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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE PSICOLOGIA EDUARDA VENDRAMINI MOMESSO ISABELI KAORI KIRIHARA LARA NININ GIESE LAYANE MELLO ANÁLISE DO FILME “BABIES”: A PERCEPÇÃO DE JEAN PIAGET E ERICK ERICKCON CAMPINAS 2017 2 EDUARDA VENDRAMINI MOMESSO ISABELI KAORI KIRIHARA LARA NININ GIESE LAYANE MELLO ANÁLISE DO FILME “BABIES”: A PERCEPÇÃO DE JEAN PIAGET E ERICK ERICKCON PUC CAMPINAS 2017 Relatório apresentado à disciplina Psicologia do Desenvolvimento A, da Faculdade de Psicologia do Centro de Ciências da Vida, como parte das atividades exigidas para aprovação. Responsáveis pela disciplina: Prof.ª. Dra. Amanda Muglia Wechsler Monitores: Maria Eduarda Martins e Isabelle Paiva 3 SUMÁRIO 1. JEAN PIAGET E SUA CONCEPÇÃO TEÓRICA ................................................................. 4 2. CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ......................................................... 5 a) Assimilação: ........................................................................................................ 6 b) Acomodação: ...................................................................................................... 6 3. QUATRO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL ...................................... 7 a) Estágio sensório-motor ....................................................................................... 8 b) Estágio Pré-Operatório ..................................................................................... 11 c) Estágio Operatório Concreto ............................................................................. 13 d) Estágio Operatório Formal ................................................................................ 16 4. ERICK ERICKSON E SUA CONCEPÇÃO TEÓRICA .......................................................18 5. OITO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE .............................20 6. REFERÊNCIAS .................................................................................................................23 4 1. JEAN PIAGET E SUA CONCEPÇÃO TEÓRICA Jean Piaget foi psicólogo, formado em biologia, utilizava do método de observação para entender as curiosidades sobre a natureza da mente humana (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). A revista Times o apresentou como um dos 20 cientistas e pensadores mais influentes do século XX, identificando marcos cognitivo significativo e motivadores para o interesse de pesquisas ao redor do mundo em relação ao desenvolvimento da mente humana (MYERS, D. G., 2015). Piaget (1952, 1972) acreditava que as crianças tentam buscar sentido no meio em que estão. Utilizou como base de observação os seus três filhos para desenvolver sua teoria. (Fischer & Hencke, 1996) e hoje é a teoria mais utilizada para entender o desenvolvimento cognitivo (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). Piaget dá inicio aos estudos sobre o desenvolvimento de um individuo desde o momento do nascimento até a fase adulta, usando como método principal a observação direta do meio e suas interferências. Tem como foco, estudar os processos mentais com objetivo de entender a mente e o comportamento. Em suas teorias, Piaget relaciona a mente ao funcionamento de um computador (PALANGANA, I. C., 1998). Nos primeiros anos de vida, não existe a construção de memórias pois não tem linguagem. A construção de novos conhecimentos é adaptada através de testes e experiências vivenciadas, alterando o conhecimento, e também pela observação do meio (TEIXEIRA, H., 2015). O Homem está em frequente mudança, e os primeiros anos de vida é o momento principal para construção de níveis de adaptação ao meio cada vez mais elaborada. Para tal, é preciso criar conceitos para formar uma unidade básica de características (COLL, C., 1992). 