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6 Caro(a) aluno(a), Nossa preocupação fundamental, ao elaborar o material de estudo desta disciplina, foi oferecer ao estudante universitário uma visão global sobre a Ética e a Cidadania, ajudando-o a entender os conceitos básicos e sua importância para as nossas diferentes atividades humanas. Ao contrário das obras destinadas a especialistas, escritas em linguagem demasiadamente técnica e rebuscada, fizemos uma apostila clara e objetiva a fim de tornar seu estudo proveitoso e produtivo, procuramos conciliar as questões que abrangem o tema “Ética”, com os aspectos relacionados à “Cidadania”. A apostila apresenta 4 capítulos que abordam os aspectos relevantes da Ética e Cidadania. A questão da Ética e Cidadania não são matérias que interessam apenas a certos segmentos da sociedade e, sim, na verdade, a todos os seres humanos indistintamente. No dia-a- dia, todo cidadão depara-se com diversas situações ligadas à Ética e a Cidadania. E, sem um mínimo de conhecimento e consciência ética e de conscientização cidadã, estaremos com o nosso futuro comprometido. De onde se conclui que na vida em sociedade é preciso estar sempre atento com o que acontece ao nosso redor. Com este material esperamos ajudá-lo nesse despertar da consciência Ética e da prática da Cidadania. Para todo cidadão, nada é tão fundamental quanto à consciência dos seus direitos e deveres na prática da Ética e da Cidadania na atual sociedade em que vivemos. Prof. Dr. Luiz Dario dos Santos 7 Considerações Gerais e Filosóficas sobre a Ética Prezado(a) aluno(a), Quando tratamos de ética, estamos dizendo do homem e sua relação com as outras pessoas e o meio ambiente. Desta forma, nosso estudo se inicia com algumas abordagens filosóficas que visam apresentar os fundamentos históricos da ética, ou seja, como se forma a relação homem/ética. Num segundo momento, vamos analisar os principais conceitos existentes sobre a ética. Vamos lá? Estudos Filosóficos da Ética ao longo da História Para um estudo direcionado, podemos apontar a ética no contexto histórico e filosófico, na seguinte ordem: Era antiga, média, moderna e contemporânea. Para facilitar, vejamos a figura a seguir: Ética Antiga Média Moderna Contemporânea 2.1 8 Perceba que o estudo e análise da “ética” já vêm a um bom tempo, onde os pensadores/filósofos de cada época opinavam e discutiam o seu valor e importância para a sociedade daquele período da humanidade. No entendimento de Serrano (2010, p. 17), “A ética filosófica procura estabelecer princípios constantes e universalmente válidos para a boa conduta da vida em sociedade”. Passamos, então, para algumas das formações éticas mais significativas que abalizaram os grandes períodos históricos da humanidade. Vamos ao estudo de cada um deles! Ética na Era Antiga No período da Idade Antiga, no qual viveram os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, a ética recebeu uma especial atenção. Após o momento pré-socrático, em que os estudos filosóficos concentravam-se no mundo natural (natureza), estes filósofos, no interesse de entenderem sua essência, direcionaram seus pensamentos para o ser e para os problemas sociais. Sócrates viveu (470-399 a.C.), filósofo conhecido como “o pai da moral”. O aspecto principal de sua ética era o objetivo da vida humana, ou seja, a chamada felicidade. Sócrates tinha o entendimento que a felicidade não seria formada de sorte ou riqueza, e sim vivendo com a razão, com bom coração e boas atitudes. Este filósofo dialogava com as pessoas e discutia sobre as verdades da vida ou como a vida deveria ser vivida. Ele estimulava os indivíduos a chegarem as suas próprias reflexões e conclusões. Para Cotrim (2013, p. 272): “[...] podemos dizer que a ética socrática é racionalista, ou seja, fundamentada na razão, no conhecimento que está acima dos interesses e desejos fundamentais e que pode, por isso mesmo, estabelecer regras universais, válidas para todas as pessoas. O homem que age conforme a razão age corretamente, em concordância com sua alma racional”. Já Platão viveu (428 e 347 a.C), que foi discípulo de Sócrates, entendia que a ética deveria ser aplicada na sociedade (cidades), transformando os valores políticos, econômicos e sociais daquela época, assim, as cidades transformar-se-iam em mais simples e igualitárias. 