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Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 6 “Violência Doméstica e de maus tratos” – Extra intersecção com a Pediatria 
 
Página 1 de 3 
 
Intersecção com a Pediatria 
Síndrome da morte súbita no lactente (SMSL) 
 Definição: Morte súbita e inesperada de criança com menos de 1 ano de idade, com 
inicio  do  episódio  fatal  aparentemente  ocorrendo  durante  o  sono,  que  se  mantém 
inexplicada após exaustiva investigação, incluindo a realização de autópsia completa e 
revisão das circunstâncias da morte e história clínica. 
 Categorias:  
 
 Categoria IA: Os critérios clínicos que devem estar presentes são idade superior 
a  21  dias  e  inferior  a  9 meses,  história  clínica  normal  (gestação  de  termo)  e 
ausência  de  morte  semelhante  em  irmãos  e  parentes  próximos.  Nas 
circunstâncias da morte, a investigação do local deve comprovar a inexistência 
de explicações para a morte e o local é adequado e seguro, sem evidências de 
morte  acidental.  Nos  achados  da  autópsia  destaca‐se  a  ausência  de:  trauma 
inexplicado,  abuso,  negligência  ou  lesão  não  intencional,  reacção  intensa  de 
stress no timo e os resultados de exames são negativos. 
 Categoria  IB:  Semelhante  a  IA  mas  sem  investigação  das  circunstâncias  da 
morte e/ou falta de uma ou mais investigações. 
 Categoria  II:  Incluem‐se nesta  categoria os  casos  semelhantes  à  categoria  IA, 
mas com pelo menos um dos seguintes critérios: 
Critérios  clínicos  –  idade  inferior  a  21  dias  ou  superior  a  270  dias,  morte 
semelhante em irmãos, parentes próximos ou outras crianças sob cuidados das 
mesmas  pessoas  e  presença  de  afecções  neonatais  ou  perinatais. 
Circunstâncias  da  morte  –  asfixia  ou  sufocação  não  foram  completamente 
afastadas.  
Achados da autópsia – desenvolvimento e crescimento são anormais, apesar de 
não contributivos para a morte, e verifica‐se inflamação acentuada.  
 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 6 “Violência Doméstica e de maus tratos” – Extra intersecção com a Pediatria 
 
Página 2 de 3 
 
 Autópsia: Em todos os casos de crianças aparentemente saudáveis que morrem de 
forma súbita e inexplicada, é obrigação do médico solicitar sempre a autópsia medico‐
legal.  Deve‐se  considerar  sempre  a  hipótese  de  se  tratar  de  uma  morte  violenta. 
Alguns  autores  defendem  que mais  do  que  um  caso  de morte  súbita  infantil  numa 
mesma família deveria obrigar a um  inquérito rigoroso dessas mesmas mortes, dado 
que  o  SMSL  é  um  acontecimento  raro  e muitas  vezes  trata‐se  afinal  de  uma morte 
violenta. Em 15% das autópsias de alegado SMSL, a hipótese não é confirmada já que é 
possível identificar uma causa de morte: Morte de causa natural, violenta, acidente ou 
homicídio. 
 O papel dos médicos: Os pediatras devem tomar consciência da existência do SMSL e 
suspeitar dele sempre que surjam casos de morte de crianças menores de 1 ano sem 
causa evidente. Deviam  inclusivamente encaminha‐los para autópsia  sob suspeita de 
SMSL. O médico  legista deve  colher  a história  clínica  e eventos  clínicos  relacionados 
com a morte (como se deu? foi presenciado? Manobras de RCP?). O exame físico deve 
contemplar os seguintes elementos: 
 Exame externo  –  roupa,  suor  excessivo,  urina,  fezes,  sangue, marcas  e  sinais 
sugestivos de lesão não acidental, estado de nutrição, cuidados gerais (O SMSL 
geralmente  ocorre  em  crianças  bem  cuidadas).  PAPEL  DOS  MÉDICOS  Os 
pediatras  devem  tomar  consciência  da  existência  do  SMSL  e  suspeitar  dele 
sempre que surjam casos de morte de crianças menores de 1 ano sem causa 
evidente. Deviam inclusivamente encaminha‐los para autópsia sob suspeita de 
SMSL.  O  médico  legista  deve  colher  a  história  clínica  e  eventos  clínicos 
relacionados com a morte (como se deu? foi presenciado? Manobras de RCP?). 
O exame físico deve contemplar os seguintes elementos: 
 Exame  interno  –  petéquias  na  superfície  dos  órgãos  torácicos,  edema 
pulmonar,  processos  infecciosos,  sangue  não  coagulado,  bexiga  sem  urina, 
edema e congestão (pulmonar, cerebral, cardíaco, timo e rins). 
 No  exame  histológico  procuram‐se  alterações  em  cada  lobo  pulmonar,  nas 
câmaras cardíacas, na medula, cérebro, cerebelo e  tronco cerebral. O médico 
legista  pode  ainda  recorrer  a  exames  complementares,  nomeadamente 
hemoculturas  (seio  sagital),  aspirado  pulmonar,  humor  vítreo,  exames 
serológicos, bioquímicos,  toxicológicos, análise da urina e conteúdo gástrico e 
radiografia  de  todo  o  esquelo.  A  declaração  de  óbito  é  emitida  logo  após  a 
autópsia,  com  a  indicação  de morte  súbita  no  parâmetro  da  causa  básica  de 
morte. 
 
 
 
 
 
 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 6 “Violência Doméstica e de maus tratos” – Extra intersecção com a Pediatria 
 
Página 3 de 3 
 
Síndrome do bebé sacudido 
Este  síndrome  caracteriza‐se  por  lesões  cerebrais  resultantes  de  agitações 
vigorosas  de  um  lactente  ou  criança  jovem  pelo  tórax,  ombros  ou  extremidades, 
causando  aceleração  rotacional  craniana  extrema  (devido  à  fraqueza  dos  músculos 
cervicais e elevado peso da cabeça).  
Os movimentos de aceleração‐desaceleração provocam um aumento brusco da 
pressão intracraniana do qual resultam lacerações das veias corticais com hemorragias 
subdurais  e/ou  subaracnoideias.  Surge  em  crianças  até  aos  5  anos,  mais 
frequentemente  em  lactentes  com  menos  de  6  meses.  O  sexo  masculino  é  mais 
afectado (60%). 
 
 Sinais 
 Letargia, hipotonia;  
 Irritabilidade extrema;  
 Anorexia, emagrecimento ou vómitos sem causa aparente. 
  Sintomas 
 Não sorri ou vocaliza;  
 Défice de sucção ou deglutição;  
 Dificuldade respiratória;  
 Convulsões ou espasmos;  
 Crânio e fronte aumentados de tamanho ou abaulamento da fontanela;  
 Não sustenta a cabeça;  
 Não fixa o olhar ou acompanha os movimentos;  
 Anisocória; pupilas não reactivas;  
 Hemorragias  retinianas  (podem  resultar  em  amaurose  por  cicatriz  macular, 
deslocamento da retina e atrofia óptica)  
 Sinais de traumatismo externo raros. 
 
 Consequências 
Este  síndrome  tem  associadas  uma  série  de  potenciais  consequências 
neurológicas  (paralisia,  convulsões),  oftalmológicas  (cegueira,  trauma  ocular), 
osteoarticulares (fracturas ósseas e luxações), atraso do desenvolvimento psicomotor 
e, em casos mais graves, coma e morte. 
 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 7 “Noções gerais de asfixiologia. Agentes externos físicos e químicos.” 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro    Página 1 de 10 
 
ASFIXIA – origem na palavra grega “asphuxia” – significa perda de pulso (sphuxis – batimento cardíaco) 
Ausência de O2 a nível alveolar → ↓ O2 nos GV em circulação → privação de O2 a nível celular 
 Privação parcial (défice parcial) de O2 a nível celular – HIPÓXIA CELULAR 
 Privação completa (ausência) de O2 a nível celular – ANÓXIA CELULAR 
 
 
FASES DA ASFIXIA 
1. Fase Dispneica Inicial – ↓FR, ↓FC, zumbidos, verƟgens e perda de consciência em 15 a 20 seg. 
2. Fase Convulsiva – convulsões tónico‐clónicas causadas pelo excesso de CO2 nas células 
3. Fase Dispneica Terminal – movimentos inspiratórios reflexos e cessação da respiração 
Culmina com PARAGEM CARDÍACA 
 
 
SINAIS DA ASFIXIA 
 SINAIS GERAIS DA ASFIXIA 
Acentuados – p.e. quando há esforço para respirar num estrangulamento homicida 
Ausentes – numa situação súbita – p.e. bloqueio súbito das vias aéreas 
 
SINAIS GERAIS EXTERNOS 
 Congestão  facial  –  devido  à  diminuição  da  drenagem  venosa  pela  compressão  das  veias  do 
pescoço ou pela obstrução do retornovenoso ao coração 
 Edema facial – devido à transudação de plasma provocada pelo aumento da pressão venosa 
 Cianose  –  especialmente  da  cabeça,  pescoço  e  extremidades;  devido  ao  excesso  de 
hemoglobina reduzida 
 Petéquias – especialmente nos tecidos laxos das pálpebras, nas conjuntivas e escleróticas, na 
pele da face, nos lábios e na zona retro‐auricular 
 Livores  cadavéricos  (livor  mortis)  –  manchas  arroxeadas  e  abundantes  nas  zonas  de  maior 
declive que resultam da acumulação de sangue que sai dos vasos – livores de hipóstase 
 
SINAIS GERAIS INTERNOS 
 Congestão visceral – principalmente dos pulmões e do fígado 
 Espuma laringo‐traqueo‐brônquica – variável; consoante tipo de asfixia 
 Petéquias internas – nas serosas (pericárdio, pleura), na aponevrose epicraniana 
(na laringe/epiglote em casos de estrangulamento) 
 
 SINAIS LOCAIS DA ASFIXIA – dependem do tipo de asfixia 
   
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 7 “Noções gerais de asfixiologia. Agentes externos físicos e químicos.” 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro    Página 2 de 10 
 
TIPOS DE ASFIXIA 
 
 
 
