Buscar

ANATOMIA E FISIOLOGIA CEREBELAR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Divisões do Cerebelo 
 
Divisão anatômica: o cerebelo divide-se em vérmis e 
hemisférios. 
 
Divisão ontogenética está baseada no desenvolvimento 
do homem. 
 
A 1ª fissura a surgir durante este desenvolvimento é a 
fissura póstero-lateral, que separa o lobo floco-nodular 
do restante do corpo. 
A 2ª fissura é a prima que separa o lobo anterior do lobo 
posterior. 
 
Divisão longitudinal: divide-se numa zona medial, uma 
zona intermédia e uma zona lateral. 
A zona medial, ímpar, corresponde ao vérmis. De cada 
lado está a zona intermédia paravermiana. A zona 
lateral corresponde à maior parte dos hemisférios. 
 
Divisão filogenética: divide-se 
em arquicerebelo (corresponde ao lobo floco-nodular), 
paleocerebelo (corresponde ao lobo anterior, à 
pirâmide e úvula – região do vérmis – segundo Ângelo 
Machado) e neocerebelo (corresponde ao restante dos 
hemisférios cerebelares) . 
Esta divisão é de grande importância para a localização 
das síndromes cerebelares. Para compreender esta 
divisão é preciso ter alguns conhecimentos sobre a 
filogênese do órgão que compreende 3 fases: 
 
A 1ª fase de evolução surgiu com os vertebrados 
primitivos , como a lampréia. 
Estes animais não possuem membros e tem 
movimentos ondulatórios. 
Há a necessidade de se manterem em equilíbrio em 
meio líquido. 
O cerebelo coordena a atividade muscular para assim 
manter o equilíbrio. Para isto, recebe impulsos vindos 
dos canais semicirculares localizados na parte 
vestibular do ouvido interno. 
O cerebelo que surge nesta fase é o arquicerebelo ou 
cerebelo vestibular relacionado à manutenção do 
equilíbrio. 
 
O cerebelo da 2ª fase é o paleocerebelo ou cerebelo 
espinhal, chamado assim pois mantém conexões com 
a medula espinhal. 
Esta fase surgiu com os peixes que já possuem 
membros e receptores denominados fusos 
neuromusculares e órgãos neurotendinosos. 
Esses receptores originam impulsos proprioceptivos, 
que informam sobre o grau de contração dos músculos, 
permitindo que o cerebelo controle o tônus muscular e 
mantenha uma postura adequada. 
 
A 3ª fase corresponde ao surgimento, com os 
mamíferos, do neocerebelo ou cerebelo cortical. 
Nesta fase foi desenvolvida a capacidade de usar os 
membros para movimentos delicados e assimétricos. 
Para isto, ou seja, para manter o controle dos 
movimentos finos, esta parte do cerebelo mantém 
conexões com o córtex cerebral. 
 
 
 
 
Córtex cerebelar 
 
Possui três camadas distintas: 
 
 Camada molecular– é a mais externa e 
formada por células estreladas e células em 
cesto. 
 Camada das células de Purkinje – localiza-se 
entre as outras duas, ou seja, é subsequente à 
camada molecular. É composta pelas células 
de Purkinje que são os maiores neurônios do 
SNC. 
 Camada granular – é a mais interna, sendo 
formada por células granulares e células de 
Golgi. 
 
Circuito intrínseco 
 
Este circuito intrínseco do cerebelo permite que 
informações cheguem a este órgão oriundas de vários 
setores do SN agindo inicialmente sobre os núcleos 
centrais de onde saem as respostas eferentes do 
cerebelo. 
A atividade desses neurônios é, por sua vez, modulada 
pela ação inibitória das células de Purkinje. 
O circuito formado pela união das células granulares 
com as de Purkinje é modulado pela ação de três outras 
células inibidoras: Golgi, células em cesto e as 
estreladas. 
 
Circuitos extrínsecos 
 
O cerebelo recebe informações de variados setores do 
SN. Estas chegam através de inúmeras fibras nervosas 
que formam as conexões aferentes cerebelares. As 
informações ou impulsos nervosos que chegam ao 
cerebelo através dessas fibras são processadas e 
originarão respostas que vão influenciar os neurônios 
motores através do sistema de fibras eferentes. 
Diferentemente do cérebro, o cerebelo influencia os 
neurônios motores do seu próprio lado. Todas as vias, 
aferentes e eferentes, quando não são homo laterais 
sofrem um duplo cruzamento. 
Iremos estudar a seguir a origem , o trajeto e o destino 
dessas fibras que é de grande importância para a 
compreensão da fisiologia e patologia desse órgão. 
 
Vias aferentes 
 
 São fibras trepadeiras ou musgosas. 
 As fibras trepadeiras se distribuem a todo o 
córtex cerebelar e se originam no núcleo olivar 
inferior. 
 As fibras musgosas são o maior tipo individual 
de estímulo para o cerebelo, embora, 
individualmente, influenciem apenas uma 
pequena área do córtex cerebelar. 
 As fibras musgosas partem da medula (do 
núcleo de Clarke e do cuneiforme acessório), 
dos núcleos vestibulares e dos núcleos 
pontinos. 
 Fibras espino-cerebelares – partem do núcleo 
de Clarke situado na zona intermédia entre C8 
e L2 e do cuneiforme acessório. 
 Fibras vestíbulo-cerebelares – são fibras que 
se originam nos núcleos vestibulares e que 
conduzem informações originadas na parte 
vestibular do ouvido interno sobre a posição da 
cabeça para o arquicerebelo. 
 Fibras córtico-ponto-cerebelares - os núcleos 
pontinos retransmitem informações do córtex 
de todos os lobos cerebrais para o 
neocerebelo. Os axônios descendentes 
passam pela cápsula interna e pela base do 
pedúnculo cerebral para sinaptizar nos núcleos 
pontinos. Na ponte sofrem uma decussação e 
penetram no cerebelo através do pedúnculo 
cerebelar médio. 
 
