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THAÍS DOS SANTOS MORAES O EXPERIMENTO DE MILCHELSON-MORLEY E O ÉTER Disciplina: Laboratório de Física Moderna Prof. Américo Tsuneo Fujii Londrina 2017 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo informar sobre o contexto da física no início do século XX, onde os cientistas acreditavam que tudo estava imerso em um fluido conhecido como éter e como a luz se comportava nesse meio. Apresentará também o experimento de Michelson-Morley que foi de extrema importância para compreender este problema. 2. CONTEXTO HISTÓRICO No início do século XX a física apresentava um cenário muito satisfatório. Com a mecânica e o eletromagnetismo juntos com os métodos matemáticos, conseguiam descrever fenômenos passados, presentes e futuros na natureza. Neste cenário, Lorde Kelvin, em 1900, disse que a física estava a duas “nuvens negras” de ser uma teoria “terminada”. Estas nuvens seriam: a catástrofe do ultravioleta, onde as equações previam uma emissão de corpo com intensidade extrapolada para comprimentos de onda muito pequenos (Fig.1). E a falha na detecção do éter pelo experimento de Michelson-Morley (1897), esta será melhor explorada neste trabalho. Figura 1 – Gráfico da intensidade em função do comprimento de onda da emissão de um corpo negro. Logo no início do século XX foram encontradas as soluções para estes dois problemas. A solução do primeiro se deu com a proposta de Planck para a discretização dos níveis de energia do corpo negro e, consequentemente, o surgimento da Mecânica Quântica. Já a solução do segundo problema deu origem a Teoria da Relatividade. A necessidade de um referencial para o qual as leis do eletromagnetismo fossem válidas foi percebido desde o início da teoria. Entretanto isso não foi considerado um grande problema, pois, desde o século XII acreditava-se que não existia o vácuo e que todo espaço não preenchido por partículas era preenchido por uma substância chamada éter. Com o desenvolvimento das equações de Maxwell e a constatação da luz ser uma onda eletromagnética, veio a necessidade de medir a velocidade da Terra em relação ao éter, pois este seria o meio de propagação da luz e o referencial absoluto onde as leis do eletromagnetismo funcionariam corretamente. Muitos experimentos foram feitos para tentar medir a velocidade de uma região da Terra em relação ao éter, mas o de Michelson-Morley teve um grande destaque devido a sua precisão. 3. O EXPERIMENTO DE MICHELSON-MORLEY O experimento consiste em um feixe de luz coerente que é dividido por um espelho semitransparente (ou seja, uma parte da luz é refletida e a outra atravessa o espelho). Os dois feixes que se separaram são então refletidos pelos espelhos que distam da mesma distância L e se recombinam onde são analisados em um anteparo. É importante ressaltar que e todo o aparato está sobre uma “piscina” de mercúrio, para diminuir os erros experimentais referentes ao atrito (Fig.2). Figura 2 – Representação do experimento de Michelson-Morley. Figura 3 – Feixe de luz sendo refletido por vários espelhos (ilustração da montagem real). Vários ajustes tiveram de ser feitos neste experimento, pois qualquer vibração externa defasaria as franjas. Além da piscina de mercúrio, o experimento, na verdade, era composto de vários espelhos para que a luz percorresse um caminho maior (Fig. 3) em vista de aumentar a precisão. Imaginando que a luz se propaga no éter e que este está em repouso em relação à Terra, ambos os feixes percorrerão a mesma distância e se recombinarão de forma construtiva. Agora, se a luz se propaga no éter (como o som se propaga no ar) e o éter se move com uma velocidade v com relação à Terra, os feixes percorrerão distâncias diferentes e se recombinarão defasados. Figura 4 – Interferômetro em instantes to e t. Utilizando o diagrama da Fig.4 e supondo que a Terra se move em relação ao éter com velocidade 𝑣, tem-se que o feixe que se move na direção C (perpendicular a 𝑣) percorrerá uma distância: 𝑑𝐶 2 = 𝐿2 + (𝑣. 