ASFIXIAS MECÂNICAS → Intervenção de agente mecânico externo 
 
A. ASFIXIAS ANÓXIAS ANÓXICAS = SUFOCAÇÃO 
Obstrução à passagem de ar para os pulmões → ausência de ar oxigenado 
 
a) CONFINAMENTO 
Causa: espaço fechado com atmosfera irrespirável (↓O2 e ↑CO2) 
Exame/informação do local 
Autópsia médico‐legal: 
 Sinais autópticos inexistentes e/ou inespecíficos (sinais gerais de asfixia) 
É necessário excluir outras causas de morte! 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental ++ (p.e. criança q se escondeu dentro do frigorífico quando jogava às escondidas) 
 Suicida ou Homicida (p.e. saco plástico na cabeça) 
   
Tipos de asfixia
Asfixia mecânica
Asfixias anóxias 
anóxicas Sufocação
Confinamento
Compressão 
torácica
Oclusão orifícios 
respiratórios
Obstrução das 
vias aéreas
Edema da glote
Engasgamento
Soterramento
Aspiração 
pulmonar
Asfixias anóxias 
circulatórias ou 
estagnantes
Enforcamento
Estrangulamento
Esganadura
Asfixia química
Asfixias anóxias 
anémicas
Inalação de CO
Hemorragia / 
anemia 
significativa
Asfixias anóxias 
histotóxicas 
Intoxicação por 
cianeto
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 7 “Noções gerais de asfixiologia. Agentes externos físicos e químicos.” 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro    Página 3 de 10 
 
b) COMPRESSÃO TORÁCICA 
Causa: impossibilidade de efectuar movimentos respiratórios 
Geralmente a compressão exerce‐se de forma gradual. Se a compressão for brusca e/ou de 
grande  intensidade,  aparecem  lesões  traumáticas,  nomeadamente  esqueléticas  –  ASFIXIA 
TRAUMÁTICA 
Exame/informação do local 
Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
MÁSCARA EQUIMÓTICA – petéquias confluentes acima da zona de compressão 
Lesões esqueléticas traumáticas 
Lesões traumáticas + congestão + cianose + petéquias 
 Hábito interno 
Congestão acima do nível de compressão  
Hemorragias petequiais nas serosas 
Lesões traumáticas de natureza contundente torácicas e/ou abdominais 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental (acidentes de trabalho, saída de recintos fechados) +++ 
P.e. mecânico q morreu em consequência de queda de um automóvel na região torácica 
 Suicida ou Homicida 
 
c) OBSTRUÇÃO/OCLUSÃO DOS ORIFÍCIOS RESPIRATÓRIOS 
Causa: obstrução a nível das narinas e/ou boca 
Por meio das mãos 
Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
Lesões traumáticas em redor dos orifícios respiratórios – estigmas ungueais 
 Hábito interno 
Lesões traumáticas nos tecidos moles da face em redor dos orifícios respiratórios 
Etiologia médico‐legal: 
 Homicida 
Por interposição de objecto maleável (pano) 
 Hábito externo 
Ausência de sinais externos 
 Hábito interno 
Ausência de sinais internos 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental ++ (p.e. criança q adormece em decúbito ventral com face apoiada na almofada) 
 Suicida, Homicida 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 7 “Noções gerais de asfixiologia. Agentes externos físicos e químicos.” 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro    Página 4 de 10 
 
d) OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS 
d.1) Edema da glote 
Causa: obstrução a nível da glote 
causada por medicamentos e picadas de animais – reacção alérgica 
Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
Ausência de sinais externos de asfixia 
Presença possível de sinais de venopunção ou de picadas de insectos 
 Hábito interno 
Edema das paredes do aparelho laríngeo e glote 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental +++ 
 
d.2) Engasgamento 
Causa: obstrução a nível da laringe, traqueia e/ou brônquios 
causada por fragmentos de alimentos ou corpos estranhos diversos 
Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
Ausência de sinais externos 
Conduz a graves dificuldades respiratórias com congestão e cianose ou provoca 
morte súbita sem sinais específicos 
 Hábito interno 
Identificação do corpo estranho → diagnósƟco 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental +++ 
 
d.3) Soterramento 
Causa: obstrução a nível dos brônquios e/ou bronquíolos 
causada por fragmentos de pequenas dimensões – areia, terra, cereais 
Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
Fragmentos do material do soterramento 
Ausência de lesões externas 
 Hábito interno 
Identificação do material aspirado → diagnósƟco 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental +++ 
 Suicida 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 7 “Noções gerais de asfixiologia. Agentes externos físicos e químicos.” 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro    Página 5 de 10 
 
d.4) Aspiração pulmonar de material estranho 
Causa: obstrução a nível dos alvéolos  
causada por conteúdo gástrico (alimento/vómito) e sangue 
Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
Sem sinais externos 
Lesões vasculares em comunicação com as vias aéreas??? 
 Hábito interno 
Identificação do material aspirado → diagnósƟco 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental +++ 
 Suicida/Homicida 
 
 
B. ASFIXIAS ANÓXIAS CIRCULATÓRIAS OU ESTAGNANTES 
Constrição do pescoço 
Mecanismo de morte: 
1. Mecanismo vascular – comprometimento da irrigação cerebral 
Por obstrução, ao nível do pescoço, das carótidas e/ou vertebrais 
2. Mecanismo asfíxico – comprometimento da entrada de ar 
Por obstrução das vias aéreas (faringe/laringe) por compressão contra estruturas posteriores 
do pescoço (coluna vertebral) 
3. Por inibição vagal – estimulação excessiva pode provocar paragem cardíaca reflexa 
Por pressão súbita exercida nas carótidas → hipotensão, bradicardia e paragem cardíaca 
4.  Por lesão vertebro‐medular 
 
a) ENFORCAMENTO 
Causa: constrição do pescoço com um laço em que a força actuante é a do peso do corpo da 
vítima. Mecanismo de morte: compressão dos vasos do pescoço. Pode resultar da compressão 
da  faringe/laringe  contra  coluna  vertebral  e  da  lesão  vagal.  Raramente  resulta  da  lesão 
vertebro‐medular. 
  Exame do local: 
 Avaliar a acessibilidade da vítima ao ponto de suspensão 
  Não é necessário q a vítima esteja suspensa na posição erecta. O enforcamento pode 
ocorrer em qualquer posição uma vez q a força necessária para a compressão das carótidas 
é de apenas 3Kg, gerando anóxia cerebral e perda de consciência em poucos segundos. 
 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 7 “Noções gerais de asfixiologia. Agentes externos físicos e químicos.” 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro    Página 6 de 10 
 
Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
Lesão modelada do laço – SULCO EM V INVERTIDO – não envolve todo o pescoço, localiza‐
se abaixo da mandíbula (sub‐mandibular), bordos irregulares (bordo superiormais saliente) 
CRISTA HEMORRÁGICA – equimoses em torno do sulco 
Congestão acima do nível da constrição 
Procidência (protusão) da língua 
Livores cadavéricos (distribuição e localização – posição do cadáver) 
Congestão crânio‐facial (se compressão venosa) → enforcado azul 
Palidez facial (se compressão arterial) → enforcado branco 
 Hábito interno 
Escoriação produzida pelo laço no fundo do sulco – LINHA ARGÊNTEA ou ARGENTINA 
Laceração da íntima das carótidas – LESÕES DE AMUSSAT 
Fractura do osso hióide e da laringe (cornos superiores da cartilagem tiroideia) 
Hemorragias sub‐epicárdicas e sub‐pleurais – MANCHAS DE TARDIEU 
Congestão generalizada 
Infiltração hemorrágica dos tecidos moles do pescoço (subjacentes ao sulco) 
Etiologia médico‐legal: 
 Suicida +++ 
 Acidental (auto‐erotismo) ++ 
 Homicida + 
 
b) ESTRANGULAMENTO 
Causa: constrição do pescoço com um laço em que a força actuante é independente do peso do 
corpo da vítima. Há que assegurar a manutenção da constrição até à morte – com laço fixo e 
mantendo a força actuante. 
A morte resulta geralmente da compressão faringe/laringe contra estruturas posteriores do 
pescoço  (coluna  vertebral),  podendo  haver  simultaneamente  compressão  dos  vasos  e/ou 
fenómenos de inibição vagal. 
Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
Lesão modelada do laço – SULCO HORIZONTAL – envolve todo o pescoço, localiza‐se sobre 
ou abaixo da laringe, bordos iguais e sem traço de subida até um ponto de suspensão. 
As suas características dependem do tipo de material usado: 
Arame ou corda fina → sulco fino, profundo e bordos definidos 
Tecido laxo → sulco difuso, pouco profundo e frouxo 
CRISTA HEMORRÁGICA – equimoses em torno do sulco 
Cianose, congestão facial severa, petéquias (face e conjuntivas) 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 7 “Noções gerais de asfixiologia. Agentes externos físicos e químicos.” 
 
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 Hábito interno 
Infiltração hemorrágica dos tecidos moles do pescoço 
Fractura da laringe (cartilagem tiroideia) e osso hióide (pode estar poupado) 
Hemorragias petequiais na mucosa laríngea 
Etiologia médico‐legal: 
 Homicida (homicídio de recém‐nascidos, crimes sexuais) +++ 
 Suicida ++ 
 Acidental + 
 
c) ESGANADURA ou “manual stangulation”  
Causa: constrição do pescoço com as mãos. 
A morte resulta da compressão da faringe/laringe contra estruturas posteriores do pescoço. 
Frequentemente associada à sufocação por oclusão da boca e/ou narinas com uma das mãos. 
Autópsia médico‐legal: 
Morte lenta → sinais gerais acentuados: edema e cianose facial, petéquias abundantes 
 Hábito externo 
Lesões produzidas pelos dedos: equimoses e escoriações (lesões discóides) 
Lesões produzidas pelas unhas: estigmas ungueais (semilunares e lineares) 
Localizadas no pescoço (ou na nuca de recém‐nascidos) 
Não existe sulco de fita constritora 
 Hábito interno 
Infiltração hemorrágica dos tecidos moles do pescoço 
Fractura da laringe (cartilagem tiroideia) e osso hióide 
Hemorragias petequiais na mucosa laríngea 
Etiologia médico‐legal: 
 Homicida (crime sexual) 
 
 
 
ASFIXIAS QUÍMICAS → intoxicação por agente químico externo 
 
C. ANÓXIAS ANÉMICAS 
Diminuição da quantidade de oxigénio distribuído às células 
 
Causa: Inalação de monóxido de carbono 
Hb maior afinidade para CO do que O2 → CARBOXIHEMOGLOBINA → ↓ capacidade da Hb para 
transportar O2  +  desvio  da  curva  de  dissociação  da  HbO2  para  a  esquerda → ↓  quanƟdade O2 
libertado para os tecidos 
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Aula 7 “Noções gerais de asfixiologia. Agentes externos físicos e químicos.” 
 
