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Percepção Fenômenos e Processos Psicológicos I Franciela Monte Natureza da Percepção “A percepção ‘é o ponto em que cognição e realidade encontram-se’ e talvez, ‘a atividade cognitiva mais básica da qual surgem todas as outras’” (Neisser, 1976, p. 9, apud Davidoff, 2001) É uma atividade cognitiva pela qual somos capazes de “enxergar” o mundo. Depende de vários fatores (a pessoa que percebe, o meio físico, o objeto percebido, etc...) Percepção Contribuições do meio ambiente – estudamos os padrões presentes no mundo deste o nascimento (ex: essa árvore, nesse período do ano, costuma ser verde) Percepção Contribuições do Sujeito da Percepção – habilidades construtivas, fisiologia e as experiências do sujeito Habilidades construtivas – operações de testes de hipóteses, antecipação, amostragem, armazenamento e integração (a maioria das árvores que vi são verdes, logo esta também é.) Dirigimos nossa atenção para aspectos relevantes para a percepção, ignorando outros. Fisiologia Aparelho fisiológico que permite coletar informações sobre o mundo (aparelho sensorial) Como o sistema nervoso processa essas informações? Como, por exemplo, transforma uma informação química (cheiro) numa informação psicológica (agradável, amadeirado...) Existem diferenças individuais nos aparatos sensoriais Experiência Baseamos nossas percepções nas experiências passadas Operações Sensoriais Nossa percepção depende da coleta de dados sensoriais presentes no ambiente por sistemas especializados e o processamentos dessas informações pelo cérebro. Ao menos 11 sentidos no humano com funções de Detecção – O receptor (célula ou conjunto de células) reage a um tipo de energia/estímulo dentro de uma estreita faixa de estímulos. Transdução – Os receptores convertem a energia que chega em sinais eletroquímicos. Transmissão – Os sinais eletroquímicos, uma vez convertidos, são transmitidos a regiões específicas do cérebro Processamento de informações – Regiões específicas do cérebro processam a informação que chega, transformando-a em um “dado psicológico” Sentidos Químicos: Paladar e Olfato Paladar Os estímulos do paladar são substâncias solúveis na saliva Papilas gustativas > Botões gustativos > Células gustativas Paladar Processamento no Córtex Somatossensorial e Sistema Límbico Olfato Informações sobre substâncias químicas suspensas no ar, solúveis em água e gordura Bastonetes olfativos no alto da cavidade nasal Não há uma região especializada no processamento de informações olfativas Para que o olfato se desenvolveu? Para evitar “comida estragada”? Para tornar o ato de comer agradável? Comunicação – feromonas (sexualida- de, demarcação de território, etc) Sentidos de Posição Sentido Cinestésico O sentido cinestésico capacita-nos não só a monitorar constantemente o que as partes do corpo fazem, mas também a equilibrar a tensão muscular pelo corpo inteiro para que possamos nos movimentar com eficiência Receptores nas juntas, músculos e tendões Processamento no córtex somatossensorial nos lobos parietais do cérebro 13 Sentido Vestibular Sentido de orientação ou equilíbrio – orientação da cabeça e do corpo em relação à Terra Também ajuda na visão Três dutos semicirculares e dois órgãos otólitos, no ouvido interno Mensagens processadas em locais diversos do cérebro, combinadas às informações cinestésicas e visuais Sentidos Cutâneos: contato, pressão, calor, frio, dor Sentidos Cutâneos Tato – contato físico, pressão, calor, frio e dor Os receptores para cada tipo de sensação estão espalhados pela pele. Alguns receptores são sensíveis à vários tipos de estimulação As informações seguem para processamento no córtex somatossensorial via medula espinhal A experiência da dor Papel para a sobrevivência – alerta para os perigos e danos potenciais à sobrevivência Nociceptores – células sensíveis à dor espalhadas na pele, tecidos em torno dos músculos, órgãos internos, em membranas em torno dos ossos e na córnea Reflexo – um estímulo que entra em contato com a pele envia uma mensagem à medula, a qual envia um mensagem de volta aos músculos A experiência da dor Parece haver dois sistemas para a dor – um rápido e um lento O rápido produz dor vívida e localizada – dor fásica (Atkinson et al., 2002) O lento produz dor difusa e incômoda – dor tônica (Atkinson et al., 2002) Dois componentes da dor – a sensação real de dor e o sofrimento processados na medula espinhal e no cérebro Importâncias de neurotransmissores, como a