5 2. CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO A adaptação ao mundo é fundamental para o desenvolvimento saudável. Piaget nomeou de ESQUEMAS essa categorização mental, na qual inclui sensações criando conceitos. E com o tempo, os esquemas vão ficando mais sólidos, estabelecendo pontos de comparação entre dois ou mais esquemas (TEIXEIRA, H., 2015). Esses esquemas, segundo Piaget, representam o processo inicial da construção do intelecto e a evolução biológica, como etapas que vão se solidificando para o desenvolvimento de uma próxima etapa iniciar, integrando as atividades já aprendidas com outras mais complexas (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). Após o uso das experiências e momentos exploratórios, os esquemas já bem estabelecidos, o mesmo terá que ser feito com objetos e pessoas, assimilando-as às experiências já vividas. Nomeado por Piaget de processo de assimilação (PALANGANA, I. C., 1998). Um segundo momento é a Acomodação. No qual as experiências já vivenciadas são utilizadas para construção de novos conceitos. O desequilíbrio ocorre uma vez que é necessário modificar um esquema para adaptar novas características, diversificando as estruturas e melhorando a adaptação dos esquemas. Em cada fase de desenvolvimento, os esquemas ficam mais complexos, estabelecendo níveis evolutivos e estabelecendo o equilíbrio natural (COLL, C., 1992). A assimilação e a acomodação estão presentes no desenvolvimento dos bebes, vistas como estratégias existentes e criações de novas estratégias. No documentário todos os bebês dos diferentes países passam por assimilação e acomodação. Na África, Mongólia, Japão e Estados Unidos todas as crianças mostraram assimilação e acomodação (COLL, C., 1992). 6 a) Assimilação: Na África o bebe tem contando direto com o cachorro, onde o cachorro lambe-o na boca. Já Mongólia, o bebe tem contato com os animais, com o bode, gato e boi. No Japão, a mãe da bebe a leva para um roda de brincadeiras onde a professora bate palmas, e a bebe repeti os seus movimentos batendo palma também, e Estados Unidos a bebe para de mamar nos seios da mãe e substitui pelo polegar. b) Acomodação: O bebe da África manuseia as pedras como se fosse brinquedos. Já na Mongólia, o bebe usa a água como meio de diversão. No Japão, a bebe usa a cadeira como um meio de apoio para tentar se levantar do chão. E Estados Unidos, o bebe brinca sozinho tentando encaixar os objetos nas suas formas corretamente, brinquedo com forma geométrica. 7 3. QUATRO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL Segundo Piaget, as crianças se desenvolvem em quatro estágios evolutivos. Iniciando com o sensório-motor, que ocorre do nascimento até aproximadamente os 2 anos de idade (PALANGANA, I. C., 1998). Posteriormente o estágio pré-operacional no qual a criança desenvolve a fala; o estágio operatório concreto sendo o terceiro, no qual a criança já inicia na escola, aos 7 anos e vai até os 11 anos de idade, e o ultimo estágio que é o operacional formal no qual começa a adolescência e continua o desenvolvimento na vida adulta (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). Na medida em que a criança evolui um estágio, ela apresenta uma mudança fundamental de como pensa e vê o mundo (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). 8 a) Estágio sensório-motor Esse estágio dá inicio ao processo de desenvolvimentocognitivo da criança desde o nascimento até aproximadamente 2 anos de idade (MYERS, D.G., 2015). Após o nascimento até os 2 anos as primeiras adaptações do bebê são reflexivas, gradualmente, os bebês obtêm controle consciente e intencional sobre suas ações motoras. A princípio, eles agem assim para manter ou repetir sensações interessantes. Mais tarde, exploram ativamente seu mundo físico e buscam novas sensações (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). Ao longo das primeiras fases do desenvolvimento da cognição infantil parece interessar-se apenas no que eles podem perceber imediatamente, pelos seus sentidos. Os bebês nada concebem que não lhes seja imediatamente perceptíveis (COLL, C., 1992). Então Piaget, percebeu que eles não têm um senso de permanência do objeto. Criando essa teoria, pela qual os objetos continuam a existir, mesmo quando imperceptível aos bebês. Por exemplo, quando uma mãe se esconde atrás de um pano, um bebe de 4 ou 5 meses vai acreditar que ela desapareceu, já uma criança de 2 anos saberá que a sua mãe está ali, apesar de não conseguir vê-la (TEIXEIRA, H., 2015) Embora pesquisas subsequentes tenham posto em dúvida algumas de suas interpretações quanto à permanência do objeto, parece que os bebês não têm o mesmo conceito com relação à permanência de objetos que os adultos têm (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). A posse de um senso de permanência do objeto exige alguma representação mental interna de um objeto mesmo quando este não é visto, ouvido ou, de outra forma, percebido (TEIXEIRA, H., 2015). 