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Autópsia médico‐legal: 
 Hábito externo 
Livores vermelho‐carminados 
 Hábito interno 
Sangue vermelho carminado 
Partículas de negro de fumo 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental (incêndio) +++ 
 Suicida ++ 
 
Causa: Hemorragia/anemia significativa (“excepção”) 
↓ número de glóbulos vermelhos → deficiente transporte do O2 às células → Hipóxia/anóxia 
Etiologia médico‐legal: causa da hemorragia/anemia (importante determinar!) 
 
 
D. ANÓXIAS HISTOTÓXICAS 
Inibição da respiração celular por bloqueio enzimático, especialmente da citocromoxidase 
Causa: Intoxicação por cianeto 
Inibe citocromo c oxidase e provavel/e outras enzimas da cadeia transportadora de e‐ 
Autópsia médico‐legal:  
 Hábito externo 
Livores rosados 
Ausência de lesões traumáticas externas 
 Hábito interno 
Sinais de irritação da mucosa das vias aéreas superiores 
Lesões cáusticas da mucosa gástrica e esofágica 
Etiologia médico‐legal: 
 Acidental (profissionais, usado em desinfecções) +++ 
 Homicida (execuções judiciais) 
 Suicida 
 
 
MORTE POR AFOGAMENTO 
‐ Resulta da penetração de água nas vias aéreas (supressão de ar nos pulmões) 
 
 Afogamento com submersão – corpo do indivíduo encontra‐se submerso na água 
 Afogamento sem submersão – entrada de água pela boca ou narinas sem imersão do corpo na água 
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Mecanismos da Morte por afogamento 
 HIPÓXIA provocada pela privação de ar → ANÓXIA 
 ALTERAÇÕES ELECTROLÍTICAS 
Depende do tipo de água onde ocorre o afogamento: 
 Afogamento em água salgada – mecanismo hipertónico 
Presença de  água  salgada  (NaCl)  nos  alvéolos  pulmonares promove  a passagem de água do 
sangue → alvéolos pulmonares e de iões Na+/Cl‐ dos alvéolos pulmonares → sangue 
 
Edema pulmonar agudo maciço + Hemoconcentração + Hipercloremia + Hipernatremia 
Como não há hipervolemia nem esforço/sofrimento cardíaco 
 
MORTE LENTA (tempo de sobrevivência maior) – asfixia anóxica 
 Afogamento em água doce – mecanismo hipotónico 
Presença de água doce nos alvéolos pulmonares promove a passagem de água dos alvéolos 
pulmonares → sangue e de iões Na+/Cl‐ do sangue → alvéolos pulmonares 
 
Hemodiluição + Hipervolemia → Insuficiência cardíaca 
Depleção de Na+/Cl‐ + Hipercaliemia → Fibrilhação ventricular → Paragem cardio‐respiratória 
 
MORTE RÁPIDA – asfixia anóxica circulatória por hipervolémia e falência cardíaca 
 
Repercussões sistémicas  
 Anóxia cerebral – lesão cortical irreversível após 12 min. de privação de O2 
 Congestão visceral – por ↓ retorno venosos ao “coração direito” 
 
Autópsia médico‐legal 
 Hábito externo 
Sinais de permanência na água 
 Precoces: 
Roupa e cabelos molhados 
Depósitos de areia, algas, lama na superfície corporal 
Cutis anseriana (erecção dos folículos pilosos) por arrefecimento da pele 
Retracção da pele do pénis, do escroto e dos mamilos 
Livores róseos (livores mais ténues que o habitual) 
 Tardios: 
Embranquecimento da pele 
Maceração palmar e plantar 
Formação de adipocera 
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Sinais de afogamento – COGUMELO DE ESPUMA – espuma de bolhas finas, viscosa e aderente, que 
preenche toda a árvore brônquica e que se exterioriza pela boca e pelas narinas sob a forma de um 
aglomerado com aspecto de cogumelo. Exterioriza‐se por acção da putrefacção e/ou pressão sobre 
o  tórax/abdómen. Forma‐se devido ao edema pulmonar,  sendo composta por água, proteínas do 
plasma, surfactante pulmonar e muco das vias respiratórias. 
 
Sinais de putrefacção – de aparecimento mais rápido do que fora de água 
 
Sinais de lesões traumáticas 
 
 Hábito interno 
Corpos estranhos nas vias aérea e digestiva (areia, algas) 
Espumana traqueia e brônquios  
Pulmões volumosos, distendidos e esponjosos ao toque 
Coração hipertrofiado com maior quantidade de sangue no ventrículo direito 
Estômago com água 
Fígado com estase sanguínea 
 
 
Etiologia médico‐legal 
 Acidental +++ (época balneária) 
 Suicídio 
 Homicídio 
Ocultação do cadáver – gases libertados aquando da putrefacção do cadáver fazem emergir o corpo 
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Intervenção médico‐legal do dano em sede de direito civil 
 
Direito Civil 
 Refere‐se  a  interesses  de  carácter  particular,  assim,  se  A  se  sente  prejudicado  por 
algo que lhe tenha sucedido move uma acção contra B reclamando, junto do tribunal 
civil,  que  lhe  seja  concedido  o  estatuto  de  lesado  e  lhe  seja  atribuída  uma 
indemnização ou qualquer outra forma de reparação do dano sofrido. Em direito civil 
prevalece o propósito da reparação integral do dano.   
  É diferente de outras áreas de intervenção médico‐legal do dano: 
 Direito  Trabalho  (apenas  se  reparar  o  que  contribui  para  a  diminuição  da 
capacidade de trabalho e de ganho) 
 Direito Penal 
 A maioria dos casos aos quais os médicos são chamados a intervir na área do direito 
civil prende‐se com os acidentes de viação.  
 
Dano corporal 
 É o alvo da avaliação do médico 
 Definição  –  corresponde  ao  prejuízo  sofrido  por  um  indivíduo,  no  conjunto  das 
quatro  dimensões  pessoais  (o  organismo,  as  funções  ou  capacidades,  o  plano  intra‐
psíquico  e  o  meio  ambiente  no  qual  se  insere  e  interage)  como  consequências  de 
múltiplas  causas:  doenças,  estados  fisiológicos  (gravidez,  senilidade  ou  infância)  ou 
traumatismos (resultantes da acção voluntária ou involuntária do próprio ou terceiros) 
 O dano não tem que necessariamente resultar de uma ofensa física, pode também, 
ser uma difamação, injúria ou falsa acusação.  
 Uma vez que dano corporal ultrapassa o físico, o médico tem que estar atento se há 
dano psíquico envolvido ex. desenvolvimento de fobias com prejuízo da autonomia do 
lesado,  decorrentes  de  acidente  de  viação,  pois  tudo  isto  é  passível  de  ser 
indemnizado. Ex. prejuízo das actividades de lazer, das relações afectivas e familiares.  
 O lesado não pode ser visto como pessoa de forma isolada, retirando‐o do meio 
em  que  vive.  Há  seguradoras  que  assumem  a  responsabilidade  de  adaptar  às 
necessidades de um doente em cadeira de rodas pós‐acidente de viação a habitação e 
instalações do doente. No entanto, a maioria das seguradoras prefere desvincular‐se 
do problema pagando indemnização monetária ao doente. 
 Quanto  maior  o  ordenado,  maior  a  perda  por  incapacidade  logo,  maior  a 
indemnização 
 
 
 
 
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 Classifica‐se, de acordo com o seu período de evolução (ou parâmetros de avaliação 
do dano): 
 DANO  TEMPORÁRIO  ou  INCAPACIDADE  TEMPORÁRIA  –  período  entre 
acidente e cura e abrange: 
- Incapacidade temporária geral ou genérica –  incapacidade de exercer 
actividades quotidianas (acamados). Pode ser subdividida em absoluta 
(ITA) ou parcial (ITP).  
- Incapacidade  temporária  profissional  (ou  incapacidade  temporária 
absolulta  profissional)  –  incapacidade  de  exercer  actividade 
profissional 
- Quantum doloris – quantificação da dor sofrida, não é um parâmetro 
de avaliação directa 
 
 DANO  PERMANENTE  ou  INCAPACIDADE  PERMANENTE  –  consolidação  das 
sequelas,  por mais  intervenções  terapêuticas  que  se  façam  não  há  evolução  de 
melhoria. Abrange: 
- Incapacidade permanente parcial (IPP) – É avaliado em termos de nível 
de força Ex. Coma 100%, tetraplégico pode não ter IPP de 100% porque 
este é avaliado em níveis de força, acordeonista famoso com rigidez do 
5ºdedo IPP 0% 
- Incapacidade  permanente  absoluta  para  o  trabalho  habitual  (IPATH) 
Ex. tetraplégico IPATH 100%, acordeonista com rigidez do 5ºdedo IPATH 
100% 
- Incapacidade  permanente  absoluta  para  todo  e  qualquer  trabalho 
(IPA) 
- Dano ou prejuízo estético – no âmbito do direito civil,  o dano estético é 
reparável. Pelo contrário, em direito do  trabalho este apenas é  levado 
em conta, caso interfira na actividade profissional. Ex. Pivô de televisão 
que  contraia  uma  cicatriz  visível  e  que  por  isso  possa  perder  o  seu 
emprego 
- Prejuízo da afirmação pessoal (PAP) – Em direito de trabalho indivíduo 
é  indemnizado  pela  perda  da  capacidade  de  ganho  ex.  pedreiro  que 
perde os dedos, enquanto que, em direito civil o lesado tem direito a ser 
indemnizado se o dano o impedir de praticar algo que lhe desse prazer 
ou  satisfação  pessoal  Ex.  Perda  dos  dedos  que  impede  de  tocar 
instrumento que lhe dava prazer.  
 
 Prejuízo juvenil – pode alegar‐se que o jovem seria promissor em determinada área e 
que ficou incapacitado de exercer, mas terá que ser muito bem documentado. 
 
