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Leis orçamentárias no Brasil: LOA, LDO, PPA Sérgio Praça orcamentoufabc.wordpress.com sergiopraca0@gmail.com Temas da aula • 1) A Lei Orçamentária Anual (LOA) e a centralização legislativa • 2) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o aprendizado governamental • 3) O Plano Plurianual (PPA) e o planejamento genérico Orçamento e Planejamento • PPA: definir diretrizes e os objetivos, traduzidos em metas, a fim de ocupar, portanto, a dimensão mais estratégica do planejamento de médio prazo. • LDO: iluminar a elaboração do orçamento, identificando as prioridades e metas do ano seguinte • LOA: perseguir prioritariamente a eficiência do gasto, prevendo as receitas e fixando as despesas da melhor forma, respeitadas as diretrizes, objetivos, prioridades e metas anteriormente previstas. 1) A Lei Orçamentária Anual • A Comissão Mista de Orçamento (CMO) examina e emite parecer sobre os projetos de lei relativos ao plano plurianual (PPA), às diretrizes orçamentárias (LDO), ao orçamento anual (LOA) e aos créditos adicionais. • A CMO é composta por 40 membros titulares, sendo 30 deputados e 10 senadores, representados segundo a proporcionalidade partidária • “A cada ano, senadores e deputados e os partidos com maior representação no Congresso alternam-se no exercício das funções de maior importância” (Tollini) 1) A Lei Orçamentária Anual • Para facilitar a análise das propostas de lei orçamentária, os PLOs são divididos em 10 áreas temáticas, cabendo a relatores setoriais apresentarem relatório sobre suas respectivas áreas, que devem ser votados pelo plenário da Comissão. • Assim como as demais matérias que tramitam na CMO, a votação dos relatórios setoriais dá-se primeiramente entre os deputados e depois entre os senadores, sendo a matéria considerada rejeitada se não for aprovada pelos representantes de quaisquer das casas. 1) A Lei Orçamentária Anual • A CMO realiza audiências públicas com autoridades do Poder Executivo para que apresentem as premissas e os parâmetros utilizados na elaboração do PLO. • Além de ter todos os seus processos abertos ao escrutínio da sociedade, a CMO promove ainda audiências públicas com representantes de entidades da sociedade civil ou autoridades dos demais poderes. • São também realizadas audiências públicas regionais nos estados, quando membros da CMO apresentam a proposta orçamentária a lideranças políticas e representantes da sociedade local, para que esses pronunciem-se acerca da necessidade de gastos federais em seus estados. 1) A Lei Orçamentária Anual • Numa inovação da Resolução n.º 1/06-CN, a CMO passou a votar um relatório da receita (preparado por um relator da receita com o auxílio do Comitê de Avaliação da Receita) antes que se inicie a apreciação da despesa orçamentária. • A mudança objetiva divulgar previamente a disponibilidade de recursos com que o Congresso Nacional trabalhará no acatamento das emendas parlamentares. • Anteriormente, a receita podia ser reestimada várias vezes até o final da apreciação do PLO, e os recursos adicionais assim obtidos aplicados livremente pelos relatores-gerais. 2) LDO e governança fiscal * Regras de governança fiscal no Brasil a) Lei 4.320/64 e LRF/2000; b) PPA, LOA e LDO (CF/1988). c) … Lei Complementar de Finanças Públicas? (CF/1988) * Por que - e como - a estabilidade institucional (Lei 4.320) convive com mudança institucional (LRF + LDOs)? 2) LDO, conteúdo legislativo e dinâmica política Tipo de legislação no T1 Burocracia Executivo no T2 Genérica * Livre para determinar como políticas devem ser implementadas (Huber e Shipan 2002) * Refém da interpretação de sua burocracia (Huber e Shipan 2002) Detalhada e rígida * Constrangida, guiada (Huber e Shipan 2002) * Autônoma em relação à sociedade (Golden 2003) * Refém de suas preferências no T1 (Huber e Shipan 2002) Detalhada e flexível * É incentivada a pressionar Legislativo e/ou Executivo para mudar a legislação de modo a atender a seus interesses * Aproveita-se de policy learning * Autonomia para mudar regras que não são eficazes 2) LDO e conteúdo legislativo no Brasil Exemplos de legislação Genérica * Lei 4.320/1964 Detalhada e rígida * Políticas Públicas inseridas na CF/88 (Couto e Arantes 2006) Detalhada e flexível * Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2) Padrões de escolha do relator da LDO, 1989-2007 Explicações Período Padrão 1: Relator muito próximo ao Executivo * Executivo escolhe, com eficácia, relator com quem terá diálogo vantajoso Nove anos (1991, 1993, 1994, 1997, 2000, 2001, 2002, 2003, 2005) Padrão 2a): Relator nem tão próximo ao Executivo * Período Collor Três anos (1989, 1990 e 1992) Padrão 2b): Relator nem tão próximo ao Executivo * PMDB forte (e menos fiel ao Executivo em plenário do que outros partidos) * Ainda assim, PMDB é da coalizão em todos esses anos e é relativamente fiel ao Executivo (mais de 70% de apoio) Sete anos (1995, 1996, 1998, 1999, 2004, 2006 e 2007) 2) O uso das LDOs na prática * LDO e regras de organização e elaboração orçamentária i) LDOs definem atribuições e características do PPA e LOA; ii) LDOs determinam que LOA preveja gastos com emendas individuais em certa parte do orçamento (reserva de contingência). Exemplo de policy learning. 