveria ser oficialmente protocolada por 
ela. Apesar disso, ela se contradiz ao relatar que o paciente em 
questão chegou a ser atendido. A reclamante desconhece que a 
ambulância enviada ao local é aquela que estiver mais próxima 
e disponível. Todas as unidades básicas (USB) dispõem de
399
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
desfibrilador automático, equipamento essencial ao 
atendimento da parada cardiorrespiratória ocorrida nesse caso. 
[...]
A 'burocracia' citada por ela é extremamente simples 
(basta se identificar endereço da ocorrência, situação da vítima 
e seguir orientações do médico), mas deve ser explanada com o 
mínimo de clareza e educação pelo solicitante, sem agressões 
verbais à equipe do Samu, o que infelizmente ocorre 
freqüentemente. Desconhece que todo este sistema organizado 
e hierarquizado é pioneiro no Brasil. O seu modelo e os 
protocolos seguidos por ele são adaptados de países como a 
França e Estados Unidos. Esta estrutura possibilita que uma sala 
de emergência seja montada na Savassi ou em Ribeirão das 
Neves, na rua ou em domicílio, em casa ou no 10º andar, dentro 
da favela ou na estrada e dentro do carro. [...]” 
(Jornal Estado de Minas, 4 de setembro/2008. P. 2 
Caderno Cultura. Texto fragmentado). 
Representa a linguagem que foge às formalidades e aos 
requintes gramaticais. Pode servir tanto à utilização oral como à escrita. 
Caracteriza-se por construções gramaticais mais simples, incluindo 
frases freqüentemente curtas e coordenadas, repetições. É um registro 
intermediário das categorias culta e popular. Caracteriza, geralmente, 
o falante medianamente escolarizado. 
Exemplificando:
Por onde passam, os brasileiros deixam marcas – para 
as boas e más línguas. Na Inglaterra não deve ser 
diferente. Acredito até que, logo, logo, em vez do chá 
das cinco, a realeza vai é entrar no ritmo do pandeiro e 
do tamborim. (Estado de Minas, 5 de setembro/2008. 
P. 36 – Texto fragmentado). 
1.5.1.2 Nível popular 
Esse registro constitui uma variante informal de menor 
prestígio, se comparado ao registro familiar. Representa um ato de falamais descontraído, espontâneo, concreto e subjetivo. Distancia-se das 
normas gramaticais, o vocabulário é restrito, aparecem redundâncias e 
gírias. 
 Caracteriza o falante com baixo ou nenhum grau de 
escolaridade. 
Nessa modalidade popular, aparece também o registro vulgar 
em que se empregam termos chulos e obscenos. 
Aproveite as oportunidades 
de situações de fala em seu 
dia-a-dia para verificar a 
riqueza de contrastes que 
cada situação oferece. 
Faça um registro de 
palavras, ou expressões, 
“estranhas” a seus ouvidos, 
termos regionais, gírias, 
jargões profissionais e tudo 
que você julgar interessante 
do ponto de vista 
lingüístico.
Escreva, após, um texto 
empregando essas palavras 
de modo bem criativo. 
ATIVIDADES
400
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
Exemplificando:
“Eu acho que a gente tem de colocar no poder quem ajuda 
a gente. Coloco meus filhos e os vizinhos pra ajudar 
também. Não tô passando fome por causa do benefício que 
ele me dá”, considera ela, que também afirma nunca ter 
visto rosto do ministro. (Caderno Distrito Federal, HOJE EM 
DIA, p. 7, fragmento, 24 agosto 2008). 
As discussões sobre as variações lingüísticas que fizemos até aqui 
confirmam que diversos fatores envolvem o processo de comunicação, 
condicionando as escolhas lingüísticas do falante. É essa mobilidade da 
língua que permite a seu usuário realizar com eficiência seus atos de fala e 
escrita. 
Portanto, prezado aluno, você que inicia seus estudos das línguas e 
linguagens, lembre-se de que o conhecimento das variações lingüísticas é, 
também, um conhecimento cientificamente fundamentado nas relações 
humanas. 
Compreender, realmente, as variações lingüísticas, fato concreto 
em nosso Português, possibilitará que você seja um falante mais 
cuidadoso, mais humano, capaz de compreender seu semelhante e ser 
compreendido, exercitando sua consciência crítica e cidadã.
Assim sendo, ao usar a língua, ajustando-a às especificidades da 
situação de comunicação, você demonstrará bom-senso, maturidade 
intelectual e capacidade crítica nos processos de leitura e de produção de 
textos. 
1.6 LINGUAGEM ORAL E LINGUAGEM ESCRITA
Nesta subunidade, vamos conversar sobre a distinção entre 
linguagem oral e linguagem escrita. 
Temos alguns esclarecimentos a fazer, pois, geralmente, as 
pessoas não distinguem bem essas duas modalidades principais da língua 
portuguesa. 
Já apresentamos, no item 1.5., os níveis de linguagem e vamos 
recorrer a eles, aqui, para início de conversa. As modalidades oral e escrita 
do Português não apresentam as formas, os recursos expressivos ou a 
gramaticalidade idênticas. Independente da utilização de um mesmo nível 
de linguagem para a comunicação oral ou escrita, cada comunicação 
apresentará suas especificidades, suas características peculiares. 
Então, vamos lá!
Há, realmente, diferenças marcantes entre fala e escrita, pois 
cada modalidade está diretamente relacionada a um contexto 
sociocultural, a um propósito definido, a particularidades lingüísticas do 
falante.
