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PUERPÉRIO Modificações gerais e locais do organismo materno Profª Maria Fernanda Figueiredo PUERPÉRIO A atenção à mulher e ao recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. Esse atendimento deve ser o mais criterioso possível no âmbito hospitalar e na avaliação posterior, na unidade de saúde. PUERPÉRIO - OBJETIVOS Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém- nascido. Orientar e apoiar a família para a amamentação. Orientar os cuidados básicos com o recém- nascido. Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido. Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las. Orientar o planejamento familiar. PUERPÉRIO CONCEITO É o período do ciclo grávido- puerperal em que as modificações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e parto na mulher, retornam à situação do estado pré-gravídico. PUERPÉRIO Início: uma a duas horas após a dequitação. Término: lactante – não lactante PUERPÉRIO Puerpério imediato: 1º ao 10º dia. Puerpério tardio: 11º ao 42º dia. Puerpério Remoto: a partir do 43º dia. ALTERAÇÕES DO SISTEMA REPRODUTOR ÚTERO Pós-parto → ↓ estrogênio e progesterona (autólise) → ↑ da ocitocina → ↑ da contração da mm.uterina lisa → involução uterina. Útero involui aproximadamente 1 cm/dia, em + ou – 9 dias não é mais palpável; Útero ↓ peso p/ + ou – 500g na 1ª semana, 350g duas semanas seguintes; Amamentação ↑ involução uterina; Endométrio regenera-se ao final da 3ª semana. CÉRVICE Amolecida após o parto → 18h após encurta-se, firma- se e retoma sua forma. Lactação atrasa a produção de muco cervical (estrogênio) ↓ lubrificação vaginal. VAGINA E PERÍNEO Retorna ao tamanho pré-gestacional em 6 a 8 semanas. Períneo → episiotomia → episiorrafia (Parto Normal) → 2 a 3 semanas cicatrizado → observar sinais de infecção. LÓQUIOS Secreção uterina eliminada no pós-parto. Rubros ← LÓQUIOS → Serosos ↓ Brancos Rubros: vermelho vivo, sangue, decídua, resíduos trofoblásticos (+ ou – 3 dias); Serosos: sangue velho, soro, leucócitos e resíduos de tecido ( + ou – 9 dias); Brancos: leucócitos, decídua, cels. Epiteliais, muco, soro e bactérias (+ ou – 2 sem.). SISTEMA ENDÓCRINO ↓ do LPH → ↓ estrogênio → ↓ cortisol. ↑ Prolactina (↓ ovulação). ♀ que amamentam → ovulação 190 dias, menstruação 3 a 6 meses; ♀ que não amamentam → ovulação 90 dias, menstruação 6 a 11 semanas. ABDOME Protrusão abdominal (relaxamento da mm.) → duração de aproximadamente 6 semanas. Diástase reto abdominal → separação dos mm. da parede abdominal. SISTEMA URINÁRIO PERDA HÍDRICA Diurese 1.500 a 2.500 ml Nas 1ª 6 h. Sudorese Perda de peso + ou – 2,5 kg SISTEMA GASTRINTESTINAL Apetite → ↑ devido gasto energético e jejum. Motilidade → ↓ do tônus e da motilidade perduram por alguns dias. Evacuação → Pode estar ausente por 2 a 3 dias → do tônus → dor e desconforto → episiorrafia ou hemorróidas. MAMAS Órgão que evolui após o parto → amamentação. SSVV T° → ↑ 38° nas primeiras 24h. Pulso → ↓ 50 a 70 bpm nos primeiros 6 a 8 dias. PA → estabiliza. SISTEMA CIRCULATÓRIO ↓ Vol. Plasma (72h) → ↑ HT e HB (7º dia pós-parto). Leucocitose (20.000/mm3 entre 10 a 12 dias). ↑ fatores de coagulação e fibrinogênio nos primeiros dias de pós-parto → risco de tromboembolia. ↓ das varicosidades. SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO Estabilização das articulações entre 6 a 8 semanas. SISTEMA TEGUMENTAR ↓ Cloasma, ↓ linha nigra. ↓ das estrias, mas não desaparecem. SISTEMA NERVOSO MELANCOLIA Modificações Hormonais. Choro, desânimo, Fadiga, ansiedade, raiva, Intranqüilidade. ↑ do 5º dia ↓ 10º dia. ADAPTAÇÃO AO PAPEL MATERNO “É o processo pelo qual a mulher aprende o comportamento materno e fica satisfeita com sua identidade como mãe”. (ARLENE, 1995). 