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saúde coletiva e a vulnerabilidades do adulto

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COORDENADORA GERAL:
CARMEN ELIZABETH KALINOWSKI
DIRETORAS ACADÊMICAS:
JUSSARA GUE MARTINI
VANDA ELISA ANDRES FELLI
PROENF | SAÚDE DO ADULTO | Porto Alegre | Ciclo 2 | Módulo 4 | 2007
PROENF
PROGRAMAS DE ATUALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM
SAÚDE DO ADULTO
4CICLO MÓDULO2
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Associação Brasileira de Enfermagem
ABEn Nacional
SGAN, Conjunto “B”.
CEP: 70830-030 - Brasília, DF
Tel (61) 3226-0653 
E-mail: aben@nacional.org.br
http://www.abennacional.org.br
Artmed/Panamericana Editora Ltda.
Avenida Jerônimo de Ornelas, 670. Bairro Santana
90040-340 – Porto Alegre, RS – Brasil
Fone (51) 3025-2550 – Fax (51) 3025-2555
E-mail: info@sescad.com.br
consultas@sescad.com.br
http://www.sescad.com.br
Os autores têm realizado todos os esforços para localizar e indicar
os detentores dos direitos de autor das fontes do material utilizado.
No entanto, se alguma omissão ocorreu, terão a maior satisfação
de na primeira oportunidade reparar as falhas ocorridas.
As ciências da saúde estão em permanente atualização. À
medida que as novas pesquisas e a experiência ampliam nosso
conhecimento, modificações são necessárias nas modalidades
terapêuticas e nos tratamentos farmacológicos. Os autores desta
obra verificaram toda a informação com fontes confiáveis para
assegurar-se de que esta é completa e de acordo com os padrões
aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da
possibilidade de um erro humano ou de mudanças nas ciências da
saúde, nem os autores, nem a editora ou qualquer outra pessoa
envolvida na preparação da publicação deste trabalho garantem
que a totalidade da informação aqui contida seja exata ou
completa e não se responsabilizam por erros
ou omissões ou por resultados obtidos do uso da informação.
Aconselha-se aos leitores confirmá-la com outras fontes. Por
exemplo, e em particular, recomenda-se aos leitores revisar
o prospecto de cada fármaco que lanejam administrar para
certificar-se de que a informação contida neste livro seja correta
e não tenha produzido mudanças nas doses sugeridas ou nas
contra-indicações da sua administração. Esta recomendação
tem especial importância em relação a fármacos novos
ou de pouco uso.
Estimado leitor
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas
ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros),
sem permissão expressa da Editora.
Os inscritos aprovados na Avaliação de Ciclo do Programa de Atualização em Enfermagem
(PROENF) receberão certificado de 180h/aula, outorgado pela Associação Brasileira de Enfermagem
(ABEn) e pelo Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância (SESCAD) da Artmed/
Panamericana Editora, e créditos a serem contabilizados pela Comissão Nacional de Acreditação
(CNA), para obtenção da recertificação (Certificado de Avaliação Profissional).
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Maria Rita Bertolozzi – Livre Docente. Professora Associada junto ao Departamento de
Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
(USP)
Renata Ferreira Takahashi – Livre Docente. Professora Associada junto ao Departamento de
Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
(USP)
Lucia Yasuko Izumi Nichiata – Professora Doutora junto ao Departamento de Enfermagem em
Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP)
MARIA RITA BERTOLOZZI
RENATA FERREIRA TAKAHASHI
LUCIA YASUKO IZUMI NICHIATA
VULNERABILIDADES
EM SAÚDE DO ADULTO
INTRODUÇÃO
O termo vulnerabilidade tem sido crescentemente empregado na área da enfermagem em
saúde coletiva e, muitas vezes, confunde-se com o conceito de risco. Apesar de serem utilizados
indistintamente, risco e vulnerabilidade, na verdade, referem-se a conceitos diferentes.
O conceito de risco, na epidemiologia, surge em 1920 e refere-se à exposição, à
associação entre eventos e condições patológicas e não-patológicas, sob a forma
de relações causais.1 Ou seja, o risco refere-se à probabilidade de que uma pessoa
qualquer, que pertence a um grupo de expostos à determinada situação, venha a
pertencer a outro grupo, o de afetados.1
No início dos anos 1900, Wade Hampton Frost, da Escola de Saúde Pública da Johns Hopkins,
nos Estados Unidos da América, introduziu o conceito de risco não mais restrito à chance de
ser infectado, mas, também, de adoecer, de não adoecer, de adoecer por modos diferentes e
de morrer.2 Entretanto, há uma limitação importante no conceito de risco, pois, ao pautar-se no
conceito clássico de saúde e doença como eventos que carregam conotação positiva ou
negativa, respectivamente, deixa de considerar a relatividade, a inconstância, a dinamicidade
que, conforme será verificado adiante, são intrínsecos ao conceito de vulnerabilidade.
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LTO Ao tomarem a saúde e a doença como eventos lineares, multifatorializados, sem que haja
hierarquia entre os mesmos, os estudos epidemiológicos buscam controlar as incertezas das
associações, o que, na maior parte dos casos, é bastante difícil, senão impossível de realizar-
se. Em decorrência, o conceito de grupo de risco estabelece identidades que particularizam
certos segmentos populacionais, tornando-os diferentes da população geral e, não raro, essa
particularização se reflete na forma como a sociedade discrimina tais segmentos, como no
caso dos fumantes, dos obesos, dos homossexuais, dos alcoolistas, dos drogaditos e dos
portadores de doenças estigmatizantes, como hanseníase, aids e tuberculose, por exemplo.