 1.6.1 Linguagem oral 
Preste atenção a situações 
de interlocução entre as 
pessoas nos ambientes que 
você freqüenta. 
Você é capaz de 
caracterizar um falante 
desconhecido pela 
linguagem que ele usa?
Habitue-se a fazer essa 
análise e você verá como é 
enriquecedor (e também 
interessante) perceber o 
outro pelo uso da língua. 
ATIVIDADES
401
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
A linguagem oral é espontânea, livre e informal.
Essas características se justificam porque, na comunicação oral, 
há o contato direto dos interlocutores e pode-se contar também com 
recursos extralingüísticos: gestos, expressões faciais e corporais, postura 
etc. Também, estando em um mesmo ambiente, os falantes podem 
recorrer a objetos desse ambiente para facilitar a comunicação de suas 
idéias, de informações ou emoções. 
É por isso que se diz que a linguagem oral é mais criativa. Ela não 
se prende inteiramente às regras gramaticais, seu vocabulário é mais 
reduzido e constantemente renovado.
Exemplificando :
1.6.2 Linguagem escrita 
A linguagem escrita é mais elaborada, cuidada, é presa às regras 
da gramática e ao padrão considerado culto. Apresenta vocabulário 
apurado e preciso. 
É importante ressaltar que, na comunicação escrita, locutor e 
interlocutor estão a distância, o contato ente eles é indireto. Assim, a 
linguagem escrita é mais conservadora em sua constituição, é mais 
refletida, exige maior esforço de elaboração por parte do falante, que deve 
“cumprir”, eficientemente, suas intenções comunicativas com um 
interlocutor “ausente”.
Apesar de apresentarem essas diferenciações básicas, tanto a 
linguagem oral como a escrita apresenta níveis ou registros. Lembra-se de 
que já estudamos os níveis ou registros de fala? Então, situações formais, 
Não há oposição irredutível 
entre a linguagem falada e 
a escrita, mas “uma 
interação, que admite 
graus diversos de influência 
da língua falada na língua 
escrita.”
(in A Língua Portuguesa e a 
unidade do Brasil, de 
Barbosa Lima Sobrinho, 
editora José Olympio).
Contraponto
Animador de auditório
Surfando em índices de aprovação sempre acima dos 70% em 
Pernambuco, Lula se soltou durante a inauguração de um 
campus da Universidade Federal Vale do São Francisco, ontem, 
em Petrolina. O presidente criticou a “elite” que se forma “no 
exterior” e vai à praia de Boa Viagem. Ao lado de uma aluna de 
psicologia, perguntou:
 Você tem namorado, Janaína?
Diante da negativa da moça, emendou:
 Já que você não tem namorado, eu vou lhe dar um beijo mais 
carinhoso...
E, sem medo de ser feliz, tascou um beijo na bochecha da 
universitária, para delírio da platéia. 
FOLHA DE S. PAULO, sexta-feira, 5 de setembro de 2008. p.A4
“... a língua escrita, ou 
melhor, a linguagem 
literária se nutre da 
linguagem falada, sob 
pena de se tornar língua 
morta, como sucedeu com 
o latim...”
(Lima Sobrinho)
O que você infere sobre a 
língua falada, a partir dessa 
afirmativa?
Escreva suas conclusões. 
PARA REFLETIR
ATIVIDADES
402
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
seja falando ou escrevendo, exigem maiores cuidados de pronúncia e de 
escrita. 
Em situações informais, a expressão lingüística se adapta também 
ao grau de formalidade ou informalidade (em família, no trabalho, na 
igreja, na escola) e as preocupações com a correção gramatical tornam-se 
menos rigorosas. 
Imagine, por exemplo, se você falaria com seus amigos durante 
um churrasco na casa de um deles, do mesmo modo como falaria a 
acionistas de uma empresa durante uma reunião de negócios. É claro que 
não! 
O mesmo ocorre com a comunicação escrita: uma mensagem 
pessoal e afetiva para um amigo apresentará traços informais, subjetivos; 
para o diretor de uma empresa terá, sem dúvida, uma linguagem mais 
elaborada, mais neutra e objetiva. 
Exemplificando: 
Para que você possa analisar melhor as características entre fala 
(linguagem oral) e escrita (linguagem escrita), apresentamos-lhe o 
seguinte quadro comparativo:
Finalmente, é bom relembrar que só há interação quando o 
falante ajusta sua linguagem ao destinatário. Nosso português é uma 
língua riquíssima e oferece múltiplas possibilidades de recursos e usos. 
Cabe, pois, ao falante a escolha adequada desses recursos para garantir 
uma comunicação eficiente.
No entanto, mesmo que você saiba que não se pode estigmatizar 
o ato de fala do indivíduo socialmente desfavorecido, nossa sociedade 
valoriza o domínio da língua escrita, pois ela é fundamentalpara a 
compreensão da informação tecnológica e científica, para a promoção do 
indivíduo e para a transformação social.
Afra Balazina
da reportagem local
O sistema de monitoramento independente do Imazon 
(Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) aponta 
queda na taxa de desmatamento da floresta amazônica em 
2008, em comparação com o pe-ríodo anterior.
A avaliação ocorre poucos dias após o Inpe (Instituto Nacional 
de Pesquisas Espaciais) mostrar aumento do desflorestamento 
na região. . 
FOLHA DE S. PAULO, sexta-feira, 5 de setembro de 2008 p. 
A16
compreensão da informação tecnológica e científica, para a 
promoção do indivíduo e para a transformação social.
403
 
