Buscar

PEDAGOGIA HOSPITALAR UMA MODALIDADE DE ENSINO EM DIFERENTES OLHARES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
 
ESCOLA SUPERIOR DE ENSINO ANÍSIO TEIXEIRA 
PEDAGOGIA 
 
 
 
 
ALECSANDRA DOS REIS ZUCOLOTO DE SANT’ANNA 
LEIZA DE OLIVEIRA PINTO 
WAILLA PAOLA SOEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PEDAGOGIA HOSPITALAR: UMA MODALIDADE DE ENSINO EM DIFERENTES 
OLHARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERRA 
2011 
1 
 
ALECSANDRA DOS REIS ZUCOLOTO DE SANT‟ANNA 
LEIZA DE OLIVEIRA PINTO 
WAILLA PAOLA SOEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA HOSPITALAR: UMA MODALIDADE DE ENSINO EM DIFERENTES 
OLHARES 
 
 
 
Monografia apresentada ao Programa de Graduação 
em Licenciatura em Pedagogia da Escola Superior de 
Ensino Anísio Teixeira, como requisito parcial para a 
obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. 
Orientadora: Profª. Mestre Vânia Rosa Rodrigues 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERRA 
2011 
2 
 
ALECSANDRA DOS REIS ZUCOLOTO DE SANT’ANNA 
LEIZA DE OLIVEIRA PINTO 
WAILLA PAOLA SOEIRO 
 
 
 
 
 PEDAGOGIA HOSPITALAR: UMA MODALIDADE DE ENSINO EM DIFERENTES 
OLHARES 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Licenciatura em Pedagogia da Escola 
Superior de Ensino Anísio Teixeira, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em 
Pedagogia. 
 
 
 
Aprovada em 07 de Julho de 2011. 
 
 
 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
_________________________________________________ 
Profª Mestre Vânia Rosa Rodrigues 
Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira 
Orientadora 
 
 
 
 
 
_________________________________________________ 
Profª Especialista Carina Sabadim Veloso 
Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira 
Membro 1 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________________ 
Profª Mestre Rosimar Macedo Alves 
Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira 
Membro 2 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicamos primeiramente a Deus, aos 
nossos familiares que sempre estiveram 
conosco durante toda essa árdua jornada, 
nos incentivando a cada minuto e não nos 
deixando desistir jamais. 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Profª. Vânia Rosa Rodrigues por toda 
orientação e carinho a nós dispensada. 
Obrigada por sempre acreditar em nós, e 
por todas as palavras animadoras. 
Aos nossos professores que de forma 
clara e concisa contribuíram para nossa 
formação acadêmica. 
Aos nossos entrevistados que de forma 
dispendiosa contribuíram para o 
enriquecimento desta pesquisa e 
principalmente nos abriram os olhos para 
uma educação mais humanizada e 
afetiva. 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Todos podem ver as táticas de minhas 
conquistas, mas ninguém consegue 
discernir a estratégia que gerou as 
vitórias". 
(Sun Tzu) 
6 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
 
 
CNEFEI – Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptadas 
 
SEESP – Secretaria da Educação do Estado de São Paulo 
 
MEC – Ministério da Educação e Cultura 
 
SED – Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina 
 
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente 
 
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
 
CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente 
 
PRONAICA – Programa Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente 
 
CNE – Conselho Nacional de Educação 
 
CEB – Câmara de Educação Básica 
 
PNHAH – Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
RESUMO 
 
A presente pesquisa vem apresentar a Pedagogia Hospitalar como uma modalidade 
de ensino, que busca legalmente proporcionar a criança e ao adolescente 
hospitalizado a continuidade de seus estudos, visando sua reintegração ao ambiente 
escolar e à sociedade. Utilizou-se para tanto, o emprego da pesquisa em caráter 
qualitativo e de natureza bibliográfica em que se utilizou como método o estudo de 
caso tendo como instrumento de pesquisa entrevistas semi-estruturadas. Será 
abordado um breve histórico da Pedagogia Hospitalar, os parâmetros legais 
referentes a esta modalidade de ensino, a estrutura curricular em ambiente 
hospitalar ainda como uma lacuna existente, a necessidade da formação específica 
dos profissionais atuantes em ambiente hospitalar, sendo esta tanto 
acadêmica/teórico como também o preparo emocional, a humanização e a 
afetividade como fundamentos necessários à prática pedagógica hospitalar. Será 
abordada a atuação do pedagogo em diferentes olhares dos sujeitos envolvidos no 
processo de reintegração e reinserção da criança e adolescente hospitalizado como: 
um Pedagogo da rede regular de ensino, um Pedagogo atuante em ambiente 
hospitalar, um médico pediatra e uma mãe de uma adolescente hospitalizada 
atendida pedagogicamente no ambiente hospitalar. Comprovando assim, que o 
Pedagogo hospitalar vem contribuir com a família e com toda a equipe de saúde 
para a recuperação integral do educando hospitalizado. Auxiliando-o no 
autoconhecimento de sua patologia, elevando sua autoestima como também por 
muitas vezes o lidar com a possibilidade da morte. 
Palavras-Chaves: Modalidade de ensino, Currículo, Formação, Humanização, 
Afetividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................10 
 
2 METODOLOGIA.............................................................................................13 
 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................14 
3.1 CONCEITUANDO PEDAGOGIA HOSPITALAR..................................................14 
3.2 UM BREVE HISTÓRICO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR.................................18 
3.3 DIRETRIZES LEGAIS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR......................................21 
3.4 PLANEJAMENTO CURRICULAR DA PEDAGOGIA HOSPITALAR....................25 
3.5 A FORMAÇÃO ESPECÍFICA E A PRÁTICA DOS PEDAGOGOS ATUANTES EM 
AMBIENTE HOSPITALAR.........................................................................................28 
3.6 A HUMANIZAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR..............................................34 
3.7 LIMITES E DESAFIOS NO CONTEXTO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR.........40 
 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS/ESTUDO DE 
CASO.................................................................................................................43 
4.1 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO OLHAR DO PEDAGOGO DA REDE 
REGULAR DE ENSINO.......................................................................................43 
4.2 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO OLHAR DO PEDAGOGO 
HOSPITALAR......................................................................................................48 
4.3 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO OLHAR DO MÉDICO 
PEDIATRA...........................................................................................................55 
4.4 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO OLHAR DE UMA MÃE................................61 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................67 
 
6 REFERÊNCIAS...............................................................................................68 
9 
 
 
APÊNDICES...........................................................................................................71 
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIODE ENTREVISTA COM PEDAGOGO DA REDE 
REGULAR DE ENSINO.............................................................................................72 
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA COM PEDAGOGO 
HOSPITALAR.............................................................................................................73 
APENDICE C – QUESTINÁRIO DE ENTREVISTA COM O MÉDICO 
PEDIATRA..................................................................................................................74 
 
 
 
10 
 
1 INTRODUÇÃO 
A presente pesquisa aborda o tema da Pedagogia Hospitalar, pois, a atuação do 
pedagogo em ambientes extra-escolares vem se ampliando, não podendo mais se 
restringir somente à educação sistemática. 
Neste sentindo a prática pedagógica deve além de ensinar, resgata a autoestima de 
cada criança/adolescente hospitalizado, levando-o a aceitar naquele momento, a 
sua relação com as demais pessoas e com a própria doença de forma saudável. 
No Brasil, a legislação reconheceu através do Estatuto da Criança e do Adolescente 
Hospitalizado, o direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de 
educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua 
permanência hospitalar. 
A Pedagogia Hospitalar nos dias atuais tem sido um recurso a mais dentro da área 
da educação para transmitir e levar conhecimento, não importando o espaço em que 
está sendo trabalhado, mas sim importando o aluno que necessite deste apoio fora 
do espaço escolar. 
Por esse motivo, torna-se fundamental uma formação específica de Pedagogos para 
atuação em ambiente hospitalar, sendo necessário por parte deste profissional um 
comprometimento para com as necessidades específicas da criança/adolescente 
hospitalizado com propostas criativas e competentes, isto é torna-se crucial uma 
habilitação específica em que prepare, norteando a prática do ensino docente. 
Exercer a função fora da escola é um desafio que o professor como pedagogo tem 
superado a cada dia, promovendo um espaço lúdico, afetivo, com amor para a 
criança se sentir estimulada a dar continuidade a seus estudos. 
Podemos considerar a atuação do pedagogo em ambiente hospitalar algo novo em 
nossa sociedade e pouco se fala e se escreve sobre o assunto. Por isso a presente 
pesquisa busca como objetivo conceituar o que é Pedagogia Hospitalar, quais seus 
parâmetros legais vigentes, a rotina do pedagogo neste ambiente, qual o profissional 
que atua junto com o pedagogo e a relação familiar dentro de todo este contexto. 
11 
 