Vias eferentes 
 
 As fibras eferentes partem dos núcleos 
centrais, os quais recebem axônios das células 
de Purkinje de cada uma das três zonas 
longitudinais do córtex cerebelar. 
 Algumas células de Purkinje do arquicerebelo 
enviam axônios diretamente para os núcleos 
cerebelares através do pedúnculo inferior. 
 Devido a isso, os núcleos cerebelares são 
considerados equivalentes anatomicamente 
aos núcleos cerebelares profundos. 
 Conexões eferentes da zona medial – os 
axônios das células de Purkinje da zona medial 
sinaptizam nos núcleos fastigiais de onde parte 
o tracto fastígio-bulbar. Este possui dois tipos 
de fibras: fastígio-vestibulares e fastígio-
reticulares. 
 Conexões eferentes da zona intermédia - os 
axônios das células de Purkinje dessa zona 
sinaptizam no núcleo interpósito que envia 
fibras para o núcleo rubro e para o tálamo do 
lado oposto (núcleo ventrolateral). 
 Conexões eferentes da zona lateral - os 
axônios das células de Purkinje dessa zona 
irão sinaptizar no núcleo denteado. Daí, os 
impulsos seguirão para o tálamo do lado oposto 
e daí para as áreas motoras cortoicais. 
 
Funções cerebelares 
 
 A principal característica funcional do cerebelo 
é sua capacidade moduladora da atividade 
motora. 
 Ele modula a atividade motora através da 
codificação de alterações da freqüência de 
descarga de potenciais de ação dos núcleos 
cerebelares. 
 Cada parte funcional do cerebelo (arqui, paleo 
e neocereblo) está relacionada com um 
parâmetro da função motora, e cada parte 
utiliza núcleos cerebelares específicos. 
 O cerebrocerebelo (neo) está mais relacionado 
com o planejamento motor e utiliza o núcleo 
denteado. 
 O espinocerebelo (paleo) se relaciona com a 
coordenação e correção do movimento e utiliza 
o núcleo interpósito. 
 O vestíbulo-cerebelo se relaciona com a 
manutenção do equilíbrio e da postura durante 
todo o processo. 
 Início e planejamento – o neocerebelo é o 
iniciador da atividade motora. 
 Sinais corticais com a "intenção" do movimento 
chegam ao cerebelo e aí são processados 
(cerebrocerebelo + núcleo denteado). 
 Depois dessa elaboração, a informação vai 
retornar ao córtex cerebral, passando pelo 
tálamo e só então o movimento propriamente 
dito tem início (através do tracto córtico-
espinhal). 
 Coordenação e correção – a ação motora 
provoca sinais aferentes ao cerebelo. 
 Estes sinais chegam principalmente pelos 
tractos espino-cerebelares que em geral se 
dirigem principalmente ao córtexdo espino-
cerebelo e ao núcleo interpósito. 
 Esse núcleo vai, então, comparar o plano motor 
feito pelo denteado com o ato que está sendo 
executado e fazer as correções devidas. 
 A informação vai retornar ao córtex motor ou ao 
núcleo rubro, e através dessas estruturas vai 
ocorrer a modulação do ato motor. Após o seu 
início (via tratos córtico-espinhal e rubro-
espinhal) 
 Equilíbrio e postura – independentemente de 
estarmos parados ou em movimento, estamos 
sempre mantendo o equilíbrio e a postura 
necessária para executarmos qualquer 
atividade. 
 O cerebelo participa disso através da 
modulação das informações, relacionadas com 
a localização das partes do corpo, que chegam 
ao arquicerebelo. 
 Depois de elaboradas, o cerebelo envia 
informações através dos núcleos fastigiais ou 
diretamente através das células de Purkinje 
para os núcleos vestibulares e os núcleos da 
formação reticular do tronco cerebral. 
 Daí partem os tratos reticulo e vestibulo-
espinhal que inervam a musculatura proximal e 
do esqueleto axial mantendo a postura. 
 Controle do tônus muscular – os núcleos 
cerebelares, principalmente o denteado e o 
interpósito, mantém os músculos do corpo em 
atividade espontânea mesmo na ausência de 
movimento. Isso mantém o tônus. 
 A influência aos neurônios motores é feita 
através do trato córtico-espinhal e rubro-
espinhal. 
 Plasticidade motora e aprendizado – nós 
sabemos que à medida em que repetimos uma 
determinada atividade várias vezes, ela passa 
a ser realizada de maneira cada vez mais 
rápida e eficaz. 
 Esse mecanismo envolve o cerebelo e as fibras 
trepadeiras olivo-cerebelares que são capazes 
de armazenar respostas motoras já realizadas. 
 Estas estruturas participam também da 
plasticidade, que é basicamente a capacidade 
de adaptação que temos quando ocorre 
alterações da situação motora. 
 Por exemplo, quando vamos apanhar um 
objeto e ele se move subitamente, 
automaticamente nos adaptamos e vamos ao 
encontro do objeto na sua nova localidade

Outros materiais