LINGUAGEM ORAL
 
LINGUAGEM ESCRITA
 
 
1. SITUAÇÃO / CONTEXTO
 
 
 
 
 
2. CARACTERÍSTICAS
 Locutor e interlocutor 
frente a frente
 
ISSO POSSIBILITA:
 
 

 
perceber de imediato as 
reações do interlocutor
 

 
redirecionar a mensagem 
a partir das reações do 
interlocutor
 

 
reformulação simultânea 
da mensagem, tanto pelo 
locutor como pelo 
interlocutor.
 
 Locutor e interlocutor a 
distância
 
ISSO IMPOSSIBILITA:
 
 

 
perceber de imediato as 
reações do leitor
 

 
redirecionar a mensagem 
a partir das reações do 
leitor 
 

 
reformulação da 
mensagem, pois sua 
produção foi anterior
 
 
 

 
Vocabulário espontâneo, res -
trito, repetições de palavras.
 
 

 
Emprego de gírias, 
neologismos.
 
 

 
Liberdade na colocação dos 
pronomes (Me empreste o 
lápis).
 
 

 
Frases incompletas, com 
implícitos e subentendidos.
 
 

 
Emprego de formas contraídas 
(cê, pra) e omissão de palavras 
no interior das frases. 
 
 

 
Maior freqüência de ora ções 
curtas e orações coordena-das.
 
 

 
Ausência de pronomes relati -
vos (onde, cujo).
 
 

 
Presença de clichês, cha -vões, 
frases feitas, provérbios. 
 
 
 Subjetividade, emotividade 
(interjeições, diminutivos, 
aumentativos). 

 
Vocabulário formal, amplo, 
mais apurado.
 
 

 
Emprego de termos técnicos
 
 
 

 
Rigor na colocação 
pronominal (Empreste -me o 
lápis)
 
 

 
Frases completas, com 
clareza das idéias.
 
 

 
Frases construídas com rigor 
gramatical, sem omissões e 
ambigüidades. 
 
 
 

 
Uso de orações coordenadas 
e subordinadas, mais elabo -
radas.
 
 

 
Emprego maior de pronomes 
relativos.
 
 

 
Uso de frases criativas e 
expressivas. 
 
