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UNIDADE 07 Norma jurídica: noções gerais, elementos essenciais e classificação. Validade e eficácia da norma jurídica. 1 – NOÇÕES GERAIS Gênese: A norma jurídica surge de um ato decisório do poder que se sujeita à prudência objetiva, exigida pelo conjunto das circunstâncias fático-axiológicas em que se encontram os respectivos destinatários. Conceito: Segundo Maria Helena Diniz, a norma jurídica é um objeto cultural egológico, tendo por substrato regular a conduta humana em interferência intersubjetiva, e, por sentido, a tentativa de realizar a justiça. 2 – ELEMENTOS ESSENCIAIS DA NORMA JURÍDICA A) Imperatividade: é a essência genérica da norma de direito, no sentido de que seu escopo é dirigir o comportamento humano. A norma jurídica é imperativa, ou prescritiva, porque impõe um dever, situando-se no âmbito da normatividade ética. B) Autorizamento (atributividade): característica da norma que autoriza uma das partes a exigir da outra seu cumprimento. É o que Miguel Reale chama de bilateralidade atributiva. 3 – CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS A) Quanto à imperatividade a) impositivas – são normas de natureza cogente ou de ordem pública, as quais tutelam interesse geral. Ex: art. 3º do CC (capacidade). b) dispositivas – são normas que tutelam interesses particulares, dos quais as partes podem dispor. Ex: art. 1640 do CC (regime de bens). B) Quanto ao autorizamento a) mais que perfeitas – cujo descumprimento acarreta a nulidade do ato e sanção ao infrator. Ex: Bigamia (arts. 1548, II, co CC e 235 do CP) b) perfeitas - cujo descumprimento acarreta apenas a nulidade do ato. Ex: art. 1647 CC (alienação de bens imóveis sem autorização do cônjuge). c) menos que perfeitas – cujo descumprimento acarreta apenas sacão ao infrator. Ex: art. 1523, I CC (casamento de viúvo sem inventário) d) imperfeitas – cujo descumprimento não acarreta nenhuma conseqüência. C) Quanto à hierarquia a) normas constitucionais b) leis, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções d) decretos regulamentares e) normas internas f) normas individuais D) Quanto à natureza de suas disposições a) substantivas – de direito material, que criam, modificam ou extinguem relação jurídica. b) adjetivas – normas de direito processual. E) Quanto à sua aplicação a) de eficácia absoluta – são normas insuscetíveis de alteração. Ex: art. 60, § 4º CF. b) de eficácia plena – têm aplicabilidade imediata e dispensam regulamentação. Ex: art. 14, § 2º CF (alistamento) c) de eficácia relativa restringível - têm aplicabilidade imediata, mas admitem regulamentação ulterior. Ex: art. 5º, XII CF (interceptação telefônica). d) de eficácia relativa complementável – dependem de leis complementares. Ex: art. 146 CF (disposições gerais em matéria tributária) F) Quanto ao poder de autonomia legislativa a) nacionais e locais – conforme vigorarem em todo o território nacional ou parte dele. b) federais, estaduais e municipais – conforme editadas pela União, Estados e Municípios. G) Quanto à sistematização a) codificadas – corpo orgânico de normas sobre determinado ramo do direito. Ex: Código Civil, Código Penal etc.. b) consolidadas – conjunto de leis esparsas sobre determinado assunto. Ex: CLT. c) esparsas ou extravagantes – leis específicas editadas isoladamente. Ex: Lei do inquilinato. VALIDADE DA NORMA JURÍDICA 4.1 - Validade formal ou vigência É a própria vigência da norma, decorrente da observância dos tramites constitucionais para o processo de elaboração. É uma qualidade da norma Jurídica que expressa uma relação entre normas. Exige a presença dos seguintes requisitos: a) órgão competente; b) competência em razão da matéria c) observância do procedimento estabelecido na Constituição. Merece destaque a disciplina da vigência da lei no tempo (arts. 1º e 2º da LICC), e no especo (arts. 8º e 9º da LICC). A) Âmbito temporal da validade ou vigência da lei no tempo: a) Conceito: O âmbito temporal de validade constitui o período durante o qual a norma tem vigência. Vigência temporal é, portanto, o período em que a norma tem atuação no ordenamento jurídico. b) Início da vigência da lei: Salvo estipulação em contrário, a lei entra em vigor, no Brasil, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias após sua publicação, e no exterior, após três meses de publicada (art. 1º, § 1º da Lei de Introdução do Código Civil). c) Vacatio legis: É o intervalo entre a data da publicação da lei e o início de sua vigência. d) Revogação: é a perda da vigência da lei em razão da superveniência de lei nova. Pode ser total ou parcial, tácita ou expressa: Ab-rogação – supressão total da norma anterior; Derrogação – torna sem efeito apenas uma parte da lei anterior; Expressa - quando o legislador declara extinta a lei velha; Tácita – quando houver incompatibilidade entre a lei velha e a nova, prevalecendo esta (art. 2º, § 1º da Lei de Introdução do Código Civil). B) Âmbito especial da validade ou vigência da lei no espaço: O âmbito espacial de validade diz respeito ao espaço, ou seja, o lugar no qual a lei vigora. Pelo princípio da territorialidade, a lei se aplica no território do Estado que a promulgou. De acordo com o princípio da extraterritorialidade os Estados permitem que, em seu território, se apliquem, em certas hipóteses, normas estrangeiras. O Brasil adotou o princípio da territorialidade moderada, pelo qual se aplica a lei brasileira em nosso território, incluindo, porém o território ficto, como embaixadas, consulados, embarcações públicas onde quer que se encontrem e embarcações privadas nacionais em alto mar, bem como embarcações privadas estrangeiras em nosso mar territorial. O mesmo se aplica às aeronaves. Ver arts. 7º, 8º e 9º, 10, 12, 17 da Lei de Introdução do Código Civil. 4.2 - Validade fática ou eficácia Validade fática ou eficácia é uma qualidade da norma que se refere à sua adequação social, ou seja, é a aptidão da norma de produzir efeitos concretos, por estar em correspondência com o interesse da coletividade. 4.3 - Validade ética. É a justiça contida na norma, como seu fundamento axiológico.
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