9 O bebê não consegue ter esse apercepção, pois seus pensamentos estão concentrados apenas em percepções sensoriais e comportamentos motores. No fim do período sensório-motor, as crianças começaram a mostrar sinais de pensamento representativo (MYERS, D. G., 2015). Essa mudança para o estágio pré-operatório a criança começa a pensar sobre pessoas e objetos que não são necessariamente perceptíveis naquele momento (TEIXEIRA, H., 2015) Piaget acreditava que o padrão de capacidade progressiva para formar representações mentais internas continua ao longo da infância. Outro padrão característico do desenvolvimento cognitivo envolve a passagem progressiva das crianças de um foco sobre si próprias a um interesse nos outros. Isso é, à medida que ficam mais velhas, elas se tornam menos egocêntrica. Observe-se que o egocentrismo é uma característica cognitiva, não um traço de personalidade (MYERS, D. G., 2015). As adaptações posteriores, entretanto, envolvem também objetos do ambiente externo ao corpo do bebê. Similarmente, as primeiras representações mentais envolvem apenas a criança, mas as subsequentes abrangem também outros objetos. Piaget considerava essa tendência inicial indicativa de uma tendência mais ampla para as crianças de todas as idades tornarem-se progressivamente conscientes do mundo externo e de como os outros podem perceber esse mundo (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). No documentário Babies, pode-se observar todo o estágio sensório-motor apresentado na fase entre 0 e 1 ano de idade, onde a inteligência neste estágio esta relacionada com a resolução de problemas de ações como: conseguir se movimentar no berço, alcançar algum objeto, manuseio algum objeto com facilidade, abrir os olhos, entre outras dificuldades, como analisado no documentário todos os bebes demonstraram tal habilidades (COLL, C., 1992). 10 Na África, Mongólia, Japão e Estados Unidos os bebes abriram os olhos após três a quatro dias de seu nascimento. Podendo observar que os bebes da África logo tiveram o processo de sucção, choro, sorrisos, e bastante contato com os objetos, manuseio os, levando os em contato com a boca. Mongólia manuseio dos brinquedos levando ate a boca. Japão processo de sucção, manuseio dos brinquedos, choros, sorrisos como resposta das brincadeiras dos pais. Estados Unidos processo de sucção, sorrisos, manuseio dos livros, curiosidade em tocar nos objetos, contato com a mão da avó levando-a ate a boca. 11 b) Estágio Pré-Operatório No segundo estágio, a idade aproximada de 2 anos 6 ou 7 anos, a criança começa a desenvolver ativamente as representações mentais internas, que se iniciaram no fim do estágio sensório-motor (PALANGANA, I. C., 1998). Para Piaget a palavra operações significa as atividades lógicas e mentais, portanto o estágio pré-operatório nada mais é do que um estágio pré-lógico (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). A capacidade da criança de ter pensamento representativo, ou pensamento simbólico, como Piaget chamava, durante o estágio pré-operatório, abre o caminho para a criança criar habilidade de utilizar palavras, imagens e símbolos para representar o seu mundo (DELOANCHE, J. S., 1995). A crescente capacidade da criança de ter pensamentos simbólicos pode ser percebida quando a mesma usa fantasias e a imaginação enquanto brinca (GOLOMB, C.; GALASSO, L., 1995). Dois conceitos foram estudados por Piaget nessa fase, que são caracterizados por irreversibilidade e centração. Irreversibilidade é ausência de capacidade da criança de reverter mentalmente uma sequencia de eventos pois ela ainda não tem a capacidade lógica para efetuar tala atividade. Já a centração é a tendência de forcar em um único aspecto de uma