Além desta introdução, a fundamentação teórica da pesquisa está organizada em 07 
capítulos, análise dos dados coletados e considerações finais. 
No capítulo 1, abordamos a concepção da Pedagogia Hospitalar em que vem sendo 
descoberta por aqueles pacientes que se encontram internados dentro do ambiente 
hospitalar e que com a parceria das equipes multidisciplinares e a classe que é o 
local de atendimento realizam integração do aluno no meio social de forma a realizar 
uma ponte entre a escola e o aluno que necessita da continuidade de seus estudos. 
No segundo capítulo, abordamos um breve histórico da Pedagogia Hospitalar, desde 
o seu surgimento em 1935, tendo como o objetivo de suprir as dificuldades 
escolares de crianças tuberculosas, até a atualidade com o objetivo de proporcionar 
a criança e adolescente hospitalizado a continuidade de seus estudos. 
No terceiro capítulo, abordaremos os parâmetros legais destinados à Pedagogia 
Hospitalar viabilizando a oferta do atendimento pedagógico em hospitais e 
domiciliar, assegurando a criança o acesso à educação básica. Promovendo dessa 
forma o desenvolvimento e a construção do conhecimento desses educandos. 
No quarto capítulo, será contextualizado o planejamento curricular no que diz 
respeito ao atendimento pedagógico no ambiente hospitalar sendo necessário, 
portanto que o professor atuante em ambiente hospitalar precisa estar ciente que 
cada dia se constrói com planejamento estruturado e flexível. 
No capítulo 5, será abordada a formação específica de Pedagogos para atuação em 
ambiente hospitalar, sendo esta necessária para um atendimento de qualidade 
devido uma nova escuta do pedagogo e de quebra de paradigmas no que diz 
respeito à educação fora do ambiente escolar. 
No sexto capítulo, abordamos a humanização e a afetividade como vertentes 
necessárias à Pedagogia Hospitalar. Devido à necessidade do “novo olhar” do 
pedagogo quanto às necessidades especiais dos alunos hospitalizados, criando 
assim ambientes acolhedores que estimulem a capacidade da criança e adolescente 
hospitalizados a sonhar com o retorno de sua vida escolar, o sonho de uma nova 
vida. 
12 
 
No capítulo 7, abordamos os limites impostos pela doença a cada dia, em que há a 
necessidade do rompimento de barreiras por parte dos pedagogos com a produção 
de um projeto novo e espaços lúdicos tendo por finalidade elevar a autoestima da 
criança/adolescente amenizando seu sofrimento perante a doença e seu tratamento. 
No quarto tópico será descrito e analisado o estudo de caso realizado por meio de 
entrevistas com um pedagogo atuante em ambiente hospitalar, um profissional 
médico pediatra, um pedagogo da rede regular de ensino e com uma mãe de uma 
adolescente hospitalizada diagnosticada com leucemia e que teve atendimento 
pedagógico durante sua permanência no ambiente hospitalar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2 METODOLOGIA 
Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo partindo do pressuposto da relação 
existente entre a realidade e o sujeito da pesquisa, “uma interdependência viva entre 
o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a 
subjetividade do sujeito” (CHIZZOTTI, 1998, p. 79), em que há uma participação, 
compreensão e interpretação dos pesquisadores, de natureza bibliográfica não 
sendo esta “a mera repetição do que já foi dito ou escrito, mas propicia o exame do 
texto sob novo enfoque, chegando a conclusões inovadoras” (LAKATOS; MARCONI, 
1991, p.183) e da utilização do método de estudo de caso, considerando a 
investigação mais profunda de um objeto específico, permitindo o aprofundamento 
no conhecimento. 
De acordo com Young (apud, GIL, 1991, p. 59) o estudo de caso pode ser definido 
como: 
[...] um conjunto de dados que descrevem uma fase ou totalidade do 
processo social de uma unidade, em suas várias relações internas e nas 
suas fixações culturais, que seja por essa unidade por pessoa, uma família, 
um profissional, uma instituição social, uma comunidade ou uma nação. 
 
Devido à impossibilidade do estudo de caso ser realizado dentro do ambiente 
hospitalar em decorrência da burocracia existente, não foi possível a observação da 
Pedagogia Hospitalar in loco, mas mesmo fora desse espaço ouviram-se como 
sujeitos de pesquisa nessa prática pedagógica no ambiente hospitalar. 
Utilizou-se assim, como instrumento de pesquisa entrevistas semi-estruturadas com 
um pedagogo atuante em hospital público, um profissional médico pediatra com 
especialização em Infectologia também atuante em hospital público, com um 
pedagogo da rede regular de ensino e com uma mãe de uma adolescente 
hospitalizada atendida pedagogicamente no ambiente hospitalar. Foram utilizados 
nomes fictícios a fim de preservar a identidade dos sujeitos de pesquisa. 
A fim de maior compreensão e interpretação, os dados coletados por meio das 
entrevistas foram analisados por categorias temáticas. 
 
14 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
3.1 CONCEITUANDO PEDAGOGIA HOSPITALAR 
As palavras pedagogia e hospitalar são termos que pelo dicionárioAurélio possuem 
definições indiferentes, a pedagogia por sua vez representa “teoria e ciência da 
educação e do ensino” já o termo hospitalar quer dizer “relativo a hospital, onde se 
tratam doentes internados ou não”. A junção destes dois termos se deu no momento 
em que se percebeu a necessidade em dar continuidade aos estudos daquelas 
crianças que estavam afastadas do meio escolar. 
Na busca pela História da educação no meio hospitalar foi possível perceber em 
revisões bibliográficas que o incentivo maior da implantação da assistência 
pedagógica dentro dos hospitais primeiramente para o cuidado infantil foi com a 
segunda guerra mundial. Mas o termo Pedagogia surgiu na Grécia Antiga, sendo 
esta a ciência da educação que a história demorou séculos para reconhecer a 
cientificidade do Pedagogo, somente no século XVIII na Europa Ocidental que 
concretizou o processo educativo. 
A Pedagogia Hospitalar é um novo conceito que vem ganhando espaço no âmbito 
da educação, pois a educação não pode ser mais vista somente ocorrendo no 
ambiente escolar, mas também fora da sala de aula e um desses ambientes é o 
hospital que passou a ser espaço do saber. Segundo Matos e Mugiatti (2007, p.37), 
a Pedagogia Hospitalar: 
É um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o 
contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de 
necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente hospitalar 
e/ou domiciliar. 
 
Para aquelas crianças que necessitam dar continuidade ao processo de ensino 
aprendizagem a Pedagogia Hospitalar é a ponte entre a escola e o aluno facilitando 
o seu desenvolvimento escolar e possibilitando com que a criança hospitalizada não 
perca seu ano letivo e o estímulo em dar continuidade aos seus estudos. 
15 
 
O primeiro hospital no Brasil segundo estudos já realizados foi o Hospital Municipal 
Jesus que fica localizado na cidade do Rio de Janeiro que deu inicio ao seu trabalho 
no ano de 1950 e que mantém seu funcionamento até os dias de hoje. 
No Brasil temos o Ministério da Educação: Secretaria de Educação Especial que no 
ano de 2002 publicou um documento que regulariza e fala como deve ser a classe 
hospitalar e o atendimento pedagógico domiciliar: 
Os ambientes serão projetados com o propósito de favorecer o 
desenvolvimento e a construção dos conhecimentos para crianças, jovens e 
adultos, no âmbito da educação básica, respeitando suas capacidades e 
necessidades educacionais especiais individuais. (BRASIL, 2002, p. 15. 16) 
 
Por ser em um hospital a Pedagogia trabalha de forma Inter/Multi/Transdisciplinar 
abordando variados tipos de culturas, desta forma exige do profissional um 
atendimento diferenciado e na maioria das vezes individualizado no leito e classe 
hospitalar que existem nas instituições que possuem esta modalidade de ensino. 
Este Pedagogo trabalha não só com os alunos, mas com os familiares que 
acompanham seus filhos e equipes que compõe o trabalho interdisciplinar. 
Conforme Matos e Mugiatti (2007, p.116), “a ação pedagógica, em ambientes e 
condições diferenciadas, como é o hospital, representa um universo de 
possibilidades para o desenvolvimento e ampliação da habilidade do 
Pedagogo/Educador”, é preciso buscar a vivência de outros lugares para aperfeiçoar 
o conhecimento teórico. 
O seu principal objetivo é promover e integrar o aluno ao hospital o período que se 
fizer necessário sem que haja trauma para ele e seu familiar dentro do ambiente 
hospitalar onde desperta angústia e desespero quando a palavra é doença para 
estes que necessitam deste atendimento diferenciado, Matos e Mugiatti (2007, p. 92) 
afirmam que: 
Viver e conviver juntos de forma harmoniosa ainda é um desafio deste 
século. Pois, pensar em novas propostas, alargar horizontes, integrar 
saberes, pensar numa nova sociedade é pensar necessariamente em um 
novo reaculturamento social e educacional. 
 
 
16 
 
 Sobre isto Cardoso (apud, MATOS; MUGIATTI, 2007, p.117) destaca que: 
 
Educar significa utilizar práticas pedagógicas que desenvolvam 
simultaneamente razão, sensação, sentimento e intuição e que estimulem a 
integração intercultural e a visão planetária das coisas, em nome da paz e 
da unidade do mundo. Assim, a educação - além de transmitir e construir o 
saber sistematizado - assume um sentido terapêutico ao despertar no 
educando uma nova consciência que transcenda do eu individual para o eu 
transpessoal. 
 