 
 Neutralidade, objetividade. 
Quadro 1
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
404
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
ANTUNES, I. Aula de português: encontros e interação. São Paulo: 
Parábola, 2004.
BENTES, A. C. & MUSSALIN, Fernanda.(orgs). Introdução à lingüística: 
domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
FIORIN, José Luís. Teorias do discurso e ensino da leitura e da redação. 
In: Gragoatá. n.1 (2. sem. 1996). Niterói: EDUFF, 1996. 
PETTER, Margarida. Linguagem, língua e lingüística. In: FIORIN, José 
Luiz (org). Introdução à lingüística. São Paulo: Contexto, 2005. 
REFERÊNCIAS
405
Língua Portuguesa UAB/Unimontes
2UNIDADE 2LEITURA
APRESENTAÇÃO 
 “Pelo poder da palavra ela pode agora navegar nas nuvens, 
visitar as estrelas, entrar no corpo de animais, fluir com a 
seiva das plantas, investigar a imaginação da matéria, 
mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundos 
que há muito deixaram de existir, assentar-se dentro de 
pirâmides e de catedrais góticas, ouvir corais gregorianos, 
ver os homens trabalhando e amando, ler as canções que 
escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos 
espaços de literatura, da arte, da filosofia, dos números, 
lugares onde seu corpo nunca poderia ir sozinho... Corpo 
espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!”
LEITURA
 “Pelo poder da palavra ela pode agora navegar nas nuvens, 
visitar as estrelas, entrar no corpo de animais, fluir com a 
seiva das plantas, investigar a imaginação da matéria, 
mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundos 
que há muito deixaram de existir, assentar-se dentro de 
pirâmides e de catedrais góticas, ouvir corais gregorianos, 
ver os homens trabalhando e amando, ler as canções que 
escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos 
espaços de literatura, da arte, da filosofia, dos números, 
lugares onde seu corpo nunca poderia ir sozinho... Corpo 
espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!”
Como já dizia Rubem Alves,
Esperamos que nesta unidade, você possa compreender a 
importância da leitura em nossa vida cotidiana e apreenda as maravilhas 
de se inserir neste mundo tão rico. Avante!!! 
Nas subunidades:
2.2 Caracterização
2.3 Processos de leitura
2.4 Fatores intervenientes no “ato de ler”,
procuramos mostrar que LER significa DECODIFICAR, 
INTERPRETAR, CONHECER e, para que o processo de leitura se dê 
satisfatoriamente, é necessário que o leitor interaja com o texto, buscando 
retirar informações que lhe possibilitem construir seu significado através 
das estratégias de leitura.
Iniciemos então essa nova jornada. Boa leitura!
Como já dizia Rubem Alves,
Esperamos que, nesta unidade, você possa compreender a 
importância da leitura em nossa vida cotidiana e apreenda as maravilhas 
de se inserir neste mundo tão rico. Avante!!!
406
Pedagogia Caderno Didático III - 1º Período
2.1 CARACTERIZAÇÃO
2.2 PROCESSOS DE LEITURA
O ato de ler caracteriza-se pelo processo de construir significados 
a partir de um texto. Esse processo se torna possível por causa da interação 
entre os elementos textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto maior 
essa interação, maiores as possibilidades de sucesso na leitura.
Um texto é uma unidade básica de comunicação que possui vários 
sentidos (é polissêmico), permitindo assim que cada leitor possa ter uma 
interpretação de acordo com o seu conhecimento de mundo. É claro que 
essa interpretação será limitada pelos aspectos formais que o compõem, 
como o vocabulário, a combinação das palavras na frase e a escolha dos 
tempos verbais que não permitirão que o leitor fuja dos limites do texto. 
Não é qualquer sentido que pode ser dado a qualquer texto. Há um limite a 
ser respeitado.
Pretendemos nesta subunidade ressaltar a importância do 
conhecimento prévio para o processo de leitura. Acreditamos que o 
presente estudo possa contribuir para a prática educativa à medida que 
visa propor questões para um melhor aperfeiçoamento da habilidade de 
leitura em esferas formativas. 
Todo e qualquer processo de aprendizagem envolve troca de 
conhecimentos e, portanto, interação. Ocorre que ter ou não ter 
conhecimento prévio.
A palavra “ler” advém do Latim “Legere” e significa ler, colher. Ler 
significa colher conhecimentos, sendo que quanto mais eficiente for a 
leitura do indivíduo, maior será sua capacidade de adquirir conhecimento 
sobre o meio que o cerca e relacionar-se com esse meio de maneira 
significativa. 
Nesse sentido, o ato de ler não pode ser entendido como a ação de 
juntar palavras, como um processo mecânico de decodificação. A prática 
de leitura vai, além disso, trata-se da associação de idéias, da produção de 
sentidos, o que, por sua vez, requer, impreterivelmente, uma dinâmica 
interacional para que de fato ela ocorra.
Conforme Kleiman (2004), o conhecimento prévio é elemento 
indispensável para a compreensão de todo

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