situação, não dando importância a outros aspectos tão relevantes quanto (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). E para ilustrar esses dois conceitos, Piaget usou um experimento, que hoje é clássico de sua teoria. Como podemos observar na imagem abaixo, o experimentador apresenta dois tubos de saio idênticos, onde cada um tem a mesma quantidade de liquido, e a criança reconhece facilmente que em ambas a quantidade de liquido é igual. Depois, na frente da criança, o liquido de um dos tubos é movido 12 para um segundo tubo, mais alto e mais fino. E então é questionado para a criança: “qual dos dois tem mais?”, como qualquer outra criança nessa fase responderia: “o mais alto tem mais!” (MYERS, D. G., 2015). E esse experimento ilustra bem a incapacidade da criança, nesse estágio, de entender que o liquido conserva-se igual. O principio de conservação descreve que duas quantidades físicas iguais, permanecem iguais, ainda que a aparência mude (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). O alcance do pensamento apresenta transformações importantes, porém neste estágio a criança ainda apresenta características de comportamento pelo egocentrismo, uma vez que ela não entende a realidade na qual não faz parte, por causa da ausência de esquemas bem formados, conceituais e da lógica (TERRA, M. R., 2002). 13 c) Estágio Operatório Concreto Este estágio da início por volta dos 7 ou 8 anos e tem fim aos 11 ou 12 anos, quando a criança entra na adolescência. Neste momento as crianças tornam-se capazes de manipular mentalmente as representações internas que formaram, durante o período pré-operatório (TEIXEIRA, H., 2015). Em outras palavras, são capazes de ter pensamento lógico, são menos egocêntricas na maneira de pensar, podem reverter operações mentais. Em resumo, elas intendem o principio de conservação, no qual a mudança da forma não altera na quantidade (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). E agora não só têm ideias e memórias dos objetos, mas também podem realizar operações mentais com essas ideias e memórias. Como o próprio nome diz, nessa fase a criançaestá focada no pensamento concreto, e o pensamento e uso da lógica são limitados à realidade. Não tem a capacidade de pensar logicamente sobre situações hipotéticas ou ideias abstratas (MYERS, D. G., 2015). E mais uma vez, o Experimento de Conservação é fundamental para demonstrar que na fase Operacional Concreta as crianças tem um pensamento lógico e racional sobre a realidade. Na conservação, a criança é capaz de lembrar- se de uma dada quantidade, embora observe a mudança de aparência do objeto. Como por exemplo, o número de peças do jogo de damas ou a quantidade de líquido no tubo de ensaio (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). O que a criança no estágio Operatória Concreta pode fazer de diferente de uma que está no estágio Pré-operatória é a capacidade de manipular representações internas de objetos e de substâncias concretas, conservando, mentalmente, a noção de quantidade e concluindo que, apesar das aparências físicas diferentes, as quantidades são idênticas (TEIXEIRA, H., 2015). 14 Em primeiro lugar, a criança neste estágio já não foca mais na dimensão do recipiente ou do liquido, e agora pode perceber também a largura deste. Além disso, neste momento a criança consegue reverter às ações já efetuadas, ou seja, ela entende que as quantidades são idênticas, pois o líquido podia ser despejado novamente no recipiente original (o béquer pequeno) (MYERS, D. G., 2015). Uma vez que a criança reconheça internamente a possibilidade de reverter à ação e possa realizar mentalmente essa operação concreta, ela pode captar a implicação lógica de que a quantidade não mudou. Inicialmente elas contam com suas percepções imediatas de como as coisas parecem ser; gradualmente, começam a formular regras internas em relação a como funciona o mundo e, finalmente usam essas regras internas para orientar o seu raciocínio, em vez de apenas as aparências (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). Observe-se, entretanto, que as operações são concretas, isto é, as operações cognitivas agem sobre representações cognitivas de eventos físicos reais. O estágio final do desenvolvimento cognitivo, segundo Piaget, envolve ultrapassar tais operações concretas e aplicar os mesmo princípios a conceitos abstratos (PALANGANA, I. C., 1998) Ainda que a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta. (TERRA, M. R., 2002) 15 Além disso, conforme pontua La Taille (1992:17) se no período pré-operatório a criança ainda não havia adquirido a capacidade de reversibilidade, tal capacidade será construída ao longo dos estágios operatório concreto e formal. 