A continuidade dos estudos para estas crianças é de suma importância para a sua 
identidade critica e a não evasão escolar que existe nos dias de hoje, pois a doença 
se torna um obstáculo para os alunos/pacientes que precisam permanecer por um 
tempo determinado no ambiente hospitalar devido ao quadro que se apresenta por 
este motivo as crianças quando não são acompanhados pelo profissional da 
educação, sentem-se excluídos do grupo da escola por não conseguir acompanhar 
o conteúdo e acaba entrando na estatística de evasão escolar. 
Para Assis (2009, p.17), “não é qualquer ensino que promove o desenvolvimento da 
pessoa enferma; é preciso uma mediação profícua para suscitar-lhe o desejo de 
superação e de participação no seu processo educativo dentro do contexto 
hospitalar”. E essa promoção do desenvolvimento parte de uma ação em conjunto 
com a equipe da unidade hospitalar. 
A Pedagogia Hospitalar veio para intermediar estes alunos pacientes que 
necessitam dar continuidade aos estudos, este profissional que atende os alunos 
com necessidades de continuar seus estudos tem que possuir maneiras diferentes 
de dar sua aula e é preciso elaborar projetos que obtenham uma visão de um todo. 
Nesta ótica, Matos e Mugiatti (2007, p.117) dizem que “a visão do educador, nesse 
contexto, deve abranger uma perspectiva integradora, uma concepção de prática 
pedagógica que visualize o conceito integral de educação que promova 
aperfeiçoamento humano”. 
No entanto para o pedagogo que escolhe trabalhar na área, tem que está sujeito a 
novos desafios e principalmente a construção de novos saberes para auxiliar estas 
crianças e adolescentes, consideradas como portadoras de necessidades especiais, 
pois de acordo com Matos e Mugiatti: 
17 
 
Tal condição requer um fazer e um agir que não devem estar vinculados a 
processos estanques, deixando o educador livre para desenvolver e criticar 
a sua ação pedagógica, a fim de fazê-la reflexiva e transformadora da 
realidade que envolve o escolar atendido em contexto hospitalar. (2007, 
p.116) 
 
Essa assistência prestada na educação hospitalar requer do pedagogo um olhar e 
uma autonomia para tomar decisões de acordo com as necessidades de cada um 
dentro da área hospitalar, por isso é preciso manter um atendimento diferenciado e 
flexível que atenda a criança ou adolescente que necessita dar continuidade ao seu 
processo de formação educativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
3.2 UM BREVE HISTÓRICO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
A Pedagogia Hospitalar surgiu devido à necessidade de a criança continuar seus 
estudos após a enfermidade que era acometida fosse ela física como as mutilações 
das guerras como também as doenças patológicas do tipo hanseníase e 
tuberculose, a escola teve que ir até estes alunos de forma conjunta com a saúde. 
Na perspectiva de Matos e Mugiatti: 
Se a ação pedagógica integrada é importante para toda pessoa também o 
será para a criança (ou adolescente) enferma, considerando que o seu 
processo de educação foi interrompido, gerando, entre outros 
impedimentos, o de frequentar a escola regular. (2007, p.46) 
 
Essa visão do espaço hospitalar iniciou-seem 1935, quando Henri Sellier inaugurou 
a primeira escola para crianças inadaptadas, nos arredores de Paris. A sua proposta 
se estendeu para a Alemanha, França, Europa e Estados Unidos, com o objetivo de 
suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas. 
Como marco decisório das escolas em hospital é possível afirmar que foi a Segunda 
Guerra Mundial, apesar de um marco traumático principalmente para as crianças, 
fez com que a classe médica se engajasse na defensoria da escola no âmbito 
hospitalar para que as crianças e jovens daquela época não enlouquecessem dentro 
do hospital pelas mutilações sofridas. 
Em 1939, é criado o C.N.E.F.E.I. - Centro Nacional de Estudos e de Formação para 
a Infância Inadaptadas localizado na cidade de Suresnes em França, tendo como 
objetivo a formação de professores para o trabalho em institutos especiais e 
hospitais. Ainda em 1939, é criado o cargo de professor hospitalar junto ao 
Ministério da Educação na França. Este Centro Nacional de Estudos tem como 
missão ate os dias de hoje mostrar que a escola não é um espaço fechado, este 
promove estágios em regime de internato dirigido a professores e diretores de 
escolas, a médicos de saúde escolar e a assistentes sociais. 
Desde então os C.N.E.F.E.I. têm formado professores para atendimento escolar 
hospitalar, a duração do curso é de dois anos e até hoje já formou mais de mil 
professores para as classes hospitalares. 
19 
 
No Brasil, a legislação reconheceu através do Estatuto da Criança e do Adolescente 
Hospitalizado, com a resolução n° 41 de outubro de 1995, no item nove, o “Direito de 
desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, 
acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”. 
No ano de 2002 o Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação 
Especial, elaborou um documento de estratégias e orientações para atendimento 
nas classes hospitalares, assegurando o acesso à educação básica. Este 
documento diz que: 
O Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação 
Especial, tendo em vista a necessidade de estruturar ações políticas de 
organização do sistema de atendimento educacional em ambientes e 
instituições outros que não a escola, resolveu elaborar um documento de 
estratégias e orientações que viessem promover a oferta do atendimento 
pedagógico em ambientes hospitalares e domiciliares de forma a assegurar 
o acesso à educação básica e à atenção às necessidades educacionais 
especiais, de modo a promover o desenvolvimento e contribuir para a 
construção do conhecimento desses educandos. (MEC, SEESP, 2002, 
p.07) 
 
Sendo esta publicação do MEC mais recente referente à classe hospitalar e ao 
atendimento pedagógico domiciliar onde tem direito ao atendimento escolar em 
ambulatórios de atenção integral à saúde ou em domicilio; alunos que estão 
impossibilitados de freqüentar a escola por razões de proteção à saúde ou 
segurança abrigados em casas de apoio, casas de passagem, casas lar e 
residências terapêuticas. 
Em Santa Cantarina, a SED baixou a portaria que “dispõe sobre a implantação de 
atendimento educacional na classe hospitalar para crianças e adolescentes 
matriculados na Pré-Escola e no Ensino Fundamental, internados em hospitais”. 
(portaria nº. 30, SED, de 05/03/2001). 
Para toda criança e adolescente hospitalizado que frequenta a sala de aula 
hospitalar deve existir um cadastro de hospitalização e da escola da rede regular de 
ensino para que ao final de cada aula o professor realize os registros em uma ficha 
com os conteúdos trabalhados e outras informações que se fizer necessário. 
De acordo com a Constituição Federal de 1988, conforme artigo 205, Seção I – Da 
Educação, da Cultura e do Desporto: 
20 
 
A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. (Constituição da República Federativa do 
Brasil, 1988) 
 
Configura-se legalmente, a educação um direito de todos e para todos. A área 
hospitalar não poderia deixar de ser mais um espaço em que seja possível educar, e 
levar a oportunidade para aqueles que no momento estão com alguma enfermidade, 
que impossibilita estar na sala de aula. 
As autoras Matos e Mugiatti em seu livro Pedagogia Hospitalar (2007, p. 65) afirmam 
que: 
[...] o que mais importa é que a criança ou adolescente hospitalizado venha 
receber, sempre e com o máximo empenho, o atendimento a que fazem jus, 
nessa tão importante fase de sua vida, da qual depende a sua futura 
estrutura, enquanto pessoa e cidadão. 
 
Essa visão afirma o propósito em que a Pedagogia Hospitalar vem proporcionar a 
estes alunos um suporte para continuação do ensino, amparado por leis que 
garantem a idoneidade e valida sua existência com a Constituição Federal, onde 
afirma que todos merecem o direito de estudar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
3.3 DIRETRIZES LEGAIS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
 
Dentro da pesquisa desenvolvida a primeira referência legal encontrada no Brasil 
sobre Educação Hospitalar foi no Decreto Lei n. 1044, de 24.10.1969 que diz no seu 
art. 1º: 
São considerados merecedores de tratamento excepcional os alunos de 
qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, 
infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando 
distúrbios agudos ou agonizantes, caracterizados por: a) incapacidade física 
relativa, incompatível com a frequência aos trabalhos escolares; desde que 
se verifique a conservação das condições intelectuais necessárias para o 
prosseguimento da atividade escolar em novos moldes; b) ocorrência 
isolada ou esporádica; c) duração que não ultrapasse o máximo ainda 
admissível, em cada caso, para a continuidade pedagógica de aprendizado, 
atendendo a que tais características se verificam, entre outros, em casos de 
síndromes hemorrágicos (tais como hemofilia), asma, pericardites, afecções 
osteoarticulares submetidas a correções ortopédicas, etc. 
 
Em 17/04/75 foi promulgada a Lei 6.202, que atribui à estudante em estado de 
gestação o regime de exercícios domiciliares instituído pela lei 1044/69. Que diz no 
seu artigo 1º: 
A partir do oitavo mês de gestação e durante três meses a estudante em 
estado de gravidez ficará assistida pelo regime de exercícios domiciliares 
instituído pelo Decreto 1044, 21 de outubro de 1969. 
Parágrafo único. „O início e o fim do período em que é permitido o 
afastamento serão determinados por atestado médico a ser apresentado à 
direção da escola‟. 
 