É importante destacar que não se está descartando o amplo conhecimento com que
tais estudos epidemiológicos nos têm brindado ao longo dos tempos, no entendimento
da ocorrência dos agravos em saúde. Mas, alerta-se para o fato de que esses fatores
(variáveis) devem ser interpretados quanto à variabilidade e dinâmica de seus
significados sociais em realidades concretas. Ou, melhor dizendo, é fundamental
ter em mente que a saúde-doença constitui um processo de ordem social, sem
invalidar a expressão biológica.
OBJETIVOS
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor deve estar apto a:
■■■■■ conhecer a diferença entre os conceitos de risco e vulnerabilidade;
■■■■■ descrever a origem e evolução do conceito de vulnerabilidade;
■■■■■ identificar os principais aspectos que constituem a vulnerabilidade nos planos individual,
particular e social;
■■■■■ elaborar um plano de apreensão de vulnerabilidades para determinado grupo social.
ESQUEMA CONCEITUAL
Vulnerabilidades
em saúde do
adulto
Conceito de vulnerabilidade e sua aplicação na saúde
Vulnerabilidade individual
Vulnerabilidade programática
Vulnerabilidade social
Avaliação de vulnerabilidade e intervenção preventiva
Como avaliar e intervir em situações de vulnerabilidade
Conclusão
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DCONCEITO DE VULNERABILIDADE E SUA APLICAÇÃO NA SAÚDE
O conceito de vulnerabilidade foi, primeiramente, utilizado na área dos Direitos Humanos,
mais especificamente na área de advocacia, pelos Direitos Universais do Homem,
designando, em sua origem, grupos ou indivíduos fragilizados, jurídica ou politicamente,
na promoção, proteção ou garantia de seus direitos de cidadania.1 O conceito foi
incorporado ao campo da saúde, a partir de estudos realizados sobre a aids, na Escola
de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos da América.
A identificação dos primeiros casos de aids em grupos de pessoas discriminadas socialmente,
como os homossexuais e usuários de drogas, e o desconhecimentosobre a enfermidade, levou à
disseminação do conceito de “grupo de risco para a aids”, o que contribuiu para que a síndrome
fosse pensada como uma doença “do outro”.
As primeiras campanhas de prevenção da aids, insuficientes para conter a disseminação da doença,
ajudaram a impulsionar atitudes de preconceito e de discriminação.3 É nesse âmbito, por exemplo,
que emerge a expressão “4 H”, que refere-se aos Homossexuals, Hemophiliacs, Haitians e
Heroinadicts, os quais passaram a ser, nos Estados Unidos, os primeiros alvos das estratégias de
intervenção, assim como de atitudes de estigmatização e de preconceito.
A partir da segunda metade da década de 1980, o avanço do conhecimento sobre a aids, além da
pressão exercida, particularmente, pelos grupos sociais discriminados, contribuíram para a
emergência de um outro conceito, conhecido como “comportamento de risco”. Isso se deu,
paralelamente, a movimentos que estimulavam a adoção individual de medidas de prevenção e
propiciou a explicitação da suscetibilidade “coletiva”, isso é, a noção de que todos eram suscetíveis.
Mesmo assim, estava presente a atribuição de culpa aos indivíduos que se infectavam, e se
acentuava a percepção dos limites das intervenções que preconizavam as mudanças de
comportamento, as quais apostavam na suposição de que a exposição decorria de comportamentos,
de atitudes, de falta de disciplina, provenientes, substantivamente, da decisão individual.3
Conforme apontam Ayres e colaboradores,1 a adoção de comportamentos e de atitudes não se
reduz à soma de dois aspectos: informação + vontade, mas passa por outros elementos presentes
na rede de relações que envolve os seres humanos, como as coerções, além de elementos de
natureza cultural, econômica, política, jurídica, policial, que são desigualmente distribuídos entre
os gêneros, entre os países, entre os segmentos sociais, entre os grupos étnicos e entre as idades.
Na década de 1990, começava a evidenciar-se um novo perfil da aids. A doença passou a acometer
outros grupos, dentre os quais, as mulheres e os jovens de precária inserção social. Mas, mesmo
que indubitáveis os avanços tecnológicos na terapêutica e no diagnóstico da infecção, o controle
da epidemia está distante de ser alcançado, principalmente, em países que apresentam as mais
precárias condições de desenvolvimento e desigualdade social.
O cenário da aids, em 1990, impulsionou o desenvolvimento de conceitos que buscassem
explicar aspectos que incorporassem outras questões, além da mudança comportamental.
Assim é que Mann4 e colaboradores propuseram indicadores para avaliar o grau de
vulnerabilidade à infecção e ao adoecimento pelo HIV, considerando três planos
interdependentes de determinação: vulnerabilidade individual, programática e social.
No Brasil, o Professor José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres desenvolveu,
substantivamente, o conceito integradamente ao campo de conhecimentos e de práticas
da saúde coletiva.
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LTO Buscando-se ampliar o conceito de vulnerabilidade para outros agravos além da aids, surgem
alguns pressupostos-chave, como o que define que a vulnerabilidade é determinada por:
■■■■■ condições cognitivas – acesso à informação, reconhecimento da suscetibilidade e da eficácia
das formas de prevenção;
■■■■■ condições comportamentais – desejo e capacidade de modificar comportamentos que definem
a suscetibilidade;
■■■■■ condições sociais – acesso a recursos e à capacidade de adotar comportamentos de proteção.