𝑡𝐶) 2 Se 𝑐 é a velocidade da luz, tem-se: 𝑑𝐶 = 𝑐. 𝑡𝐶 (01) Igualando 𝑑𝐶: 𝐿2 + (𝑣. 𝑡𝐶) 2 = 𝑐. 𝑡𝐶 Isolando 𝑡𝐶: 𝑡𝐶 = 𝐿/𝑐 √1 − 𝑣2 𝑐2 = 𝜆 𝐿 𝑐 , 𝜆 = 1 √1 − 𝑣2 𝑐2 A razão 𝐿/𝑐 seria o tempo que a luz levaria para chegar em C se a Terra estivesse parada em relação ao éter. Voltando em (01), tem-se: 𝑑𝐶 = 𝑐. 𝑡𝐶 = 𝑐. 𝜆 𝐿 𝑐 = 𝜆𝐿 A distância 𝐿┴ percorrida pelo feixe na direção C será: 𝐿┴ = 2. 𝑑𝐶 = 2 𝜆𝐿 Já para o feixe na direção de E (paralelo a v), segundo o diagrama, tem- se: Quando o feixe atinge E a placa se deslocou uma distância 𝑣. 𝑡𝐵𝐸. Assim, a distância 𝑑𝐵𝐸 vale: 𝑑𝐵𝐸 = 𝐿 + 𝑣. 𝑡𝐵𝐸 = 𝑐. 𝑡𝐵𝐸 → 𝑡𝐵𝐸 = 𝐿 𝑐 − 𝑣 Para o feixe voltar, 𝑑𝐸𝐵 e 𝑡𝐸𝐵 valem: 𝑑𝐸𝐵 = 𝐿 − 𝑣. 𝑡𝐸𝐵 = 𝑐. 𝑡𝐸𝐵 → 𝑡𝐸𝐵 = 𝐿 𝑐 + 𝑣 Então, se 𝑡𝐸 é o tempo de ida e volta do feixe, tem-se: 𝑡𝐸 = 𝑡𝐵𝐸 + 𝑡𝐸𝐵 = 𝐿 𝑐 − 𝑣 + 𝐿 𝑐 + 𝑣 = 2𝐿 𝑐 (1 − 𝑣2 𝑐2 ) Por fim, sendo 𝐿║ a distância total percorrida pelo feixe: 𝐿║ = 𝑐. 𝑡𝐸 = 2𝐿 (1 − 𝑣2 𝑐2 ) = 2𝜆²𝐿 Como é observado nas equações, as distâncias 𝐿║ e 𝐿┴, percorridas pelos feixes são diferentes. Essa diferença deveria mostrar franjas de interferência na composição dos feixes defasados, e com isso seria possível detectar variações na velocidade do éter em relação à Terra. Esperava-se que devido ao movimento do aparato em 90º fossem observadas variações das franjas, ou seja, girando o interferômetro seria possível observar a mudança das velocidades dos feixes (devido a velocidade relativa da Terra com o éter). Porém, estas mudanças nunca foram observadas. Este foi o fracasso de Michelson e Morley, entretanto, como é sabido agora, o resultado deriva do segundo postulado da relatividade de Einstein: “Em qualquer referencial inercial, a velocidade da luz é sempre a mesma, seja ela emitida por um corpo em repouso ou por um corpo em movimento uniforme”. A falha do experimento foi uma surpresa, pois naquela época todos os demais tipos de ondas que tinham conhecimento exigiam um meio material para se propagar, então não havia razão para que com a luz fosse diferente. 4. SIMULAÇÃO A plataforma KCVS é um site canadense (http://kcvs.ca/site/projects/chemistry.html) que proporciona uma simulação do experimento de Michelson-Morley com os resultados esperados e os realmente obtidos. Através do simulador é possível visualizar os resultados sobre a variação nas franjas como pode-se ver na Fig.5. Figura 5 – Gráficos da simulação do experimento, onde: (a) plot esperado do ângulo pela variação e (b) plot obtido. 5. CONCLUSÃO Einstein apenas descartou o éter e postulou sobre a relatividade e o experimento de Michelson-Morley, que falhou em medir a velocidade relativa do éter, foi um resultado experimental para o segundo postulado de Einstein, este dizia que a velocidade da luz é a mesma em qualquer referencial inercial. O descarte do éter e os postulados se fortaleceram e hoje tem-se uma Teoria da Relatividade Restrita bem desenvolvida. 6. REFERÊNCIAS BALDIOTTI, M. C. Física Moderna I – Parte A. Pgs. 4-5 e 15-18. Abril, 2014. SILVEIRA, F. L. Os resultados negativos dos experimentos de Michelson- Morley refutaram a teoria do éter? A teoria da relatividaderestrita se originou dos experimentos de Michelson-Morley? Applet “The Michelson-Morley Experiment”. The King’s Centre for Visualization in Science. < http://www.kcvs.ca/site/projects/specialRelativit y.html>
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