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Conservação pelo frio Universidade Federal de Lavras Departamento de Ciência dos Alimentos GCA 109 Princípios de Conservação de Alimentos Prof. Letícia Fernandes de Oliveira Histórico • Tempos primitivos: gelo natural era usado para a conservação de alimentos. • A partir do sec. 19: surgiu na Noruega um comércio de gelo. • 1878: As primeiras instalações de câmaras frigoríficas foram abertas em Chicago. • 1880: primeira remessa de carne congelada foi enviada da Argentina e Europa. • 1910: surgimento dos frigoríficos. • 1925: início do comércio de mercadorias congeladas para consumo em casa, nos EUA. • Atualmente: frio + outras técnicas de conservação = largamente utilizado. Entretanto, é considerado um processo caro devido a manutenção da cadeia de frio. Mercado Porque refrigerar? • Perdas nacionais aproximadas de frutas • Leite: a refrigeração na fonte de produção diminui consideravelmente as chances de acidificação, aumenta, por outro lado, as chances de crescimento de bactérias psicrotróficas. • Carnes: a refrigeração é necessária para minimizar alterações físicas e crescimento de microrganismos. • Frutas e vegetais: a etapa de refrigeração, minimiza a intensidade respiratória, a perda de peso por transpiração, a produção de etileno e o crescimento microbiológico. Refrigeração x Alimento Vantagens • Manutenção das características sensoriais • Conservação do valor nutritivo • Aumento da vida útil do produto Objetivos • Conservar, prolongando vida útil de prateleira • Exercer ação direta sobre os m.o. • Retardar ou anular ação das enzimas • Interromper os processos bioquímicos • Ação das enzimas • A velocidade das reações químicas e enzimáticas diminui ou aumenta em termos logarítmicos com a temperatura, segundo a lei de Arrhenieus. • Processos químicos • O efeito da temperatura na velocidade dos processos químicos pode ser descrito através do coeficiente de temperatura (Q10). Alimentos = 1,5 ≤ Q10 ≤ 2,5 (↑10°C = Kreação duplica) REFERENCIAL TEÓRICO Microorganismo • Crescimento dos microrganismos no alimento pode ser abrandada a T próximas ao pto de congelamento e inibida a T abaixo do ponto de congelamento (enzimas). Temperatura Grupo Mínima Ótima Máxima Mesófilos 5 - 15 30 - 45 35 – 47 Termófilos 40 - 45 55 - 75 60 – 90 Psicrófilos -5 - +5 12- 15 15 - 20 Psicrotróficos -5 - +5 25 - 30 30 - 35 Temperatura Atividade cessada 10°C Multiplicação de Staphylococcus 6,5°C Multiplicação de C. botulinum 5,2°C Multiplicação de Salmonella 3,3°C Produção de toxinas em C. botulinum, tipo E 0°C Risco devido a crescimento e atividade bactérias causadoras de intoxicação alimentares -8°C Multiplicação de bactérias -10°C Multiplicação de levedura -12°C Multiplicação de bolores -18°C Reação químicas (velocidade baixa, considerada nula) Microorganismo •T + baixa registrada: -34ºC (levedura cor-de-rosa) •T ≤ 0°C mais comum o crescimento de leveduras e mofos (baixa atividade de água) •Relatos de crescimento de bactérias a -20°C e -12°C. • Efeitos deletérios do congelamento sobre os mo. pode ser: • Injurias no microrganismo por choque térmico (frio); • Aumento da desidratação celular (transformação de fase líquido- sólido) e desidratação osmótica através da parede celular; • Aumento da concentração de solutos na matriz extracelular do produto para criar um ambiente desfavorável ao microrganismo; • Aumento da concentração de solutos com as células, criando um ambiente tóxico para o microrganismo; • Formação de gelo dentro das paredes celulares e impacto físico e mecânico nos microrganismos adjacentes; • Contração do volume da célula resultante da desidratação durante o congelamento. Condições a serem controladas Embalagem Fato 1: Abertura de 5 a 10% da lateral da embalagem Fato2: Manutenção da temperatura Indicação do tratamento do frio • Tipo, constituição e composição química do alimento; • Tempo requerido para sua conservação, sem que haja perdas do seu valor nutritivo, de seus caracteres sensoriais e diminuição de peso. Processos Pré-refrigeração Refrigeração Congelação Liofilização Pré-resfriamento • Definição: rápida retirada do calor do material antes do transporte, armazenamento ou processamento. Com rápida transferência de calor do produto para um meio refrigerante (ar, água ou gelo); • Formas: resfriamento por ar forçado, hidro-resfriamento, resfriamento a vácuo (ao evaporar, a água provoca o resfriamento do produto), o resfriamento com uso de gelo e ou de refrigerantes criogênicos (como o N2); • Tempo requerido: 30 segundos até 24 horas; • Vantagens: reduzir a atividade microbiana, as taxas respiratórias e a senescência em frutos, assim como a produção de etileno. Importância do pré-resfriamento