Nessa nova perspectiva da vulnerabilidade, define-se ainda que:
■■■■■ qualquer pessoa é vulnerável;
■■■■■ os meios que a pessoa dispõe para se proteger contribuem para diminuir/limitar a sua situação
de vulnerabilidade;
■■■■■ quanto maior o amparo social e o acesso à saúde, menor será sua vulnerabilidade.
VULNERABILIDADE INDIVIDUAL
No plano da vulnerabilidade individual, considera-se o conhecimento das pessoas acerca do
agravo e os comportamentos que oportunizam a ocorrência da infecção. Entende-se que os
comportamentos não são determinados apenas pela ação voluntária da pessoa, mas,
especialmente, por sua capacidade de incorporar e de aplicar o conhecimento que detém para
transformar tais comportamentos que a tornam suscetível ao agravo.
O Quadro 1 apresenta alguns aspectos fundamentais a serem apreendidos ao se considerar a
dimensão relativa à vulnerabilidade individual.
Quadro 1
ASPECTOS QUE PODEM SER CONSIDERADOS
NO PLANO DA VULNERABILIDADE INDIVIDUAL
Valores
Conhecimento
Atitudes
Relações familiares
Situação de vida
Redes sociais
Interesses
Informação
Comportamentos
Relações profissionais
Situação de trabalho
Suportes sociais
Crenças
Relações de amizade
Situação psicoemocional
Desejos
Relações afetivo-sexuais
Situação física
Fonte: Modificado de Ayres (2006).2
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DVULNERABILIDADE PROGRAMÁTICA
O plano da vulnerabilidade programática considera o acesso aos serviços de saúde, a forma
como se organizam esses serviços, assim como as questões relativas ao planejamento e
sustentabilidade das políticas definidas para o agravo em questão e a participação social nesse
processo. Considera, ainda, o vínculo entre os usuários e os profissionais de saúde, as ações
relacionadas à prevenção e ao controle dos agravos, assim como os recursos sociais existentes
na área de abrangência do serviço de saúde. O Quadro 2 possibilita a identificação de alguns
aspectos que constituem essa dimensão.
Quadro 2
ASPECTOS QUE PODEM SER CONSIDERADOS NO PLANO
PROGRAMÁTICO DO CONCEITO DE VULNERABILIDADE
VULNERABILIDADE SOCIAL
A vulnerabilidade social contempla a dimensão social do adoecimento e refere-se à
possibilidade de acessar informação, compreendê-la e incorporá-la ao cotidiano.
Compromisso político do
governo e
sustentabilidade política
das ações de saúde e
programa de controle
Participação social no
planejamento de
políticas
Recursos humanos para
a operacionalização de
projetos
Compromisso e
responsabilidade dos
profissionais de saúde
Articulação multissetorial
de ações
Organização dos
serviços de saúde
Integração entre
prevenção, promoção e
assistência
Definição de políticas
específicas para o
agravo/enfermidade
em análise
Participação social na
avaliação de políticas
Qualificação técnico-
científica dos
profissionais de saúde
Respeito entre o
trabalhador de saúde e
o usuário do serviço
de saúde
Atividades
intersetoriais
Acesso aos serviços
de saúde
Eqüidade das ações
de saúde
Avaliação de políticas
Controle social
Recursos materiais
para a
operacionalização de
projetos
Vínculo entre o
trabalhador de saúde
e o usuário
do serviço de saúde
Equipes
multidisciplinares
Qualidade dos
serviços de saúde
Responsabilidade
social e jurídica dos
serviços de saúde
Governabilidade
Promoção de direitos
humanos por parte
da equipe de saúde
Enfoques
interdisciplinares
Integralidade da
atenção à saúde
Fonte: Modificado de Ayres (2006).2
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LTO A vulnerabilidade social integra o acesso aos meios de comunicação, assim como as condições
objetivas que propiciam a vida e o trabalho, a escolarização, a participação social, além das
possibilidades de enfrentamento de crenças, de barreiras culturais, estigma, preconceito, dentre
outras questões (Quadro 3). Nessa dimensão, utilizam-se indicadores com potencialidade para
revelar o perfil da população da área de abrangência da unidade de saúde onde se encontra
matriculado o usuário, assim como os gastos com serviços sociais e de saúde, e o acesso aos
serviçosde saúde.
Quadro 3
ASPECTOS QUE SE REFEREM À VULNERABILIDADE SOCIAL
1. Qual a origem do conceito de vulnerabilidade?
A) Na área de microbiologia e imunologia.
B) Com o aparecimento da hipertensão arterial.
C) Na área dos direitos humanos.
D) Nos anos 1990, com a intensificação da piora das condições de vida da
população.
2. O conceito de “comportamentos de risco” representa um avanço na concepção
de “grupos de risco”. Por quê?
A) Estimulou a adoção individual de medidas de prevenção e possibilitou a
explicitação da suscetibilidade “coletiva”.
B) Minimizou a atribuição de culpa às pessoas infectadas pelo HIV.
C) Minimizou o preconceito às pessoas infectadas pelo HIV.
D) Referendou o conceito de que a mudança de comportamento pode ser
alcançada quando a população tem acesso apenas à informação.