endorfina, serotonina, etc. Interpretação da dor varia conforme cultura, atenção, ansiedade e sugestão, por exemplo Audição A audição baseia-se em células especiais do ouvido capazes de responder a mudanças rápidas na pressão (vibrações) do ar circundante Tipos de surdez Sons são processados nos lobos temporais Percebendo objetos Abordagem Gestáltica Qualidade da forma – a forma só é vista como tal se olharmos para os elementos como um todo Dependem das partes relacionadas e organizadas como um todo São transferíveis Leis da Gestalt Figura-Fundo Contornos, sobreposições Cores mais vívidas Constância perceptiva O cérebro “compensa” as modificações nas imagens retinianas Parece haver um importante papel da experiência Agrupamento Tendemos a categorizar os elementos separados, baseados na proximidade ou característica comum (cor, formato) Similaridade Proximidade Simetria Continuidade Fechamento Bases Fisiológicas da Percepção de Objetos No caso da visão, os receptores (cones, bastonetes) processam algumas informações visuais como contornos, cores, movimento, dentre outras A retina dos animais complexos destacam as bordas dos objetos através da inibição lateral – importância para as visões de contornos e percepção de objetos separados Bases Fisiológicas da Percepção de Objetos O processamento da informação visual no cérebro se dá de forma difusa, onde cada parte analise e reanalisa estímulos específicos Cada parte da retina é associada com um Campo Receptivo das células do sistema visual Importância do córtex visual no lobo occipital – detectores visuais percebem padrões que são posteriormente integrados (teoria da detecção de características) Células simples respondem a linhas em posições específicas Células complexas respondem a estímulos que se movimentam rapidamente Células hipercomplexas respondem a estímulos bem curtos e cantos Teoria da frequência espacial – o cérebro entende padrões visuais por meio da redução destes padrões a um conjunto de áreas claras e escuras, ou grades denominadas frequências espaciais Percebendo Cores Três propriedades das cores Tonalidade (comprimento da onda) – azul, verde, amarelo, vermelho Saturação – pureza de uma tonalidade Brilho – intensidade das ondas luminosas Rosa choque: tom vermelho, saturação média e alto brilho Percebendo Cores A combinação de cores pode acontecer por mistura subtrativa e mistura aditiva Tonalidades complementares (opostas no círculo) tendem a cancelar-se mutuamente Tonalidades não opostas combinam-se para formar uma intermediária Bases Fisiológicas da Percepção de Cor Teoria Tricromática (Young-Helmholtz) da percepção de cores – a retina possui três tipos de cones (azul, verde, vermelho) Teoria dos Processos Oponentes – as células estão organizadas em pares antagonistas de modo que a ativação de um inibe o outro (vermelho-verde, preto-branco, azul-amarelo) As células organizadas no par preto-branco transportam informações sobre brilho Percebendo Profundidade Indicadores de profundidade binoculares Ambos os olhos captam imagens distintas do ambiente e o cérebro funde as duas imagens – disparidade binocular Quando os olhos fixam em um objeto específico, focam a imagem no centro de cada fóvea, voltando-se na direção um do outro – convergência O movimento dos músculos dos olhos dão a ideia de distância do objeto Percebendo Profundidade Indicadores de profundidade monoculares Acomodação – os músculos dos olhos fazem o cristalino arquear-se para focalizar objetos próximos e esticar-se para focalizar objetos distantes. Os movimentos dos músculos dão ao cérebro informações sobre profundidade/distância Paralaxe de movimento – os objetos mais próximos dos olhos parecem se mover mais rápido do que os distantes Tamanho familiar – quando vemos objetos familiares, usamos o tamanho da imagem retiniana para inferir a distância. Objetos com imagem retiniana grande estão perto; objetos com imagem retiniana pequena estão longe. Percebendo Profundidade Indicadores de profundidade monoculares (cont.) Perspectiva linear – a impressão de aproximação/afunilamento de linhas paralelas indicam a distância dos objetos Luz e sombra – os padrões de luz e sombra revelam informações sobre profundidade e solidez, saliências e reentrâncias Gradiente de textura – com a distância são observadas mudanças graduais na textura. Percebendo Profundidade Indicadores de profundidade monoculares (cont.) Perspectiva aérea – estímulos esvoaçados, com contornos menos vívidos parecem mais distantes Interposição – quando um objeto obstrui o outro no campo de visão, sabe-se que ele está mais próximo de quem está observando Exercício Exercício 39 DESENVOLVIMENTO VISUAL Desenvolvimento visual na infância Até os dois meses de idade os bebês veem apenas sombras cinzas e preto e branco Dificuldade para coordenar os movimentos de ambos os olhos Não usam o cristalino para focalizar Recém-nascidos parecem perceber formas, pois esquadrinham contornos externos Têm preferências visuais – os rostos dos cuidadores e movimentos, por exemplo Profundidade parece ser desenvolvida muito cedo – precipício visual, mas bebês humanos parecem desenvolver o medo de altura apenas após começarem a engatinhar O que percebemos? Desenvolvimento visual após a infância Observadores adultos são como mestres enxadristas – veem relações e padrões – tempo A exposição a padrões visuais distintos Exploração dos ambientes Influências sobre a percepção humana Input sensorial Quando privados por muito tempo, as pessoas demonstram enfraquecimento auditivo e visual. Podem ter alucinações. O caminhoneiro que vê paisagens semelhantes por vários dias e horas podem ter alucinações visuais, ter dificuldades de identificar placas e animais na pista, etc. Estados Psicológicos Percepção Extra-Sensorial PES – percepção que não depende dos canais sensoriais conhecidos Telepatia – habilidade de ler os pensamentos dos outros Clarividência – ver além dos limites da visão natural Precognição – prever o futuro Ainda não se tem evidências suficientes para acreditar que a PES exista Pessoas que acreditam na PES tendem a ter resultados melhores em testes de laboratório O feedback de acertos e erros tende a melhorar o número de acertos Pessoas com excelente habilidade de reconhecer as emoções obtem bons resultados em fenômenos da PES Atenção e Consciência Atenção Atenção – capacidade de selecionar apenas alguns aspectos da experiência completa, ou seja, apenas alguns elementos dos fenômenos sensoriais Capacidade necessária à percepção – filtro de informações Seletividade – focamos apenas em alguns aspectos do todo e depois “completamos” as demais partes A atenção dividida – duas tarefas podem ser realizadas simultaneamente, dependendo do nível de atenção que exigem Fatores que atraem a atenção Os seres humanos são mais atentos ao mundo fora de si do que ao ambiente interno. Elementos novos, inesperados, intensos e mutantes tendem a captar a atenção humana mais que elementos com os quais interagimos constantemente. As necessidades, valores e interesses do sujeito podem influenciar como ele atenta para um ou outros estímulos. Evolutivamente, a atenção tem um valor importante para a sobrevivência. Ela ajuda-nos a selecionar o que é importante de ser notado. As pessoas podem perceber elementos sem que atentem ou tomem consciência deles Consciência Consciência comum no estado de vigília ou pensamento não dirigido Percepções, memórias, imagens, fantasias e ideias se misturam na consciência Influenciada pela postura – o foco no ambiente externo permite a adaptação; o foco no ambiente interno ajuda a lidar com o estresse e mantém as pessoas alertas A consciência parece ter um ritmo de cerca de 90 minutos para fantasias emocionalmente intensas; 45minutos de alerta, seguidos de 45 minutos de relativa indolência. Estados de Consciência alterados Sono Pré-sono – Estágio 0 Relaxamento muscular, menor resposividade em relação ao ambiente Ondas alfa (8 a 12 hertz) Sono NREM (sem “rapid eye moviments”) Estágio I – sono leve: é comum a ocorrência de imagens, pensamentos vagos, fragmentos de sonhos e sensações de estar flutuando Estágio 2 – sono intermediário: pode haver alucinações, espasmos mioclônicos (contrações rápidas e não coordenadas do corpo, acompanhada da sensação de estar caindo) Estágio 3 – sono profundo: mais relaxante, com ondas delta (baixa frequência e alta amplitude) Estágio 4 – sono mais profundo: sujeito dificilmente acorda, mas podem ocorrer irregularidades no sono (enurese noturna, sonambulismo, fala durante o sono e terrores noturnos) Estados da Consciência alterados Sono REM Movimentos oculares rápidos, como sonhos vívidos, com frequências de onda semelhantes ao despertar Há atividade nas áreas motoras do cérebro, mas a ponte inibe a movimentação do corpo Frequência respiratória e cardíaca ligeiramente acelerada, com secreção de hormônios adrenais e um padrão próximo à excitação sexual As pessoas tem padrões específicos de sono
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