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1 2ª FASE OAB TRIBUTÁRIO Disciplina: Direito Tributário Professora: Caroline Palermo Aula: 16 MATERIAL DE APOIO - MONITORIA Índice I. Anotações II. Lousas I. ANOTAÇÕES TRIBUTOS EM ESPÉCIE 1. Introdução A Constituição Federal, no seu capítulo denominado SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL, descreve nos eu art. 146, III, “a” que: Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; Cabe, portanto, à Lei Complementar dizer o que é um tributo e quem faz o papel desta é o Código Tributário Nacional (lembrando que embora o CTN seja formalmente uma leio ordinária – Lei nº 5.172/66; foi recepcionado pela CF/88 materialmente como lei complementar). Assim, o art. 3º do CTN define o que é tributo: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Tributo é toda: Prestação pecuniária: em moeda nacional; Prestação compulsória: obrigatória; 2 Que não constitua sanção de ato ilícito: não se pode usar o tributo como pena. O tributo decorre de um fato lícito, enquanto que a multa decorre de um fato ilícito; Instituída em lei: instituir, majorar ou reduzir um tributo só por lei. Vigora o princípio da legalidade (art. 150, I, CF e art. 97, CTN); Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: o modo de cobrança do tributo deve estar previsto em lei. Essa atividade administrativa vinculada é o lançamento; 2. Espécies Tributárias O TRIBUTO é gênero, do qual são ESPÉCIES: Impostos Taxas Contribuição de melhoria Empréstimos Compulsórios Contribuições especiais Teoria quintapartite – são 5 espécies tributárias – art. 145, CF; art. 148, CF; art. 149, CF e art. 5º, CTN 3. Como identificar as espécies tributárias? De modo restritivo, o art. 4º do CTN diz que: Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. No entanto, para determinar a natureza jurídica de um tributo, posso seguir 3 passos: 1º passo: O fato gerador está vinculado à uma atuação estatal? - Se o fato gerador estiver vinculado à uma atuação estatal referente à um serviço público, será TAXA. - Se o fato gerador estiver vinculado à uma atuação estatal referente à uma obra pública, será CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. - Se o fato gerador não estiver vinculado à uma atuação estatal, poderá ser imposto, empréstimo compulsório ou contribuições especiais. 2º passo: O produto da arrecadação tem destinação específica? - SIM: empréstimos compulsórios ou contribuições especiais. - NÃO: impostos. 3 3º passo: Existe promessa de restituição? - SIM: empréstimo compulsório. - NÃO: contribuições especiais. RESUMO: IMPOSTOS: não vinculado e não tem destinação específica; TAXAS: vinculado – serviço público; CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA: vinculado – obra pública; EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: não vinculado; tem destinação específica; existe promessa de restituição; CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS: não vinculado; tem destinação específica; não existe promessa de restituição; 4. Impostos a) Características Art. 146, III, “a”, CF O art. 146, III, “a” da CF preceitua que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária especialmente sobre fato gerador, base de cálculo e contribuintes. Ocorre que essas informações só podem ser veiculadas por lei complementar. Nesse caso, a lei complementar é o Código Tributário Nacional em seus artigos 16 a 76. Cuidado! Essa exigência de lei complementar para definir fato gerador, base de cálculo e contribuintes para os impostos NÃO se aplica às contribuições. Fundamentos: Art. 146, III, “a”, CF AI 518.082 Art. 16, CTN Impostos são tributos vinculados não vinculados, porque o seu fato gerador independe da atuação estatal. Art. 167, IV, CF Por regra, a arrecadação dos impostos não pode estar vinculada a nenhum órgão, fundo ou despesa. A arrecadação serve para abastecer os cofres públicos, SALVO: - a destinação de recursos para ações e serviços públicos de SAÚDE; - para manutenção e desenvolvimento do ENSINO; - para realização de atividades da ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA; 4 b) Classificação Segundo a competência - federais: art. 153 e 154, CF - estaduais: art. 155, CF - municipais: art. 156, CF Cuidado! Competência cumulativa do Distrito Federal para cobrar impostos municipais (DF não pode ser dividido em municípios – art. 32, CF). A União pode instituir impostos estaduais no Território Federal, já se esse Território Federal não estiver subdividido em municípios, então, a União poderá cobrar os impostos estaduais e municipais. Fundamento: Art. 147, CF Segundo a repercussão econômica - IMPOSTOS DIRETOS: não há transferência do encargo financeiro (são pagos pela mesma pessoa que sofre o impacto financeiro do pagamento. Ex: IR. - IMPOSTOS INDIRETOS: há a transferência do encargo financeiro – são pagos por uma pessoa (contribuinte de direito), mas seu valor é embutido no custo do produto de modo a repercutir financeiramente no patrimônio de um terceiro (contribuinte de fato). Ex: ICMS pago pelo lojista (contribuinte de direito), mas tem o seu valor repassado ao consumidor final (contribuinte de fato). Segundo a finalidade - FISCAL: arrecadar - EXTRAFISCAL: regular - PARAFISCAL: arrecadação é realizada por ente diverso Segundo o objeto de incidência - REAIS: patrimônio - PESSOAIS: indivíduo 5. Taxas a) Características Vinculados: dependem de contraprestação estatal – art. 145, II, CF Não destinados: a arrecadação não precisa ter destinação específica – art. 167, IV, CF Quanto à competência: comum 5 b) Modalidades Art. 145, II, CF c/c art. 77, CTN - Taxa de polícia - Taxa de serviço Taxa de polícia Art. 78, CTN Também chamadas de taxa de fiscalização. Estão relacionadas ao exercício regular do poder de polícia (a definição está no parágrafo único do art. 78 do CTN). Ex: TCFA (taxa de controle e fiscalização ambiental, TFE (taxa de fiscalização de estabelecimento), taxa de alvará) Cuidado! Polícia administrativa é diferente de polícia judiciária Taxa de serviço Art. 77 c/c Art. 79, CTN Também chamada de taxa de utilização. Está relacionada à utilização efetiva ou potencial de um serviço público específico e divisível. - UTILIZAÇÃO: efetiva (consigo identificar que o serviço foi efetivamente prestado) OU potencial (o serviço público é colocado à disposição do contribuinte, independentemente de sua fruição, mas deve financiá-lo. - SERVIÇO PÚBLICO: específico (singular, “uti singuli”, destacável em unidades autônomas de utilização, direciona-se à um número discriminado de pessoas) OU divisível (serviço quantificável que traz um benefício individualizadopara o destinatário). Ex: taxa para emissão do passaporte, taxa para licenciamento do veículo, taxa do lixo. POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA Prevenção/ autuação de ilícitos administrativos Repressão de ilícitos penais Atua sobre bens/ direitos/ atividades Atua sobre pessoas Exercida por variados órgãos da administração pública Exercida por corporações especializadas 6 Cuidado 1! Não confunda TAXA DO LIXO com TAXA DE LIMPEZA PÚBLICA A taxa do lixo visa a coleta do lixo, é divisível e foi considerada constitucional (súmula vinculante 19). Já a taxa de limpeza pública visa a limpeza de logradouros públicos e, portanto, sendo indivisível, foi considerada inconstitucional. Taxas que NÃO PODEM ser cobradas: - limpeza pública - iluminação pública - segurança pública São serviços públicos “uti universi” (não específicos e indivisíveis) Cuidado 2! Art. 145, §2º, CF e Súmula Vinculante 29 As taxas não podem ter base de cálculo idêntica aos dos impostos já discriminados na Constituição Federal (isso é inconstitucional – art. 145, §2º, CF). Porém, é constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto já existente, desde que não haja integral identidade (súmula vinculante 29). É o caso da taxa lixo que usou como base de cálculo a área do imóvel, ou seja, um dos elementos da base de cálculo do IPTU, mas que não guarda igual identidade com esse, posto que a base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel. Cuidado 3! Custas processuais e emolumentos = taxas de serviço Art. 98, §2º, CF * Questão 2 do XXI Exame OAB Custas processuais (gênero): - taxa judiciária: é devida em razão da atuação do agentes políticos; - custas (em sentido estrito): são devidas pelo processamento dos feitos a cargo dos serventuários de justiça; - emolumentos: são devidos pelos serviços notariais e de registro – serviço público, ainda que prestado em caráter particular (art. 236, CF); Cuidado 4! Pedágio Conceito: art. 150, V, CF (é o valor cobrado do usuário pela utilização de vias conservadas pelo poder público). Via pública conservada diretamente pelo Estado havendo a cobrança pela sua utilização natureza jurídica: TAXA; 7 Serviço público de conservação de vias delegado por licitação particulares concessionários (o valor cobrado do usuário pela utilização da via irá remunerar diretamente o particular prestador) TARIFA; STF: tarifa (ADIn 800/RS) STJ: preço definido contratualmente 6. Contribuição de melhoria a) Fundamentos CF – art. 145, III CTN – art. 81 e 82 DL 195/67 b) Quem pode cobrar Competência: União, Estados, Distrito Federal e Municípios – art. 145, III, CF Quem arrecada: ente responsável pela realização da obra – art. 3º, DL 195/67 c) Quem deve pagar Proprietário (contribuinte) Adquirente (responsável) d) Quando cobrar Não basta a realização da obra pública. É que preciso que haja valorização imobiliária. Art. 9º, DL 195/67 e) Como cobrar Procedimento de cobrança – art. 82, CTN – lei + requisitos mínimos Lei: lei ordinária – federal, estadual, municipal Requisitos mínimos: publicação de informações da obra, 30 dias para impugnação, regular o processo do julgamento administrativo da impugnação. f) Quanto cobrar Art. 81, CTN (limites) - individual: acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado; - total: a despesa realizada que não pode ser superior ao custo da obra; Atenção! Art. 2º, DL 195/67 – imóveis de propriedade privada estão sujeitos à incidência da contribuição de melhoria. 