Respostas no final do capítulo
Referências
culturais
Relações de
gênero
Estigma decorrente
do agravo/
enfermidade
Condições de vida
e de trabalho
Suporte social
Liberdade de
pensamento
Crenças religiosas
Relações de raça e
etnia
Ações
discriminatórias
Acesso à saúde
Acesso à informação
Participação social
Relações entre
gerações
Acesso à
educação
Acesso à
justiça
Acesso à cultura, ao
lazer e ao esporte
Fonte: Modificado de Ayres (2006).2
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D3. Que pressupostos orientam o conceito de vulnerabilidade em saúde?
.......................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................
4. Tratando-se da saúde do adulto, as condições consideradas na avaliação da
vulnerabilidade individual compreendem:
A) as condições dos serviços de saúde e as condições sociais.
B) o acesso e a forma de organização dos serviços de saúde.
C) as condições cognitivas, os comportamentos que podem oportunizar a
ocorrência do agravo/enfermidade e as condições sociais.
D) as condições comportamentais e as condições de disponibilidade dos serviços
de saúde.
5. No contexto da saúde do adulto, a dimensão da vulnerabilidade programática
analisa:
A) o acesso aos serviços de saúde, a forma de organização dos serviços de
saúde, o vínculo entre os profissionais e os usuários, as ações de prevenção
e controle disponíveis e os recursos sociais existentes na área de abrangência.
B) as condições de assistência social e de assistência à saúde.
C) o acesso às informações de saúde e o vínculo entre os profissionais e os
usuários.
D) as condições sociais e as ações de prevenção do agravo de saúde.
6. A dimensão social da vulnerabilidade em saúde do adulto compreende a análise
do perfil da população da área de abrangência em relação:
A) ao sexo, idade, estado civil, grau de instrução, condições de habitação e de
saneamento.
B) ao acesso à informação e ao ensino, além da análise da distribuição do agravo
de saúde.
C) as condições de saúde e de violência.
D) aos gastos com serviços sociais e ao acesso à informação e aos serviços de
saúde, além da análise de coeficientes de mortalidade de crianças menores
de cinco anos, da situação da saúde da mulher, do índice de desenvolvimento
humano e da relação entre gastos com educação e saúde, entre outras
informações que conformam a organização da vida no território.
Respostas no final do capítulo
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LTO AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE E INTERVENÇÃO PREVENTIVA
A avaliação da vulnerabilidade em saúde do adulto tem o sentido de responder a algumas
questões, tais como as seguintes:
■■■■■ Como se evidencia a vulnerabilidade do grupo social sob análise?
■■■■■ Quais aspectos ou situações contribuem para a vulnerabilidade?
■■■■■ Que tipo de ações podem contribuir para a redução da vulnerabilidade, considerando-se as
dimensões individual, programática e social?
A operacionalização do conceito de vulnerabilidade pode ampliar as intervenções na
área da saúde do adulto, ao se considerar que sua ocorrência não depende,
exclusivamente, do indivíduo, mas que está articulada a uma série de mediações que
incorporam as condições de vida e de trabalho, além de outras, que se referem à forma
como está organizada a sociedade, as políticas sociais e de saúde, assim como possibilita
a superação da abordagem comportamentalista das estratégias de prevenção e de
promoção à saúde.
A vulnerabilidade tem como característica principal a síntese, ao incorporar elementos associados
e associáveis aos processos de adoecimento, que podem se apresentar na aparência como
abstratos, pois se referem ao âmbito do pensar e do relacionar-se, além dos que se apresentam
concretamente.
A vulnerabilidade tem, ainda, um caráter não-probabilístico, quando se busca identificar situações
de suscetibilidade, sempre considerando a relação entre as partes e o todo. Tais situações, ainda
que sempre tenham como referência o indivíduo pertencente a um determinado grupo social, são
particulares, e expressam os potenciais de adoecimento e de fortalecimento relacionados à “todo
e cada indivíduo”, conforme apontam Ayres e colaboradores,1 que vive em determinadas condições
e, portanto, não se reduz às médias estatísticas que acabam por diminuir a exposição às situações
de “risco”.
Ayres e colaboradores, valendo-se de Gorovitz,5 acrescentam, ainda, que a vulnerabilidade é:
■■■■■ multidimensional – em uma mesma situação, pode-se estar vulnerável a alguns agravos e
não a outros, e que determinadas condições podem aumentar a vulnerabilidade sob um aspecto
e proteger sob outro;
■■■■■ não-unitária – não responde a um modelo “sim ou não”, mas há sempre gradações, sempre é
possível estar em condição de vulnerabilidade, ainda que em diferentes graus;
■■■■■ não-estável – as dimensões e os graus de vulnerabilidade mudam constantemente ao longo
do tempo;
■■■■■ de caráter relacional – ou seja, qualquer situação de vulnerabilidade, refere-se sempre a uma
responsabilidade bilateral ou múltipla.
Seguindo o raciocínio de Gorovitz, as pessoas não são vulneráveis, mas podem estar
vulneráveis sempre a algo, em algum grau e forma e num certo ponto do tempo e do
espaço.
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DPara esclarecer o conceito de vulnerabilidade e sua aplicação à saúde, o Quadro 4 mostra como
se define a população-alvo e quais seriam os resultados esperados conforme distintas perspectivas
de intervenção preventiva em caso de HIV/aids. Já o Quadro 5 apresenta uma comparação
entre diferentes estratégias de ação preventiva em doença infectocontagiosa.