Métodos de resfriamento Refrigeração • Definição: Diminuição de temperaturas compreendidas entre -1ºC e 10ºC. • Uso em combinação com outras operações unitárias: fermentação, pasteurização. • Quanto mais baixa a temperatura, mais lentamente ocorrerão as reações químicas, as ações enzimáticas e o crescimento microbiano. Todavia, os produtos possuem diferentes níveis de tolerância à baixa temperatura Refrigeração de alimentos frescos • Susceptível as transformações enzimáticas, microbiológicas e a respiração do produto. • Fatores que determinam a vida útil: • Tipo de alimento; • Condições de colheita; • Temperatura durante a colheita, armazenamento e transporte; • Umidade relativa do ambiente de armazenamento. Tabela – Condições ótimas de armazenamento para algumas frutas e hortalicias Fonte: ASHRAE HANDBOOK OF REFRIGERATION (1994) Produto T estocagem (°C) Abacate 4-13 Alface 0-1 Banana 13-14 Batata 3-4 Berinjela 7 Beterraba 0 Cenoura 0 Goiaba 5-10 Limão 10 Maça 0-3 Manga 10-13 Mamão 7 Melão 7-10 Morango (-1,5)-0 Pepino 7 Repolho 0 Tomate 7-12 Uva (-1)-0 Cadeia de frios • Resfriar o produto desde a colheita e mantê-lo acondicionado ao longo de toda a sequência até o consumo final Quebra da cadeia de frio • Pesquisa nos Estados Unidos: 23% das causas do surto foram devido ao resfriamento inadequado; 27% ao consumo de sobras de alimentos ou alimentos vencidos; • Crescimento dos microrganismos no alimento pode ser abrandada a T próximas ao pto de congelamento e inibida a T abaixo do ponto de congelamento (enzimas). Congelação Definição: – É o tratamento de frio destinado aos alimentos que necessitam maior período de conservação. – Utiliza temperaturas entre -10 e -18 graus Celsius. • Compreensão microscópica do processo: Tipos de congelamento Problemas causados pelo congelamento Liofilização • Definição: Desidratar uma solução congelada, impedindo seu descongelamento, enquanto se processa a evaporação; desse modo, a solução reduzida à massa gelada, “sublima” o próprio solvente e se transforma diretamente em substância seca. • A umidade é removida do estado sólido diretamente para o estado vapor (sublimação); • A água sublimada é retirada da câmara de vácuo por bombas de vácuo ou ejetores de vapor. O calor de sublimação é suprido por condução ou radiação; Diagramas de fase para a água e representação do processo de congelamento A-B, de vácuo B-C e de sublimação C-D. Sublimação: Ocorreapenas em condições abaixo do ponto triplo da água (0,0060 atm e 0,01 C) Vantagens • Estrutura original do alimento é mantida mais próxima do produto in natura; • Execelente retenção de flavor; • Secagem a baixas temperaturas provoca menores danos (estrutura, textura, aparência e/ou flavor); • Não favorecer a maioria dos processos degradativos (escurecimento enzimático, deteriorações de proteínas e reações enzimáticas). Desvantagens • Elevado custo (o dobro de secadores de esteira a vácuo e aproximadamente cinco vezes o de produtos obtidos por spray drier). • Aplicação restrita a produtos de elevado valor, alta qualidade, itens do tipo gourmet e especialmente para produtos sensíveis ao calor e de baixo peso. • Exemplos: café instantâneo e preparações de enzimas ativas (ex: cultura de queijos), uma vez que o calor inativa estas enzimas e a liofilização mantém sua atividade original. Etapas da liofilização 1) congelamento do produto; 2) secagem do produto por sublimação do gelo sob condições de pressão reduzida. -estágios de secagem primário (água removida por sublimação) - estágio de secagem secundário (vaporização das moléculas da água contidas na fase líquida não congelada). 1) Congelamento do produto • Objetivo: formação de muitos cristais de gelo pequenos → técnica de congelamento rápido, para produzir uma estrutura porosa fina nos alimentos 2) Secagem primária • Abaixamento da pressão para permitir a sublimação do gelo • Valores de pressões da ordem de 1 a 2 mm Hg são necessários na liofilização de alimentos Secagem secundária Alimento Temperatura de colapso ( C) Alimento Temperatura de colapso ( C) Sucos de frutas -37 a –43 Batata -12 Morango -35 a –41 Sorvete -31 a –33 Maçã -41 a –42 Queijo Cheddar -24 Tomate -41 Peixe -6 a –12 Bife -12 • Calor é continuamente adicionado, mas a uma taxa mais lenta, uma vez que a perda de umidade ocorre por difusão das moléculas de água para fora matriz liofilizada; • Calor é fornecido, em geral, no fundo do alimento por condução e no topo do alimento por radiação. A superfície do produto entra no estágio de secagem secundário, enquanto no centro do alimento ainda ocorre a sublimação do gelo do estágio primário de secagem; • Necessários cuidados para não atingir a T de colapso.
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