 
 
Em 1988 com a instituição a Constituição Federal, que em seu art.205 relata: “A 
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho”. E no art. 214 que afirma que as ações do poder público devem conduzir à 
universalização do atendimento escolar, porém poucas ações efetivas foram 
consolidadas no ambiente hospitalar. 
Em 24.10.1989, artigo 2º, inciso I, alínea “d”, “O oferecimento obrigatório de 
programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e 
22 
 
congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a um ano, 
educandos portadores de deficiência”. 
 O ano de 1990 pode ser referendado com um marco para a justiça e para a 
educação, quando foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) , na 
lei 8.069 no seu art. 3º, menciona que “a criança eo adolescente gozam de todos os 
direitos inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata 
esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e 
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e 
social, em condições de liberdade e de dignidade”. Com o ECA, vários outros órgãos 
se engajaram em uma luta com vistas à sua implantação. Entre eles, sobressaem o 
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), o 
Programa Nacional de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (PRONAICA), o 
Conselho da Comunidade Solidária e os Conselhos Tutelares. 
O Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da criança e do Adolescente 
(CONANDA) foi fundado em 1995 e com ele foi possível a elaboração e aprovação 
da resolução n. 41/95 de 13.10.1995, esta resolução delibera no seu item 9, “ A 
criança e o adolescente tem o direito de desfrutar de alguma forma de recreação, 
programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar 
durante sua permanência hospitalar”. 
Em 1996, a legislação em vigor recebe o expressivo reforço da LDB - Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9394 de 20.12.1996, que, no artigo V, 
prevê que: “O atendimento educacional será efetivado em escolas, classes ou 
serviços especializados, sempre que em função das condições específicas dos 
alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular”. 
Decreto n. 3.298, de 20.12.1999, artigo 24, inciso V, que estabelece o oferecimento 
obrigatório dos serviços de educação especial ao educando portador de deficiência 
em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja internado por prazo igual 
ou superior a um ano. 
Em 2001 temos a Resolução CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/ Câmara 
de Educação Básica) n. 2 no seu artigo 13, parágrafos 1º e 2º, “Os sistemas de 
23 
 
ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o 
atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as 
aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, 
atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio”. 
§1º As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar devem 
dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de 
aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educação Básica, 
contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, e 
desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e adultos não 
matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior acesso 
à escola regular. 
§2º Nos casos de que trata este artigo, a certificação de frequência deve ser 
realizada com base no relatório elaborado pelo professor especializado que 
atende o aluno. 
 
 
Resolução n. 1 CNE/CP de 18.02.2002 “Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais 
para a formação de professores da Educação Básica”. Na exigência da legitimidade 
desse direito o prof. Amaury César Moraes (2008) salienta: 
Apenas como nota reclamo que haveria necessidade urgente de uma 
verdadeira consolidação das Leis da Educação ou um Código de Educação, 
capaz de dar uniformidade à legislação educacional e, sobretudo, passá-la 
pelo crivo de juristas com profundo conhecimento em ambos os campos – 
Direito e Educação -, pois o que se percebe muitas vezes é dispositivos 
legais descambarem para a digressão ou auto interpretação, ultrapassando 
o seu caráter normativo, restringindo a competência e autonomia de quem 
aplica e interpreta a lei. Por vezes, por conta de Pareceres e Diretrizes nada 
sobra para que os sujeitos reais, objeto da legislação, tenham sua 
concretude reconhecida, isto é, suas vidas são desde já vividas 
antecipadamente – pela legislação. 
 
O documento intitulado Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: 
Estratégias e Orientações, editado pelo MEC, em 2002 estabelece que: 
O Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria Especial, tendo em 
vista a necessidade de estruturar ações políticas de organização do sistema 
de atendimento educacional em ambientes e instituições outros que não a 
escola, resolveu elaborar um documento de estratégias e orientações que 
viessem promover a oferta do atendimento pedagógico em ambientes 
hospitalares e domiciliares de forma a assegurar o acesso à educação 
básica e à atenção às necessidades educacionais especiais, de modo a 
promover o desenvolvimento e contribuir para a construção do 
conhecimento desses educandos. (2002, p. 07) 
 
24 
 
O objetivo principal do documento Classe Hospitalar é criar estratégias e orientações 
que viabilizem a oferta do atendimento pedagógico em hospitais e domiciliar, 
assegurando a criança o acesso à educação básica. Promovendo dessa forma o 
desenvolvimento e a construção do conhecimento desses educandos. Segundo 
Mattos e Mugiatti (2007, p.13), a pedagogia hospitalar pretende oferecer à criança e 
ao adolescente a valorização dos seus direitos à educação e a saúde, como também 
ao espaço que lhe é devido enquanto cidadão. 
Nesta ótica, Assis considera que: 
Tratar do atendimento pedagógico-educacional em instituições hospitalares 
é considerar a inter-relação de duas importantes áreas- educação e saúde- 
que devem atuar com a finalidade de promover o desenvolvimento integral 
da pessoa que está sob tratamento de saúde, visando aos seus direitos e à 
sua qualidade de vida. A qualidade de vida- o bem estar. O estar bem- 
implica condições físicas, psicológicas e sociais que favoreçam a pessoa a 
desfrutar uma vida equilibrada, isto é, a possibilidade de realização pessoal, 
profissional e afetiva. (2009, p.81) 
 
Muitos documentos e leis foram criados, mas poucos entraram em ação 
verdadeiramente para transformar a condição da criança brasileira. Leis e Decretos 
são necessários, mas não suficientes para reverter o quadro existente. São 
necessárias verbas, especialização do profissional da área da educação e da saúde, 
divulgação e informação de tudo que acontece nos hospitais e atendimentos 
domiciliares. A efetivação destas leis depende também do engajamento das 
organizações, dos professores e do corpo clínico para garantir os direitos a todos os 
estudantes que se encontram hospitalizados. 
 
 
 
 
 
 
25 
 
3.4 PLANEJAMENTO CURRICULAR DA PEDAGOGIA HOSPITALAR 
A questão da elaboração curricular para o aluno hospitalizado é muito peculiar e 
específica, pois cada criança/adolescente deve ter o seu currículo adaptado 
individualmente, para dar condições a ela que aprenda e desenvolva as atividades 
levando em consideração suas limitações momentâneas ou não. O documento 
Classe Hospitalar – MEC afirma que: [...] “um currículo flexibilizado e/ou adaptado, 
favorecendo seu ingresso, retorno ou adequada integração ao seu grupo escolar 
correspondente, como parte do direito de atenção integral”. (2002, p. 13) 
O MEC sugere articular o programa de atendimento em dois momentos. No primeiro, 
o docente trabalha com os conteúdos definidos num currículo próprio, geral, que tem 
por base os parâmetros curriculares nacionais. No segundo a equipe do hospital 
adapta o trabalho pedagógico de acordo com o histórico do aluno, muitas vezes 
lançando mão de uma avaliação inicial. 
A aplicação de provas para medir o nível do aluno em seu retorno à escola regular, 
não é defendida pelo MEC. O ideal, para o órgão é que a equipe pedagógica estude 
os materiais enviados pelo hospital para chegar a um diagnóstico. A esse respeito é 
conferido pelo MEC em relação à organização e competências para viabilização da 
Pedagogia Hospitalar que: 
A definição e implementação de procedimento de coordenação, avaliação e 
controleeducacional devem ocorrer na perspectiva do aprimoramento da 
qualidade do processo pedagógico. Compete às secretarias estaduais e 
municipais de educação e do Distrito Federal, o acompanhamento das 
classes hospitalares e do atendimento pedagógico domiciliar. O 
acompanhamento deve considerar o cumprimento da legislação 
educacional, a execução da proposta pedagógica, o processo de melhoria 
da qualidade dos serviços prestados, as ações previstas na proposta 
pedagógica, a qualidade dos espaços físicos, instalações, os equipamentos 
e a adequação às suas finalidades, a articulação da educação com a família 
e a comunidade. (Classe Hospitalar, 2002, p. 19) 
 
Observando essas finalidades e especificidades das condições das crianças 
atendidas o ambiente da classe hospitalar necessita ser diferenciado, deve ser 
acolhedor, com estimulações visuais, brinquedos, jogos, sendo assim um ambiente 
alegre e aconchegante. É necessário, portanto que as atividades realizadas com 
essas crianças e adolescentes tenham começo, meio e fim e o professor precisa 
26 
 
estar ciente que cada dia se constrói com planejamento estruturado e flexível. O 
professor deve conhecer a realidade com qual o aluno esteja apto a aprender e 
realizar as atividades que o professor venha a propor. 
A atuação conjunta dos professores dentro do hospital e a elaboração do projeto 
pedagógico permitem agregar harmoniosamente as propostas dos diferentes 
profissionais. Em geral, o atendimento ao estudante hospitalizado é personalizado, 
pois cada um está num nível distinto de ensino e precisa ser atendido em suas 
especificidades, mas esta particularização não autoriza os educadores a improvisar 
o atendimento. O professor deve ter conhecimento teórico e metodológico para dar 
condições ao seu aluno de aprender, pois de acordo com Ceccim e Fonseca: 
[...] abre-se, com este estudo, a necessidade de formular propostas e 
aprofundar conhecimentos teóricos e metodológicos, visando em atingir o 
objetivo de dar continuidade aos processos de desenvolvimento psíquico e 
cognitivo das crianças e jovens hospitalizados. (1999, p. 117) 
 