8 7. Empréstimos Compulsórios a) Fundamentos Art. 148, CF Art. 15, CTN b) Características Restituível Lei complementar União Arrecadação está vinculada ao motivo que autorizou a sua instituição Quando o empréstimo compulsório poderá ser instituído? Nos casos do art. 148, CF - calamidade pública, guerra externa ou sua iminência; - investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional; Cuidado 1: O fato gerador do empréstimo compulsório não é a calamidade pública, guerra externa ou sua iminência ou o investimento público. Essas são as hipóteses que autorizam a instituição do tributo. A lei complementar que instituir o empréstimo compulsório é que definirá o seu fato gerador. Cuidado 2: O inciso III do art. 15 do CTN (absorver o poder aquisitivo da população) não é hipótese de instituição do empréstimo compulsório, posto que não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. c) Empréstimos Compulsórios e Princípio da anterioridade Em caso de: I. calamidade pública ou guerra externa – a exigência pode ser imediata, não é preciso observar a anterioridade anual e nonagesimal (art. 150, §1º, CF); II. investimento público – deve-se observar ambas as anterioridades (anual e nonagesimal) – art. 148, II, CF e art. 150, III, “b” e “c”, CF d) Empréstimos Compulsórios e Imposto Extraordinário de Guerra O que os diferencia é que o empréstimo compulsório é restituível e deve ser instituído por lei complementar, já o imposto extraordinário de guerra não é restituível e pode ser instituído por lei ordinária ou medida provisória. 9 8. Contribuições Especiais São tributos finalísticos qualificados pela destinação. a) Introdução STF divide em: Contribuições sociais: destinadas ao custeio da ordem social; Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE): destinadas ao custeio da ordem econômica; Contribuições corporativas: destinadas às categorias profissionais ou econômicas Cuidado! A COSIP (contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública – art. 149-A, CF) não integra as contribuições especiais, segundo o STF. Seria uma contribuição “sui generis” (RE 573.675). (A) Contribuições sociais 1.1. Classificação didática Específica: são aquelas destinadas a custear a seguridade social e, segundo o art. 194 da CF são formadas pela saúde, assistência social e previdência social. Ex: contribuição previdenciária, PIS, COFINS, CSLL. Genéricas: são aquelas que não são destinadas para a seguridade social, como por exemplo, o salário educação (art. 212, §5º, CF) e os serviços sociais autônomos que formam o sistema “S” (SESI, SENAI, SESC – art. 240, CF). Cuidado! Contribuições sociais residuais ou Novas contribuições sociais recebem a classificação de “outras” para o STF (Para o STF, não se enquadrariam entre específicas ou genéricas). Para instituí-las, é necessário observar o art. 195, §4º c/c art. 154, I, CF. 1.2. Instituição Por regra, as contribuições sociais específicas e genéricas são instituídas por lei ordinária ou medida provisória, com exceção da contribuição social residual que deve ser instituída por lei complementar, em face do que dispõe o art. 195, §4º, da CF. 10 1.3. Fonte dos recursos Art. 195, CF A seguridade social será financiada por toda a sociedade mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios e das seguintes contribuições: Contribuição do empregador – incidente sobre a folha de salários (contribuição previdenciária), receita ou faturamento (PIS/COFINS) e do lucro (CSLL); Contribuição do trabalhador – incidente sobre contribuição previdenciária; Contribuição sobre a receita de concurso de prognósticos– loterias; Contribuição do importador de bens e serviços do exterior - PIS e COFINS sobre a importação; 1.4. Contribuições sociais vs. Contribuições previdenciárias Não confunda contribuições sociais que são voltadas ao custeio da seguridade social (saúde, assistência, previdência) com contribuições previdenciárias. - Contribuição previdenciária: contribuição previdenciária patronal e contribuição previdenciária do trabalhador (são aquelas destinadas a custear benefícios previdenciários devidos pelos segurados e pelas empresas – art. 20 e 23 da Lei nº 8.212/91); - Contribuição não previdenciária: PIS, COFINS, CSLL; (2) CIDE É a contribuição de intervenção no domínio econômico 2.1. Fundamentos Art. 149, CF Art. 170, CF Art. 177, §4º, CF (CIDE combustível) 2.2. Características União Lei Ordinária/ Medida Provisória Extrafiscal Temporária * CIDE combustível (art. 177, §4º, CF) Recai sobre combustíveis de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível. I. Alíquotas podem ser variadas (de acordo com o tipo ou uso) OU reduzidas/ restabelecidas (por decreto); 11 II. Destino da arrecadação: para subsídio ao preço; para custear projetos ambientais de áreas degradadas pela produção e exploração de petróleo; para melhorar a infraestrutura de transportes; Cuidado! Art. 159, III e §4º, CF CIDE combustível é a única contribuição que tem sua receita repartida entre os demais entes federados. Do produto da arrecadação da União, 29% é entregue para os Estados e desses 29%, 25% é distribuído para os municípios. (3) Contribuições Corporativas 3.1. Fundamento Art. 149, CF 3.2. Características União Arrecadadas no interesse das categorias profissionais ou econômicas Também conhecidas como contribuições parafiscais Cuidado! Nas contribuições corporativas, a competência é a da União, porém a arrecadação pode ser delegada para os Conselhos de Fiscalização Profissional, tais como CRM, CREA, CRECI. 12 II. LOUSAS 13 14 15 16 17 18
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