2.2 9 Aristóteles era tido como organizado e sistematizado. Ele entendia que as ideias não nasciam conosco, mas eram formadas pelas experiências vividas por nós. Ele foi considerado como o primeiro filósofo daquela época em abordar o assunto “ética” e sua relação com a vida humana. Por exemplo: seria possível viver sem ética? Desde Aristóteles, o homem é visto como um ser não apenas racional, mas social e político por excelência. É da natureza humana buscar as soluções mais racionais para seus problemas, assim como é da natureza humana buscar o convívio em grupos. Mas, se é da natureza humana buscar a vida em comum, por que tantos problemas surgem justamente porque os seres humanos vivem em grandes grupos? (MOTTA, 2004, p. 13). Nota-se, que naquela época, havia o interesse e a vontade de descobrir valores e o sentido de se viver em sociedade. Ética na Idade Média No período da Idade Média, o entendimento ético foi direcionado à religião e sua interpretação dada pela bíblia. Estava intrínseca na religião uma conotação ética profunda de liberdade, de amor e de fraternidade entre os povos. Ela determinou várias normas de conduta, trazendo, sem dúvida, um enorme avanço moral para o planeta. A ética na Idade Média baseou-se na interação entre o ser humano e Deus, fundamentada em verdades reveladas. Ela apresenta Deus como fundador de todas as coisas da humanidade, inserido neste contexto, o homem e suas atividades. Com isso, o homem deve se submeter às leis divinas. Atenção 2.3 2 Atenção A Ética Cristã é o conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas Escrituras Sagradas pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras através das quais o homem poderá chegar a Deus, mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já redimiu. Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos que são a vontade de Deus para todos os homens de todas as culturas e em todas as épocas. (MARTINS, 2005, p. 38). 1 0 O sentido da ética cristã era disciplinar a conduta das pessoas, pensando no seu futuro. Tinha como referência as normas de comportamento abstratas e universais, advindas de Deus. Ficou claro, naquele período, a dependência da ética aos princípios da Igreja Católica, ficando a filosofia submissa às ideias teológicas. Os maiores expoentes da ética cristã, que melhor disciplinaram essas ideias, foram Santo Agostinho (354 – 430) e São Tomás de Aquino (1221-1274). Para Santo Agostinho, a ética era compreendida pela elevação espiritual através das palavras e regras divinas. No entendimento de Cortina e Martinez (2010, p. 64), “a ética vem da prática da fé religiosa” e não da criação do próprio ser humano. Já para São Tomás de Aquino, a ética vinha da vontade de Deus, cabendo ao homem com sua capacidade de discernir o certo do errado, agir conforme os preceitos éticos e divinos, sob pena de responder pelas suas transgressões. Ética na Idade Moderna Entende-sepor moderna a ética dominante desde o século XVI até o começo do século XIX. Embora não seja fácil reduzir as múltiplas e variadas doutrinas éticas deste período a um denominador comum, podemos destacar a sua tendência antropocêntrica – em contraste com a ética teocêntrica e teológica da Idade Média – que atinge o seu ponto culminante na ética de Kant. (VAZQUEZ, 2011, p. 279). Houve uma mudança de valores com o crescimento da burguesia, a busca do desenvolvimento científico, econômico, político e social. Naquele período, a Igreja Católica deixou de ter o domínio (hegemonia) que até então desfrutava. Aconteceu o afastamento entre a razão e a fé, tendo o homem como um valor em si mesmo. Não mais se sustentava a ideia de a ética direcionar o ser humano para alcançar uma vida estável. Surgiram novos valores para se chegar à felicidade, como a liberdade de escolha, por exemplo: a possibilidade de optar pela religião, profissão ou até a maneira de se viver. No campo da compreensão sobre a ética, essa questão direcionou um novo entendimento moral, direcionada na autonomia humana na concepção de valores. Entre os 2.4 1 1 pensadores daquele período (por exemplo: Immanuel Kant), havia a concepção de que o homem se sentia responsável pelas suas atitudes e possuía a consciência do seu dever (obrigação), sendo assim, o ser humano era considerado livre para praticar os seus atos. Por uma questão de reflexão, se o homem era o senhor de suas decisões, a possibilidade de se tomar atitudes imorais ou antiéticas era bem considerável, comprometendo o equilíbrio da sociedade daquela época. Os maiores expoentes da ética na idade moderna, que melhor disciplinaram estas ideias foram: (Galileu Galilei (1564-1642), René Descartes (1596-1650), John Locke (1632 – 1704), Espinoza (1632–1677), Voltaire (1694-1778), Rousseau (1712-1778), Adam Smith (1723 – 1790), Immanuel Kant (1724 – 1804) e tantos outros). Ética na Idade