Essa exigência de formação técnica e profissional para atuar na pedagogia 
hospitalar demonstra que a escolarização durante a hospitalização garante não só a 
continuidade do processo de educação formal quanto promove o bem-estar da 
criança que se sente mais íntegra, ativa cognitivamente, com autoestima elevada e 
por consequência com melhor suporte ao processo de tratamento e hospitalização. 
Conforme Travassos: 
As crianças em diferentes idades possuem necessidades diferentes, 
respondem a diferentes formas de informação cultural e assimilam 
conteúdos com diferentes estruturas motivacionais e cognitivas, logo os 
tipos de regimes educacionais planejados pelos educadores precisam levar 
em conta esses fatores desenvolvidos. Os tipos de modelos educacionais 
que são oferecidos às crianças podem demonstrar a direção que elas 
poderão tomar, podendo ser encorajadas ou não para a perícia, criatividade, 
etc. Em nossa sociedade pode haver modelos contrastantes sobre o uso do 
talento e as maneiras pelas quais ele pode ser desenvolvido. (2001, p.32) 
 
Pode-se analisar que a grande diversidade na estrutura e funcionamento do 
atendimento escolar hospitalar levou alguns escritores a esboçar uma distinção 
entre duas linhas pedagógicas para o atendimento educacional em hospitais: A 
Pedagógico-educacional e a lúdico-terapêutica. Essa distinção é esboçada por 
27 
 
Ceccim e Fonseca (1999) e posteriormente detalhada por Fontes (2004), que adota 
os termos correntes pedagógicas. 
A corrente Pedagógico-educacional está mais focada no ensino formal, buscando 
dar continuidade ao currículo regular. O professor é um agente de escolarização nos 
moldes da escola regular. Já a corrente lúdico-terapêutica busca trabalhos diversos 
e sugere à construção de uma prática pedagógica com características próprias do 
contexto hospitalar, buscando seus conhecimentos, não necessariamente nos 
moldes curriculares, visando o bem estar físico e emocional dos pacientes. 
A utilização de uma corrente ou outra não se dá de uma forma explícita, quando se 
institui uma classe hospitalar. Ela vai se construindo a partir dos profissionais 
envolvidos e das condições humanas e materiais existentes em cada hospital. 
Na visão de Assis, a profissão docente impõe que: 
[...] o professor nunca deixe de estudar, de aprender, já que a prática 
educativa exige ressignificação de saberes e adaptação a novas situações; 
por conseguinte, pressupõe um processo constante de aprendizagem 
pessoal e profissional e aquisição de competências técnicas tanto no campo 
teórico como no prático. (2009, p. 102) 
 
Essa perspectiva em construção do professor é fundamental, tanto no 
desenvolvimento técnico como pedagógico. O trabalho pedagógico no espaço 
hospitalar nos mostra que não existe modelo pronto, mas o desafio de construir uma 
ação pedagógica que contemple esta diversidade e especificidade. A Pedagogia não 
pode ser nada mais que a prática de um profissional guiada por uma ética 
profissional e que confronta a cada dia com situações e desafios sem formulas para 
resolução. O profissional do ensino deve buscar a construção do seu próprio espaço 
pedagógico, em que só ele pode assumir e resolver conflitos cotidianos, apoiado na 
sua visão de mundo, de homem e sociedade. 
 
 
 
28 
 
3.5 A FORMAÇÃO ESPECÍFICA E A PRÁTICA DOS PEDAGOGOS PARA 
ATUAÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR 
Começa a surgir um novo perfil de pedagogo exigindo uma profunda reflexão e 
mudança em sua prática educativa a partir de novas perspectivas e anseios da 
sociedade, para isso torna-se necessária uma formação específica e continuada a 
fim de desenvolver novas habilidades para enfrentar tal demanda no que consiste a 
internação para tratamento hospitalar. 
De acordo com Matos e Mugiatti, a questão de formação desse profissional: 
[...] constitui-se num desafio aos cursos de Pedagogia, uma vez que as 
mudanças sociais aceleradas estão a exigir uma premente e avançada 
abertura de seus parâmetros, com vistas a oferecer os necessários 
fundamentos teórico-práticos, para o alcance de atendimentos diferenciados 
emergentes no cenário educacional. (2007, p. 13) 
 
Por esse motivo, torna-se necessário uma formação específica de pedagogos para 
atuação em ambiente hospitalar, como afirma Warnock, “que os professores de 
classes hospitalares tenham acesso aos treinamentos em serviços e outros cursos 
de capacitação.” (apud MATOS; MUGIATTI, 2007, p. 47), é necessário um 
comprometimento para com as necessidades específicas da criança/adolescente 
hospitalizado com propostas criativas e competentes, isto é torna-se crucial uma 
habilitação específica em que prepare, norteando a prática do ensino docente. 
Em referência à necessidade e a preocupação com formação específica do 
profissional da educação atuante no ambiente hospitalar Caiado (apud, ASSIS, 
2009, p. 103), afirma que: 
[...] justifica-se pela rápida ampliação da oferta desse atendimento ocorrida 
no final da década de 1990 no país e pela particularidade desse serviço, 
pois historicamente os cursos de formação de professores discutem o 
cotidiano da escola e os cursos de formação de profissionais de saúde não 
consideram o professor como participante da equipe hospitalar. 
 
Com esta afirmação, devemos perceber o quanto se faz necessário uma formação 
específica do profissional da educação para o atendimento pedagógico-educacional 
no ambiente hospitalar, devidos suas especificidades e necessidades. 
29 
 
Estudos indicam que para que a atuação do profissional da educação em ambiente 
hospitalar seja adequada, é necessário que o professor:[...] esteja capacitado para lidar com as referências subjetivas das crianças 
e deve ter destreza e discernimento para atuar com planos e programas 
abertos, móveis, mutantes, constantemente reorientados pela situação 
especial e individual de cada criança, ou seja, o aluno da escola hospitalar. 
(FONSECA, apud, ASSIS, 2009, p.42.43) 
 
Certamente, o professor que deseja atuar no ambiente hospitalar, deverá ter uma 
formação específica a fim de promover o desenvolvimento de habilidades 
necessárias para o trabalho neste novo ambiente educacional. Esta formação 
deverá também propiciar ao professor uma maior compreensão e formação 
emocional para lidar com possíveis conflitos de ideias, posições e principalmente 
com um novo conceito de aluno. Aluno este, acometido por doenças e limitações 
físicas, emocionais, sociais, etc. 
Portanto, torna-se necessário uma reorientação e reformulação dos cursos 
formadores de profissionais de educação, para que possa assim propiciar uma 
melhoria na qualidade do atendimento oferecido a este novo conceito de aluno, o 
aluno/paciente. 
Noffs e Rachman afirmam que: 
[...] faz-se necessário esclarecer que tal oferta de ensino no ambiente 
hospitalar deve ser pensada com cautela, pois não pode ser reduzido à 
mera transferência das práticas do ensino regular ao ensino hospitalar, 
considerando as diferentes demandas dos diversos alunos pacientes. 
(apud, ASSIS, 2009, p.89) 
 
Os cursos de formação específica para esse educador hospitalar devem levar em 
conta que além dos conhecimentos pedagógicos inerentes à sua profissão deve 
segundo Assis (2009, p. 106): 
 estar aberto ao diálogo, à incorporação de outras práticas e às 
mudanças; 
 dominar conhecimentos das várias séries da educação básica; 
 ter competência para transitar bem entre os campos da saúde e da 
educação; 
 estabelecer vínculos de afeto; 
 ser mediador de conhecimentos e de relações interpessoais; 
30 
 
 ter maturidade emocional para lidar com as intercorrências do 
entorno hospitalar; 
 saber interpretar as necessidades educativas de seus alunos, que 
podem requerer modificação no currículo e/ou alguma tecnologia 
assistida. 
 
A prática pedagógica em ambientes hospitalares requer dos profissionais maior 
flexibilidade, com conteúdos, procedimentos e recursos individualizados, levando em 
consideração cada criança/adolescente envolvido no processo de aprendizagem, 
sempre com atenção para o momento do tratamento, para a condição atual do 
paciente. Pois, o pedagogo que atua em ambiente hospitalar deverá visualizar o 
conceito integral de educação, deverá promover o aperfeiçoamento humano, 
promovendo tanto a educação quanto a saúde. 
Quanto à função e prática pedagógica do professor atuante na classe hospitalar 
Ceccim (apud MATOS; TORRES, 2010, p.60), afirma: 
Não é apenas “ocupar criativamente” o tempo da criança para que ela 
possa “expressar e elaborar” os sentimentos trazidos pelo adoecimento e 
pela hospitalização, aprendendo novas condutas emocionais, como também 
não apenas abrir espaços lúdicos com ênfase no lazer pedagógico para que 
a criança “esqueça por alguns momentos” que está doente ou em um 
hospital. O professor deve estar no hospital para operar com processos 
afetivos de construção da aprendizagem cognitiva e permitir aquisições 
escolares às crianças. O contato com o professor e com uma “escola no 
hospital” funciona, de modo importante, como uma oportunidade de ligação 
com os padrões de vida cotidiana do comum das crianças, como ligação 
com a vida em casa e na escola. 
 
