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As influências da fenomenologia e do existencialismo na psicologia

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Rubian Ribeiro Machado - RA: 1001754211
As influências da fenomenologia
e do existencialismo na psicologia
A fenomenologia
EDMUND HUSSERL (1859-1938). Nasceu em Prossnitz, na Morávia (República Tcheca). Foi aluno de Brentano na Universidade de Viena e lecionou nas Universidades de Halle, Gotinga e Freiburg. É o fundador da corrente fenomenológica.
 O pensamento de EDMUND HUSSERL (1859-1938) deu origem a uma das mais férteis correntes da filosofia moderna, a fenomenologia. Essa corrente influenciou decisivamente o movimento filosófico e cultural que se propagou na Europa após o fim da Segunda Guerra Mundial, conhecido como existencialismo
 Segundo ele, a “atitude natural”, que inclui tanto a atitude científica quanto a do senso comum, considera as coisas como existentes em si mesmas, independentemente de sua relação com uma consciência. Contrariamente, a “atitude fenomenológica”, ou filosófica no sentido próprio, deve ater-se apenas àquilo que se dá à experiência, tal como se dá: o que chamamos de fenômeno.
 Assim, a fenomenologia de Husserl, enfatiza a prioridade da intuição sobre o pensamento conceitual. A intuição é a via de acesso ao fenômeno. O procedimento intuitivo é considerado como o elemento essencial da atitude filosófica. 
 A fenomenologia pode ser compreendida como a descrição das estruturas gerais da consciência. A partir da fenomenologia “pura” de Husserl, muitos pesquisadores desenvolveram aplicações “regionais” do método fenomenológico, dirigidas a dimensões específicas da correlação entre o sujeito e o mundo: as fenomenologias da percepção, da imaginação, da emoção, da linguagem, bem como as fenomenologias das religiões, das relações interpessoais, dos distúrbios psíquicos etc. 
 A influência da fenomenologia no campo das ciências humanas é bastante vasta e heterogênea, incluindo disciplinas como a história, a sociologia, o direito, a antropologia e a psicologia. De um modo geral, a grande contribuição da fenomenologia a essas ciências é a de fornecer um modelo de descrição e compreensão de sentido próprio para a abordagem dos fenômenos que dizem respeito ao espírito, ao contrário do modelo de “explicação causal” empregado pelas ciências da natureza.
O existencialismo
O existencialismo enquanto movimento filosófico e cultural surge no período entre as duas guerras mundiais, de 1918 a 1945, no eixo intelectual entre a Alemanha e a França. Seu principal articulador é o filósofo francês Jean-Paul Sartre. Apesar de possuir uma temática bastante característica e um modo próprio de abordagem, o existencialismo abarca um leque heterogêneo de ideias e pensadores. Iniciemos nossa aproximação compreendendo a origem da oposição tradicional entre os termos “essência” e “existência”, a partir da qual se derivou a expressão existencialismo.
 A tradição metafísica, que sempre buscou fundamentar a realidade a partir de ideias abstratas e universais, através da construção de sistemas filosóficos, encontrou, no século XIX, dois críticos de grande importância, considerados precursores do existencialismo moderno; são eles FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900) e SÖREN KIERKEGAARD (1813-1855). Kierkegaard elaborou seu pensamento filosófico numa referência de oposição direta à filosofia idealista de Hegel (1770-1831), que pode ser considerado o último grande representante e o ápice da tradição essencialista. O indivíduo não pode, segundo Kierkegaard, ser explicado a partir de nenhuma essência universal. O ser do homem consiste em sua própria existência singular, sua subjetividade, que é pura liberdade de escolha. Por isso a filosofia não se reduz à construção de sistemas abstratos, à especulação conceitual e à descrição de essências ideais; filosofar é afirmar a existência enquanto liberdade e assumir a responsabilidade pelas próprias escolhas. 
 Para Heidegger, foi Kierkegaard quem analisou com maior profundidade alguns dos fenômenos fundamentais da existência, tais como a angústia e a temporalidade enquanto instante de decisão. Heidegger tem um papel fundamental na articulação entre fenomenologia e existencialismo. Para ele, não é suficiente voltar-se para a existência singular em suas circunstâncias sempre específicas a cada situação histórica concreta. É preciso elaborar uma interpretação ontológica do existir humano em geral, isto é, uma interpretação que diga respeito às estruturas que constituem o ser do homem enquanto existente.
 Tendo sofrido forte influência dos pensamentos de Husserl e de Heidegger, foi Sartre quem elaborou uma ontologia e uma antropologia existencialistas, no sentido mais próprio do termo. Esse filósofo, militante da resistência francesa à ocupação alemã, publicou em meio à Segunda Guerra Mundial, em 1943, sua obra de maior projeção, O ser e o nada, cujo subtítulo é “Ensaio de ontologia fenomenológica”. Logo de início, Sartre divide os entes em duas regiões ontológicas radicalmente distintas, segundo os seus modos de ser: o “ser em si” e o “ser para si”. O “em si” (en-soi) diz respeito às coisas em si mesmas, fora de qualquer relação com a consciência, fora, portanto, de qualquer relação de sentido. O “para si” (pour-soi) é o mundo da consciência, diz respeito à existência, no sentido específico que lhe dá o existencialismo. A distinção entre o “em si” e o “para si” possui analogia com a diferença que o existencialismo estabelece entre “ser” e “existir”.