Contemporânea Entenda que a ética contemporânea significa a visão ética do homem atual, envolvendo os usos, os costumes, às normas estabelecidas e novos valores da sociedade. Tivemos nos últimos tempos, várias transformações no plano político, social, tecnológico, gerando grandes mudanças éticas e comportamentais. Será que estas tecnologias, às quais fizemos referência, respeitam sempre a pessoa humana? Não existe, por acaso, o risco de reduzir a pessoa a um objeto de manipulação? (RAMPAZZO, 2005, p. 64). Houve o surgimento do aparelho telefônico, da televisão, o fenômeno da industrialização, os automóveis, dos aparelhos celulares entre outros. Tudo isso, culminou em alterações dentro do ambiente familiar, profissional e empresarial, no que tange o que é o certo do errado, o bom do ruim. Devemos sim, discutir de maneira clara todas essas mudanças e avanços tecnológicos, que estão acontecendo de forma muito rápida e constante, talvez comprometendo num futuro próximo a nossa existência e, por que não dizer, numa convivência efetivamente ética entre os povos. Dentre os filósofos contemporâneos, podemos citar os seguintes: Augusto Comte (1798-1857), Jean-Paul Sartre (1905-1980) e Karl Marx (1818-1883). 2.5 1 2 Vejamos, agora, o entendimento sobre a ética de alguns dos pensadores da idade contemporânea. A ética para Augusto Comte (1798-1857) foi a suprema ciência, do amor por princípio, do amor sem cabeça, moral cósmica, naturalista e social, pois recompõe os laços do universo da natureza com o universo da moralidade e vê nas regras do comportamento humano um caso das leis que presidem a ordem universal. Ética em que o homem está submetido, em virtude de sua submissão à humanidade. Religião positiva, sem Deus. Em outras palavras, a ética de Comte está baseada nas regras (de conduta) criadas pelo homem para uma convivência harmoniosa com a própria humanidade. (Fonte: http://jus.com.br/revista/texto/10674/o-direito-a-etica-e-a-sua-historia. Acessado em: 08 jul. 2014). A ética de Jean-Paul Sartre (1905-1980) foi de acreditar na capacidade de todo indivíduo de escolher as suas atitudes, objetivos, valores e formas de vida. É uma ilusão a crença de que os valores existem objetivamente no mundo, em vez de serem criados apenas pela escolha humana. Recomenda honestidade, ou seja, que façamos nossas escolhas individuais com plena consciência de que são autenticamente nossas e nada as determina por nós. (Fonte: http://www.cobra. pages.nom.br/fcp-sartre.html. Acessado em: 14 mai. 2014). A ética de Karl Marx (1818-1883) foi de refletir sobre a história do homem e como nascem as relações sociais. O homem é um ser natural que se encontra na natureza assim como os demais animais, todavia ele possui um atributo que lhe dá o controle de suas ações, a razão (Fonte: http://eticaalternativamarxista.blogspot.com. br. Acessado em: 01 mai. 2014). São diversas as correntes da Ética Contemporânea, dentre elas, podemos citar as seguintes: Correntes da Ética Contemporânea Existencialismo Pragmatismo Marxismo Neopositivismo 1 3 • o Existencialismo: Representa a prática da valorização do ser humano, como pessoa que é. Preponderância do individualismo radical, considerando o ser humano sem alguma ligação com o criador; • o Pragmatismo: Advêm, principalmente, dos Estados Unidos, onde o egoísmo é valorizado; • o Marxismo: Aqui, o ser humano é tido como criador, produtor, transformador, seja do ponto de vista social ou histórico; • o Neopositivismo: Não há o que se falar em definir a ética, mas apenas através da intuição. Percebe-se, cada vez mais, a exploração do homem pelo homem e, alem disto, a exploração crescente dos países mais ricos em relação aos mais pobres, sem a devida contraprestação financeira. Fica aqui a seguinte questão, onde estaria a ética entre as pessoas ou entre os povos? Atenção Conceitos de Ética Os doutrinadores são unânimes sobre o fato do conceito de “ética” ser absolutamente amplo, pois, a rigor, a ética possui múltiplas concepções e amplitudes. De qualquer forma, segundo o Dicionário Aurélio (2011, p. 73) a palavra “ética” é o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. 2.6 Atenção Vale uma atenção especial para as palavras do doutrinador Nalini (2014, p. 24), quando afirma que: “[...] nunca foi tão urgente, como hoje se evidencia, reabilitar a ÉTICA. A crise da Humanidade é uma crise de ordem moral. Os descaminhos da criatura humana, refletidos na violência, na exclusão, no egoísmo e na indiferença pela sorte do semelhante, assentam-se na perda de valores morais”.
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