4 estágios: Antecipado → durante a gestação; Formal → inicia com o parto, sofre influência das pessoas; Informal → início da independência materna; Pessoal → mãe só faz o que lhe agrada/independência. Assistência no Puerpério Imediato Apoio psicológico; Estimular amamentação; Estimular exercícios perineais; Acompanhamento da involução uterina; Controle da loquiação; Controle de temperatura de 6/6 horas; Puerpério Imediato Controle dos sinais vitais; Deambulação precoce; Higiene vulvar; Controle da diurese; Controle da função intestinal; Cuidados com a mama; Estimular ingesta hídrica; PUERPÉRIO ROTINA DA VISITA PUERPERAL 1. CUMPRIMENTAR A PACIENTE; 2. OUVIR SUAS QUEIXAS; 3. ARGUIR SOBRE SINTOMAS 4. EXAMINÁ-LA. “Primeira Semana de saúde Integral” - Anamnese: Condições da gestação; atendimento no parto e ao RN; intercorrências; testagem VDRL e HIV; uso de medicamentos. - Aleitamento, alimentação, sono, atividades, dor , fluxo vaginal, febre, queixas urinárias, condições psicoemocionais, condições sociais e planejamento familiar. Avaliação clínico- ginecológica: Verificar dados vitais. Avaliar o estado psíquico da mulher. Observar estado geral – pele, mucosas, presença de edema, cicatriz (parto normal com episiotomia ou laceração/cesárea) e membros inferiores. Examinar mamas, verificando a presença de ingurgitamento, sinais inflamatórios, infecciosos ou cicatrizes que dificultem a amamentação. Avaliação clínico- ginecológica: Examinar abdômen, verificando a condição do útero e se há dor à palpação. Examinar períneo e genitais externos (verificar sinais de infecção, presença e características de lóquios). Retirar os pontos da cicatriz cirúrgica, quando necessário, e orientar sobre os cuidados locais. Verificar possíveis intercorrências – alterações emocionais, hipertensão, febre, dor em baixo- ventre ou nas mamas, presença de corrimento com odor fétido, sangramentos intensos. Avaliação clínico-ginecológica: Observar formação do vínculo entre mãe e filho. Observar e avaliar a mamada para garantia do adequado posicionamento e pega da aréola. O posicionamento errado do bebê, além de dificultar a sucção, comprometendo a quantidade de leite ingerido, é uma das causas mais frequentes de problemas nos mamilos. CONDUTAS DE ENFERMAGEM Orientar sobre higiene, alimentação, atividades físicas, atividade sexual, prevenção de DST/Aids, cuidado com as mamas e com o recém-nascido, aleitamento, direitos da mulher, planejamento familiar e ativação de método contraceptivo, se for o caso. Aplicar vacinas, dupla tipo adulto e tríplice viral, se necessario. Oferecer teste anti-HIV e VDRL, com Aconselhamento pré e pós-teste, para as puérperas não aconselhadas e testadas durante a gravidez e o parto. CONDUTAS DE ENFERMAGEM Prescrever suplementação de ferro – com sulfato ferroso 300 mg/dia, até 3 meses após o parto, para mulheres sem anemia diagnosticada. Tratar possíveis intercorrências e Registrar informações em prontuário. Agendar consulta na qual deverá ser realizada avaliação no período puerperal, idealmente 42 dias após o parto, no máximo60 dias, para mulheres que estão amamentando, e 30-42 dias para mulheres que não estiverem amamentando. Consulta puerperal (42-60 dias) Avaliação de suas condições de saúde: Registro das alterações; investigação e registro da amamentação; retorno da menstruação e atividade sexual; realização das ações educativas e condução das possíveis intercorrências. Uso de método anticoncepcional durante o aleitamento Amenorreia da lactação; Retorno da menstruação; Alimentação mista. Métodos que não interferem na amamentação e podem acrescentar eficácia contraceptiva: Preservativo e DIU. O anticoncepcional oral só de progesterona (minipílula) pode ser utilizado pela mulher que está amamentando. Deve ser iniciado após 6 semanas do parto. Uso de método anticoncepcional durante o aleitamento O anticoncepcional injetável trimestral – acetato de medroxiprogesterona 150 mg – pode ser utilizado pela mulher que está amamentando e tem alta eficácia. Seu uso deve ser inicia do após 6 semanas do parto. Os métodos comportamentais – tabelinha, muco cervical, entre outros – só poderão ser usados após a regularização do ciclo menstrual. Referências Bibliográficas Básicas BRASIL. Ministério da Saúde. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da Mulher. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001. SÃO PAULO. Atenção à gestante e à puérpera no SUS – SP: manual técnico do pré natal e puerpério / – São Paulo: SES/SP, 2010. Muito Obrigada pela Atenção!
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