16 d) Estágio Operatório Formal Neste estágio é quando inicia a adolescência, aproximadamente dos 11 ou 12 anos de idade até a fase adulta. Neste momento o pensamento é mais sistemático e lógico, e acriança já está preparada para resolver problemas, operações mentais sobre abstrações e símbolos que podem não ter formas concretas ou físicas (HOCKENBURY, D.H; HOCKENBURY, S. E., 2003). O pensamento reflete a habilidade de pensar de forma lógica, mesmo lidando com conceitos abstratos ou situações hipotéticas. Neste momento a criança, no estágio operacional formal já consegue analisando os fatos desta forma (PIAGET, J., 1952). Além do mais, as crianças começam a compreender algumas coisas que elas mesmas não tinham experimentado diretamente. Durante o estágio de operações concretas, elas começam a ser capazes de ver a perspectiva dos outros, se a perspectiva alternativa pode ser manipulada concretamente (TEIXEIRA, H., 2015). Neste momento as crianças conseguem sentir empatia ou perceber o que as outras estão sentindo. Também conhecida como Teoria da Mente, criada por David Premack e Guy Woodruff, com o objetivo de descrever a capacidade de interpretar intenções. (MYERS, D. G., 2015) Neste momento elas já tem maturidade para imaginar como outra criança pode ver uma cena, quando sentam em lados opostos de uma mesa onde a cena é exibida. A capacidade de realizar operações smentais, pensar simbolicamente e perceber a coisas a partir da visão do outro já estavam presentes dentre as capacidades da criança no estágio anterior, porém essas capacidades se desenvolvem gradualmente, o que torna uma criança de 11 anos muito mais receptiva do que uma de 7. (MYERS, D. G., 2015) 17 Durante as operações formais elas são completamente capazes de adotar outras perspectivas além das suas próprias, mesmo quando não estão trabalhando com objetos concretos (TEIXEIRA, H., 2015). Além disso, nesse estágio as pessoas procuram criar uma representação mental sistemática das situações com as quais se deparam. Piaget usou diversas tarefas para demonstrar o ingresso nas operações formais. Como por exemplo, a variações em combinações (TEIXEIRA, H., 2015). 18 4. ERICK ERICKSON E SUA CONCEPÇÃO TEÓRICA Erick Erickson foi um psicanalista americano, elaborou a teoria do desenvolvimento psicossocial que envolve oito estágios. Ao contrário do psicanalista Freud, ele diz que as mudanças e o crescimento percorrem durante todo ciclo vital, além disso ele conta com a influência do ambiente para a evolução das fases. A vantagem de sua teoria é que ela é propensa de aprofundamentos empíricos e é facilmente associada à outras teorias (COLL, C., 1992). À medida que cada estágio avança existe um conflito para ser resolvido, seja ele de forma positiva ou negativa. Se esta solução for positiva ocasionará na saúde mental do indivíduo, porém se for negativa haverá a inadequação dos seus comportamentos, causando o desajustamento. Todos os estágios são dependentes um dos outros, se uma criança passa de forma negativa em alguma fase, para ocorrer a progressão adequada do próximo estágio é necessário solucioná-la (COLL, C., 1992). 