 
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Tabelas de Incapacidades 
 São instrumentos de medida das incapacidades funcionais; permitem quantificar, em 
forma  de  taxas,  o  compromisso  das  diferentes  funções  do  organismo;  em  casos  de 
défices múltiplos, a avaliação global é determinada em função da capacidade restante. 
 Servem para:  
 Proporcionar  uma  avaliação  médico‐legal  objectiva  e  uniforme  do  dano 
corporal;  
 Tratar  de  forma  igualitária  as  vítimas  para  efeitos  de  indemnização  dos 
prejuízos resultantes;  
 Manter  actualizadas  as  taxas  de  incapacidade  face  à  evolução  das  técnicas 
biomédicas e dos progressos terapêuticos.  
 O decreto de lei nº352/2007, de 23 de Outubro distingue duas tabelas distintas: 
 Tabela  Nacional  de  Incapacidades  –  para  avaliação  de  danos  do  direito  do 
trabalho 
 Tabela  de  Incapacidades  Permanentes  –  para  avaliação  de  danos  do  direito 
civil.  Destina‐se  a  ser  usada,  exclusivamente,  por  médicos  especialistas  em 
medicina  legal  ou  por  especialistas  médicos  de  outras  áreas  com  específica 
competência na avaliação do dano corporal, isto é, por peritos conhecedores dos 
princípios da avaliação médico‐legal no âmbito do direito civil e respectivas regras. 
 
 
Listagem de incapacidades 
 
O médico perante as vítimas de acidente de viação 
 
 A companhia de seguros do autor do acidente é considerada civilmente responsável 
pelo  acidente,  tendo  que  pagar  não  só  o  valor  dos  tratamentos  como  também  a 
indemnização.  
 A  perda  do  sentido  da  visão  ou  de  um membro  por  amputação,  são  exemplos  de 
danos irreparáveis, todavia, na impossibilidade de devolver à pessoa lesada o “estado 
físico”  em  que  se  encontrava  antes  do  acidente,  convencionou‐se  atribuir  um  valor 
monetário à função ou porção do corpo perdida.  
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 A  fractura óssea com posterior  lesão nervosa, no contexto de acidente de viação é 
bastante comum. 
 O valor atribuído não se baseia no que o lesado entende ser o valor justo e a que tem 
direito  pela  perda  sofrida,  mas  sim  em  critérios  estabelecidos.  É  por  isso  que  se 
justifica a intervenção médico‐legal.  
 Em Portugal a declaração civil do dano tende a ficar sempre aquém das expectativas 
dos  lesados  sendo  duplamente  lesiva,  “revitimizando”  a  pessoa,  dado  a  quantia 
atribuída ao danopelo tribunal ser irrisória. 
 A  simulação  de  doença  em medicina  legal  é  rara  sendo mais  evidente  no  caso  de 
autores de crimes graves que tentam a inimputabilidade baseada em doença mental.  
 O que existe mais comummente é a sobresimulação, ou seja, a tentativa de fazer crer 
que a sua incapacidade é muito maior do que de facto é, um exemplo frequente é o de 
pedidos  de  atribuição/renovação  de  baixa  médica  em  que  o  doente  muitas  vezes 
exagera nas queixas.  
 O médico deve estar  atento  a  estas  situações  porque,  para  além de  se prenderem 
com  critérios  de  justiça  equitativa  e  responsabilidade  profissional,  prendem‐se 
também com o interesse do doente uma vez que baixa médica prolongada pode levar 
à incapacidade deste em lidar com situações de conflito. 
 Existem vantagens fiscais como redução do IRS ou isenção do imposto de circulação 
automóvel para pessoas com grandes incapacidades. Com muita frequência aparecem 
doentes que tiveram, por exemplo, uma neoplasia da mama tratada e que, passados 
alguns anos, apesar de não apresentarem nenhum nível de  incapacidade, continuam 
na posse do atestado multiusos que lhes atribui uma incapacidade de 85 a 90% a qual 
não corresponde, de todo, à verdade! 
 O  indivíduo  ao  qual  foi  estabelecido  uma  determinada  %  de  incapacidade  pode 
requerer reavaliação se notar que piorou o seu estado. 
 As companhias seguradoras poderão requerer,  se o doente padece de uma doença 
em  melhora  em  determinado  prazo,  e  dessa  forma  o  indivíduo  terá  direito  a  uma 
indemnização menor 
 Os actos médicos relacionados com o código da estrada compreendem: 
 Exame  clínico  para  avaliação  das  condições  psicofísicas  para  obtenção  da 
licença de condução. 
 Exame clínico para verificação da aptidão para conduzir. 
 Exame clínico para avaliação do estado de influência do álcool e/ou substâncias 
psicotrópicas e estupefacientes. 
 Análise de sangue para realização de contraprova de alcoolémia. 
 No  âmbito  dos  acidentes  de  viação,  a  autópsia  medico‐legal,  é  realizada  com  os 
objectivos de esclarecer e determinar a causa e circunstâncias da morte e ainda colher 
material para exame toxicológico e identificação individual.  
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 A  avaliação  do  estado  de  influência  do  álcool  e/ou  de  substâncias  psicotrópicas  e 
estupefacientes realizada em meio hospitalar consiste na observação clínica e análises 
toxicológicas. 
 Observação clínica: 
 Aspecto geral 
 Provas de equilibrio 
 Coordenação de movimentos 
 Funções cognitivas 
 Provas Oculares 
 Reflexos 
 Sensibilidade 
 Entrevista 
 Análise  de  sangue:  Esta  análise  pode  ser  requerida para efeitos  de  contraprova  de 
alcoolémia após teste no ar expirado com valor superior a 0,5 g/L (não deve exceder as 
2h após o teste) ou quando este não pôde ser realizado por algum motivo.  
A colheita de sangue deve ser realizada no serviço de urgência hospitalar mais próximo 
ao  qual  o  agente  de  autoridade  conduza  o  examinando.  O  agente  de  autoridade 
entrega no SU um conjunto de recolha composto por um tubo e material adequado à 
correcta  identificação  e  encaminhamento  da  amostra.  O  médico  deve  obter  um 
volume  de  10  cc  de  sangue  venoso,  mediante  a  utilização  de  material  hospitalar 
adequado e sem usar álcool como desinfectante cutâneo.  
Se,  na  eventualidade  de  após  repetidas  tentativas  não  se  conseguir  retirar  ao 
examinando uma amostra de  sangue em quantidade  suficiente,  a observação  clínica 
para determinação do estado de influenciado pelo álcool faz diagnóstico. 
 
Caso clínico “O caso da mulher que se dizia inválida” 
 
 Descrição do caso 
Catarina, 31 anos de idade, secretária de direcção numa pequena empresa da 
sua família, foi vítima de um acidente de viação por colisão lateral de um veículo ligeiro 
com o veículo igualmente ligeiro por ela conduzido. Negava traumatismo craniano ou 
perda  de  conhecimento.  Transportada  de  ambulância  a  um  hospital,  foram‐lhe 
diagnosticadas  fractura  diafisária  do  fémur,  e  dos  ramos  ísquio  e  íleo  púbicos 
esquerdos,  além  de  escoriações  e  hematomas  no  tórax  e  em  ambos  os  membros 
inferiores.  
Foi submetida a intervenção cirúrgica para remoção e osteossíntese da fractura 
do fémur, tendo tido alta ao cabo de 21 dias, com indicação para manter acamação no 
domicílio  por  mais  2  semanas.  Posteriormente  passou  a  ser  seguida,  em  regime 
ambulatório, na Consulta Externa de Ortopedia do mesmo hospital, onde lhe viria a ser 
diagnosticada  uma  lesão  parcial  do  nervo  ciático  popliteu  externo,  documentada 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 10 “O médico perante as vítimas de acidente de viação” 
 
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electromiograficamente. Efectuou várias séries de tratamento de medicina física e de 
reabilitação. 
Dois  electromiogramas  (EMG)  realizados  com  intervalo  de  cerca  de  6  meses 
revelaram  sinais  de  reinervação  progressiva.  Entretanto,  como  se  queixava  de 
dorsolombalgias, foi submetida a exames radiológicos da coluna, que revelaram sinais 
de  fractura não  recente do  corpo de D11,  com  redução do  seu  volume. Ao  cabo de 
cerca de dois anos foi operada para remoção do material de osteossíntese do fémur, 
tendo efectuado mais uma série de sessões de fisioterapia. 
Na sequência de uma acção  judicial por ela  interposta, com vista à  reparação 
civil  do  dano  (obtenção  de  indemnização),  foi  ordenada  a  realização  de  um  exame 
médico‐legal,  no  qual  a  Catarina  apareceu,  deambulando  com  o  apoio  de  uma 
canadiana. Referia então não mais ter voltado a exercer a sua actividade profissional, 
alegadamente  por  impossibilidade  física,  razão  por  que  também  havia  deixado  de 
praticar equitação e esqui alpino, desportos que, até à data do acidente, praticava com 
regularidade  e,  ao que dizia,  com elevado nível  de desempenho e  grande  satisfação 
pessoal. A empresa familiar para a qual trabalhava havia cessado a sua actividade por 
alegados problemas económicos. 
Para  além  da  lesão  causada  pelo  acidente  de  viação,  Catarina  viu‐se  numa 
situação  de  precariedade  económica  pela  perda  do  seu  posto  de  trabalho.  Tal  facto 
pode fazer suspeitar de uma tentativa de aproveitamento da situação. 
Juntos aos autos encontrava‐se um relatório de um médico a quem a Catarina 
havia  recorrido  no  qual  se  propunha  uma desvalorização  de  79,21%,  bem  como um 
certificado  da  Segurança  Social  com  igual  desvalorização,  razão  pela  qual  vinha 
usufruindo  de  benefícios  fiscais  e  outros  concedidos  aos  portadores  de  grandes 
incapacidades. 
No  essencial,  o  exame  pericial  revelou  a  marcha  sem  claudicação  nem 
necessidade  objectiva  de  apoio,  embora  se  evidenciasse  uma  certa  dificuldade  em 
deambular sobre os calcanhares e as pontas dos pés. 
Na maioria dos  lesados verifica‐se que o apoio utilizado na marcha é completamente 
desnecessário sendo um exemplo clássico de sobresimulação. 
A  cinética  articular  da  coluna  vertebral  era  normal,  referindo,  todavia,  a 
examinanda dor à percussão das apófises espinhosas das três últimas vértebras dorsais 
e  duas  primeiras  lombares.  Havia  uma  ligeira  escoliose  sinistro‐convexa.  A  cicatriz 
operatória ao nível da face externa da coxa esquerda media 19 cm e apresentava uma 
coloração  esbranquiçada,  observando‐se,  além  disso,  vestígios  de  cinco  pequenas 
escoriações em ambos os  joelhos e pernas. Os movimentos de abdução e de rotação 
externa da articulação coxo‐femoral esquerda encontravam‐se ligeiramentelimitados, 
despertando coxalgia. 
Observava‐se uma amiotrofia da coxa e da perna esquerdas (respectivamente 
menos 3 e 4 cm do que as do lado oposto) e uma ligeira diminuição da força muscular 
do  respectivo  membro  inferior  (grau  4  em  5).  Os  exames  radiológicos  revelavam 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 10 “O médico perante as vítimas de acidente de viação” 
 
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redução do corpo vertebral de D11 e estreitamento dos espaços intervertebrais D10‐
D11  e  D11‐D12,  uma  ligeira  diastase  da  sínfise  púbica  e  fracturas  consolidadas  dos 
ramos  ísquio  e  íleo  púbicos  esquerdos  e  da  diáfise  femoral  homolateral.  O  EMG 
continuava  a  revelar  um  ligeiro  compromisso  do  tibial  anterior  e  do  pedioso 
esquerdos. 
Estas  lesões  nervosas,  nomeadamente  do  ciático,  são  lesões  duradouras mas 
que, ao longo do tempo (2 anos) vão apresentando melhorias devido à reinervação. As 
conclusões  do  exame  pericial,  contemplaram,  naturalmente,  os  diversos  parâmetros 
de  avaliação  do  dano  em  sede  de  reparação  civil,  cifrando‐se  a  fixação  da  IPP 
(incapacidade  permanente  parcial)  em  cerca  de  1/3  daquela  que  lhe  havia  sido 
proposta por duas entidades diferentes  (o ortopedista  e o médico que  lhe passou o 
atestado baseando‐se apenas nas opinião do primeiro). 
 