2) O uso das LDOs na prática * LDOs e regras de execução orçamentária i) LCFP poderia definir % do orçamento a ser remanejado, mas quem faz isso é LDO; ii) LCFP poderia definir regras/mecanismos para rever ajustar valor do salário-mínimo, mas LDO é quem faz isso. 3) PPA e políticas estruturantes do desenvolvimento, 2013 • 1. Combate à pobreza, redução das desigualdades, promoção da cidadania e expansão da proteção social : criação e expansão do Programa Bolsa Família (PBF) e valorização do salário mínimo; expansão da rede de proteção social; expansão do SUS, com acesso a medicamentos, expansão do Programa Saúde da Família (PSF)...; promoção da diversidade, com Lei Maria da Penha, equipamentos de atendimento à mulher, sistemas de cotas, Programa Universidade para Todos (ProUni); • 2. Oportunidades no campo: o Programa Luz para Todos; expansão dos contratos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ); novos instrumentos, como compra de alimentos, seguros, garantia de preços mínimos; sustentabilidade dos assentamentos, com infraestrutura e projetos ambientalmente sustentáveis; e o novo modelo de assistência técnica e extensão rural (Ater). 3) PPA e políticas estruturantes do desenvolvimento, 2013 • 3. Aceleração do crescimento : infraestrutura energética (geração de energia, linhas de transmissão, petróleo e gás); expansão do crédito (pessoal, habitacional, para investimentos e para financiamento produtivo); recuperação da infraestrutura logística (carga e passageiros); a retomada de indústrias como a naval a partir das compras da Petrobras; e a indução do investimento por parte do BNDES; • 4. Sustentabilidade ambiental e infraestrutura urbana: redução do desmatamento da Amazônia; criação de unidades de conservação; demarcação de terras indígenas; fiscalização e controle; estabelecimento de assentamentos sustentáveis; revitalização de bacias hidrográficas; investimentos em drenagem, esgotamento sanitário e abastecimento de água; investimentos em assentamentos precários e provisão habitacional; expansão das fontes de energia renovável e energias limpas; e instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos. 3) Instituições para políticas estruturantes Papel dosEstados e Municípios Participação dos cidadãos Evidências empíricas Combate à pobreza, cidadania etc Grande Razoável Boas Oportunidades no campo Grande Razoável ? Aceleração do crescimento Mínimo Zero Incertezas Sustentabilidade ambiental e infraestrutura urbana ? Razoável Incertezas 3) PPA: Planejamento Governamental • A ideia com esse rol de políticas e arranjos é ilustrar que tudo isso foi desenvolvido a partir de relações distintas do modelo formal de planejamento, justamente porque nenhum modelo racional- compreensivo consegue combinar tantos fatores, tampouco é possível identificar inicialmente todos os “fatores de risco” que inviabilizaram as políticas. • Não se tem registro de que estas políticas foram efetivadas a partir do orçamento-programa(...) , apesar de toda a receita contida nos manuais de planejamento e orçamento. 3) PPA: Planejamento Governamental • Ao declarar para a administração pública que adotamos o orçamento-programa, elaborá-lo significa dizer que o Ministério do Planejamento tem uma fórmula capaz de investigar e implementar melhores políticas, a partir da qual vai ser elaborado o orçamento orientado para resultados. Acontece que não há uma fórmula mágica de se conceber melhores políticas. Para se fazer isto, é preciso, antes de tudo, muito conhecimento sobre as políticas, e isto demanda tempo e capacidade dos agentes. Referências * Tollini, Helio. Reforming the budget formulation process in the Brazilian Congress, OECD Journal on Budgeting, v. 1, 2009, p. 1-29. * Santos, Eugênio Andrade Vilela. “O confronto entre o planejamento governamental e o PPA”, in Cardoso Jr., José Celso (org.) A reinvenção do planejamento governamental no Brasil. Brasília : Ipea, 2011, v.4, p. 307-336. Leis orçamentárias no Brasil: LOA, LDO, PPA Temas da aula Orçamento e Planejamento 1) A Lei Orçamentária Anual 1) A Lei Orçamentária Anual 1) A Lei Orçamentária Anual 1) A Lei Orçamentária Anual 2) LDO e governança fiscal 2) LDO, conteúdo legislativo e dinâmica política 2) LDO e conteúdo legislativo no Brasil 2) Padrões de escolha do relator da LDO, 1989-2007 2) O uso das LDOs na prática 2) O uso das LDOs na prática 3) PPA e políticas estruturantes do desenvolvimento, 2013 3) PPA e políticas estruturantes do desenvolvimento, 2013 3) Instituições para políticas estruturantes 3) PPA: Planejamento Governamental 3) PPA: Planejamento Governamental Referências
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