Quadro 4
COMPARAÇÃO ENTRE DISTINTAS PERSPECTIVAS DE INTERVENÇÃO PREVENTIVA
Quadro 5
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PREVENTIVA
As abordagens de redução de vulnerabilidades buscam ampliar as intervenções que
operam no plano individual para o plano das suscetibilidades, que se configuram no
plano geral, que se refere ao âmbito da sociedade, incorporando aspectos aos quais se
referem às políticas de saúde.
Anteriormente, se mencionou que a vulnerabilidade apresenta um caráter de síntese ao relacionar
elementos de ordem abstrata e concreta. Tais elementos de ordem abstrata referem-se a contextos
de subjetividade. Ayres e colaboradores1apontam que a transformação de tais contextos refere-
se à tomada de consciência de que os sujeitos somente se constituem frente ao outro: “[...] as
mudanças mais profundas e interessantes acontecem quando enxergamos e construímos
possibilidades de os indivíduos estarem, uns aos outros, em seu entorno”.
Na linha de raciocínio de Ayres, a redução de vulnerabilidades na saúde do adulto pode ser difundida
através dos seguintes saberes e práticas:
■■■■■ identificação e construção de contextos intersubjetivos potentes, ou seja, reconhece espaços,
interlocutores e processos que beneficiam a expressão dos sujeitos, o compartilhamento de
saberes e a construção solidária de respostas;
■■■■■ produção e articulação de redes de diálogo – associação, relação e síntese de saberes diversos;
■■■■■ captação das necessidades e da construção conjunta de respostas.
Conceito
Grupo de risco
Comportamento de risco
Vulnerabilidade
População-alvo
O infectado e o suscetível
Exposição ao vírus
Suscetibilidades populacionais
Resultado esperado
Barreira à transmissão
Práticas seguras
Resposta de caráter social
Fonte: Modificado de Ayres (2003).1
Elemento da estratégia
Alvo
Finalidade
Processos educativos
Informação
Base institucional
Agentes privilegiados
Expectativa de resposta
Impacto visado
Prevenção tradicional
Indivíduos expostos
Alerta
Modeladores
Transmissão unilateral
Setor saúde
Técnicos de saúde
Cumprimento de prescrições
Mudança de comportamento
Redução da vulnerabilidade
Grupos suscetíveis
Favorecimento da capacidade de resposta
Emancipatórios
Compartilhada/Interface/Rede/Dialógica
Intersetorial
Equipes de saúde e sujeitos na sociedade
Adesão
Transformação de contextos e
situacionalidade
Fonte: Modificado de Ayres (2003).1
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LTO A prática junto aos serviços de saúde mostra que, de modo geral, as informações sobre
prevenção e promoção à saúde, além dos alertas sobre situações que podem envolver
risco, podem ser veiculadas e transmitidas aos usuários dos serviços de saúde.
Entretanto, isso não basta para extinguir a exposição às situações de risco. No caso da
exposição ao HIV, isto é muito evidente: o que leva as pessoas à exposição, mesmo que
informadas a respeito do risco em potencial? O que leva as pessoas a ingerirem
quantidade desnecessária de calorias, mesmo informadas a respeito dos distúrbios
cardiovasculares? Por que o hábito de fumar e consumir álcool?
No caso da hipertensão arterial, por exemplo, são conhecidas algumas situações que podem
aumentar a chance de ocorrência da doença: consumo excessivo de sal, sedentarismo, exposição
constante às condições estressantes e de ansiedade, além de outras.
De modo geral, as pessoas não se expõem, deliberadamente, ao risco. Mas, em que medida há
racionalidade em todos os atos cometidos? Até que ponto o ser humano “controla” os fatos do
cotidiano, deixando de assumir situações de risco? É claro que, aqui, não se quer reduzir a uma
relação linear situações que envolvem uma trama de mediações que ocorrem na fisiopatologia do
corpo humano, assim como na rede de sensações e emoções, e que são resultado do viver. E
mais, trata-se do viver em uma sociedade não-harmônica, mas plena de conflitos, de tensões, de
contradições, de interesses múltiplos, de necessidades, que podem ser criadas artificialmente.
Não se trata, portanto, de justificar certos comportamentos e atitudes, limitando-os à asserção,
conforme apontam Ayres e colaboradores: “[...] um risco que as pessoas decidem correr – seja lá
por qualquer razão – e, por conseguinte, recusar também como estratégia exclusiva ou privilegiada
de prevenção o convencimento de cada indivíduo de que precisa agir de modo diferente (grifo dos
autores).1
A exposição a certas situações não é homogênea na população em geral, e as
possibilidades de mudança de atitudes e práticas não dependem somente da vontade
individual, mas do “[...] contexto em que essas individualidades se conformam e
manifestam”.1 Nesse sentido, através do conceito de vulnerabilidade, busca-se a
mobilização para a superação da suscetibilidade, de forma tal a atingir aspectos que
emanam do indivíduo, mas que se referem às relações sociais. Busca-se, portanto,
responder à transformação das práticas como sujeitos sociais, como agentes da esfera
pública da vida social e não no plano que se restringe à individualidade privada.1
7. Por que a vulnerabilidade em saúde é considerada multidimensional, não-unitária,
não-estável e relacional?
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D8. Indique as principias diferenças entre a perspectiva de intervenção preventiva
tradicional e a intervenção voltada à redução da vulnerabilidade.