Neste intuito as atividades deverão ser elaboradas de forma a dar continuidade ao 
trabalho já desenvolvido no ambiente escolar de origem da criança/adolescente que 
se encontra em classe hospitalar. Pois, de acordo com Matos e Mugiatti (2007, p. 
13) a Pedagogia Hospitalar vem ter como objetivo contribuir para o retorno do 
mesmo a sua escola de origem ao obter alta, sem prejuízo ao seu processo de 
escolaridade com isso “pretende-se, assim, oferecer à criança e ao adolescente 
hospitalizado, ou em longo tratamento hospitalar, a valorização de seus direitos à 
educação e à saúde, como também ao espaço que lhe é devido enquanto cidadã”. 
O pedagogo que atua em ambiente hospitalar deve acompanhar e intervir no 
processo de ensino aprendizagem por meio de atividades lúdicas como, o ato de 
contar histórias, brincadeiras, jogos, dramatizações, musicalização, desenhos e 
31 
 
pinturas, atividades estas realizadas nas classes hospitalares ou por diversas vezes 
no próprio leito a criança/adolescente hospitalizado, quando o mesmo estiver 
impossibilitado de frequentar a classe hospitalar. 
Portanto, para que o pedagogo hospitalar possa realizar um trabalho eficaz é 
necessário um espaço físico adequado, recursos humanos para poder atender a 
todas as crianças hospitalizadas, e materiais didáticos adequados como, por 
exemplo, revistas, lousa mágica, quebra-cabeças, alfabetos móveis, ou seja, tudo 
aquilo que possa ser deslocado da classe hospitalar, até o leito do paciente. 
Atividades estas que auxiliarão na adaptação, na motivação, na auto-estima e na 
recuperação do paciente. 
Podemos dividir a Pedagogia Hospitalar em três modalidades, nas quais ocorre 
atuação do Pedagogo Hospitalar. 
 A classe hospitalar que consiste no espaço físico que se realiza o 
atendimento à criança hospitalizada. A classe hospitalar torna-se a “escola” 
durante a permanência dos mesmos, contribuindo para o seu retorno à escola 
de origem. 
 A brinquedoteca em que consiste no espaço físico que possibilita o 
desenvolvimento de novas competências, socializando o brinquedo, 
resgatando brincadeiras tradicionais, assegurando à criança o seu direito de 
brincar. 
 A recreação hospitalar, em que através do brincar, o contato com brinquedos 
possibilita a prática de atividades lúdicas, contribuindo com o 
desenvolvimento psíquico, emocional e cognitivo da criança/adolescente 
hospitalizado. Portanto, devido a importância da recreação, o pedagogo deve 
ter a visibilidade, contribuindo para que a criança e adolescente hospitalizado 
e acamado participe dentro de suas possibilidades desta modalidade. 
Sendo assim a prática pedagógica deve além de ensinar, resgatar cada 
criança/adolescente hospitalizado a gostar de si mesmo, relacionando-se consigo 
próprio, com as demais pessoas e com a própria doença de forma saudável. 
Deve-se considerar que a fase de escolarização do educando será transitória e se 
dará de acordo com a permanência do educando no ambiente hospitalar. Portanto, 
32 
 
“durante a fase de hospitalização, é necessário haver um permanente estímulo às 
relações com a escola de origem, por meio de intercâmbio de informações e de 
manutenção de interesses”. (MATOS; MUGIATTI, 2007, p. 124) 
O pedagogo hospitalar em sua prática exerce papel fundamental, pois contribui com 
a equipe de saúde, favorecendo na integração da criança/adolescente hospitalizado, 
suas famílias e os profissionais de saúde. Integração esta indispensável tanto para a 
permanência da mesma no hospital quanto para o seu desenvolvimento cognitivo e 
psíquico, ou seja, na sua totalidade. 
O pedagogo em ambiente hospitalar tem como função ser um agente facilitador e 
não um ditador que imponha normas de instrução às crianças/adolescentes 
hospitalizados que em virtude de sua doença e estadia no hospital, se vê 
impossibilitados de frequentar uma escola regular. 
Sobre a necessidade de continuidade, Matos afirma que: 
[...] a necessidade de continuidade, exigida pelo processo de escolarização, 
é algo tão notório que salta à vista dos pais, professores e mesmo das 
próprias crianças e adolescentes e a atitude estimulante dos pais ouresponsáveis, representam uma significativa contribuição, em termos 
psicológicos, para a estruturação da personalidade da criança/adolescente 
hospitalizada. (2007, p. 68. 125) 
 
Para que todo o trabalho desenvolvido seja eficiente torna- se necessário uma 
parceria construída com os familiares para que possa incentivar à 
criança/adolescente hospitalizado a participação, vislumbrando um próximo retorno 
ao meio extra-hospitalar. Contudo podemos verificar que existem dois tipos de 
familiares, os estimulantes, que contribuem inspirando segurança, confiança, 
fazendo com que as crianças/adolescentes hospitalizados tenham condições de 
progredir, contribuindo assim de forma ativa no processo de cura em sua totalidade. 
Existem ainda os familiares não estimulantes, que superprotegem seus filhos, não 
permitindo a participação, não valorizando o processo de ensino aprendizagem no 
ambiente hospitalar. 
Deve-se levar em consideração o papel fundamental que exerce a afetividade no 
período da escolarização hospitalar, seja por parte dos familiares, seja por parte do 
33 
 
pedagogo hospitalar, e que as partes envolvidas neste processo tenham o cuidado 
para não confundir o educador como recreador, mãe substituta, Psicóloga, mas sim 
como um agente promotor do processo de ensino aprendizagem da 
criança/adolescente hospitalizado. 
Enfim, a necessidade da formação específica “grita por socorro”, dada a importância 
do papel do educador dentro do hospital. Ele vai além do mediador de conteúdos 
curriculares, ele auxilia, estimula o aumento da autoestima e da autoconfiança do 
aluno hospitalizado. Ele de forma concreta, trabalhando com as possibilidades e não 
com as limitações do aluno hospitalizado possibilita e reaviva o simples ato de 
sonhar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
3.6 A HUMANIZAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR 
 
Para melhor entendimento quanto à importância e a necessidade da humanização 
no ambiente hospitalar, primeiramente conceituaremos a palavra humanizar que de 
acordo com o dicionário Aurélio é “1. dar condição humana a; humanar. 2. Civilizar. 
P. 3. Tornar-se humano; humanar-se.” 
Segundo Oliveira (apud, MATOS, 2009, p. 85), humanizar caracteriza-se em: 
[...] colocar a cabeça e o coração na tarefa a ser desenvolvida, entregar-se 
de maneira sincera e leal ao outro e saber ouvir com ciência e paciência as 
palavras e os silêncios. O relacionamento e o contato direto fazem crescer, 
e é neste momento de troca que humanizo, porque assim posso me 
reconhecer e me identificar como agente, como ser humano. 
 
Partindo deste conceito, faz-se necessário a humanização no ambiente hospitalar, 
ou seja, dar condições humanas às crianças e adolescentes hospitalizados 
primeiramente com o respeito pelo indivíduo enfermo e seus familiares, já 
demasiadamente fragilizados pelo ambiente a que são expostos e pela doença 
imposta a eles, dando um maior conforto, sendo solidários, proporcionando uma 
significativa melhora na qualidade de vida. Conforme Assis: 
[...] a qualidade de vida – o bem-estar, o estar bem – implica condições 
físicas, psicológicas e sociais que favoreçam a pessoa a desfrutar uma vida 
equilibrada, isto é, a possibilidade de realização pessoal, profissional e 
afetiva. [...] resgatando a importância dos aspectos humanos, das 
competências relacionais, além dos cuidados técnico-científicos, e 
concretizando um trabalho que cuida, respeita e valoriza a vida humana; um 
trabalho mais humanizado. (2009, p.81-82) 
 
Por sua complexidade, o ambiente hospitalar impõe a ampliação da discussão com 
a sociedade, a fim de estabelecer um quadro ético de referência para o cuidado 
humanizado. Um caminho possível e adequado para a humanização se constitui, 
acima de tudo, na presença solidária do profissional, refletido na compreensão e no 
olhar sensível, aquele olhar de cuidado que desperta, no ser humano confiança. 
Embora o cotidiano do hospital submeta, constantemente, os profissionais a 
situações críticas e indesejáveis, como as longas jornadas de trabalho, a falta de 
leitos, a escassez de recursos materiais e humanos, provocadores de dilemas éticos 
35 
 
importantes, é sempre possível a inter-relação, demonstrar a solidariedade orgânica 
e mecânica. Essa convivência propicia viver o aconchego das coisas simples, 
mesmo diante das tensões e riscos dos momentos mutantes, muitas vezes 
imprevisíveis e plenos de significados. Todavia, deve-se “enraizar valores e atitudes 
de respeito à vida humana, indispensáveis à consolidação e à sustentação de uma 
nova cultura de atendimento à saúde.” (CALEGARI, apud, ASSIS, 2009, p. 87) 
Ao se falar de um ambiente humanizado, se deve considerar a necessidade da 
afetividade e da solidariedade seja na sociedade em geral, ou no ambiente 
hospitalar que em suas especificidades requer um novo olhar. Portanto, a 
solidariedade e a afetividade devem fazer parte da linguagem do cotidiano das 
pessoas. 
De acordo com o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar – 
PNHAH (2002), humanizar é: 
[...] garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para que o sofrimento 
humano e as percepções de dor ou de prazer sejam reconhecidas pelo 
outro. É preciso ainda, que esse sujeito ouça do outro palavras do seu 
reconhecimento. [...] é pela linguagem que fazemos as descobertas de 
meios pessoais de comunicação com o outro. Sem isso, nos 
desumanizamos reciprocamente. Em resumo: sem comunicação não há 
humanização. A humanização depende da nossa capacidade de falar e de 
ouvir, depende do diálogo com nossos semelhantes. 
 
