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Anotações sobre Direito insurgente Miguel Lanzellotti Baldéz.

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Universidade Federal da Bahia
Tauana Marques.
Anotações sobre Direito insurgente.
Miguel Lanzellotti Baldéz.
O uso alternativo do direito (direito alternativo) evidencia a prática de funcionários progressistas do poder judiciário e surge como uma forma de resistência ao cenário de exclusão das comunidades oprimidas e marginalizadas pelo direito oficial do Estado. O direito insurgente é o conceito mais amplo desse uso alternativo, cuja motivação se da na luta concreta da classe trabalhadora e na critica estrutural da sociedade capitalista, rompendo ideologicamente com a visão classicista de que o direito é o mesmo para todas as épocas e lugares, devendo ser aplicado sem nenhum tipo de analise sociocultural.
O direito burguês através da abstração e unificação das desigualdades e com seus mecanismos políticos e jurídicos de dispersão (violência ou trivialização) concebeu a norma um suposto caráter universal e generalizado, garantido assim o afastamento das contradições sociais e acumulação a fim de reproduzir e ampliar o capital, tornando-se o instrumento mais eficaz para conter as lutas sociais. 
Sujeito, propriedade privada e contrato sustentam o direito criado pelo modo de produção capitalista, sendo então os fundamentos jurídicos do capital, que o sustentar uma igualdade teórica sustenta a exclui a riqueza factual das esferas marginalizadas. E através de lutas e ações legitimas, como a elaboração de um âmbito constitucional e legal contra hegemônico, releitura dos textos legais, empoderamento das relações internas, confronto direto levam os subalternizados a construir novos direitos. 
Países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil, são marcados pela dualidade estrutural em que uma minoria dominante concentra os recursos econômicos, políticos e culturais, enquanto uma maioria subalternizada encontra-se excluída dos recursos, cabendo a classe trabalhadora tudo produzir e quase nada possuir. Pensar em direitos de classe é buscar transformações sociais e não há como desassocia-las dos propósitos socialistas. Ao desenvolver Marx na perspectiva do direito insurgente, entende-se que o mesmo é inerente as lutas concretas da classe trabalhadora, podendo repercutir sobre ações legislativa, executiva e judiciária.
A constituição de 1988 integrou na sua estrutura formal o sentido democrático e social do Estado, direitos individuais e sociais coletivos, aproximou o concreto das ações populares, criou condições para a atuação de representações comunitárias no executivo, emenda popular de reforma urbana, o poder judiciário passa a submeter suas decisões aos direitos concretos da classe trabalhadora. Apesar de tais absorções em seu corpo institucional serem fruto das conquistas legais dos movimentos populares, há um descompasso na prática, onde o poder burguês ainda se estabelece com força a fim de esvaziar ou ate mesmo barrar a prestação efetiva desses direito, evidenciando que o caminho para emancipação ainda é longo e será através de lutas concretas dos trabalhadores ou não será.
O direito alternativo rompe com saber positivista, que se estabelece como a expressão da vontade de uma classe dominante, realocando o jurídico e o direito a serviço da emancipação das classes marginalizadas, indo assim contra a ordem hegemônica e burguesa.

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