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9. Por que a divulgação de informações sobre prevenção e promoção à saúde não é
suficiente para extinguir ou minimizar, significativamente, as situações de risco de
agravos/enfermidades?
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10. A apreensão da vulnerabilidade a determinado agravo/enfermidade abrange:
A) a avaliação de comportamentos pessoais, de programas de controle e do
contexto social.
B) a análise da situação de vida das pessoas e do acesso às informações em
saúde.
C) a identificação das condições de assistência à saúde e análise dos recursos
sociais disponíveis.
D) todas as respostas estão corretas.
Resposta no final do capítulo
11. Como o conceito de vulnerabilidade pode ser colocado em prática pelos profissionais
de saúde?
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COMO AVALIAR E INTERVIR EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE
A elaboração de um modelo para apreensão e avaliação de vulnerabilidades, na área da saúde do
adulto, tem como objetivo a identificação de condições e/ou situações de vulnerabilidade, para
que o profissional de saúde possa promover ações que contribuam com a sua redução junto a
determinado grupo social.
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LTO Seguindo o conceito de vulnerabilidade nos planos individual, programático e social, o Quadro 6
apresenta um modelo de análise de vulnerabilidades e intervenção em hipertensão arterial,
considerando-se um grupo de pessoas adultas e que, hipoteticamente, residem na área de
abrangência de uma unidade básica de saúde. Elegeu-se a hipertensão arterial como questão
focal do processo saúde-doença a ser analisado dada a magnitude de agravos dessa natureza na
fase adulta.
Quadro 6
MODELO DE ANÁLISE DE VULNERABILIDADE
E INTERVENÇÃO EM HIPERTENSÃO ARTERIAL
Território e grupo para análise
Selecione e analise um determinado território que integre a área de abrangência da unidade de
saúde. Responda:
■■■■■ Por que esse espaço foi selecionado?
■■■■■ Em função da incidência de qual enfermidade?
■■■■■ Devido às condições sociais das pessoas que ocupam tal território?
■■■■■ Porque a unidade de saúde consegue acessar mais facilmente essa população? E os demais
grupos?
Análise no plano da vulnerabilidade individual
■■■■■ Identifique como se distribui a população desse espaço em termos de idade e sexo.
■■■■■ Separe as pessoas que pertencem à faixa de idade adulta.
■■■■■ Identifique quais são os conhecimentos, os comportamentos e as percepções sobre a hipertensão
arterial nessa faixa de idade.
■■■■■ Identifique como vivem e em que condições se dá o trabalho dessas pessoas.
■■■■■ Identifique quais são as situações, os elementos da vida e do trabalho que se configuram como
processos de proteção frente à hipertensão arterial.
■■■■■ Identifique quais são as situações, os elementos da vida e do trabalho que se configuram como
processos de desgaste frente à hipertensão arterial.
Análise no plano da vulnerabilidade programática
■■■■■ Identifique quais são os serviços de saúde da área que prestam atendimento aos adultos.
■■■■■ Indique como ocorre o acesso desse grupo etário a esses serviços de saúde.
■■■■■ Indique quais são as facilidades e as dificuldades de acesso aos serviços de saúde.
■■■■■ Indique quais são as ações programadas para a prevenção e promoção à saúde dirigidas para tal
grupo, desenvolvidas pelas instituições de saúde da região.
■■■■■ Indique quais são as ações programadas para o controle da hipertensão arterial desenvolvidas
pelas instituições de saúde da região.
■■■■■ Identifique as informações epidemiológicas das quais os serviços de saúde se valem para a análise
da situação da hipertensão arterial nessa área de saúde.
■■■■■ Indique como são sistematizadas as informações sobre a saúde dos usuários dos serviços de
saúde.
■■■■■ Verifique se há um sistema de vigilância à saúde e como ele funciona.
Continua ➜➜➜➜➜
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Análise no plano da vulnerabilidade social
■■■■■ Caracterize os aspectos demográficos da região de abrangência da unidade de saúde em relação a:
• tempo de residência na localidade;
• tamanho, tipo, chefia das famílias (por sexo e por faixa etária);
• condições habitacionais – tipo de edificação, número de cômodos, apropriação da mora-
dia e infra-estrutura urbana;
• situação educacional – condição de alfabetização, média de anos de escolaridade, nível
de instrução por faixa etária;
• inserção no mercado de trabalho – taxa de desemprego, estrutura de emprego, benefícios
do trabalho assalariado, classes de rendimento e formas de qualificação para o trabalho;
• renda e patrimônio familiar – contribuição dos membros da família na composição da
renda, posses de bens de consumo duráveis, gasto das famílias com água, energia elétri-
ca, incapacidade para o pagamento de despesas;
• acesso aos serviços de saúde – tipo de serviço utilizado.
■■■■■ Identifique quais são as potencialidades para o enfrentamento das barreiras e/ou dificuldades no
aprimoramento da saúde.
■■■■■ Identifique há algum envolvimento da comunidade local em relação aos serviços de saúde?
■■■■■ Identifique em que medida a comunidade local pode apoiar o desenvolvimento do trabalho para a
redução da vulnerabilidade em relação à hipertensão arterial. Por exemplo, na divulgação do
trabalho e no estímulo à participação das pessoas que residem na área.
Plano de intervenção
■■■■■ Proponha ações que modifiquem as situações de vulnerabilidade detectadas.
■■■■■ Estabeleça ações visando a diminuir a vulnerabilidade das pessoas, através de atividades que
provoquem mudanças nos serviços sociais e de saúde da área de abrangência.