Partindo deste pressuposto, falar em humanização é fácil, o difícil é praticá-la. 
Humanizar é respeitar alguém fragilizado, com naturalidade, sem parecer superior. 
No caso de pessoas doentes, procurar avaliar o seu sofrimento, ter compaixão no 
bom sentido, com atitudes positivas. No caso de doentes sem possibilidades de 
viver, deixá-los morrer com dignidade. 
Quando se fala de crianças hospitalizadas essa humanização é ainda mais 
complexa. Há algumas décadas as crianças não podiam ser acompanhadas pelos 
familiares e isso levava a um stress e sofrimento muito grande para as crianças. 
Por isso, os hospitais por volta da década de 80, iniciaram o programa de pais 
acompanhantes. Pesquisas realizadas na área mostraram que crianças 
acompanhadas se sentiam mais seguras, o melhoramento clínico foi significativo e o 
tempo de internação diminuiu. 
36 
 
Com esse programa o problema existente em relação às crianças foi amenizado, 
porém os Hospitais se confrontaram com um novo problema referente aos pais e 
aos acompanhantes, não acostumados ao ambiente hospitalar, de constante 
movimento, má diferenciação entre dia e noite, alarmes, sondas, etc. Além disso, 
havia a necessidade de fornecer informações com muito mais frequência que 
anteriormente, gerando também stress à equipe médica e de enfermagem, que nem 
sempre estavam disponíveis no momento desejado. 
A partir da nova dificuldade existente foram adotadas medidas para proporcionar um 
maior conforto, atenção, entretenimento, dentre outras, afim de então diminuir a 
carga de ansiedade que envolve não só os pacientes e os acompanhantes como 
também a equipe médica. 
Vários programas então foram e estão sendo desenvolvidos no intuito de otimizar 
esta relação além da abordagem de outros aspectos como a associação do local 
com perdas e morte, medo de dor, ansiedade, perda da privacidade e do sentido 
temporal (dia/noite), estado de semiconsciência, etc. 
De acordo com o Hospital do Câncer, humanizar significa: 
[...] tornar humano, afável. É um ambiente assim que precisa existir nas 
UTIs. Para isto é necessáriouma intervenção efetiva. Mudanças nas 
estruturas, nos conceitos, derrubar obstáculos e tabus. É importante 
também a compreensão dos fatores que produzem estresse e o 
planejamento de intervenções oportunas e eficazes. 
 
Alguns exemplos de humanização no sistema de saúde já estão sendo empregado 
com resultados bastante significativos, como o parto humanizado, hospital amigo da 
criança, incentivo ao aleitamento materno, método canguru, alojamento conjunto, 
presença de palhaços e contadores de histórias, voluntariado e brinquedotecas. 
 
 
 
 
37 
 
Sobre a presença dos palhaços no ambiente hospitalar, Achar (apud, MATOS, 2009, 
p. 138-139), afirma que: 
Independente da condição física da criança/adolescente hospitalizado, „o 
palhaço chama a atenção daquilo que ainda está saudável no indivíduo 
doente‟ pois consegue resgatar sentimentos esquecidos ou apagados pela 
dor da solidão, pela distância de coisas que lhe são familiares, pela privação 
de objetos íntimos, pela falta de contato com o mundo exterior ao hospital e, 
mais do que tudo, pela impotência que sente o indivíduo perante a doença. 
O palhaço também trabalha a esperança dos pais, enfermeiros, médicos e 
demais envolvidos com os enfermos. 
 
A literatura e o brincar estão muito presentes na vida da criança e esses projetos 
buscam trazer essa realidade da criança para dentro do espaço hospitalar. A 
literatura infantil é conhecida na maioria das vezes pelas crianças desde quando 
nascem. 
Quem nunca ouviu uma história contada pelo pai, mãe ou avós. E ao costume de 
contar ou até mesmo criar histórias já vem de longos anos, esta prática remete a 
momentos de aconchego e ternura. 
O ato de contar histórias é um momento que consolida os laços afetivos de 
companheirismo e amizade entre os ouvintes e os contadores e é neste momento 
que a criança se sente parte a história, trazendo o imaginário para o seu cotidiano, 
podendo transformar a sua realidade. 
A literatura infantil pode ser usada no ambiente hospitalar com a finalidade de 
repouso, uma história agradável e calma pode ajudar a criança a ter um sono 
tranquilo, favorecendo o seu bem estar e promovendo a saúde. 
A Pedagogia Hospitalar vivência sensações e emoções de forma intensa e lida com 
elas na medida em que auxilia a criança da melhor forma possível, no convívio com 
a doença e o ambiente hospitalar. 
Acredita-se que a literatura infantil pode abordar essas emoções e sensações, 
transformando este ambiente em um lugar de acolhimento onde a criança tenha o 
direito de continuar desenvolvendo as suas habilidades cognitivas e sociais. 
38 
 
A criança está apta dentro de suas condições físicas e emocionais a participar de 
atividades pedagógicas e lúdicas mesmo inserida no ambiente hospitalar. Portanto, 
a Pedagogia em ambiente hospitalar vem com o propósito de amenizar este 
momento de dor e transformar em um momento de aprendizagem e descontração. 
A ideia de introduzir um trabalho com brinquedos para a criança hospitalizada já 
existe desde 1956 na Suécia, por Yvonny Lindquist. Sua iniciativa foi inicialmente 
rejeitada por medo de atrapalhar os trabalhos de médicos e enfermeiros. 
Em 1984, no III Congresso Internacional de Ludotecas, realizado na Bélgica, Rubfaix 
e Delsemme, duas bibliotecárias do hospital da Cruz Vermelha, em Bruxelas, 
apresentaram uma pesquisa sobre brincar no hospital no qual se referiam ao 
trabalho desenvolvido pela Cruz Vermelha em que visava à humanização dos 
hospitais e relataram que chegaram à conclusão que o trabalho desenvolvido pelos 
voluntários, que iam uma vez por semana brincar com as crianças, provou ser tão 
útil que se tornasse diário e com maior tempo de permanência junto às crianças. 
Assim foram surgindo as brinquedotecas hospitalares, para alegrar as crianças em 
sua permanência no hospital. Lá a criança pode encontrar brinquedos, diversão e 
estímulos para continuar se desenvolvendo de forma saudável. 
A brinquedoteca deve ser um espaço diferente, mágico, que faça voar a imaginação. 
Brincar de faz de conta ajuda a criança a compreender e aceitar a condição anormal 
em que se encontra e a sentir-se mais segura. À medida que expressa seus 
sentimentos, alivia suas tensões e sua ansiedade. 
Em relação às brinquedotecas, Viegas (apud, ASSIS, 2009, p. 25) afirma que tem 
que ser: 
[...] um espaço no hospital, provido de brinquedos e jogos educativos, 
destinado a estimular as crianças, os adolescentes e seus acompanhantes 
a brincar no sentido mais amplo possível e conseguir sua recuperação com 
uma melhor qualidade de vida. 
 
Deve haver brinquedos bem variados, de casinha de bonecas aos jogos de armar. 
Pode ser também um espaço em que a criança mate a saudade de sua casa, um 
espaço para desenvolver atividades, como artes plásticas ou artesanato. Este 
39 
 
espaço será de grande ajuda, não só para a criança, mas também para a família, 
que terá oportunidade de fazer uma atividade diferente que, além de ajudar a passar 
o tempo, pode representar a oportunidade para aprender uma nova forma de 
expressão. 
Sobre as brinquedotecas hospitalares Paula (apud, MATOS, 2009, p. 142), afirma 
que o seu sentido vai muito além de diversão e que “o brincar no ambiente hospitalar 
vem como um coadjuvante terapêutico ao alívio do estresse associado à internação. 
[...] na brinquedoteca, as crianças têm a referência do seu espaço para recreação, 
lazer e o lúdico”. 
Uma preocupação existente em relação aos brinquedos no hospital é a possibilidade 
de contaminação entre os pacientes através dos brinquedos. Tornando- se assim 
um empecilho ao lúdico dentro do ambiente hospitalar. Assim deve haver 
orientações e o esclarecimento de dúvidas, pelo especialista aos familiares e 
acompanhantes para que possa evitar assim prováveis contaminações. 
Eles devem ser informados de que alguns vírus respiratórios podem sobreviver 
horas em superfícies e outros micro-organismos, que causam diarréia, por exemplo, 
podem sobreviver por dias nos brinquedos. Por isso, os brinquedos utilizados por 
bebês e crianças pequenas não devem ser compartilhados, pois crianças nessa 
idade levam os brinquedos à boca. Para os brinquedos das crianças maiores uma 
rotina institucional deve ser elaborada, especificando a periodicidade da limpeza e 
desinfecção dos brinquedos. 
Brincar é uma atividade dinâmica que produz e resulta de transformações. Os 
brinquedos acumulam significados atribuídos não só pelo indivíduo, com que ele 
brinca naquele instante, mas também por várias gerações e povos, ao longo da 
história da humanidade. 
Portanto, pode-se concluir que o espaço hospitalar humanizado, contribui tanto para 
a recuperação física, psíquica e emocional quanto para o desenvolvimento cognitivo 
da criança/adolescente hospitalizado, além de aproximá-lo da possibilidade de sua 
reintegração social. Cabendo assim aos profissionais da educação e da saúde o 
papel de humanizadores do ambiente hospitalar, transformando-o em um ambiente 
acolhedor, aconchegante, alegre e, sobretudo solidário. 
40 
 
