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COORDENADORA GERAL: CARMEN ELIZABETH KALINOWSKI DIRETORAS ACADÊMICAS: JUSSARA GUE MARTINI VANDA ELISA ANDRES FELLI PROENF | SAÚDE DO ADULTO | Porto Alegre | Ciclo 2 | Módulo 2 | 2007 PROENF PROGRAMAS DE ATUALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM SAÚDE DO ADULTO proenf-sa_0_Iniciais e sumario.PMD 28/8/2007, 10:563 Associação Brasileira de Enfermagem ABEn Nacional SGAN, Conjunto “B”. CEP: 70830-030 - Brasília, DF Tel (61) 3226-0653 E-mail: aben@abennacional.org.br http://www.abennacional.org.br Artmed/Panamericana Editora Ltda. Avenida Jerônimo de Ornelas, 670. Bairro Santana 90040-340 – Porto Alegre, RS – Brasil Fone (51) 3025-2550 – Fax (51) 3025-2555 E-mail: info@sescad.com.br consultas@sescad.com.br http://www.sescad.com.br Os autores têm realizado todos os esforços para localizar e indicar os detentores dos direitos de autor das fontes do material utilizado. No entanto, se alguma omissão ocorreu, terão a maior satisfação de na primeira oportunidade reparar as falhas ocorridas. As ciências da saúde estão em permanente atualização. À medida que as novas pesquisas e a experiência ampliam nosso conhecimento, modificações são necessárias nas modalidades terapêuticas e nos tratamentos farmacológicos. Os autores desta obra verificaram toda a informação com fontes confiáveis para assegurar-se de que esta é completa e de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da possibilidade de um erro humano ou de mudanças nas ciências da saúde, nem os autores, nem a editora ou qualquer outra pessoa envolvida na preparação da publicação deste trabalho garantem que a totalidade da informação aqui contida seja exata ou completa e não se responsabilizam por erros ou omissões ou por resultados obtidos do uso da informação. Aconselha-se aos leitores confirmá-la com outras fontes. Por exemplo, e em particular, recomenda-se aos leitores revisar o prospecto de cada fármaco que lanejam administrar para certificar-se de que a informação contida neste livro seja correta e não tenha produzido mudanças nas doses sugeridas ou nas contra-indicações da sua administração. Esta recomendação tem especial importância em relação a fármacos novos ou de pouco uso. Estimado leitor É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros), sem permissão expressa da Editora. Os inscritos aprovados na Avaliação de Ciclo do Programa de Atualização em Enfermagem (PROENF) receberão certificado de 180 horas-aula, outorgado pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e pelo Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância (SESCAD) da Artmed/Panamericana Editora. proenf-sa_0_Iniciais e sumario.PMD 28/8/2007, 10:562 47 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC AD Luciara Fabiane Sebold – Enfermeira. Mestranda pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Especialista em Acupuntura, pelo CIEPH. Membro do Grupo de Pesquisa C&C – Cuidando e Confortando da UFSC Vera Radünz – Enfermeira. Pós-Doutora pela University of Alberta. Doutora e Mestra pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-graduação da UFSC. Vice-líder do Grupo de Pesquisa C&C – Cuidando e Confortando da UFSC Patrícia Kuerten Rocha – Enfermeira. Doutoranda pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre pela UFSC. Especialista em Terapia Intensiva Pediátrica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Membro do Grupo de Pesquisa C& C – Cuidando e Confortando, e Grupo de Tecnologias, Informática e Informações em Saúde – (GIATE) Marta Lenise do Prado – Enfermeira. Doutora em Filosofia de Enfermagem. Docente do Programa de Pós-graduação do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Membro do Grupo de Pesquisa Educação Saúde e Enfermagem – (EDEN) e do Grupo de Tecnologias, Informática e Informações em Saúde – (GIATE) OBESIDADE E CUIDADO LUCIARA FABIANE SEBOLD VERA RADÜNZ PATRÍCIA KUERTEN ROCHA MARTA LENISE DO PRADO INTRODUÇÃO Na história da humanidade os padrões de beleza passaram por diversas fases, nas quais os corpos assumiam diferentes dimensões, ora mais rechonchudos, ora mais esguios. Na atualidade vivemos fases dicotômicas, existindo uma preocupação exacerbada com o corpo. De um lado, o modelo extremamente magro como ideal de beleza, e de outro, o corpo obeso, decorrente das conquistas da chamada “vida moderna”. A obesidade provavelmente é uma das doenças metabólicas mais antigas que se conhece. Assim, os focos de atenção para esse tipo de enfermidade variaram de tempos em tempos, refletindo os valores culturais e o desenvolvimento científico de cada época. Em todas elas, todavia, a obesidade está relacionada ao aumento na incidência de doenças associadas a essa síndrome, consideradas graves e incapacitantes, como, por exemplo, as doenças cardiovasculares, a hiperlipidemia, a hipertensão arterial sistêmica, o diabete, o câncer de mama, entre outras. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5647 48 A O BE SID AD E E O CU IDA DO As demandas da vida moderna determinaram mudanças de hábitos alimentares e de movimento. Assim, a transição nutricional tem mobilizado os indivíduos a uma dieta ocidentalizada, associada à diminuição progressiva da atividade física. O resultado dessa equação é o excesso de peso. A obesidade é considerada hoje um dos mais graves problemas de saúde pública e sua prevalência vem crescendo acentuadamente, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento. Essa condição mobiliza pesquisadores do mundo inteiro com o objetivo de descobrir as multifacetas dessa epidemia mundial.1 Wannmacher2 salienta que a obesidade se tornou mais notória nos anos de 1980 e 1990, sendo essa condição não mais apenas estética, mas sim um importante fator de risco para inúmeras doenças. No Brasil, as mudanças demográficas, socioeconômicas e epidemiológicas, ao longo do tempo, determinaram a ocorrência de uma transição nos padrões nutricionais com a diminuição progressiva da desnutrição e o aumento da obesidade.3 Segundo a pesquisa de orçamentos familiares de 2003-2004, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),4 são 38,8 milhões de pessoas com 20 anos de idade ou mais que estão acima do peso, o que significa 40,6% da população total do país. Dentro desse grupo, 10,5 milhões são obesos. A pesquisa também revelou que o problema se agrava com a idade e que a faixa etária de 20 a 44 anos concentra o maior número de homens com excesso de peso. Já nas mulheres, a obesidade predomina nas faixas posteriores, indicando que os homens tendem ganhar peso de forma mais rápida que as mulheres, e estas de forma mais lenta em um espaço de tempo maior. Sendo assim, os cuidados com os indivíduos que se encontram obesos ou não é um grande desafio para os profissionais da saúde, e em especial para a enfermagem, que poderá contribuir para a promoção de hábitos saudáveis de vida, para a prevenção, a recuperação e a reabilitação de indivíduos que sofrem com a obesidade, o sobrepeso e com as doenças decorrentes dessa condição. OBJETIVOS Ao final deste capítulo, o leitor deverá ser capaz de: ■■■■■ reconhecer os fatores de risco para o desenvolvimento da obesidade; ■■■■■ caracterizar obesidade; ■■■■■ avaliar os sinais subjetivos e objetivos que indicam a possibilidade do desenvolvimento da obesidade; ■■■■■ identificar as complicações da obesidade; ■■■■■ caracterizar os modos de manejar o tratamento farmacológico e não-farmacológico da obesidade; ■■■■■ reconhecer o papel da família e da enfermagem no cuidado ao indivíduo com risco para obesidade e aoindivíduo obeso. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5648 49 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADESQUEMA CONCEITUAL Obesidade e cuidado Afinal, como reconhecer a obesidade? Obesidade em crianças Etiologia da obesidade Formas de determinação da obesidade e classificação Intervenções não-farmocológicas, farmacológicas e cirúrgicas na obesidade Intervenções não-farmocológicas na obesidade Intervenções farmacológicas na obesidade Intervenção cirúrgica na obesidade Doenças associadas à obesidade Considerações finais Caso clínico proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5649 50 A O BE SID AD E E O CU IDA DO AFINAL, COMO RECONHECER A OBESIDADE? A obesidade é uma doença de difícil conceituação, pois abrange diversos aspectos fisiopatológicos e socioculturais, de complexo entendimento. Porém, sabe-se que é uma doença crônica, que não tem cura (apenas controle), de custos elevados para a saúde pública e que desencadeia várias doenças que chamamos de doenças associadas à obesidade, consideradas de alto risco. Os conceitos de obesidade aparecem na literatura de forma ampla, restrita, dirigida ou complexa, ou seja, há várias formas de se conceituar a obesidade. A definição mais primária de obesidade é aquela que a reconhece como o acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo.5,6 Esse conceito, entretanto, apresenta grandes dificuldades de entendimento no que se refere a medir o tecido adiposo, e também em como estabelecer o limiar a partir do qual um determinado indivíduo deve ser considerado obeso ou não. Para Francischi e colaboradores,7 a obesidade não é uma desordem singular, e sim um grupo heterogêneo de condições com múltiplas causas que, em última análise, resultam no fenótipo de obesidade. Murate8 desenvolveu um conceito mais abrangente, no qual esclarece que a obesidade é considerada uma síndrome multifatorial na qual a genética, o metabolismo e o ambiente interagem assumindo diferentes quadros clínicos nas diversas realidades socioeconômicas. A autora acrescenta que essa doença tem sido classificada como uma desordem primária de alta ingesta calórica e redução do gasto calórico diário, conseqüência da vida contemporânea. Em outras palavras, o homem contemporâneo passa a maior parte de seu dia sedentário e consumindo alimentos com alto teor calórico, desequilibrando a balança energética. E, apesar dos avanços científicos nos últimos anos, a etiologia desse desequilíbrio ainda não foi totalmente esclarecida. O que se sabe é que os mecanismos etiopatogênicos estão relacionados com a composição corporal, com o gasto energético, com os fatores alimentares, culturais, psicossociais e hormonais envolvidos no metabolismo do tecido adiposo.8 Além desses fatores, a característica da sociedade contemporânea, a urbanização e a industrialização dos produtos alimentícios, com maior disponibilidade no mercado, formam um conjunto de possíveis fatores desencadeantes da obesidade, contribuindo para o crescente número de indivíduos nessa condição. Vale ressaltar que esses fatores influenciaram no aumento da prevalência da obesidade também em crianças. OBESIDADE EM CRIANÇAS Para as crianças, a história familiar é um fator determinante no surgimento da obesidade infantil e de outros distúrbios de comportamento alimentar. Pesquisadores chamam a atenção para as famílias com pais obesos, pois seus filhos têm 80% de chance de se tornarem também obesos. Já esse percentil pode cair pela metade se apenas um dos pais for obeso. Caso nenhum dos pais for obeso, a chance de desenvolver a obesidade é de 7%. Porém, ainda o limiar de influências familiares e herança genética podem ser ou não determinadas pelo ambiente familiar no qual a criança está inserida.9 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5650 51 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADSigulem9 ressalta alguns aspectos importantes e fundamentais no que diz respeito ao desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis para as crianças e os aspectos que também contribuem para o desenvolvimento da obesidade, como: ■■■■■ o desmame precoce; ■■■■■ a introdução de alimentos ricos em açúcares e amido; ■■■■■ a forma de preparo dos alimentos; ■■■■■ a quantidade de alimentos ofertada a criança; ■■■■■ a introdução de leite de vaca acrescido de sacarose, engrossantes e outros alimentos ricos em açúcares. 1. A obesidade é considerada uma epidemia mundial devido ao número crescente de indivíduos acima do peso. Assim, sabemos que algumas doenças estão associadas diretamente com a obesidade, como: A) diabete, hipertensão arterial sistêmica. B) síncope, câncer de mama. C) câncer de mama, diabete. D) diabete, estria. 2. Assinale a alternativa que contempla os aspectos conceituais mais amplos da obesidade. A) A obesidade é o acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo. B) A obesidade é resultante de fatores genéticos do indivíduo. C) A obesidade é considerada uma síndrome multifatorial, na qual a genética, o metabolismo e o ambiente interagem assumindo diferentes quadros clínicos nas diversas realidades socioeconômicas. D) Os hábitos alimentares e o sedentarismo são as causas da obesidade. Respostas no final do capítulo 3. Quais aspectos contribuem para a obesidade em crianças? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ETIOLOGIA DA OBESIDADE A obesidade de causa nutricional, também conhecida como simples ou exógena, representa o tipo mais freqüente de obesidade. Isso significa que mais de 95% dos casos estão relacionados a maus hábitos alimentares e sedentarismo.9 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5651 52 A O BE SID AD E E O CU IDA DO A obesidade de causa nutricional é considerada como um distúrbio do metabolismo energético, quando ocorre o armazenamento excessivo de energia sob a forma de triglicérides no tecido adiposo. Isso se dá porque o organismo estoca energia por meio da regulação entre a ingesta alimentar (elevada) e o gasto energético (baixo). Um pequeno desequilíbrio na balança energética gera um balanço positivo acarretando um pequeno aumento no peso. Entretanto, esse balanço positivo pode se tornar crônico levando o indivíduo à obesidade. A obesidade se desenvolve sem que uma doença primária seja identificada, assim ocorre um desequilíbrio do balanço entre a ingestão calórica e o gasto energético de um indivíduo, sendo que não se pode esquecer que existem outros fatores envolvidos no processo que vão desde os socioculturais até os genéticos e os ambientais.10 Há inúmeras tentativas de explicar o mecanismo que leva o indivíduo a desenvolver a obesidade, pois fisiologicamente o organismo conta com mecanismo de saciedade de fome e satisfação alimentar, mas esse mecanismo aparenta estar alterado em indivíduos que desenvolvem a obesidade. Outra explicação pode ser relativa ao desenvolvimento de excesso de peso ou da obesidade pela interação entre os vários genes que exercem efeitos importantes em determinadas famílias.11 Pesquisas recentes confirmam que os fatores genéticos que influenciam na elevação do peso já foram identificados no processo de regulação de peso, mas os papéis precisos de cada um ainda não foram determinados.Apenas dois mecanismos estão mais esclarecidos, como o da leptina e o do neuropeptídeo Y. Segundo Ferreira e colaboradores12 a quantidade de gordura corporal pode ser regulada por vários sinais hormonais periféricos. A leptina é um deles, e, acredita-se que a leptina é um fator lipostático com maior influência no controle do equilíbrio energético, pois realiza um sistema de feedback negativo com origem no tecido adiposo e assim influencia os centros hipotalâmicos. A leptina é uma proteína codificada, produzida e secretada por adipócitos maduros e atua como sinal de saciedade aferente em um circuito de feedback.12 O neuropeptídeo Y é um neurotrasmissor importante no controle do peso corporal, liberado pelos neurônios hipotalâmicos.9 Algumas desordens endócrinas podem gerar a obesidade como o hipotireodismo e as alterações no hipotálamo. Além das causas orgânicas, as causas psicológicas também podem levar o indivíduo a desenvolver a obesidade. O estresse, a ansiedade e a depressão são grandes causadores dessa disfunção, pois apresentam influência direta no comportamento alimentar. Vasques e colaboradores13 esclarecem que os problemas emocionais são geralmente percebidos como conseqüência da obesidade, embora conflitos e problemas psicológicos de autoconceito possam preceder ao desenvolvimento desta. As autoras ressaltam que os indivíduos obesos apresentam aspectos emocionais e psicológicos identificados como causas, ou conseqüências, ou retroalimentadores da sua condição de obeso. Concomitante a este fato acontece uma condição clínica e educacional alterada. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5652 53 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADPara Segal e colaboradores14 a obesidade não é considerada um transtorno psiquiátrico apesar de que a obesidade foi, por muito tempo, considerada como uma manifestação somática de um conflito psicológico subjacente. Segundo Wannmacher,2 as causas da obesidade são multifatoriais, tais como: ■■■■■ hábitos alimentares incorretos; ■■■■■ inatividade física; ■■■■■ obesidade secundária (alterações neuroendócrinas, cirurgia hipotalâmica e utilização de medi- camentos – glicocorticóides, antidepressivos tricíclicos, lítio, fenotiazinas, ciproeptadina, medroxiprogesterona); ■■■■■ obesidade genética (associada a alterações cromossômicas e mutações gênicas). O Quadro 1 apresenta os mecanismos causais da obesidade. Quadro 1 MECANISMOS CAUSAIS DA OBESIDADE A enfermagem pode atuar sobre vários aspectos no cuidado ao indivíduo obeso ou com chances de desenvolver a obesidade. Na atenção básica a saúde poderá atuar na prevenção. Quando em comunidade, nas escolas desenvolvendo estratégias de orientação as crianças e aos professores no desenvolvimento educacional de aspectos saudáveis de saúde. Nas unidades de saúde, com palestras e grupos de educação, onde as estratégias de saúde em relação à prevenção e ao tratamento podem ser de bastante valia. O esclarecimento de mudança no estilo de vida das pessoas poderá ser trabalhado com o intuito de prevenção e tratamento. No âmbito hospitalar, a equipe de enfermagem deve desenvolver estratégias no que se refere ao cuidado prestado ao indivíduo obeso, preparando a equipe no recebimento desse paciente. Esse aprimoramento do cuidado tange desde o mobiliário hospitalar que precisa ser revisto, pois são indivíduos com grande peso e os mobiliários não comportam os mesmos; o espaço físico que necessita ser adaptado, como por exemplo, os banheiros com vasos sanitários mais resistentes, boxes mais amplos; até os cuidados relacionados à medicação, bem-estar, controle de doenças secundárias, entre outros. Ambientais Dieta Atividade física Fatores sociais Síndromes dismórficas Fatores econômicos Fatores culturais Escolaridade Consumo de álcool Genéticos Alterações Cromossomiais Síndromes dismórficas Polimorfismos Gene da leptina Gene do receptor betaadrenérgico Gene da ApoE Fonte: Pachú e colaboradores (2003).11 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5653 54 A O BE SID AD E E O CU IDA DO 4. A etiologia da obesidade ainda não foi totalmente esclarecida, porém algumas facetas já foram desvendadas, como: A) desequilíbrio do metabolismo energético, em que o organismo estoca energia e não faz a regulação entre a ingesta alimentar e o gasto energético. B) a leptina faz parte da regulação térmica dos alimentos no organismo. C) na verdade nada foi descoberto e por isso é impossível tratar a obesidade. D) as alternativas A e B estão corretas. 5. Podem-se enumerar diversas causas da obesidade como a ingestão de alimentos em demasia, o sedentarismo, entre outras. Além das já citadas podemos observar: A) causas físicas, como distúrbio hormonal. B) causas psicológicas, como o estresse, a ansiedade e a depressão. C) a causa genética. D) todas as alternativas estão corretas. Resposta no final do capítulo 6. Explique como a leptina e o neuropeptídeo Y influenciam no peso. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 7. No contexto da obesidade, exemplifique de que forma o enfermeiro pode atuar no cuidado ao indivíduo completando o quadro a seguir. FORMAS DE DETERMINAÇÃO DA OBESIDADE E CLASSIFICAÇÃO A obesidade é uma síndrome de múltiplas causas, cuja determinação possui controvérsias. Basicamente algumas formas de determinação da obesidade são mais utilizadas, embora certos aspectos sejam questionados. As medidas de peso e altura são os passos iniciais para se obter um parâmetro na determinação clínica da presença de sobrepeso ou obesidade.10 Para tal, é utilizado o índice de massa corpórea (IMC), que é obtido por meio de fórmula matemática pela relação entre peso medido em quilogramas e a estatura medida em metros, elevada à segunda potência. Local Atenção básica à saúde Comunidade Unidades de saúde Hospitais Forma de atuação proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5654 55 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC AD O IMC, todavia, é questionável, porque não é capaz de quantificar a gordura corporal e levar em consideração apenas o peso e não a composição corporal de cada indivíduo. Assim, por exemplo, um atleta com grande massa muscular pode ser considerado obeso se for avaliado somente pelo IMC. Para Segal e colaboradores14 o IMC apresenta limitações, tais como: ■■■■■ é questionável em crianças e adolescentes por estarem em um período de mudanças corporais; ■■■■■ não há índice de normalidade para os indivíduos idosos; ■■■■■ é o mesmo para os indivíduos de diferentes raças; ■■■■■ é o mesmo para indivíduos com diferentes estaturas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõem uma classificação para o sobrepeso que busca superar as limitações reconhecidas no IMC na determinação da caracterização da obesidade (Quadro 2). Quadro 2 CLASSIFICAÇÃO DA OMS PARA SOBREPESO MODIFICADA Para um diagnóstico de obesidade preciso, fidedigno, deve-se determinar na análise a composição corporal, a quantidade de gordura (massa gorda) e a quantidade de tecido sem gordura (massa livre de gordura). A determinação da composição corporal pode ser obtida por meio de exames, tais como: ■■■■■ densitometria de dupla captação (DEXA); ■■■■■ água duplamente marcada; ■■■■■ pesagemhidrostática; ■■■■■ bioimpedância elétrica. Nonino-Borges e colaboradores10 chamam a atenção dos profissionais da saúde ao determinar um diagnóstico de obesidade no qual a avaliação de um indivíduo deve ser feita de maneira integral. Altura² Peso (kg)IMC = IMC = kg.m² IMC < 18,5 kg/m² 18,5–24,9kg/m² 25-29,9kg/m² 30-34,9kg/m² 35-39,9kg/m² >ou = 40kg/m² Classificação OMS Baixo Peso Faixa normal Sobrepeso grau I Sobrepeso grau IIa Sobrepeso grau IIb Sobrepeso grau III Descrição Usual Magro Peso saudável normal Sobrepeso Obesidade Obesidade Obesidade mórbida Risco Aumentado Baixo Aumentado Moderado Grave Muito grave Risco Corrigido* Aumentado Aumentado Moderado Grave Muito grave Muito grave * Risco Corrigido – risco quando o peso está associado a outros fatores de risco Fonte: WHO – World Health Organization (1997).15 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5655 56 A O BE SID AD E E O CU IDA DO A determinação da obesidade perpassa por alguns passos, por meio dos quais se tenta coletar o maior número de dados e de informações que possam compor um quadro situacional e, dessa forma, traçar estratégias possíveis para o manejo junto ao indivíduo. O primeiro passo consiste na coleta de informações da história clínica do indivíduo, além dos antecedentes pessoais, familiares e aspectos socioculturais. Procura-se detectar o momento do início de ganho de peso e seu curso clínico, fatores desencadeantes e de manutenção, hábitos nutricionais, atividade física, estilo de vida e possíveis aspectos psicológicos que podem influenciar no processo da obesidade. Na histórica clínica é investigado se o indivíduo já se submeteu a tratamentos anteriores e quais foram os resultados, a presença de sintomas sugestivos de doenças endócrinas, o uso de medicamentos para perda de peso, bem como a presença de fatores de risco associados. O passo seguinte é a realização do exame físico que deve ser o mais completo possível, no qual os dados antropométricos – peso, altura, medidas de circunferência (cintura e quadril), sinais vitais (principalmente pressão arterial), inspeção da pele, locais com presença de estrias e assaduras e pregas subcutâneas ajudam na obtenção de uma visão global da condição física do paciente. O outro passo, bastante significativo para a determinação da obesidade, é o histórico ou anamnese alimentar, que tem por objetivo determinar o padrão alimentar do indivíduo e identificar erros que contribuam para o aumento de peso. Pode-se investigar sobre o recordatório alimentar de 24 horas, o registro alimentar, freqüência alimentar ou ainda a observação direta da ingestão alimentar.10 O recordatório alimentar de 24 horas é a descrição da ingestão alimentar detalhada feita pelo paciente das 24 horas de seu dia. É considerada uma maneira rápida e simples, e pode ser descrito até por indivíduos que não sejam alfabetizados. Também não influencia o hábito alimentar, porém pode não retratar completamente a realidade deste e depende da memória do paciente. O registro alimentar consiste em descrever tudo que ingeriu durante um período de tempo, que pode ser estipulado pelo cuidador e o indivíduo (por exemplo, 72 ou 96 horas). Esse método é mais preciso do que o recordatório alimentar, mas de uma maneira geral pode influenciar o hábito alimentar, e é necessário que o indivíduo seja alfabetizado e tenha noções sobre a forma do preparo dos alimentos. A freqüência alimentar é a descrição da freqüência semanal da ingestão dos diferentes grupos de alimentos. Tem a vantagem de não influenciar o hábito alimentar, entretanto depende da memória do indivíduo e, às vezes, pode não retratar a realidade. A observação direta da ingestão alimentar é o acompanhamento direto do cuidador no que se refere à alimentação do ser cuidado. Nesse caso pode não retratar o hábito alimentar verdadeiro, bem como pode influenciar alterações pela presença do observador. Outro passo importante na determinação da situação de obesidade do indivíduo é a investigação de seu estilo de vida, ou seja, seus hábitos relativos à atividade física, local de trabalho, estudo, lazer, amigos, local onde realiza suas refeições e outros fatores relacionados com seu estilo de vida. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5656 57 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADTodos os passos precisam ser discutidos com o indivíduo, identificando conjuntamente possíveis alterações que possam (e precisam) ser realizadas em seus hábitos. Nesse momento, a relação cuidador/ser cuidado deve ser de extrema confiança e cumplicidade, pois é por meio dessa interação que mudanças serão possíveis e conseqüentemente o sucesso do manejo da condição do indivíduo. Como afirmam Sebold e colaboradores16 no contexto de indivíduos portadores de obesidade, o cuidado passa a ser um processo dinâmico de interação e envolvimento entre o ser cuidado e o cuidador. Isso implica num compromisso assumido por ambos, na busca do peso ideal e do equilíbrio energético, numa atitude relevante de autocuidado dentro do processo de cuidar existente. 8. Uma das formas mais usuais de determinação da obesidade é: A) o peso; B) o IMC; C) a altura; D) a massa magra. Resposta no final do capítulo 9. Como pode ser determinado o diagnóstico de obesidade de forma fidedigna? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 10. A determinação da composição corporal pode ser obtida por meio de quais exames? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 11. Descreva quais passos são necessários para determinar a obesidade em um indivíduo. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5657 58 A O BE SID AD E E O CU IDA DO INTERVENÇÕES NÃO-FARMACOLÓGICAS, FARMACOLÓGICAS E CIRÚRGICAS NA OBESIDADE A obesidade deve ser encarada como uma enfermidade que necessita de intervenção. O ser cuidado e sua família precisam compreender que a perda de peso não é apenas uma questão estética, mas sim uma questão de saúde e de qualidade de vida, em que o objetivo é reduzir a morbidade e a mortalidade associadasà obesidade. Nonino-Borges e colaboradores10 reforçam que independente da maneira a ser conduzida, a intervenção no indivíduo com a obesidade exige mudanças no estilo de vida do mesmo, conforme já citado. A obesidade é uma doença de difícil manejo. Diversas estratégias de controle da obesidade têm falhado no sentido de reduzir o peso e mantê-lo em níveis aceitáveis, fazendo com que os profissionais da saúde questionem suas ações. Mesmo sendo uma condição complexa, a intervenção consiste em três medidas: não-farmacológica, farmacológica e cirúrgica. INTERVENÇÕES NÃO-FARMOCOLÓGICAS NA OBESIDADE O tratamento clínico não-farmacológico inclui:10 ■■■■■ prática de exercícios físicos; ■■■■■ mudanças de hábitos alimentares (como realizar refeições sem pressa e em ambientes tranqüilos); ■■■■■ evitar associar emoções com a ingestão alimentar; ■■■■■ mastigar bem os alimentos. As medidas não-farmacológicas devem ser estimuladas em todos os indivíduos como prioridade na intervenção. Tais medidas consistem na restrição calórica, no aumento da atividade física e na terapia comportamental. Essas medidas são de grande eficácia se houver, por parte do ser cuidado, persistência e mudança no estilo de vida. Apesar de exigirem muito empenho e dedicação, são estratégias que com o passar do tempo expressam resultados positivos. As dietas alimentares são consideradas essenciais na intervenção de indivíduos com obesidade. Retratam uma mudança no estilo de vida, são importantes para obesidade não só por sua redução calórica, mas também por mudar a forma pela qual o obeso se alimenta, promovendo uma reeducação alimentar. Segundo Rosado e Monteiro,17 indivíduos obesos apresentam uma tendência a consumir maior quantidade de alimentos de alta densidade energética, principalmente com alto conteúdo de lipídios. A maior parte das intervenções dietéticas para obesidade envolve diretamente a redução da ingestão de calorias, sendo esta uma das formas de causar o déficit energético e, em conseqüência disso, a redução do peso corporal. Entretanto, existem diversos questionamentos em relação a essa redução energética, pois, em um primeiro momento ocorre redução do peso, porém a longo prazo não há uma continuidade dessa perda. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5658 59 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADFrancischi e colaboradores7 fazem considerações acerca da quantidade de calorias ingeridas e a proporção de perda de peso. Assim, dietas com 800kcaL/dia ditam um consumo energético menor do que a proporção da perda de massa corporal, podendo chegar a 1,5 a 2,5kg por semana. Já as dietas de 1.200kcaL/dia, com um consumo energético moderado, a diminuição do peso chega até 0,5 a 0,6kg/semana. A maior dificuldade encontrada nas dietas com baixas quantidades calóricas é a manutenção do peso perdido após o término da dieta. A dieta deve conter alta porcentagem de energia derivada de carboidratos e baixa porcentagem de lipídios, além do controle na quantidade de colesterol na dieta, a fim de reduzir as chances de ocorrência de problemas cardiovasculares.7 Francischi e colaboradores7 observam que um grande aliado nas dietas para redução de peso é a ingestão de fibras alimentares que apresentam funções importantes no organismo. As fibras favorecem: ■■■■■ a redução na ingestão energética; ■■■■■ o aumento no tempo de esvaziamento gástrico; ■■■■■ a diminuição na secreção de insulina; ■■■■■ o aumento na sensação de saciedade; ■■■■■ a redução na digestibilidade; ■■■■■ a redução no gasto energético; ■■■■■ o aumento na excreção fecal. Ao planejar uma dieta, o profissional de saúde deve estar atento às preferências do indivíduo, adaptar os hábitos alimentares as práticas relacionadas à escolha dos alimentos, formas de preparo, comportamentos alimentares, e principalmente ajustar a dieta entre o gasto energético e a redução da ingestão energética, e ajustá-la a longo prazo. A efetividade da dietoterapia está apresentada no Quadro 3. Quadro 3 EFETIVIDADE DA DIETOTERAPIA ■■■■■ Uma dieta planejada para criar um déficit de 500 a 1.000kcaL deve ser parte integrante de qualquer programa de perda de peso que objetive uma diminuição de 0,5 a 1kg por semana, e lembrar que a dieta deve ser individualizada. ■■■■■ Dietas de baixas calorias, com 1.000 a 1.200kcaL por dia, reduzem em média 8% do peso corporal em três a seis meses, com diminuição de gordura abdominal. Estudos de longo prazo mostram uma perda média de 4% em três a cinco anos. ■■■■■ Dietas de baixíssima calorias, com 400 a 800kcaL por dia, produzem perda de peso maior a curto prazo, em comparação às dietas de baixas calorias. Entretanto, a longo prazo, no período de um ano, a perda de peso é similar. ■■■■■ Dietas pobres em gorduras, sem redução do número total de calorias, não leva à perda de peso. Entretanto, reduzir a quantidade de gordura em uma dieta hipocalórica é uma maneira prática de se reduzir a ingestão calórica e induzir à perda de peso. ■■■■■ Dietas que contenham 1.400 a 1.500kcaL por dia, independentemente da composição dos macronutrientes, levam à perda de peso. ■■■■■ Um contato freqüente do ser cuidado com a equipe multidisciplinar, e o tempo dispendido na atenção desse indivíduo auxilia na perda e na manutenção do peso perdido. Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2005).18 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5659 60 A O BE SID AD E E O CU IDA DO Outra intervenção não-farmacológica é a prática de exercícios físicos. Segundo Wannmacher,2 a atividade física colabora modestamente para a perda de peso, mas aumenta a capacidade cardiovascular independentemente da perda ponderal. Murate8 esclarece que o exercício físico contribui para a redução de peso por meio da criação de balanço energético negativo. Porém, vale ressaltar que segundo Nonino-Borges e colaboradores10 a atividade física isoladamente não é um método muito eficaz para perda de peso, pois essa atividade facilita o controle do peso a longo prazo e melhora a saúde geral do indivíduo. O exercício físico é recomendado a todas as pessoas, porém o indivíduo deve ser avaliado por profissionais habilitados para dar início ao programa de exercícios. Um programa que inclui 30 minutos de caminhada pelo menos três vezes por semana é o mais indicado. Assim como a alimentação, a escolha da atividade física deve ser feita pelo ser cuidado para que este possa se exercitar com prazer e ter mais adesão ao manejo da obesidade realizado. Francischi e colaboradores7 colocam que o exercício físico regular traz resultados benéficos para o organismo, como a melhora na capacidade cardiovascular e respiratória, a diminuição da pressão arterial em hipertensos e a melhora a tolerância à glicose, na ação da insulina. O Quadro 4 mostra as evidências não-farmacológicas no manejo da obesidade. Quadro 4 EVIDÊNCIAS NÃO-FARMACOLÓGICAS NO MANEJO DA OBESIDADE Segundo Vasques e colaboradores,13 a psicoterapia contribui no manejo da obesidade por trabalhar a partir da estrutura operante do ser cuidado com objetivos de organizar as contingências para a mudança de peso e comportamento, em princípio relacionados com o autocontrole de comportamentos alimentares e contexto situacional. Nessa etapa do manejo da obesidade, o que se identifica no indivíduo obeso são os pensamentos inadequados, déficit da auto-imagem e traços de depressão. Na população de obesos que procuram ajuda, há um aumento de prevalência de sintomas psicológicos, tais como sintomas depressivos, ansiosos e alimentares, que podem ser estudados mediante diferentes pontos de vista.14 A obesidade não é classificada como um transtorno psiquiátrico, entretanto a grande maioria dos profissionais da saúde a compreende como uma manifestação psicossomática, ou seja, uma conseqüência de um conflito psicológico subjacente.■■■■■ Diferentes manejos da obesidade têm falhado em reduzir peso e manter o peso atingido substancialmente por falta de adesão às intervenções estabelecidas. ■■■■■ Restrição calórica, aumento da atividade física e terapia comportamental são estratégias bem avaliadas entre as não-farmacológicas. ■■■■■ A atividade física colabora modestamente para a perda de peso, mas aumenta a capacidade física independentemente da perda ponderal. ■■■■■ Redução intencional de peso, mediante intervenções em estilo de vida, associa-se com prevenção e controle de doenças crônicas, como diabete melito tipo 2 e cardiopatias. Fonte: Wannmacher (2004).2 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5660 61 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADCampos19 identificou as seguintes características psicológicas em adultos obesos por hiperfagia: ■■■■■ passividade e submissão; ■■■■■ preocupação excessiva com comida; ■■■■■ ingestão compulsiva de alimentos e drogas; ■■■■■ dependência e infantilização; ■■■■■ primitivismo; ■■■■■ não-aceitação do esquema corporal; ■■■■■ temor de não ser aceito ou amado; ■■■■■ indicadores de dificuldades de adaptação social; ■■■■■ bloqueio da agressividade; ■■■■■ dificuldade para absorver frustração; ■■■■■ desamparo; ■■■■■ insegurança; ■■■■■ intolerância; ■■■■■ culpa. O ato de comer parece ser, para os indivíduos com obesidade, como algo tranqüilizador, como uma forma de localizar a ansiedade e a angústia no corpo, sendo apresentadas também como dificuldades de lidar com situações de convívio, como frustração e situações limites.20 Vasques e colaboradores14 afirmam que a obesidade está relacionada a fatores psicológicos como o controle, a percepção de si, a ansiedade e o desenvolvimento emocional de crianças e de adolescentes. Tal relação demanda uma investigação sistemática, especialmente quando se propõe a construir conhecimentos que possam subsidiar uma prática de cuidado. O cuidado pode ser mais eficaz se tiver um aspecto multidisciplinar. Porém, como ressalta Segal e colaboradores,14 os profissionais da saúde podem apresentar estereótipos negativos em relação à obesidade, e nesse caso, os indivíduos obesos percebem esse tipo de conduta e relutam em procurar ajuda adequada a sua condição. Além de poderem ser alvo de preconceito por profissionais da saúde, indivíduos com obesidade são alvo de preconceito e discriminação social. E, por conta disso, são indivíduos que cursam menos anos na escola, sofrem discriminação para alguns cargos de empresas, seus salários são mais baixos e tem menor chance de se envolverem emocionalmente em relacionamentos afetivos duradouros. O desafio dos profissionais da saúde está na dimensão do cuidado a esses indivíduos obesos, em número cada vez maior na população, pois terão que desenvolver habilidades e estratégias de cuidado específico, no âmbito físico, emocional e espiritual. O desafio maior será o de compreender os diversos fatores que interagem entre si nesses indivíduos e em situações específicas para fornecer o melhor cuidado possível. A conscientização de suas possibilidades e limitações durante o manejo de obesidade fornecem ao indivíduo a obtenção do melhor êxito possível. Dessa forma é importante enfatizar que as intervenções são um conjunto de estratégias entrelaçadas com o objetivo de auxiliar a melhor resposta do ser cuidado aos diversos tipos de manejo. Uma das intervenções não-farmacológicas que podem servir como estratégias de cuidado a indivíduos obesos é o uso da acupuntura como terapia auxiliar ao tratamento, pois esta tenta equilibrar energeticamente o indivíduo em seu processo de doença e de viver saudável.16 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5661 62 A O BE SID AD E E O CU IDA DO De acordo com Cabyoglu e colaboradores,21 o uso da acupuntura no tratamento da obesidade pode diminuir o apetite, aumentar a mobilidade intestinal, aumentar o metabolismo, e equilibrar as emoções relacionadas com o estresse. Interfere na atividade neural no núcleo ventromedial do hipotálamo, liberando endorfina e serotonina no organismo, auxiliando assim no manejo da obesidade. 12. O manejo da obesidade está baseado em medidas não-farmacológicas, farmacológicas e cirúrgicas. As medidas não-farmacológicas devem ser estimuladas em todos os indivíduos obesos, são elas: A) a restrição calórica, aumento da atividade física e terapia comportamental. B) dieta alimentar, exercícios físicos. C) medicamentos para controle de apetite. D) restrição de alimentos ricos em fibras. 13. Em relação à efetividade da dietoterapia, marque V para as alternativas verdadeiras e F para falsas. A) ( ) Dietas de baixas calorias, com 1.000 a 1.200kcaL por dia, reduzem em média 20% do peso corporal em três a seis meses, com diminuição de gordura abdominal. B) ( ) Dietas de baixíssima calorias, com 400 a 800kcaL por dia, produzem perda de peso maior a curto prazo, em comparação as dietas de baixas calorias. Entretanto, a longo prazo, no período de um ano, a perda de peso é similar. C) ( ) Dietas pobres em gorduras, sem redução do número total de calorias, não levam à perda de peso. Entretanto, reduzir a quantidade de gordura em uma dieta hipocalórica é uma maneira prática de se reduzir a ingestão calórica e induzir à perda de peso. D) ( ) Dietas que contenham 1.400 a 1.500kcaL por dia, independentemente da composição dos macronutrientes, levam à perda de peso. Respostas no final do capítulo 14. Quais os benefícios que a prática de exercício físico regular pode trazer para indivíduos obesos? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5662 63 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC AD15. Cite algumas características psicológicas identificadas no adulto obeso. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS NA OBESIDADE Alguns indivíduos e profissionais da saúde optam por intervenções farmacológicas que auxiliam no controle do peso. A farmacoterapia é introduzida no manejo da obesidade como um auxiliar das outras intervenções, já citadas. Quando se tem a opção do uso de fármacos no manejo da obesidade, faz-se necessário conhecer alguns princípios, tais como: ■■■■■ a intervenção farmacológica deve ser realizada conjuntamente com a orientação dietética e de mudanças no estilo de vida. Os agentes farmacológicos auxiliam na aderência dos indivíduos a mudanças nutricionais e comportamentais; ■■■■■ o manejo farmacológico quando descontinuado não cura a obesidade. Os fármacos anti- obesidade devem ser utilizados sob supervisão contínua de uma equipe multidisciplinar e principalmente do médico;■■■■■ o manejo farmacológico e a escolha do fármaco são realizados conforme a necessidade de cada indivíduo; ■■■■■ a intervenção farmacológica deve ser mantida apenas quando considerado seguro e efetivo para o ser cuidado em questão. Como esclarecem Nonino-Borges e colaboradores,10 os fármacos utilizados no processo de perda de peso são distribuídos em três grupos: os que diminuem a fome ou modificam a sensação de saciedade, os que reduzem a digestão e a absorção de nutrientes e os que aumentam o gasto energético, sendo que estes dois últimos não são aprovados no Brasil pelo Ministério da Saúde. Mancini e Halpern22 esclarecem que a intervenção farmacológica da obesidade está indicada quando o ser cuidado tem um índice de massa corporal maior do que 30, ou quando o indivíduo tem doenças associadas ao excesso de peso, com IMC superior a 25, em situações nas quais o manejo com dieta, exercício ou aumento de atividade física e modificações comportamentais já se mostrou ineficaz. Os mesmos autores explicam que um fármaco para ser considerado de boa adesão no manejo da obesidade deve possuir as seguintes características: ■■■■■ demonstrar efeito em reduzir o peso corporal e levar à melhora das doenças dependentes do excesso de peso; ■■■■■ ter efeitos colaterais toleráveis e/ou transitórios; ■■■■■ não ter propriedades de adição; ■■■■■ apresentar eficácia e segurança mantidas a longo prazo; ■■■■■ possuir mecanismo de ação conhecido; ■■■■■ ter custo razoável. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5663 64 A O BE SID AD E E O CU IDA DO O Quadro 5 apresenta os fármacos utilizados no manejo da obesidade. Quadro 5 FÁRMACOS UTILIZADOS NO MANEJO DA OBESIDADE Fármacos Catecolaminérgicos Fentermina Femproporex Anfeprammona (dietilpropiona) Mazindol Fenilpropanolamina Serotoninérgicos Fluoxetina Sertralina Dexfenfluramina Sibutramina Mecanismo de ação Diminui a ingestão alimentar por mecanismo noradrenérgico Diminui a ingestão alimentar por mecanismo noradrenérgico Diminui a ingestão alimentar por mecanismo noradrenérgico Diminui a ingestão alimentar por mecanismo noradrenérgico e dopaminérgico. Não é derivado da feniletilamina como os três anteriores Atua aumentando a ação adrenérgica Inibe a recaptação da serotonina Inibe a recaptação da serotonina Age sobre a serotonina Inibe a recaptação da serotonina e noradrenalina, central e perifericamente, diminuindo a ingestão e aumentando o gasto calórico Dose Uso não recomendado no Brasil Uso não recomendado no Brasil Uso não recomendado no Brasil Uso não recomendado no Brasil Uso não recomendado no Brasil 20-60mg/dia 50-150mg/dia Retirado do mercado 10-20mg/dia Efeitos colaterais Boca seca, insônia, taquicardia, ansiedade Boca seca, insônia, taquicardia, ansiedade Boca seca, insônia, taquicardia, ansiedade Boca seca, insônia, taquicardia, ansiedade Sudorese, taquicardia. Eventualmente aumenta a pressão arterial Cefaléia, insônia, ansiedade, sonolência e diminuição da libido Cefaléia, insônia, ansiedade, sonolência e diminuição da libido Sonolência, cefaléia, boca seca e aumento do ritmo intestinal. Problemas nas válvulas cardíacas Boca seca, constipação, taquicardia, sudorese, eventualmente aumento da pressão arterial sistêmica Serotoninérgicos e catecolaminérgicos Continua ➜➜➜➜➜ proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5664 65 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC AD Francischi e colaboradores7 advertem que os fármacos criam uma expectativa de cura para a obesidade e as pessoas comumente voltam a engordar com a suspensão do mesmo. Esses fármacos devem ser compreendidos como auxiliares temporários para o tratamento da obesidade, portanto são retirados gradativamente à medida que ocorrem as mudanças esperadas no estilo de vida do indivíduo. INTERVENÇÃO CIRÚRGICA NA OBESIDADE Garrido Junior23 faz um breve histórico em relação às cirurgias como forma de manejo da obesidade, sendo estas empregadas há quase meio século. O manejo cirúrgico da obesidade teve início na década de 1950 com cirurgias que causavam má absorção de nutrientes pelo organismo e foram abandonadas no fim da década de 1970 pelos seus efeitos indesejáveis e graves. A partir de então, passaram a predominar os procedimentos que limitam a ingestão de alimentos. Fármacos Fenfluramina Termogênicos Efedrina Cafeína Aminofilina Orlistat Mecanismo de ação Age sobre a serotonina e da noradrenalina Agonista adrenérgico Aumenta a ação da noradrenalina em terminações nervosas, potencializando o efeito da efedrina Aumenta a ação da noradrenalina em terminações nervosas potencializando o efeito da efedrina Atua no lúmen intestinal inibindo a lipase pancreática que é uma enzima necessária para a absorção de triglicerídeo Dose Retirado do mercado no Brasil Uso não recomendado no Brasil Uso não recomendado no Brasil Uso não recomendado no Brasil No máximo 120mg em 3 doses diárias, antes das refeições Efeitos colaterais Sonolência, cefaléia, boca seca e aumento do ritmo intestinal. Problemas nas válvulas cardíacas Sudorese, taquicardia, eventualmente aumento da pressão arterial sistêmica Gastrite, taquicardia Gastrite, taquicardia Esteatorréia (diarréia gordurosa), incontinência fecal, interfere na absorção das vitaminas A, D, E e K, necessitando de suplementação Inibidor da absorção intestinal de gorduras Fonte: Nonino-Borges e colaboradores (2006).10 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5665 66 A O BE SID AD E E O CU IDA DO As indicações do tratamento cirúrgico para a obesidade variam conforme os múltiplos aspectos clínicos do indivíduo. São contemplados os seguintes aspectos: ■■■■■ presença de morbidade que resulta da obesidade ou é por ela agravada; ■■■■■ persistência (por longo tempo) de excesso de peso de pelo menos 45 kg, ou IMC acima de 40 kg/m2; ■■■■■ fracasso de métodos conservadores de emagrecimento bem conduzidos; ■■■■■ ausência de causas endócrinas de obesidade, como hipotireoidismo ou síndrome de Cushing; ■■■■■ avaliação favorável das possibilidades psíquicas de que o indivíduo possa suportar pelas transformações radicais de comportamento impostas pela cirurgia. Puglia24 enfatiza que um dos critérios para a realização da cirurgia gástrica como tratamento da obesidade são os indivíduos com IMC entre 35 e 39,9Kg/m2, portadores de doenças crônicas desencadeadas ou agravadas pela obesidade. Garrido Junior23 desaconselha a cirurgia quando existem condições que possam se tornar fatores de riscos inaceitáveis ou que impedem a adaptação pós-operatória, tais como pneumopatias graves, insuficiência renal, lesão acentuada do miocárdio, cirrose hepática, distúrbios psiquiátricos ou dependência de álcool ou drogas. O controle da obesidade por meio de um procedimento cirúrgico é feito por um mecanismo de restrição e/ou má absorção dos alimentos ingeridos.6 Segundo o Consenso Latino Americano de Obesidade,25 são reconhecidas três técnicas cirúrgicas: ■■■■■ gastroplastia vertical com bandagem (GVB); ■■■■■ Lap Band; ■■■■■ gastroplastia com derivação gastrojejunal. O procedimento de gastroplastia vertical com bandagem consiste no fechamento de uma porção do estômago através de uma sutura, resultando na diminuição do reservatório gástrico. Um anel de contenção é colocado no orifício de saída, tornando o esvaziamento dessa pequena câmara mais lento. A técnica Lap Band é laparoscópica e consiste na aplicação de uma banda regulável na porção alta do estômago, com o objetivo de criar uma pequena câmara justaesofágica. O orifício de passagem dessa câmara é regulável por meio de um mecanismo percutâneo de insuflação. SegundoSegal e Fandiño,6 nas cirurgias gástricas utilizadas no tratamento da obesidade mórbida há tendência de associar a redução do reservatório gástrico (volume variando de 20-50mL) e a restrição ao seu esvaziamento pelo anel de contenção (orifício menor que 1,5cm). A gastroplastia de derivação gástrica-jejunal em Y de Roux é uma técnica que serviu de impulso para o desenvolvimento de várias outras técnicas para esse tipo de tratamento. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5666 67 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADO Quadro 6 mostra as evidências farmacológicas e cirúrgicas no manejo da obesidade. Quadro 6 EVIDÊNCIAS FARMACOLÓGICAS E CIRÚRGICAS NO MANEJO DA OBESIDADE Fonte: Wannmacher, L. Obesidade: evidencias e fantasias, 2004. [atividade] 16. Sobre a utilização dos fármacos no manejo da obesidade deve ocorrer: A) não há critérios pré-definidos para o uso de fármacos em casos de obesidade. B) qualquer indivíduo com dificuldade de restrição alimentar podem utilizar os fármacos. C) os fármacos devem ser utilizados como coadjuvantes no manejo da obesidade, dentro do processo de restrição dietética e de atividade física. D) os fármacos podem ser utilizados por qualquer indivíduo sem o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar de saúde. Resposta no final do capítulo 17. A intervenção farmacológica para a obesidade está indicada em quais situações? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 18. Uma das intervenções para o manejo da obesidade é a cirurgia, porém para que essa intervenção seja realizada é preciso observar alguns critérios, como: A) presença de morbidade; persistência (por longo tempo) de excesso de peso de pelo menos (45kg), ou IMC acima de 40 kg/m2; fracasso de métodos conservadores de emagrecimento; avaliação psíquica favorável. B) vontade do indivíduo em realizar a cirurgia. C) possibilidades cirúrgicas do hospital o qual o indivíduo está internado. D) dietas com pouco resultado de perda de peso e IMC entre 25-29,9kg/m². Resposta no final do capítulo ■■■■■ Intervenções cirúrgicas são eficazes, mas se restringem a obesidade mórbida. ■■■■■ Os fármacos promovem modestas (cerca de 10%) e transitórias (1-3 anos) perdas e manutenção de peso em indivíduos obesos. ■■■■■ Os fármacos devem ser utilizados como coadjuvantes no manejo da obesidade, dentro do processo de restrição dietética e de atividade física. ■■■■■ A eficácia farmacológica é moderada, logo a seleção de fármacos deve ser condicionada pela segurança dos fármacos. ■■■■■ A associação de dois ou mais fármacos utilizados no controle da obesidade é totalmente contra- indicada. Fonte: Wannmacher (2004).2 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5667 68 A O BE SID AD E E O CU IDA DO 19. Sobre as evidências farmacológicas e cirúrgicas no manejo da obesidade, marque a alternativa INCORRETA. A) Intervenções cirúrgicas são eficazes, devendo ser indicadas para todos os casos. B) Os fármacos promovem modestas (cerca de 10%) e transitórias (1-3 anos) perdas e manutenção de peso em indivíduos obesos. C) Os fármacos devem ser utilizados como coadjuvantes no manejo da obesidade, dentro do processo de restrição dietética e de atividade física. D) A associação de dois ou mais fármacos utilizados no controle da obesidade é totalmente contra-indicada. Resposta no final do capítulo DOENÇAS ASSOCIADAS À OBESIDADE A obesidade é associada a diversas doenças graves e incapacitantes, como o diabete melito, cardiopatias, disfunções endócrinas, entre outras. Nos indivíduos obesos a distribuição da massa adiposa está concentrada em determinadas regiões e isso poderá contribuir para o desenvolvimento de algumas doenças associadas. Quando a massa adiposa está mais concentrada na região abdominal, o indivíduo obeso tem aproximadamente 10 vezes a chance de desenvolver diabete melito não-dependente de insulina. No desenvolvimento do diabete, o tecido adiposo atua aumentando a demanda de insulina e, em pacientes obesos, criando uma resistência a esta, o que conseqüentemente levará ao aumento da glicemia e a hiperinsulinemia.7 Segundo Francischi e colaboradores,7 a obesidade abdominal está mais associada ao aumento da pressão arterial do que a obesidade localizada no quadril. Dessa forma, o acúmulo de gordura intra-abdominal resulta no aumento da liberação de ácidos graxos livres (AGL) na veia porta elevando a síntese hepática de triacilgliceróis, aumentando a resistência à insulina e a hiperinsulinemia. Portanto, a hipertensão é proveniente da resistência desses hormônios, pois eles atuam no aumento da retenção de sódio pelas células e na atividade do sistema nervoso simpático, distúrbio no transporte iônico da membrana celular e conseqüentemente elevando a pressão arterial sistêmica. As doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral) são as principais causas de morte no Brasil. A localização do tecido adiposo na região abdominal predispõe a esses problemas cardiovasculares, pois isso está ligado com a dislipidemia na obesidade. A dislipidemia representa a elevação do colesterol total, a lipoproteína de baixa densidade e os triglicerídeos circulantes, e também, a diminuição da lipoproteína de alta densidade. O risco se torna aumentado se o paciente tem contínuo de ganho de peso associado ao sedentarismo e à ingestão de ácidos graxos saturados.7 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5668 69 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC AD Cardiovasculares Hipertensão Doenças coronarianas Acidente vascular cerebral Veias varicosas Trombose venosa profunda Gastrintestinais Hérnia de hiato Cálculo na vesícula biliar Cirrose e esteatose hepática Hemorróida Câncer colorretal Neurológica Bloqueio nervoso Respiratórias Falta de ar Apnéia durante o sono Síndrome de hipoventilação Metabólica Hiperlipidemia Resistência à insulina Diabete melito Síndrome do ovário policístico Hiperandrogenização Irregularidades menstruais Renal Proteinúria O aumento de peso pode ser uma causa significante na incidência de neoplasias. Em homens, o maior número de casos se concentra em câncer colorretal e de próstata. Já em mulheres, a maior chance está em desenvolver câncer de colo de útero, ovários e mamas.7 A obesidade abdominal pode desenvolver disfunções endócrinas, como desordens do ciclo menstrual, amenorréia, e também gerar disfunções relacionadas à gestação.7 A ocorrência de cálculos biliares está relacionada a dois fatores básicos: aumento do colesterol circulante e aumento na taxa em que o colesterol é excretado na bile. A formação do cálculo biliar depende da precipitação do colesterol da bile saturada. Já os problemas pulmonares surgem em decorrência do acúmulo da quantidade de gordura na região peitoral e abdominal, limitando os movimentos respiratórios e diminuindo o volume pulmonar, resultando na exaustão da musculatura respiratória.7 A artrite na obesidade está relacionada como um problema de ordem mecânica, em conseqüência do excesso de peso sobre as articulações, e não havendo relação metabólica.7 Francischi e colaboradores7 colocam que há muitas outras desordensassociadas à obesidade, como tromboembolias, alterações no aparelho gástrico e problemas de pele. A obesidade traz prejuízos para o organismo como um todo, tanto físicos quanto psicológicos, assim os profissionais da saúde devem estar atentos para o manejo desses indivíduos, porém o que se faz mais importante nesse cenário é a prevenção. O trabalho preventivo atinge todos os seguimentos sociais. O Quadro 7 apresenta as causas de morbidade em indivíduos obesos. Quadro 7 CAUSAS DE MORBIDADE EM INDIVÍDUOS OBESOS Continua ➜➜➜➜➜ proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5669 70 A O BE SID AD E E O CU IDA DO As doenças associadas à obesidade são consideradas graves e por esse motivo devem ser tratadas concomitantemente com o tratamento eleito pelo indivíduo e pelo profissional que o trata. Assim, com a perda de peso, os riscos de morbidade e mortalidade dessas doenças tendem a diminuir. O Quadro 8 relaciona os benefícios da diminuição de 10kg no peso do corpo em relação à diminuição das doenças associadas. Quadro 8 BENEFÍCIOS DA DIMINUIÇÃO DE 10 KG DO PESO CORPORAL, MODIFICADO DE JUNG Mortalidade Pressão arterial sistêmica Angina Lipídeos Diabete Queda de 20-25% na mortalidade total Declínio de 30-40% nas mortes por diabete 40-50% de diminuição das mortes por neoplasias da obesidade Queda de 10mmHg na pressão sistólica Diminuição de 20mmHg na pressão diastólica Redução dos sintomas em 91% Aumento de 33% na tolerância ao exercício Diminuição de 10 % no colesterol total Declínio de 15% no LDL-colesterol Diminuição de 30% nos triglicérideos circulantes Aumento em 8% no HDL-colesterol Redução no risco de desenvolvimento de diabete maior do que 50% Diminuição de 30-50% na glicemia de jejum Declínio de 15% em Hbatc Fonte: Francischi e colaboradores (2000).7 Região peitoral Câncer de mama Ginecomastia Urológico Câncer de próstata Incontinência urinária Ortopédicas Osteoartrite Gota Gravidez Complicações obstétricas Operação por cesariana Bebês muito grandes Defeito no tubo neural Útero Câncer endometrial Câncer cervical Pele Micoses, linfedemas Celulites Acantose Endócrinas Redução do hormônio do crescimento Redução na resposta a prolactina Resposta hiperdinâmicas do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) ao hormônio liberador de ACTH Aumento do cortisol livre na urina Alterações nos hormônios sexuais Fonte: Francischi e colaboradores (2000).7 proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5670 71 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC AD20. A concentração de massa adiposa na região abdominal de indivíduos obesos pode contribuir para o desenvolvimento de algumas doenças associadas como o diabete melito não-dependente de insulina. Explique como acontece do desenvolvimento do diabete nesses casos. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 21. Correlacione a colunas, associando a doença às características que podem apresentar indivíduos obesos. Resposta ao final do capítulo 22. Cite alguns dos benefícios da diminuição de 10kg no peso corporal de um indivíduo obeso. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ( 1 ) Dislipidemia ( 2 ) Neoplasias ( 3 ) Cálculos biliares ( 4 ) Problemas pulmonares ( 5 ) Artrite ( ) Problema de ordem mecânica, em conseqüên- cia do excesso de peso sobre as articulações, e não havendo relação metabólica. ( ) Acúmulo da quantidade de gordura na região peitoral e abdominal, limitando os movimentos respiratórios e diminuindo o volume pulmonar, resultando na exaustão da musculatura respira- tória. ( ) Em homens, o maior número de casos se con- centra em câncer colorretal e de próstata. Em mulheres, a maior chance está em desenvolver câncer de colo de útero, ovários e mamas. ( ) Representa a elevação do colesterol total, a lipoproteína de baixa densidade e os triglicerídeos circulantes, e também a diminui- ção da lipoproteína de alta densidade. ( ) Aumento do colesterol circulante e aumento na taxa em que o colesterol é excretado na bile. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5671 72 A O BE SID AD E E O CU IDA DO CONSIDERAÇÕES FINAIS Os profissionais que prestam cuidado ao indivíduo obeso precisam estar atentos à multidimensionalidade desse fenômeno e ao caráter subjetivo com que se manifesta. Isso significa ter sensibilidade para perceber os diversos fatores que ocasionam a obesidade. Além disso, precisam reconhecer as diferenças individuais, determinadas pelos fatores que levam o indivíduo a evoluir para a obesidade mórbida, como os fatores psicológicos, biológicos, físicos, culturais e sociais. A equipe de enfermagem possui papel fundamental no manejo da obesidade, pois consegue reconhecer qual a natureza do cuidado a ser prestado ao indivíduo obeso conforme a necessidade deste, e exprime em seu cuidado a objetividade e a subjetividade. No manejo da obesidade, a subjetividade do indivíduo em alguns momentos é predominante e a enfermagem precisa reconhecer no seu cuidado os referenciais que ampliam e incorporam esses elementos. A enfermagem possui, portanto, papel fundamental neste contexto, com múltiplas possibilidades para o manejo da obesidade e de suas repercussões na vida do indivíduo. No tratamento farmacológico, a partir da prescrição médica ou de protocolos institucionais validados, é de competência do enfermeiro realizar o planejamento da terapia farmacológica, discutindo as maneiras de administração mais indicadas, aprazando os horários adequados, identificando precocemente os efeitos adversos ou sinais de toxicidade, prevenindo interações medicamentosas, promovendo adesão ao tratamento, fornecendo ao indivíduo um cuidado seguro e livre de riscos. Também, cabe ao enfermeiro reconhecer quais medidas não-farmacológicas podem ser utilizados para potencializar as demais, mobilizando recursos, instrumentos e equipe/família para prover tais medidas. Essa perspectiva requer que o enfermeiro assuma tais medidas como integrantes do cuidado ao indivíduo obeso no seu planejamento cotidiano, garantindo seu conforto e bem- estar. CASO CLÍNICO Em um hospital do Sistema Único de Saúde (SUS), foi realizada uma cirurgia de gastroplastia com o objetivo de reduzir o conteúdo gástrico da paciente M.F. Esta paciente tem como um dos diagnósticos clínicos obesidade mórbida (IMC > 40). Sua idade é de 45 anos, é casada, possui quatro filhos, e a sua história clínica de obesidade iniciou na adolescência, quando teve uma grande perda emocional. Desde então luta incansavelmente para reduzir seu peso, pois já apresenta sinais e sintomas de doenças associadas à obesidade. M.F. é diabética, hipertensa e já teve um infartoagudo do miocárdio. Ao dar entrada no hospital, a paciente estava com 156Kg, altura de 1,52cm, IMC de 67. Sua aparência assustava a equipe de enfermagem que, até então, não tinha cuidado de nenhum paciente nessa situação. Outra dificuldade no cuidado a paciente foi em relação ao mobiliário e ao espaço físico, pois a cama do hospital não tinha capacidade para suportar o peso de M.F., e o banheiro não tinha espaço físico para a paciente entrar. Dessa forma, optou-se em dar banho no leito e oferecer a comadre para as suas necessidades fisiológicas. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5672 73 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADAs refeições oferecidas à paciente eram em pequenas quantidades, devido à dieta estabelecida, e M.F. reclamava todo o tempo. A paciente referia sentir-se muito sozinha. Foi observado que a mesma pegava a alimentação de outros pacientes. A equipe por sua vez não conseguia perceber que o fato da paciente pegar a alimentação de outros pacientes era por necessidade afetiva e a recriminava. A escala de cuidados dos auxiliares e técnicos para o turno era realizada com dificuldades pela enfermeira, pois nenhum profissional queria cuidar de M.F. 23. Você como enfermeiro desta unidade, como atuaria perante os problemas apresentados no caso clínico? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: A Comentário: As doenças prevalentes associadas à obesidade e consideradas doenças graves e/ ou incapacitantes são as doenças cardiovasculares e o diabete. Atividade 2 Resposta: C Comentário: A obesidade é multifatorial, abrange diversos aspectos fisiopatológicos, socioculturais e está relacionada à composição corporal, ao gasto energético, aos fatores alimentares, psicossociais e hormonais envolvidos no metabolismo do tecido adiposo. Atividade 4 Resposta: A Comentário: A obesidade é considerada um distúrbio do metabolismo energético. Isso ocorre quando há o armazenamento excessivo de energia, devido ao organismo estocar energia por meio da regulação entre a ingesta alimentar e o gasto energético. Logo, um pequeno desequilíbrio na balança energética gera um balanço positivo acarretando um pequeno aumento no peso. Entretanto, quando esse balanço positivo tornar-se crônico, leva o indivíduo à obesidade. Atividade 5 Resposta: D Comentário: A obesidade é multifatorial e envolve fatores físicos, biológicos, psicológicos, entre outros. Atividade 8 Resposta: B Comentário: O IMC é amplamente utilizado para determinar a obesidade, pois utiliza dois parâmetros, o peso e a altura, apesar de ser um índice que não indica com segurança se o indivíduo é ou não obeso. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5673 74 A O BE SID AD E E O CU IDA DO Atividade 12 Resposta: A Comentário: As medidas não-farmacológicas devem ser estimuladas em todos os indivíduos como prioridade na intervenção. Consistem nessas medidas a restrição calórica, o aumento da atividade física e a terapia comportamental. Essas medidas são de grande eficácia se houver por parte do indivíduo persistência e mudança no estilo de vida. Atividade 13 Resposta: F; V; V; V. Comentário: Dietas de baixas calorias, com 1.000 a 1.200kcaL por dia, reduzem em média 8% do peso corporal em três a seis meses, com diminuição de gordura abdominal. Atividade 16 Resposta: C Comentário: A intervenção farmacológica deve ser realizada conjuntamente com a orientação dietética e a mudança no estilo de vida. Os agentes farmacológicos auxiliam na aderência dos indivíduos a mudanças nutricionais e comportamentais. Atividade 18 Resposta: A Comentário: Os critérios de avaliação para a intervenção cirúrgica em caso de obesidade são rigorosos e entre eles se destacam: presença de morbidade que resulta da obesidade ou é por ela agravada; persistência (por longo tempo) de excesso de peso de pelo menos 45 kg, ou IMC acima de 40kg/m2; fracasso de métodos conservadores de emagrecimento bem conduzidos; ausência de causas endócrinas de obesidade, como hipotireoidismo ou síndrome de Cushing; avaliação favorável das possibilidades psíquicas de o indivíduo possa suportar pelas transformações radicais de comportamento impostas pela cirurgia. Atividade 19 Resposta: A Comentário: Intervenções cirúrgicas são eficazes, mas se restringem à obesidade mórbida. Atividade 21 Resposta: 5; 4; 2; 1; 3. proenf-sa_2_A obesidade e o cuidado.PMD 28/8/2007, 10:5674 75 PR OE NF SA ÚDE DO AD UL TO SE SC ADREFERÊNCIAS 1 Beckman H, Hawley S, Bishop T. Application of theory-based health behavior change techniques to the prevention of obesity in children. J Pediatr Nurs. 2006 Aug;21(4):266-75. 2 Wannmacher L. Obesidade: evidências e fantasias. Uso Racional de medicamentos. Brasília, DF; 2004. [capturado 2007 Jan 24]. Disponível em: http:// gênesis.unisantos.com.br/serviços/cim/file/ urm_obesidade.pdf 3 Pinheiro AR, Freitas SF, Corso AC. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Rev Nutr. 2004;17(4):523-33. 4 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [capturado 2007 Jan 20]. Disponível em: http:// www.ibge.gov.br/ 5 Nunes MA, Appolinario JC, Galvão AL, Coutinho W. Transtornos alimentares e obesidade. 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