 Algumas questões suscitadas pelo caso 
1. Haverá algo a apontar aos cuidados médicos durante o período de internamento? 
Em caso afirmativo, quais? 
Sim, o facto de não terem sido diagnosticadas, na altura, todas as lesões provenientes 
do  acidente,  levando  a  dúvidas  na  atribuição  da  causalidade  das  lesões  detectadas 
recentemente ao acidente conhecido ou a outro sofrido posteriormente. 
 
2. Quais as razões por que um médico que havia examinado a Catarina propôs uma 
tão elevada incapacidade? 
Este nível de incapacidade atribuída pelo médico deve‐se ao facto de este ser o médico 
assistente da lesada, e que, pela força da proximidade, ouvia constantemente as suas 
queixas e sentia que a incapacidade era uma fonte de ansiedade para a doente. 
Um problema que se coloca na quase totalidade das vezes é a dificuldade em avaliar a 
dor.  Podendo  esta  ser  causa  de  incapacidade,  é  imposta  a  sua  avaliação,  dado  no 
código  civil  ser  referenciado  que  a  dor  só  pode  ser  atendida,  como  causa  de 
incapacidade,  caso  seja  objectivável.  No  entanto,  e  apesar  de  haver  escalas  de 
quantificação, a queixa é subjectiva, não sendo passível de ser objectivada em relação 
à sua existência, intensidade e variação ao longo do tempo, nomeadamente no horário 
de trabalho, devido à sua componente inacessível aos exames periciais. 
 
3. As  indemnizações  atribuídas  têm  também que  contemplar  o  designado  “Estado 
Anterior”?  
No  caso  de  uma  doente  com  osteossarcoma,  uma  patologia  previa  que  aumenta  a 
fragilidade do osso, e que faz uma fractura. A seguradora, é de facto responsável pela 
fractura mas, em termos de avaliação clínica tem que ser levada em conta a existência 
ou não desses aspectos que predispõem aos acidentes. Nestes casos, os médicos, quer 
sejam de  família ou hospitalares, não podem, como é óbvio,  recusar‐se a  facultar os 
elementos essenciais ao esclarecimento destas situações. 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 11 “O médico perante as vítimas de acidente de trabalho e doenças profissionais” 
 
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Caso Clínico 1 
 
 Descrição do caso clínico: Pedreiro, 50 anos, sofreu uma queda de um andaime a 4 
metros, com contusão do lobo temporal. Passados 6 meses foi‐lhe atribuída uma IP de 
12,6%. 2 Meses depois foi‐lhe diagnosticada epilepsia.  
 
 Algumas questões suscitadas pelo caso 
 
a)  A  epilepsia  pode  ser  atribuída  ao  acidente?  Depende,  caso  seja  comprovada  a 
existência de um nexo de causalidade entre o acidente de trabalho e a epilepsia, esta 
pode  ser  atribuída  ao  acidente.  Por  nexo  de  causalidade  entende‐se  a  relação  que 
existe entre a actuação de um agente externo e as lesões ou sequelas produzidas por 
esse  agente.  A  tipificação  do  nexo  de  causalidade  é  feita  através  do  estudo  dos 
critérios:  
‐Natureza adequada do traumatismo à lesão  
‐Natureza adequada das lesões ao traumatismo  
‐Adequação da localização do traumatismo com a localização das lesões  
‐Adequação temporal entre a acção traumática e as alterações patológicas  
‐Continuidade evolutiva  
‐Estado  anterior  da  vítima  e  predisposição  ‐  Exclusão  de  uma  causa  estranha  ao 
traumatismo 
 
b) Qual deve ser a atitude do médico? Como se verificou uma alteração da situação 
clínica  do  doente,  o  médico  deve  propor  uma  revisão  do  grau  de  incapacidade 
baseando‐se  na  Tabela  Nacional  de  Incapacidade  (TNI)  de  modo  a  ser  possível 
determinar  o  novo  grau  de  incapacidade  e  estabelecer  os  valores  para  o  IPATH 
(incapacidade para o trabalho habitual) e IPP (incapacidade permanente parcial). 
 
Caso Clínico 2 
 Descrição  do  caso  clínico:  Empregado  de  escritório,  sofre  acidente  de  viação  em 
Agosto de 2000, quando ia para o trabalho. Fez lesão do ombro direito e traumatismo 
lombar do mesmo  lado. Fez  tratamentos  ficando com queixas de  lombalgia direita e 
perda  de  força muscular.  Dez  dias  depois, move  acção  cível  por  sequelas  no  joelho 
esquerdo. É solicitado ao hospital  informação clínica e descobre‐se que o doente era 
seguido  pelo  ortopedista  por  rotura  do  cruzado  anterior  (lado  esquerdo)  desde 
Fevereiro de 2000. 
 
 Algumas questões suscitadas pelo caso 
 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Aula 11 “O médico perante as vítimas de acidente de trabalho e doenças profissionais” 
 
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a) Que  implicações  tem  em  direito  do  trabalho  ou  penal  ou  civil  ou  em  todos  os 
ramos  do  direito?  Direito  penal  ‐  trata‐se  de  um  acidente  de  viação,  alguns  dos 
condutores poderiam estar alcoolizados ou sob o efeito de estupefacientes. Poderiam 
ter executado uma manobra perigosa. Houve um atentado à integridade física. Direito 
do  trabalho  –  o  acidente  ocorreu  no  trajecto  normal  para  o  trabalho,  sendo 
considerado por isso como um acidente de trabalho de que resultou uma alteração da 
capacidade  produtiva  ou  de  ganho.  Direito  civil  ‐  houve  um  atentado  à  integridade 
psico‐física  do  indivíduo  que  tem  assim  direito  à  reparação  integral  do  dano  e  da 
restauração/reposição/ reconstituição natural. 
 
b) Existe nexo de causalidade em relação a acidente? Em relação ao ombro sim, já ao 
joelho não. 
 
c) Quais são os parâmetros a avaliar em relação ao dano?  
Dano civil:  
1. Danos corporais patrimoniais  
2. Incapacidade temporária  
3. Incapacidade permanente  
4. Dano futuro  
5. Dano estético  
6. Danos corporais não patrimoniais  
7. Prejuízo da afirmação pessoal  
8. Prejuízo juvenil  
 
Dano do Trabalho: (igual ao anterior) 
 
Dano Penal: 
1. Tempo de doença  
2. Tempo de impossibilidade para o trabalho e geral  
3. Danos permanentes expressos em sequelas somáticas funcionais e da saúde 
4. Situações de perigo de vida 
 
d) O que é que o médico assistente tem de fazer se for solicitado e o que podia ter 
feito?  Conhecer  os  antecedentes  do  doente  e  avaliar  objectivamente  se  houve 
alteração da incapacidade. Fazer um relatório descritivo. 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Legislação 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro            Página 1 de 9 
 
Legislação para as aulas  
“Intervenção médica e médico‐legal em sede de direito penal”  
Nº 4, 6 e 8 “O médico perante as vítimas de violência física, doméstica e 
maus tratos e de abuso sexual”CÓDIGO PENAL, Livro II, Título I “Dos crimes contra as pessoas” 
Capítulo I – Dos crimes contra a vida 
Capítulo II – Dos crimes contra a vida intra‐uterina 
Capítulo III – Dos crimes contra a integridade física 
Capítulo IV – Dos crimes contra a liberdade pessoal 
Capítulo V – Dos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual 
Mais frequentes: I, III e V 
 
CÓDIGO PENAL, Livro II, Título I, Capítulo III “Dos crimes contra a integridade física” 
 
Artigo 143º Ofensa à integridade física simples 
1 – Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com pena de prisão até 3 anos 
ou com pena de multa. 
2 – O procedimento criminal depende de queixa, salvo quando a ofensa seja cometida contra 
agentes das forças e serviços de segurança, no exercício das suas funções ou por causa delas.  
3 – O tribunal pode dispensar de pena quando: 
a)  Tiver  havido  lesões  recíprocas  e  se  não  tiver  provado  qual  dos  contendores  agrediu 
primeiro; ou 
b) O agente tiver unicamente exercido retorsão sobre o agressor. 
 
Artigo 144º Ofensa à integridade física grave 
Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa de forma a: 
a) Privá‐lo de importante órgão ou membro, ou a desfigurá‐lo grave e permanentemente; 
b)  Tirar‐lhe  ou  afectar‐lhe,  de  maneira  grave,  a  capacidade  de  trabalho,  as  capacidades 
intelectuais, de procriação ou fruição sexual, ou a possibilidade de utilizar o corpo, os sentidos 
ou a linguagem; 
c) Provocar‐lhe doença particularmente dolorosa ou permanente, ou anomalia psíquica grave 
ou incurável; ou 
d) Provocar‐lhe perigo para a vida; 
é punido com pena de prisão de 2 a 10 anos. 
 
Artigo 152º Violência doméstica 
1 – Quem, de modo  intenso ou  reiterado,  infligir maus  tratos  físicos ou psíquicos,  incluindo 
privações da liberdade e ofensas sexuais: 
a) Ao cônjuge ou ex‐cônjuge; 
b) A pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma 
relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação; 
c) A progenitor ou descendente comum em 1º grau; ou 
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Legislação 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro            Página 2 de 9 
 
d) A menor ou pessoa particularmente indefesa, em razão de idade, gravidez ou dependência 
económica, que com ele coabite; 
é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos, se pena mais grave lhe não couber por força de 
outra disposição legal. 
 