3.7 LIMITES E DESAFIOS NO CONTEXTO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
O pedagogo atuante em ambiente hospitalar enfrenta a cada dia um novo desafio, 
devido ao encontro diário com um sujeito debilitado por sua doença, contudo ainda 
esperançoso com sua recuperação e com seu retorno a sua realidade e rotina de 
vida. 
Entende-se por doença um processo natural da vida, mas é de difícil compreensão 
quando envolve criança que sofre por algum tipo de deficiência seja ela física, 
metabólica, hematológicas e outras mais encontradas dentro da área hospitalar. 
O tratamento da doença é quem determina o tempo da criança/adolescente no 
hospital, ea distância da escola regular, a Pedagogia em ambiente hospitalar veio 
para suprir as necessidades desta criança e adolescente hospitalizado, e a 
modalidade como assim é reconhecida se vê todos os dias diante a uma batalha 
quando se fala principalmente de saúde x doença. 
Nesta perspectiva Matos e Mugiatti afirmam que: 
Se a doença, portanto, se mostra multifatorial, não é justo que se realize um 
atendimento meramente físico, assim atentando apenas para o mais 
evidente, perturbador e residual, descartando os demais aspectos, 
igualmente importantes, que contribuíram para sua instalação e, 
seguramente contribuirão para sua recidiva, se não forem devidamente 
solucionados. (2007, p. 20) 
 
Sobre esta ótica, os limites impostos pela doença a cada dia exigem dos pedagogos 
a força e a vontade para romper estas barreiras, colocando em prática ideias 
inovadoras e criativas, como por exemplo, produzir projetos novos, dinâmicos e 
criando espaços lúdicos com a finalidade de elevar a autoestima da 
criança/adolescente diminuindo o sofrimento e descontraindo para que possa 
esquecer nem que seja por alguns minutos o seu estado de saúde. 
Matos e Mugiatti, sobre as atitudes inovadoras afirmam que: 
Inovar, abrir caminhos nunca foi tarefa das mais fáceis. A grande dificuldade 
daquele que ousa buscar o novo não esta nos percalços do devir, mas no 
forte enraizamento das resistências do vigente que, de repente, vê seus 
valores se esvaecerem diante de outros mais abrangentes. (2007, p 23) 
41 
 
Com certeza o trabalho a ser desenvolvido por profissionais da educação dentro do 
ambiente hospitalar deve ser realizado de forma a contribuir ao desenvolvimento 
cognitivo dos educando que por motivos alheios a sua vontade encontram-se 
impossibilitados de frequentar as salas de aulas regulares. 
Para que tal contribuição se torne efetiva, torna-se necessário um ambiente 
apropriado e adequado às condições impostas à criança e adolescente 
hospitalizado. Ambiente este, sendo um verdadeiro desafio a ser transposto pela 
equipe pedagógica. 
A tão necessária organização da Classe Hospitalar é exigida e garantida pelo 
documento Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e 
orientações. (BRASIL, 2002) 
Os ambientes serão projetados com o propósito de favorecer o 
desenvolvimento e a construção dos conhecimentos para as crianças, 
jovens e adultos, no âmbito da educação básica, respeitando suas 
capacidades e necessidades educacionais especiais individuais. Uma sala 
para desenvolvimento das atividades pedagógicas com mobiliário adequado 
e uma bancada com pia são exigências mínimas. Instalações sanitária 
próprias, completas, suficientes e adaptadas são altamente recomendáveis 
e o espaço ao ar livre adequado para atividades físicas e ludo-pedagógicas. 
Além de um espaço próprio para a classe hospitalar, o atendimento 
propriamente dito poderá desenvolver-se na enfermaria, no leito ou no 
quarto de isolamento, uma vez que restrições impostas ao educando por 
sua condição clínica ou de tratamento que assim requeiram. O atendimento 
pedagógico poderá também ser solicitado pelo ambulatório do hospital onde 
poderá ser organizada uma sala específica da classe hospitalar ou utilizar-
se os espaços para atendimento educacional. (p.15-16) 
 
Nesta perspectiva, a construção de um ambiente apropriado e adequado para o 
atendimento Pedagógico torna-se tão necessário e fundamental quanto a formação 
específica do Pedagogo Hospitalar. 
De acordo com Matos e Mugiatti, cabe ao pedagogo hospitalar uma formação e 
capacitação específica para tal trabalho, um olhar diferenciado, a fim de utilizarem 
práticas diferenciadas. 
[...] essas práticas da pedagogia hospitalar apontam para a necessidade de 
formação de pedagogos especializados para atuação no contexto 
hospitalar. Objetivando alicerçar sua continuidade dentro do contexto da 
pedagogia acadêmica, torna-se importante que se tenha em mente a sua 
significação em termos sociais, bem como a oportunidade que se oferece 
42 
 
para o desenvolvimento de práticas específicas, visando a adaptar 
condições aprendizagem que em determinadas situações que se instalam 
em contexto hospitalar são diferenciadas das que se apresentam nos 
padrões normais de sala de aula. (2007, p. 122) 
 
Além dos aspectos analisados, necessita também um sentimento de cooperação, 
pois, no ambiente hospitalar o profissional da educação não trabalha sozinho, mas 
com todos os demais profissionais da saúde e familiares. 
Enxergar e acreditar na criança enferma, assim como em qualquer criança, é um 
primeiro passo para compreendê-la, respeitá-la e auxiliá-la em seu processo de 
desenvolvimento, porque de acordo com Wallon (1941, p. 11) "a criança não sabe 
senão viver sua infância. Conhecê-la pertence ao adulto". 
A práxis do pedagogo deve estar voltada para uma atividade integradora conciliando 
a saúde e educação sobre o olhar da doença e sua ação transformadora para a 
criança/adolescente que precisa deste atendimento dentro ambiente hospitalar. 
Enfim, deve-se ter a consciência que há um grande caminho a percorrer, mas que 
não se deve desistir jamais. Pois, o trabalho desenvolvido vai muito além de 
somente transmitir conhecimento à criança/adolescente hospitalizado, é contribuir 
para um “viver melhor” do mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS/ESTUDO DE CASO 
 
4.1 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO OLHAR DO PEDAGOGO DA REDE 
REGULAR DE ENSINO 
 
Esta entrevista foi realizada com Helen, sexo feminino, 44 anos, que é pedagoga de 
uma Escola Estadual do ES. Sua graduação é em Pedagogia e foi concluída há 10 
anos. Atua nesta instituição há cinco anos como pedagoga. 
A entrevista foi analisada nos respectivos blocos temáticos apresentados abaixo: 
 
 
1. PROCESSO DE FORMAÇÃO 
 
 
 
 
O caso de Mel foi o primeiro de discente 
hospitalizado que a instituição 
acompanhou? 
 
Helen me relatou que é pedagoga da 
instituição há 5 anos e que o caso de 
Mel foi o único que ela vivenciou. Disse 
ainda que a doença de Mel mexeu muito 
emocionalmente com todos na escola. 
Pois era uma criança carismática e muito 
dedicada aos estudos. Mel cursou na 
instituição a 5ª, 6ª e se afastou 
definitivamente na 7ª série. 
 
 
 
Você acha que os cursos de graduação 
da área de educação, de alguma forma 
nos preparam para esse enfoque do 
atendimento pedagógico da criança e 
adolescente hospitalizados? 
Não. Quando me graduei, foi comentado 
muito brevemente e superficialmente 
sobre essa vertente da Pedagogia 
Hospitalar. 
Espero que em breve os cursos 
comecem a focar mais essas novas 
áreas pedagógicas, não só a hospitalar, 
como a prisional, a empresarial, a social 
e outras existentes. 
44 
 
Nas respostas dadas pela pedagoga Helen é visível que o tema Pedagogia 
Hospitalar ainda é algo muito distante da rotina escolar e também dos cursos de 
Pedagogia. Segundo Machado (apud, MATOS, 2010, p. 92), a Pedagogia tem como 
objetivo formar educadores para a educação regular e escolar. Os cursos de 
Pedagogia ainda não preparam o profissional para outras vertentes da Pedagogia 
como a Hospitalar, a empresarial, a prisional entre outras, o foco principal dos 
cursos ainda é a escola regular. 
Helen é formada há dez anos, mas pelo que se pôde observar os cursos de 
graduação não mudaram muito sua perspectiva. O profissional que se interessar 
pela área da Pedagogia Hospitalar deverá buscar especialização. Porém a mesma 
ainda não é ofertada na maioria das instituições restringindo assim o acesso aos 
cursos. 
Mattos afirma que: 
As observações e as práticas desenvolvidas

Outros materiais