■■■■■ Identifique as possibilidades de valer-se da articulação entre os equipamentos sociais que integram
a região da área de abrangência da unidade de saúde: escolas, associações, dentre outras.
Ao realizar a análise de vulnerabilidades, lembre-se que não se trata de avaliar os
aspectos como positivos ou negativos, mas sim de ponderar as situações que induzem
à vulnerabilidade e que são passíveis de redução.
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LTO O Quadro 7 apresenta sugestões de questões que podem fazer parte do repertório de análise de
vulnerabilidades e intervenção em hipertensão arterial.
Quadro 7
QUESTÕES SUGERIDAS PARA REPERTÓRIO DE ANÁLISE
DE VULNERABILIDADES EM HIPERTENSÃO ARTERIAL
Componente individual
Sobre o conhecimento do grupo selecionado quanto a processos que podem estar implicados na
hipertensão arterial:
■■■■■ É possível desenvolver a hipertensão arterial através do consumo excessivo de sal, da vida
sedentária, de situações que aumentem o estresse? Devido às situações no trabalho que limitem a
autonomia? Devido à falta de trabalho? Devido às cargas de trabalho? Devido às situações
familiares? Devido a componentes hereditários ou genéticos? Devido ao uso de medicamentos?
Devido a outras enfermidades?
■■■■■ Qual a sua opinião sobre as formas de prevenção da hipertensão arterial?
■■■■■ Procurar hábitos saudáveis em termos de alimentação, repouso, lazer, atitude frente ao trabalho,
perante a família e perante a vida em geral?
Sobre os comportamentos de proteção em relação à hipertensão arterial:
■■■■■ O que você fez ou faz para se proteger da hipertensão arterial? Em relação ao trabalho? Em
relação à família? Em relação ao hábito alimentar, de atividades no cotidiano?
■■■■■ Você conhece alguém que tem hipertensão arterial?
■■■■■ Como você se sente por ter hipertensão arterial ou em relação à possibilidade de desenvolver
hipertensão arterial?
■■■■■ Onde ou como você obteve informações sobre a hipertensão arterial?
■■■■■ Qual é a sua atitude em relação às pessoas de seu entorno que apresentam hipertensão arterial
não-controlada?
■■■■■ Com que freqüência você verifica o nível pressórico?
■■■■■ Se você tem hipertensão arterial, como sua família o trata a respeito? E no trabalho? E em relação
aos vizinhos ou outras pessoas de seu convívio?
Sobre as fontes de informação sobre a hipertensão arterial:
■■■■■ Em seu ambiente de trabalho é possível falar sobre situações que podemaumentar a chance de
desenvolvimento de hipertensão arterial? E em relação à sua família?
■■■■■ Você tem alguma atividade associativa, como por exemplo, no trabalho ou na região onde vive?
■■■■■ Que outras atividades desenvolve além do trabalho? E no caso de desemprego, o que faz para
preencher o tempo?
■■■■■ Que tipo de serviço de saúde você costuma freqüentar? Você sabe aonde ir para saber se tem
hipertensão arterial?
■■■■■ Com que freqüência você lê, assiste ou acessa Internet, TV, livros, rádio, jornal?
■■■■■ Quais são as suas atividades de lazer?
■■■■■ Você tem alguma crença religiosa?
Continua ➜➜➜➜➜
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CONCLUSÃO
O conceito de vulnerabilidade, ao lastrear-se na concepção social da saúde-doença, possibilita a
apreensão de questões, de comportamentos, de atitudes, de necessidades que, de modo geral,
não se revelam por meio das formas de interpretação tradicionais do processo saúde-doença.
Constitui, portanto, um avanço no campo da saúde coletiva, e uma potente alternativa para a
enfermagem, uma vez que faz possível a apreensão e a decodificação de suscetibilidades ao
considerar a rede de subjetividades na dimensão da produção e da reprodução social.
RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
Atividade 1
Resposta: C
Comentário: O conceito de vulnerabilidade surgiu na área de Direitos Humanos, apresentando-se
fortemente vinculado, em sua origem, a grupos de indivíduos fragilizados nos aspectos jurídico ou
político, na promoção, proteção ou garantia de seus direitos de cidadania.
Atividade 2
Resposta: A
Comentário: A apresentação do conceito de comportamento de risco se deu paralelamente a
movimentos que estimulavam a adoção individual de medidas de prevenção e propiciou a
explicitação da suscetibilidade “coletiva”, isso é, a noção de que todos eram suscetíveis e não um
alvo específico que se restringe a um indivíduo de cuja exposição, decorreria o agravo e/ou
enfermidade.
Componente programático
■■■■■ Como se organiza o serviço em relação às ações para o atendimento às pessoas portadoras de
hipertensão arterial?
■■■■■ Como se organiza o serviço em relação às ações de prevenção em relação à hipertensão arterial e
de promoção à saúde?
■■■■■ Há parcerias entre os setores governamentais e outras organizações e setores?
■■■■■ Como é o planejamento, a coordenação e o gerenciamento das ações em relação à hipertensão
arterial?
■■■■■ Há resposta às necessidades de prevenção e tratamento da hipertensão arterial?
■■■■■ Como se avaliam as atividades desenvolvidas e o impacto epidemiológico?
Componente social
■■■■■ Como se dá o acesso às informações sobre a hipertensão arterial? Como é seu conteúdo em
termos de qualidade?