Artigo 152ºA Maus tratos 
1 — Quem,  tendo ao  seu  cuidado, à  sua guarda,  sob a  responsabilidade da  sua direcção ou 
educação ou a trabalhar ao seu serviço, pessoa menor ou particularmente indefesa, em razão 
de idade, deficiência, doença ou gravidez, e:  
a) Lhe infligir, de modo reiterado ou não, maus tratos físicos ou psíquicos,  incluindo castigos 
corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais, ou a tratar cruelmente;  
b) A empregar em actividades perigosas, desumanas ou proibidas; ou  
c) A sobrecarregar com trabalhos excessivos;  
é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por força 
de outra disposição legal.  
2 — Se dos factos previstos nos números anteriores resultar:  
a) Ofensa à integridade física grave, o agente é punido com pena de prisão de dois a oito anos;  
b) A morte, o agente é punido com pena de prisão de três a dez anos. 
 
CÓDIGO  PENAL,  Livro  II,  Título  I,  Capítulo  V  “Dos  crimes  contra  a  liberdade  e 
autodeterminação sexual”  
 
Secção I “Crimes contra a liberdade sexual” 
Artigo 163.º Coacção sexual 
1 — Quem, por meio de violência, ameaça grave, ou depois de, para esse fim, a ter tornado 
inconsciente ou posto na  impossibilidade de  resistir,  constranger outra pessoa a  sofrer ou a 
praticar, consigo ou com outrem, acto sexual de relevo é punido com pena de prisão de 1 a 8 
anos.  
2  —  Quem,  por  meio  não  compreendido  no  número  anterior  e  abusando  de  autoridade 
resultante  de  uma  relação  familiar,  de  tutela  ou  curatela,  ou  de  dependência  hierárquica, 
económica  ou  de  trabalho,  ou  aproveitando‐se  de  temor  que  causou,  constranger  outra 
pessoa  a  sofrer  ou  a  praticar  acto  sexual  de  relevo,  consigo  ou  com outrem,  é  punido  com 
pena de prisão até dois anos. 
 
Artigo 164.º Violação 
1 — Quem, por meio de violência, ameaça grave, ou depois de, para esse fim, a ter tornado 
inconsciente  ou posto na impossibilidade de resistir, constranger outra pessoa:  
a) A sofrer ou a praticar, consigo ou com outrem, cópula, coito anal ou coito oral; ou  
b) A sofrer introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou objectos;  
é punido com pena de prisão de três a dez anos.   
2  —  Quem,  por  meio  não  compreendido  no  número  anterior  e  abusando  de  autoridade 
resultante  de  uma  relação  familiar,  de  tutela  ou  curatela,  ou  de  dependência  hierárquica, 
económica  ou  de  trabalho,  ou  aproveitando‐se  de  temor  que  causou,  constranger  outra 
pessoa:  
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Legislação 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro            Página 3 de 9 
 
a) A sofrer ou a praticar, consigo ou com outrem, cópula, coito anal ou coito oral; ou  
b) A sofrer introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou objectos;  é punido com pena de 
prisão até três anos. 
 
CÓDIGO  PENAL,  Livro  II,  Título  I,  Capítulo  V  “Dos  crimes  contra  a  liberdade  e 
autodeterminação sexual”  
 
Secção II “Crimes contra a autodeterminação sexual” 
Artigo 171.º Abuso sexual de crianças  
1 —Quem praticar acto sexual de relevo com ou em menor de 14 anos, ou o levar a praticá‐lo 
com outra pessoa, é punido com pena de prisão de um a oito anos.  
2 — Se o acto sexual de relevo consistir em cópula, coito anal, coito oral ou introdução vaginal 
ou anal de partes do corpo ou objectos, o agente é punido com pena de prisão de três a dez 
anos.  
3 — Quem:  
a) Importunar menor de 14 anos, praticando acto previsto no artigo 170.º; ou  
b) Actuar sobre menor de 14 anos, por meio de conversa, escrito, espectáculo ou objecto  
pornográficos; é punido com pena de prisão até três anos.  
4 — Quem  praticar  os  actos  descritos  no  número  anterior  com  intenção  lucrativa  é  punido 
com pena de prisão de seis meses a cinco anos.  
 
Artigo 173.º Actos sexuais com adolescentes  
1 — Quem,  sendo maior,  praticar  acto  sexual  de  relevo  com menor entre 14 e 16  anos,  ou 
levar a que ele seja por este praticado com outrem, abusando da sua inexperiência, é punido 
com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.  
2 — Se o acto sexual de relevo consistir em cópula, coito oral, coito anal ou introdução vaginal 
ou anal de partes do corpo ou objectos, o agente é punido com pena de prisão até três anos 
ou multa até 360 dias. 
 
Artigo 177.º Agravação 
1 — As penas previstas nos artigos 163.º a 165.º e 167.º a 176.º são agravadas de um terço, 
nos seus limites mínimo e máximo, se a vítima:  
a) For ascendente, descendente, adoptante, adoptado, parente ou afim até ao segundo grau 
do agente; ou  
b) Se encontrar numa relação familiar, de tutela ou curatela, ou de dependência hierárquica,  
económica  ou  de  trabalho  do  agente  e  o  crime  for  praticado  com  aproveitamento  desta 
relação.  
3 — As penas previstas nos artigos 163.º a 167.º e 171.º a 174.º são agravadas de um terço, 
nos  seus  limites  mínimo  e  máximo,  se  o  agente  for  portador  de  doença  sexualmente 
transmissível.  
4 — As penas previstas nos artigos 163.º a 168.º e 171.º a 174.º são agravadas de metade, nos 
seus limites mínimo e máximo, se dos comportamentos aí descritos resultar gravidez, ofensa à 
integridade física grave, transmissão de agente patogénico que crie perigo para a vida, suicídio 
ou morte da vítima.  
Módulo X ‐ Ciências Sociais – Medicina Legal e Ciências Forenses 
Legislação 
 
Ana Messias| Sofia Monteiro            Página 4 de 9 
 
Tradução: violação 5 anos de prisão, agravamento até 10 anos. 
 
Artigo 178.º Queixa 
1 — O procedimento criminal pelos crimes previstos nos artigos 163.º a 165.º, 167.º, 168.º e 
170.º depende de queixa, salvo se forem praticados contra menor ou deles resultar suicídio ou 
morte da vítima. 
2 — O procedimento criminal pelo crime previsto no artigo 173.º depende de queixa, salvo se 
dele resultar suicídio ou morte da vítima. 
Crime público: <14 anos 
 
CÓDIGO PENAL, CAPÍTULO IV Dos crimes cometidos no exercício de funções pública, SECÇÃO 
III Do abuso de autoridade 
Artigo 381.º Recusa de cooperação 
O funcionário que, tendo recebido requisição legal de autoridade competente para prestar a 
devida  cooperação  à  administração  da  justiça  ou  a  qualquer  serviço  público,  se  recusar  a 
prestá—la, ou sem motivo legítimo a não prestar, é punido com pena de prisão até 1 ano ou 
com pena de multa até 120 dias. 
 
DECRETO LEI nº45/2004 de 19 de Agosto “Lei das perícias médico‐legais” 
Diz o “mesmo”, que o Código de Processo Penal, Parte I, Livro III, Título II e para além disso, 
 
Artigo 4º Denúncia de crimes 
“1  ‐  As  Delegações  e  os  gabinetes  médico‐legais  do  Instituto  podem  receber  denúncias  de 
crimes, no âmbito da actividade pericial que desenvolvam, devendo remetê‐las no mais curto 
prazo ao Ministério Público”.  
2 – (…) podem praticar os actos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de 
prova, nomeadamente, ao exame, colheita e preservação dos vestígios…”  
 
Artigo 13º Realização de perícias urgentes 
“1 ‐ Consideram‐se perícias médico‐legais urgentes aquelas em que se imponha assegurar com 
brevidade  a  observação  de  vítimas  de  violência...”  2  –  (…)  haverá,  diariamente,  em  cada 
delegação e gabinete médico‐legal, um perito em serviço de escala...” 
 
CÓDIGO  DE  PROCESSO  PENAL,  Parte  I,  Livro  III,  Título  II,  Capítulo  VI  “da  prova 
pericial”  
Artigo 151.º Quando tem lugar 
A prova pericial tem lugar quando a percepção ou a apreciação dos factos exigirem especiais 
conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos 
 
Artigo 153.º Desempenho da função de perito 
       1  ‐  O  perito  é  obrigado  a  desempenhar  a  função  para  que  tiver  sido  competentemente 
nomeado, sem prejuízo do disposto no artigo 47.º e no número seguinte.  
       2  ‐ O perito nomeado pode pedir  escusa  com base na  falta de  condições  indispensáveis 
para  realização da perícia e pode ser  recusado, pelos mesmos  fundamentos, pelo Ministério 
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Legislação 
 
Ana Messias | Sofia Monteiro            Página 5 de 9 
 
Público, pelo arguido, pelo assistente ou pelas partes civis, sem prejuízo, porém, da realização 
da perícia se for urgente ou houver perigo na demora.  
       3  ‐ O perito pode ser substituído pela autoridade  judiciária que o tiver nomeado quando 
não  apresentar  o  relatório  no  prazo  fixado  ou  quando  desempenhar  de  forma  negligente  o 
encargo que lhe foi cometido. A decisão de substituição do perito é irrecorrível.  
 
Artigo 159.º Perícia médico‐legal e forenses 
   1 ‐ As perícias médico‐legais e forenses que se insiram nas atribuições do Instituto Nacional 
de Medicina Legal são realizadas pelas delegações deste e pelos gabinetes médico‐legais. 
  2 –Excepcionalmente, perante manifesta impossibilidade dos serviços, as perícias referidas 
no  número  anterior  podem  ser  realizadas  por  entidades  terceiras,  públicas  ou  privadas, 
contratadas ou indicadas para o efeito pelo Instituto. 
  3 – Nas comarcas não compreendidas na área de actuação das delegações e dos gabinetes 
médico‐legais  em  funcionamento,  as perícias médico‐legais  e  forenses podem ser  realizadas 
por médicos a contactar pelo instituto.  
 