19 Êxito Fracasso Confiança Desconfiança Tem confiança na mãe ou no principal cuidador O cuidado foi errático ou áspero Tem confiança na própria capacidade de fazer as coisas acontecerem Cuidador responde de maneira predizível, confiável e amorosa Autonomia Vergonha e Dúvida Fase em que a criança tem maior mobilidade, como caminhar, agarrar objetos Experienciar muitos fracassos Recebeu treinamento esfincteriano adequado Esforços de independência guiado pelos pais Sente-se independente Desenvolve suas capacidades Iniciativa Culpa Capaz de fazer planejamentos Punição rigorosa dos pais Tomar inciativa para atingir objetivos Risco de ir longe demais na agressão Conflito Edípico Inibição Atividade Inferioridade Absorver todas as habilidade e normas básicas da cultura Incapaz de desenvolver habilidades esperadas Gosta de realizar coisas como jogos e competições Necessidade de obter aprovação através de habilidades escolares Identidade Confusão de papéis Identificação grupal Amor Adolescente Busca de novos valores Conflito nessa fase devido aos vários papéis que surgem Initimidade sexual Segurança e independência Capaz de aprender muito Sabe que é e o que quer na vida Intimidade Isolamento Estabelecer um ou mais relacionamentos íntimos que vão além do amor adolescente Dificuldade em relacionar-se Casar Formar grupos familiares Criatividade Estagnação Gerar e criar filhos Improdutivo Centrar-sena realização ou criatividade profissional Egocêntrico Integridade do ego Desespero Integrar estágios anteriores Chegar a um acordo com a identidade básica Aceitar o self, aceita sua existência como algo valioso Satisfeito com a vida Faixa Etária Resolução da crise Núcleo de relações significativas 0 - 1 anos Mãe ou principal cuidador Apego inseguro Apego Seguro Retraído ou desprotegido 2 -3 anos PaisOrientação inadequada dos pais em relação à esforços de independência Demasiado controle dos pais 4 - 5 anos Família Imaginação 41 - + anos Sociedade e "eu" Teme a morte Considera que a vida foi tempo perdido 6 - 12 anos Escola Sem iniciativa 13 - 18 anos Colegas e Amigos Não sabe o que quer Não consegue situar-se nas questões da sexualidade e da sociedade 19 - 25 anos Parceiros Relações instáveis ou problemáticas 26 - 40 anos Família e atividades profissionais 20 5. OITO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE No primeiro estágio o bebê é dependente de sua mãe ou de seu cuidador para a satisfação das suas necessidades básicas, incluindo alimentação, carinho, higiene e cuidados em geral. Contudo é nessa fase que se estabelece um apego seguro ou inseguro que influenciará diretamente na confiança e desconfiança de relacionamentos pessoais e futuros (COLL, C., 1992). No próximo estágio a criança já está por volta de dois a três anos de idade, ou seja, tem mais independência na questão da mobilidade podendo já caminhar, agarrar objetos, desenvolvendo a fala, e aprendendo a controlar os esfíncteres. Caso a criança seja bem-sucedida nesta fase ela ganhará autonomia, e o contrário terá sentimento de vergonha (BEE, B., 2011). No terceiro estágio, a criança é capaz de fazer escolhas próprias e planejamentos, senão provocará sentimento de culpa. Na quarta fase a criança já está no processo de escolarização, podendo se sentirem aptas a realizar atividades escolares, porém se houver insucesso nessas atividades ela poderá sentir-se inferiorizada (BEE, B., 2011). O quinto estágio é a fase de transição da infância para a adolescência, em que Erickson criou o termo “crise da adolescência”. Pois é uma fase muito conturbada, onde os indivíduos precisam fazer escolhas profissionais e estudantis, se identificar em um determinado grupo que contenham características e atitudes semelhantes, buscam também por questões amorosas, afloram-se suas intimidades sexuais e alcançam novos valores culturais (BEE, B., 2011). No sexto estágio o adulto já está preparado para ter um grande vínculo com outras pessoas, podendo ou não formar novos grupos familiares, entretanto se isso não ocorrer a tendência de isolamento será maior (BEE, B., 2011). 21 O sétimo estágio além do adulto formar seus grupos familiares, seu objetivo está em conquistar seus objetivos profissionais, gerando uma criatividade, ao contrário disso o indivíduo pode estagnar em sua vida profissional (MYERS, D. G., 2015) Por fim o último estágio é a integração das fases anteriores, se for seja bem- sucedido conseguirá enfrentar o fim da vida bem, senão temerá a morte (MYERS, D. G., 2015) A concepção de Erickson em relação ao documentário babies pôde ser observado apenas o primeiro estágio de sua teoria do desenvolvimento psicossocial, pois foi relatado a criação de quatro bebês de diferentes culturas, desde o nascimento