A psicologia humanista
 O termo “humanismo” surgiu no Renascimento entre o final do século XIV e o início do século XV, e denominava tanto um aspecto literário, os escritores clássicos, quanto um viés filosófico, preocupando-se com o valor do homem e a tentativa de compreendê-lo em seu mundo. Apesar do caráter recente do termo, podemos encontrar uma história mais longa para o humanismo, associando-o a todo movimento que procure pensar o homem a partir do que mais o caracteriza. Sartre, por exemplo, define o “humanismo” como qualquer doutrina que pense o homem tomando como critério aquilo que o diferencia de qualquer outro ser, ou ainda, que entenda o homem na sua existência própria. Neste aspecto, o movimento humanista teria começado na Grécia do século V a.C., com os Sofistas, principalmente, com o primeiro deles, Protágoras de Abdera.
 Platão, em vários dos seus Diálogos, critica os sofistas por ensinarem um falso conhecimento: o conhecimento apenas do que muda (a sociedade, a cidade). O conhecimento verdadeiro seria eterno e imutável. Para Aristóteles, os sofistas não falavam da realidade, de maneira que o que diziam não poderia ser demonstrado, portanto estavam distantes de qualquer conhecimento verdadeiro.
 Durante toda a Idade Média, manifesta-se um humanismo de natureza cristã, para o qual o valor do homem é dado na semelhança com Deus. No Renascimento, “o REALISMO ARISTOTÉLICO” até então prevalecente foi profunda e definitivamente abalado. O conhecimento não era imposto ao homem pelo cosmo, o conhecimento era humano, criação do homem. Mais modernamente e de um ponto de vista individualista, René Descartes (1596-1650), JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778) e Imannuel Kant (1724-1804), nos séculos XVII e XVIII, cada um a seu modo, deram contribuição fundamental à compreensão da especificidade do homem, sem deixar de incluir uma discussão sobre o seu valor. É neste sentido que Ferry e Renaut (1992) definem o humanismo contemporâneo como a “concepção (e a valorização) da humanidade em sua capacidade de autonomia – eu quero dizer que o que constitui a modernidade é a maneira como o homem vai se pensar como fonte de suas representações e de seus atos, como seu fundamento (sujeito) ou ainda como seu autor”. Esta concepção determinou uma série de movimentos nos séculos XIX e XX, dentre os quais o mais importante foi o Declaração dos Direitos Humanos.
A Declaração Universal
dos Direitos do Homem
 A psicologia humanista surgiu no bojo de um movimento mundial mais amplo que consistiu, poder-se-ia dizer, na valorização do ser humano – de cada ser humano, não somente de alguns. O ápicedesse movimento foi a Declaração Universal dos Direitos do Homem, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948 e que representou a aceitação universal do HUMANISMO JURÍDICO e a consequente recusa do DIREITO NATURAL como fundamento das leis que regeriam as relações entre os homens em todo o mundo. Duas consequências muito importantes daí decorrem: primeira, direitos iguais para todos pressupõe igualdade entre todos (a desigualdade, inversamente, permite e autoriza a diferenciação de direitos). Segunda, e pressuposta na primeira: não há, entre as características especificamente humanas, nenhuma diferença essencial, o que significa que o ser humano não está determinado por nenhuma condição – seja cultural, geográfica, histórica ou biológica.
O movimento da psicologia humanista
 A psicologia humanista foi gestada durante a década de 1930 nos EUA e teve seus primeiros trabalhos publicados a partir dos anos 1940. Entretanto, foi na década seguinte que esse movimento obteve seu reconhecimento. Os autores que podem ser apontados como iniciadores do movimento humanista em psicologia são ABRAHAM MASLOW, GARDNER MURPHY, GORDON W. ALLPORT e CARL ROGERS. 
 O que é comum aos autores da psicologia humanista é a busca de novos modelos em relação ao ser humano pelo desacordo com aqueles então vigentes e com o determinismo a eles intrínseco. Neste sentido, Maslow critica o determinismo em psicologia e afirma que a pessoa sadia é capaz de transcender a cultura e as condições da sociedade e renovar valores. Murphy fala de um “determinismo frouxo” em oposição a um “determinismo estrito”, que para ele seria fatalismo. Entende que “quanto mais plenamente desenvolvemos a compreensão de nossa situação como pessoa, mais provável é atingirmos um tipo de liberdade que significa alguma coisa, que seja uma consideração inteligente e ponderada de opções e uma seleção de opções que seja realista” (Murphy, citado por Frick, 1975: 77).
 Allport, por seu lado, propôs o conceito de “autonomia funcional dos motivos”, segundo o qual o homem não é um ser reativo, mas ativo. Assim, são os motivos atuais, e entendidos estes do ponto de vista psicológico, que determinam o comportamento humano, e não qualquer fator passado. Rogers, por sua vez, concordou com os autores citados acima e afirmou a liberdade essencial do indivíduo em face de qualquer forma de determinação, seja social, biológica ou histórica. Para esse autor, a liberdade e a possibilidade de transcendência de condições desfavoráveis de qualquer natureza são dadas por relações pessoais favoráveis. Porém, tais relações são somente facilitadoras e não determinantes.
 Rogers propõe uma forma de psicoterapia que, atualmente, pela sua amplitude, é chamada abordagem centrada na pessoa, na qual dá relevo à autonomia da pessoa, e não ao papel do psicoterapeuta. Além da psicoterapia, ela abrange também o ensino, o “ensino centrado no aluno”; o trabalho com organizações, usando o “grupo de encontro”; e o trabalho com comunidades, usando o que ficou convencionado chamar de “grupão”, grupos de encontro com mais de cem ou duzentas pessoas, como já foram realizados aqui no Brasil.

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