CÓDIGO  DE  PROCESSO  PENAL,  Parte  I,  Livro  III,  Título  II,  Capítulo  I  “da  prova 
testemunhal” 
Artigo 131º Capacidade e dever de testemunhar 
3 – Tratando‐se de depoimento de menor de 18 anos em crime sexual, pode ter lugar perícia 
sobre a personalidade. 
 
CÓDIGO DE  PROCESSO  PENAL,  Parte  II,  Livro  VI,  Título  I,  Capítulo  I  “da  notícia  do 
crime” 
Artigo 242º Denúncia obrigatória 
«A  denúncia  é  obrigatória,  ainda  que  os  agentes  do  crime  não  sejam  conhecidos,  para  os 
funcionários públicos, quanto a crimes de que tomaram conhecimento no exercício das suas 
funções e por causa delas» 
 
Legislação para as aulas 
“Intervenção médica e médico‐legal em sede de direito  civil  e 
do trabalho”  
Nº  10  e  11  “O  médico  perante  as  vítimas  de  acidentes  de  viação, 
acidentes de trabalho e doenças profissionais” 
 
Decreto‐Lei n.º 352/2007, de 23 de Outubro 
(Revogou o Decreto‐Lei nº 341/93, de 30 de Setembro) 
Publicação  de  duas  tabelas  de  avaliação  de  incapacidades,  uma  destinada  a  proteger  os 
trabalhadores no domínio particular da sua actividade como tal,  isto é, no âmbito do direito 
laboral, e outra direccionada para a reparação do dano em direito civil. 
Tabela Nacional de Incapacidades ‐ Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais 
Tabela Nacional para Avaliação de Incapacidades Permanentes ‐ em Direito Civil 
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Tabelas: 
Instrumento de determinação da incapacidade com carácter indicativo 
Tabela Nacional de Incapacidades 
Visa  contribuir  para  a  humanização  da  avaliação  da  incapacidade,  numa perspectiva 
não exclusiva do segmento atingido, mas do indivíduo como um todo físico e psíquico, em que 
seja considerada não só a função mas também a capacidade de trabalho disponível 
Tem  por  objectivo  fornecer  as  bases  de  avaliação  do  dano  corporal  ou  prejuízo 
funcional  sofrido  em  consequência  de  acidente  de  trabalho  ou  de  doença  profissional,  com 
redução da capacidade de ganho.  
Contém  “Instruções  Gerais”,  princípios  fundamentais  definidores  do  que  são  a 
natureza das enfermidades, o estado geral, a idade, as faculdades físicas e mentais, as aptidões 
e qualificações profissionais 
Anexo I – TNI – Instruções gerais 
“12  ‐ Os  sintomas  que  acompanhem  défices  funcionais,  tais  como  dor  e  impotência 
funcional, para serem valorizáveis, devem ser objectivadas pela contractura muscular, 
pela  diminuição  da  força,  pela  hipotrofia,  pela  pesquisa  de  reflexos  e  outros meios 
complementares de diagnóstico adequados…” 
“As  sequelas  (disfunções),  independentemente  da  causa  ou  lesão  inicial  de  que 
resultem danos (sofridos em consequência de AC ou DP), são designados na TNI, em 
notação  numérica,  inteira  ou  subdividida  em  subnúmeros  e  alíneas,  agrupados  em 
capítulos” 
A cada dano corporal ou prejuízo funcional corresponde um coeficiente expresso em 
percentagem, que traduz a proporção da perda da capacidade de trabalho resultante 
da disfunção,  como  sequela  final da  lesão  inicial,  sendo a disfunção  total,  designada 
como incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho, expressa pela 
unidade. 
Os  coeficientes  ou  intervalos  de  variação  correspondem  a  percentagens  de 
desvalorização, que constituem o elemento de base para o cálculo da incapacidade a 
atribuir. 
 
Decreto‐Lei  nº98/2009,  de  4  de  Setembro  ‐  “Regime  de  reparação  de  acidente  de 
trabalho e doenças profissionais” 
Artigo 1º Objecto da lei 
Regulamenta  o  regime  de  reparação  de  acidentes  de  trabalho  e  de doenças  profissionais, 
incluindo a reabilitação e reintegração profissionais, nos termos do artigo 284.ºdo Código do 
Trabalho, aprovado pela Lei n.º7/2009, de 12 de Fevereiro 
 
Artigo 8º Conceito 
 1 – É ACIDENTE DE TRABALHO aquele que se verifique no local e no tempode trabalho e 
produza  directa  ou  indirectamente  lesão  corporal,  perturbação  funcional  ou  doença  de  que 
resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.  
 
 
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Artigo 9.º Extensão do conceito 
1 — Considera‐se também acidente de trabalho o ocorrido: 
a) No trajecto de  ida para o  local de trabalho ou de regresso deste, nos termos referidos no 
número seguinte; 
b)  Na  execução  de  serviços  espontaneamente  prestados  e  de  que  possa  resultar  proveito 
económico para o empregador; 
c)  No  local  de  trabalho  e  fora  deste,  quando  no  exercício  do  direito  de  reunião  ou  de 
actividade de representante dos trabalhadores, nos termos previstos no Código do Trabalho; 
d) No local de trabalho, quando em frequência de curso de formação profissional ou, fora do 
local de trabalho, quando exista autorização expressa do empregador para tal frequência; 
e)  No  local  de  pagamento  da  retribuição,  enquanto  o  trabalhador  aí  permanecer  para  tal 
efeito; 
f) No local onde o trabalhador deva receber qualquer forma de assistência ou tratamento em 
virtude de anterior acidente e enquanto aí permanecer para esse efeito; 
g) Em actividade de procura de emprego durante o crédito de horas para tal concedido por lei 
aos trabalhadores com processo de cessação do contrato de trabalho em curso; 
h)  Fora  do  local  ou  tempo  de  trabalho,  quando  verificado  na  execução  de  serviços 
determinados pelo empregador ou por ele consentidos. 
2 — A alínea a) do número anterior compreende o acidente de trabalho que se verifique nos 
trajectos  normalmente  utilizados  e  durante  o  período  de  tempo  habitualmente  gasto  pelo 
trabalhador: 
a) Entre qualquer dos seus locais de trabalho, no caso de ter mais de um emprego; 
b) Entre a sua residência habitual ou ocasional e as instalações que constituem o seu local de 
trabalho; 
3 — Não deixa de se considerar acidente de trabalho o que ocorrer quando o trajecto normal 
tenha  sofrido  interrupções  ou  desvios  determinados  pela  satisfação  de  necessidades 
atendíveis do trabalhador, bem como por motivo de força maior ou por caso fortuito. 
 
Artigo 10.º Prova da origem da lesão 
1 — A  lesão  constatada no  local  e no  tempo de  trabalho ou nas  circunstâncias previstas no 
artigo anterior presume‐se consequência de acidente de trabalho. 
2  —  Se  a  lesão  não  tiver  manifestação  imediatamente  a  seguir  ao  acidente,  compete  ao 
sinistrado ou aos beneficiários legais provar que foi consequência dele. 
 
Artigo 11.º Predisposição patológica e incapacidade 
1 — A predisposição patológica do  sinistrado num acidente não exclui o direito à  reparação 
integral, salvo quando tiver sido ocultada. 
2 — Quando  a  lesão  ou  doença  consecutiva  ao  acidente  for  agravada  por  lesão  ou  doença 
anterior,  ou  quando  esta  for  agravada  pelo  acidente,  a  incapacidade  avaliar  ‐se  ‐á  como  se 
tudo  dele  resultasse,  a  não  ser  que  pela  lesão  ou  doença  anterior  o  sinistrado  já  esteja  a 
receber pensão ou tenha recebido um capital de remição nos termos da presente lei. 
3 — No caso de o sinistrado estar afectado de incapacidade permanente anterior ao acidente, 
a reparação é apenas a correspondente à diferença entre a incapacidade anterior e a que for 
calculada como se tudo fosse imputado ao acidente. 
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4 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, quando do acidente resulte a inutilização 
ou danificação das ajudas técnicas de que o sinistrado já era portador, o mesmo tem direito à 
sua reparação ou substituição. 
5  —  Confere  também  direito  à  reparação  a  lesão  ou  doença  que  se  manifeste  durante  o 
tratamento  subsequente  a  um  acidente  de  trabalho  e  que  seja  consequência  de  tal 
tratamento. 
 
Artigo 19.º Natureza da incapacidade 
1 — O acidente de trabalho pode determinar incapacidade temporária ou permanente para o 
trabalho. 
2 — A incapacidade temporária pode ser parcial ou absoluta. 
3  —  A  incapacidade  permanente  pode  ser  parcial,  absoluta  para  o  trabalho  habitual  ou 
absoluta para todo e qualquer trabalho. 
Resumo: Incapacidade temporária 
Parcial (ITP) 
Absoluta (ITA) 
Incapacidade permanente 
Parcial (IPP) 
Absoluta para o trabalho habitual (IPATH) 
Absoluta para todo e qualquer trabalho 
 
Artigo 20.º Determinação da incapacidade 
A  determinação  da  incapacidade  é  efectuada  de  acordo  com  a  tabela  nacional  de 
incapacidades por acidentes de trabalho e doenças profissionais, elaborada e actualizada por 
uma comissão nacional, cuja composição, competência e modo de funcionamento são fixados 
em diploma próprio. 
 