até por cerca de um ano de idade. Sendo o foco maior para a questão do apego e das descobertas de estímulos a coisas novas (COLL, C., 1992). Na América a presença dos pais e familiares são constantes para o bebê, é visto que há um momento em que a avó dá atenção e brinca com a suposta neta; o pai tem grande contato físico e afetivo, tomando banho com sua filha; e mãe foi observada como a principal cuidadora, alimentando-a, dando carinho e amor. Sendo isso essencial para um bom desenvolvimento infantil. A todo momento são oferecidos estímulos para essa criança que tem a capacita de confiança nos seus próprios comportamentos e descobertas, ademais de frequentar um ambiente para um convívio social infantil, toma iniciativa para brincar sozinho, como quando está pulando no “andador”, possui incentivos para manipular livros e aprende coisas consideradas básicas, como descascar uma banana. Como conclusão podemos considerar que o bebê americano estabelece confiança em suas atitudes e relacionamentos. Na Mongólia desde o nascimento do filho o pai não tem um contato afetivo constante e a criança permanece muito tempo sozinha, muitas vezes com limitações para se deslocar-se. O irmão mais velho não tem um bom relacionamento com ele que frequentemente bate, briga e irrita o bebê. Ele não possui muito contato com ambientes tecnológicos, e no documentário sua mãe só aparece para suprir suas 22 necessidades básicas. Contudo quando ele aprende a engatinhar, começa a explorar o ambiente em que vive criando uma certa independência. Consequentemente pode-se concluir que a falta do apego do cuidador pode influenciar na desconfiança, porém não se pode rejeitar o fato que ele consegue por si só a descobrir novas coisas. Na África foi observado que é o bebê que mais possui apego e confiança. A presença de sua mãe e de outras crianças é extremamente permanente, recebendo atenção da mãe sempre que possível, como a amamentação, e os cuidados com a higiene, como cortar o cabelo do seu filho e limpar as fezes dele em sua perna. Apesar do contato de sua cuidadora ser constante ela permite que o seu filho explore o ambiente em que vive, como comer coisas do chão, tomar água de poças e tendo contato com animais. Foi percebido que o bebê possui mais confiança em relação aos outros do documentário, o que será muito positivo para o seu crescimento futuro. No Japão é visto que há um bom relacionamento entre o bebê e seus pais, que lhe dão além de necessidades básicas, conforto e carinho. Ele tem um bom convívio fora de sua casa, frequenta creche, passeia no parque, vai à loja de brinquedos, onde é incentivado a explorar mais, além de ter grande contato com outras crianças. Se mostra curioso e confiante em suas ações e descobertas. Por fim, conclui-se que a presença dos pais ou dos cuidadores é indispensável para a construção da confiança, não apenas em relacionamentos, mas também em atitudes, e o convívio com outras pessoas. Como este é o primeiro estágio de Erickson é preciso solucioná-lo seja com a desconfiança ou confiança para prosseguir os outros estágios que persistirão por todo ciclo vital (BEE, B., 2011). 23 6. REFERÊNCIAS 1. BEE, H; BOYD, D., A criança em desenvolvimento. 12ª ed., Porto Alegre, Artmed, 2011. 2. COLL, C; PALACIOS, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia evolutiva, v1. 2ª ed., Porto Alegre, Artmed, 2004. 3. HOCKENBURY, D. H.; HOCKENBURY, S. E. Descobrindo a Psicologia. Barueri: Manole, 2003; p. 341 – 346. 4. MYERS, D. G. Psicologia. 9º ed. Rio de Janeiro: Diagrama Ação, 2015; p. 135 – 142. 5. PALANGANA, I. C. Desenvolvimento & aprendizagem em Piaget e Vygotsky (A referencia do social). 2º ed. São Paulo: Plexus Editora, 1998; p. 70 – 84. 6. TEIXEIRA, H. Teoria do Desenvolvimento Cognitivo de Jean Piaget. 2015. Disponível em:<http://www.helioteixeira.org/ciencias-da-aprendizagem/teoria-do- desenvolvimento-cognitivo-de-jean-piaget/> 16/05/2017. 7. TERRA, M. R. O desenvolvimento humano na teoria de Piaget. 2002. Disponível em:<http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm#ftnref2> 16/05/2017 8. IMAGEM: https://www.emaze.com/@AZOWWWOT/Jean-Piaget
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