■■■■■ Quais os significados de padecer sobre doença crônico-degenerativa para o adulto?
■■■■■ Quais as possibilidades efetivas de colocar em prática, recomendações a respeito de hábitos
saudáveis, considerando-se a inserção social das pessoas?
■■■■■ Como têm sido estabelecidas as políticas de saúde para amparar pessoas nessa condição de
enfermidade (em termos de acesso aos serviços de saúde, medicamentos, entre outras questões).
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LTO Atividade 4
Resposta: C
Comentário: A vulnerabilidade individual integra o conhecimento, os comportamentos que podem
oportunizar a ocorrência do agravo/enfermidade e as condições que permitem ao indivíduo (e
grupos sociais) a reprodução da vida em sociedade. Essas últimas integram a acessibilidade aos
serviços de saúde, assim como a outras necessidades para o desenvolvimento da vida.
Atividade 5
Resposta: A
Comentário: A vulnerabilidade programática integra a acessibilidade aos serviços de saúde e a
forma como se organiza o sérvio para o atendimento às necessidades dos indivíduos. Integra,
portanto, as ações de promoção, prevenção, de terapêutica e certos aspectos que dizem respeito
à reabilitação.
Atividade 6
Resposta: D
Comentário: A vulnerabilidade social integra todos os aspectos que se referem à vida no território,
assim como aqueles relativos à organização da sociedade onde está alocado o determinado grupo
social sob análise.
Atividade 10
Resposta: D
Comentário: A vulnerabilidade integra as dimensões individual, programática e social, as quais,
ainda que de forma bastante limitada, estão representadas no elenco de respostas.
REFERÊNCIAS
1. Ayres JR. O conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios. In:
Czeresnia D, Freitas CM. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz;
2003. p. 117-40.
2. Ayres JR. Risco, vulnerabilidade e práticas de prevenção e promoção da saúde. In: Campos GW (org.).
Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006. p. 375-418.
3. Takahashi R, Oliveira MA. A operacionalização do conceito de vulnerabilidade no contexto da Saúde da
Família. In: Brasil. Instituto para o Desenvolvimento da Saúde. Universidade de São Paulo. Ministério
da Saúde. Manual de Enfermagem. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2001. p. 225-8.
4. Mann J, Tarantola DJM, Netter TW (orgs.). A Aids no mundo: história social da Aids. Rio de janeiro:
Relume-Dumará; 1993.
5. Gorovitz S. Reflections on the vulnerable. In: Bankowiski Z, Bryant JH (eds.). Poverty, vulnerability and
the value of human life: a global agenda for bioethics. Geneva: Cioms; 1994.
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P964 Programa de Atualização em Enfermagem: saúde do adulto
(PROENF) / [organizado pela] Associação Brasileira de
Enfermagem; coordenadora-geral: Carmen Elizabeth Kalinowski;
diretoras cadêmicas: Jussara Gue Martini, Vanda Elisa Andres Felli.
– Porto Alegre: Artmed/Panamericana Editora, 2006.
144 p. ; 25cm + cartela – (Sistema de Educação em Saúde
Continuada a Distância – SESCAD).
ISSN 1809-7782
1. Enfermagem – Educação a Distância. I. Associação
Brasileira de Enfermagem. II. Kalinowski, Carmen Elizabeth.
III. Martini, Jussara Gue. IV. Felli, Vanda Elisa Andres.
CDU 616-083(07)
Catalogação na publicação: Júlia Angst Coelho – CRB 10/1712
Reservados todos os direitos de publicação à
ARTMED/PANAMERICANA EDITORA LTDA.
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Coordenação pedagógica: Magda Collin
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Planejamento e controle da produção editorial: Bruno Bonfanti Rios
Gerência da produção editorial: Lisiane Wolff
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Associação Brasileira de Enfermagem
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Primeira Secretária
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Segunda Tesoureira
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Diretora de Educação
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DiretoraCientífico-Cultural
Rosalina Aratani Sudo
Diretora de Assuntos Profissionais
Maria José Moraes Antunes
Diretora de Publicações e Comunicação
Social
Jussara Gue Martini
Diretora do CEPEn
Ivone Evangelista Cabral
Membros do Conselho Fiscal
Ângela Maria Alvarez
Maria José Fernandes Torres
Nilton Vieira do Amaral
Coordenadora-geral do PROENF:
Carmen Elizabeth Kalinowski
Enfermeira. Mestrado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Professora na Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Diretora de Educação da ABEn.
Diretoras acadêmicas do PROENF/Saúde do adulto:
Jussara Gue Martini
Enfermeira. Doutora em Educação. Docente e pesquisadora do Departamento de Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Diretora de publicações e comunicação social
da Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn
Vanda Elisa Andres Felli
Professora Associada do Departamento de Orientação Profissional/Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo (USP).
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	VULNERABILIDADES EM SAÚDE DO ADULTO
	INTRODUÇÃO
	OBJETIVOS
	ESQUEMA CONCEITUAL
	CONCEITO DE VULNERABILIDADE E SUA APLICAÇÃO NA SAÚDE
	VULNERABILIDADE INDIVIDUAL
	VULNERABILIDADE PROGRAMÁTICA
	VULNERABILIDADE SOCIAL
	AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE E INTERVENÇÃO PREVENTIVA
	COMO AVALIAR E INTERVIR EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE
	CONCLUSÃO
	RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
	REFERÊNCIAS

Outros materiais