Decreto‐Lei nº 100/97, de 13 de Setembro “DOENÇAS PROFISSIONAIS” 
São  as  doenças  incluídas  na  Lista  das  Doenças  Profissionais  de  que  esteja  afectado  um 
trabalhador  que  tenha  estado  exposto  ao  respectivo  risco  pela  natureza  da  actividade  ou 
condições, ambiente e técnicas do trabalho habitual. 
E  ainda,  para  efeitos  de  reparação,  a  lesão  corporal,  perturbação  funcional  ou  doença  não 
incluída  na  Lista,  desde  que  se  prove  ser  consequência  necessária  e  directa  da  actividade 
exercida e não represente normal desgaste do organismo 
O Decreto‐Lei nº98/2009, de 4 de Setembro que contem o “Regime de reparação de acidente 
de trabalho e doenças profissionais” faz a mesma definição de doenças profissionais, não sei o 
porque de usar o nº100/97 
 
Decreto‐Regulamentar  nº  6/2001,  de  5  de  Maio  “Índice  codificado  de  doenças 
profissionais” 
Aprova a lista das doenças profissionais e o respectivo índice codificado 
1 – D. provocadas por agentes químicos 
2 – D. aparelho respiratório 
3 – D. cutâneas 
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4 – D. provocadas por agentes físicos 
5 – D. infecciosas e parasitárias 
6 – Tumores 
7 – Manifestações alérgicas das mucosas 
 
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Perguntas padrão exame 
Crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual 
 
a) Conduta/procedimento do médico perante vítima abusada sexualmente? 
ou 
  Existindo razões para admitir a veracidade do relato, quais as medidas que deverão 
ser tomadas? 
ou 
  Que atitude médico‐legal tomar? 
O médico (SU ou MGF) perante uma alegada vítima de agressão sexual deve: 
 
1. ABORDAGEM INICIAL 
A. Avaliar a estado de consciência da vítima e a necessidade de cuidados médicos urgentes: 
a) Se a vítima está inconsciente e/ou se necessita de cuidados médicos urgentes, 
providenciar a intervenção terapêutica adequada que, neste caso, tem prioridade sobre 
o exame médico legal. Neste processo, evitar destruição/contaminação de possíveis 
vestígios, recolher todos os vestígios possíveis e registar detalhadamente as observações 
efectuadas.  
b) Se a vítima está consciente e não necessidade de cuidados médicos urgentes, seguir 
o resto do procedimento descrito.  
B. Tranquilizar e transmitir confiança à vítima 
C. Não emitir juízos de valor 
D. Garantir a segurança da vítima 
2. COLHEITA DE INFORMAÇÃO – através de Informação externa e Entrevista clínica. A entrevista 
pode ser gravada para uso futuro diminuindo a vitimização secundária. Deve conter: 
A. Pedir o consentimento informado 
B. Realizar num local calmo e reservado 
C. Realizar, se possível, na presença de outro perito ou técnico de saúde 
D. História do evento (data, hora, local e contexto da ocorrência – familiar ou extra familiar, 
idade da vítima e do suspeitoagressor, tipo de agressão, tempo decorrido desde agressão). 
No caso de a vítima ser uma criança pode usar‐se como auxilio um boneco para que esta 
possa apontar. No caso de a vítima ser uma adolescente registar o que pode alterar a idade 
aparente (maquilhagem, roupa). 
E. Estado geral e comportamento (cognitivo e emocional) 
F. Antecedentes Pessoais (detalhes da história ginecológica da vitima)  
G. Antecedentes Familiares (caracterizar o cuidador e o contexto familiar) 
 
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3. EXAME FÍSICO COMPLETO/EXAME DO ESTADO ACTUAL – depende do tempo que decorreu 
desde a agressão: 
A. Se <72h – Pedir o apoio do especialista em medicina legal em serviço de escala de 24h, 
garantindo a preservação de vestígios.  O médico‐legista realizará o exame pericial com 
recolha de vestígios/amostras biológicas. Se não dispuser deste apoio proceder ao exame 
objectivo e recolher as vestígios/amostras biológicas.  
B. Se >72h – Como a possibilidade de preservação de eventuais vestígios biológicos é 
reduzida, deve‐se encaminhar a vítima para os serviços médico‐legais depois de lhe explicar 
as vantagens deste procedimento (redução da vitimização secundária).  Os SML procedem 
à recolha de vestígios/amostras biológicas.  
 
Procedimento no exame físico completo/exame pericial de natureza sexual: 
Usar vestuário de protecção para evitar a contaminação das amostras 
Explicar todos os passos cuidadosamente à vitima  
Recolha da roupa 
Deve iniciar‐se longe da área genital (cabeça, tronco, membros, pescoço, tórax, área genital e 
anal) 
Caracterizar lesões encontradas (anotar/registar e fotografar se possível) 
Pesquisar a presença de fracturas  
Recolher  amostras  (unhas,  cabelos  e  pêlos,  esfraço  genital,  exsudado  vaginal,  sangue,  urina) 
para recipientes próprios (sacos de papel, zaragatoas secas para áreas húmidas e húmidas para 
áreas secas), rotulá‐los e garantir cadeia de custódia  
Em caso de necessidade proceder a exames imagiológicos 
 
4. MEDIDAS TERAPÊUTICAS E PROFILÁTICAS – Tratamento das lesões,  profilaxia da gravidez e 
infecções sexualmente transmissíveis  
5. SINALIZAÇÃO E ENCAMINHAMENTO DA VÍTIMA PARA CUIDADOS DIFERENCIADOS – Serviço 
médico‐legal, psicólogo, serviço social 
Se consciente a vítima pode decidir ou não apresentar queixa.  
Caso a vítima não decida apresentar queixa o médico deve sinalizar às entidades competentes. 
Caso a vítima seja menor de 14 anos, estamos perante um crime público logo o médico tem que 
denunciar ao ministério público. 
Para além disso, o médico deve encaminhar a vítima os serviços de protecção (segurança social, 
ONG) e psicólogo.  
6. CONSULTAS DE SEGUIMENTO ‐ follow up às 2 semanas, 3 e 6 meses 
 
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Ana Messias | Sofia Monteiro 
b) Vítima abusada sexualmente. Poderá tratar‐se de um caso de urgência médico‐legal? 
Em caso afirmativo, justifique e diga quais os procedimentos a adoptar? 
ou 
Quais as condições que podem justificar a necessidade da realização de um exame 
pericial de urgência 
Trata‐se de um caso de urgência médico‐legal se a história de agressão sexual ocorreu nas últimas 
72 horas, porque ainda há possibilidade de recolher vestígios/amostras biológicas que constituirão 
a prova pericial.  
Os procedimentos a adoptar Pedir o apoio do especialista em medicina legal em serviço de escala 
de  24h,  garantindo  a  preservação  de  vestígios.  O médico‐legista  realizará  o  exame  pericial  com 
recolha de vestígios/amostras biológicas. Se não dispuser deste apoio proceder ao exame objectivo 
e recolher os vestígios/as amostras biológicas.  
 
c) Qual a conduta a observar pelo médico de família? 
  Se o MF se depara com a vítima no SU, segue o procedimento geral (descrito na resposta a)).  
  Na sua actividade o MF tem uma posição privilegiada porque: 
‐ faz um acompanhamento regular e continuado 
‐tem uma abordagem integrada e centrada na pessoa e na família  
‐tem uma actuação abrangente  
  o que lhes permite 
‐reconhecer precocemente as situações de risco 
‐reconhecer as situações “mascaradas” 
‐identificar e orientar indivíduos potencialmente agressores 
  para o conseguir, a sua conduta deve passar por 
‐acções de prevenção primária (acções de educação para a saúde, alertar os utentes para os efeitos 
‐da transmissão de violência/agressão sexual entre as várias gerações 
‐ser bom ouvinte 
‐estabelecer uma relação médico doente empática 
‐não se sentir incomodado com a abordagem do tema 
‐ não ter receio das consequências legais do processo 
 
d) Quais  os  elementos  clínicos  mais  importantes  para  o  esclarecimento  clínico  da 
situação? 
Tudo  o  que  possa  constituir  a  prova  pericial:  informação  colhida  (na  entrevista  e  informação 
externa),  relatório  do  exame  físico  completo  (com  caracterização  de  todas  as  lesões)  e 
amostras/vestígios biológicos e resultado da sua análise.  
 
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Ana Messias | Sofia Monteiro 
e) O  diagnóstico  de  abuso  sexual  é  quase  constantemente  pacifica  e  isento  de 
implicações mais ou menos delicadas? Em caso negativo, quais são as implicações e a que 
nível se situam? 
Não  o  diagnóstico  não  é  pacífico  e  envolve  implicações  delicadas.  As  implicações  situam‐se  a 
diferentes níveis: 
A. Dificuldade de diagnóstico 
‐ Disparidade entre o relato da vítima e do acusado (o que exige o exame pericial) 
‐ O inquérito e a investigação policial deparam‐se com dificuldades que resultam tanto da escassez 
das provas quanto da inespecificidade de muitos dos elementos apurados 
‐  Podem  existir  situações  que  simulam  uma  agressão  sexual  (perturbações  dermatológicas, 
variações congénitas, alterações fisiológicas da maturidade, traumatismos acidentais, infecções não 
sexualmente transmitidas e cirurgias genito‐urinárias)  
‐  Todas  as  vítimas  requerem  uma  resposta  múltipla,  que  envolve  várias  instâncias  (policiais, 
médico‐legais, judiciais, sociais e sanitárias) 
B. Confirmado o diagnóstico as implicações legais que ele acarreta  
‐  O  facto  de  diagnóstico  de  abuso  sexual  constituir  matéria  de  direito  penal  com  todas  as 
consequências  que  isso  implica.  Perante  uma  vítima  menor  de  14  anos  o  médico  é  obrigado  a 
denunciar  às  autoridades  competentes  enquanto,  numa  maior  de  14  anos  está  dependente  da 
queixa desta mas tem sempre que sinalizar às autoridades competentes 
‐ Face ao artigo 242º Denúncia obrigatória do Código do Processo Penal, como funcionário público, 
o médico é obrigado à denúncia de crimes que tenha conhecimento na sua prática ou por causa 
desta o que pode criar conflito se estiver perante um maior de 14 anos que lhe peça sigilo. 
‐  Existem diferentes  crimes  contra a  liberdade e autodeterminação  sexual,  cada um com as  suas 
especificadas, dos quais resultam penas diferentes. Exemplos: 
 
CÓDIGO PENAL, Livro II, Título I 
Capítulo III “Dos crimes contra a integridade física” 
Secção I “Crimes contra a liberdade sexual” 
Artigo 163.º Coacção sexual 
Artigo 164.º Violação 
Secção II “Crimes contra a autodeterminação sexual” 
Artigo 171.º Abuso sexual de crianças  
Artigo 173.º Actos sexuais com adolescentes  
 
 
 
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Ana Messias | Sofia Monteiro 
f) Que tipo de amostras biológicas devem ser recolhidas e com que finalidade? 
Sangue 
Doseamento de Beta HCG 
Serologia: VHB, VIH, VHC 
VDRL/PRP 
Drogas de abuso, álcool 
Grupagem 
DNA 
Exsudado Vaginal 
Neisseria gonorrhea 
Chlamydia trachomatis 
Trichomonas vaginalis 
Possibilidade de identificação do agressor 
Urina 
Drogas de abuso 
Medicamentos 
Unhas 
Pêlos púbicos e cabelos 
Manchas de sangue, saliva, sémen, lama, plantas 
  Possibilidade de identificação do agressor  
 
g) Como pode o laboratório forense realizar a identificação biológica de um agressor? 
‐ Pesquisa

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