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RESUMO (15/08 SISTEMAS CONSTITUCIONAIS- Sistema de matriz inglesa). História constitucional inglesa e norte-americana: do surgimento à estabilização da forma constitucional, de PAIXÃO, Cristiano; BIGLIAZZI, Renato. História constitucional inglesa e norte-americana: do surgimento à estabilização da forma constitucional. Capítulo 1. p. 19-90. CAPÍTULO 1 – O SURGIMENTO DO CONTEÚDO CONSTITUCIONAL NA INGLATERRA O autor salienta que a conexão entre a história política inglesa, o common law e o surgimento das constituições modernas está em vasta literatura. Havia, no séc. XVII, uma crise social e política, está se consolidando uma diferenciação social, o common law toma importância como prática político-jurídica. O common law nasce associado a Conquista Normanda em 1066, neste período a atual Inglaterra não tinha uma unidade. Após a queda do Império Romano do Ocidente, a região se dividiu em pequenos reinos. Houveram tentativas esparsas de unificação sem sucesso, a regra era a dispersão política e manutenção dos vínculos locais. No séc. IX esse quadro se altera com a invasão dos Vikings, que ficam no poder por alguns reinados, porém ao chega a haver uma unificação como estado. Em 1066, Guilherme, um normando, chega ao trono. Ele vai unificar a Inglaterra. A organização social do Ocidente medieval - A Primeira Idade Média (séc IV/séc VIII) Após a queda do Império Romano do Ocidente a Europa de fragmentou, formando reinos germânicos, como os ostrogodos, os visigodos, os burgúndios, os suevos, os lombardos e os francos. A cultura resultante disso é uma mistura da civilização clássica, do cristianismo e da cultura germânica. Este período é marcado pela instabilidade econômica e política. - A Segunda Idade Média (séc VIII/séc X) Os francos se destacam entre os demais povos, lideram e unificam a Europa central, ladeados pelos mouros e pelos bizantinos. A dinastia carolíngia tenta recuperar a magnitude da cultura romana e Carlos Magno é coroado imperador pelo Papa. Se inicia um processo de descentralização do poder em vários condados liderados por aristocratas locais, fragmentando o poder do rei. O império carolíngio acaba junto com a tentativa de resgatar os valores romanos. - A Terceira Idade Média (séc XI/séc XIII) Consolida-se o Feudalismo com a descentralização do poder real, tendo como figura central o pacto de vassalagem. O direito neste período era somente os costumes locais. A invenção da common law e a importância da Magna Carta na história constitucional inglesa. Quando Guilherme I (normando) chegou ao poder, ele tratou de consolidar o reino inglês, criando um aparato administrativo, coletando dados sobre a população e os recursos naturais, registrando a situação fundiária para fins de tributação e dar segurança sobre a propriedade da terra. Os normando instituíram a mentalidade e a prática feudal e o poder distribuído entre o senhores feudais. Com o Renascimento e o declínio de feudalismo, surge o conflitos entre os senhores feudais e o poder real. Foi neste período que o então rei Henrique II judicializou esses conflitos, sendo julgados por tribunais criados pelo próprio monarca. Isso significou a diminuição dos poderes dos tribunais locais de cada feudo e o aumento do poder dos tribunais reias. Esses tribunais reconheciam o costume e ordenavam que fosse obedecido. Essas decisões (writs) passaram a criar o direito. Essa relação costume- precedente criou o common law. Ainda no séc. XII foram publicadas as primeiras compilações das decisões para casos futuros. Com o aumento populacional europeu, o direito feudal ficou obsoleto e ineficaz. A solução foi o resgate do direito romano, através da síntese de Justiniano. Então na Inglaterra surgia o common law enquanto no restante da Europa surgia o civil law através da releitura do corpus juris civilis. Duas construções distintas surgidas de um desafio semelhante. Enquanto o civil law representou a separação de direito e de costume o common law foz o contrário. No séc. XIII, a Inglaterra estava unificada, mas a guerra civil. Como resultado desta guerra entre o rei e os barões surge a Magna Carta LIbertum, que não era uma constituição, era uma carta de compromisso entre o rei e os barões, impondo, reciprocamente, direitos e obrigações. De inovador e relevante, a carta traz um limitação do poder real,mas ela nada falava sobre liberdades individuais. Era uma releitura do contrato feudal e dos vínculos de fidelidade. Uma nova carta, as Provisões de Oxford, ainda no sec. XIII, dividia o governo entre o rei e o conselho de barões, aprofundando a limitação dos poderes reais. No séc. XIV, fica consolidado o parlamento bicameral. As tensões do período Tudor (1509-1603) Com a chegada dos Tudor ao poder, houve um aumento do monarca como chefe de governo e deu-se a ruptura coma igreja católica. Surgem bancos e taxas de cambia, pois a usura para os anglicanos não é pecado. Num intervalo de 100 anos teve de tudo; um governo absolutista, uma crise entre coroa e parlamento, um governo monárquico sem as câmaras, um novo parlamento que durou 3 semanas e outro de 20 anos, uma guerra entre coroa e parlamento, uma reconciliação entre eles, um novo conflito, a execução do monarca em praça pública, a república, a ditadura, a restauração da monarquia, um novo reinado absolutista, o aumento da tensão entre católicos e protestantes, a deposição de mais um rei, a vinda de outro do exterior, a proclamação da soberania do parlamento e, como fim da dinastia Stuart, a transmissão da linha sucessória para uma casa germânica. Ao longo do séc. XVII, o common law teve papel fundamental nas transformações políticas e sociais inglesas. Jaime I tinha uma visão mística da monarquia (direito divino dos reis) e queria passar isso aos lordes, aos comuns e aos juízes. Edward Coke foi o defensor da common law contra as ideís de Jaime I. Porém a common law estava desgatada, pois não tinha a plasticidade necessária pra acompanhar as mundanças sociais, econômicas e políticas do período, salientando o papel de destaque internacional que a Inglaterra passou a desempenhar, aproveitando-se de sua posição geográfica estratégica. A tendência ao esvaziamento da common law se fez notar, sendo cada vez mais utilizado outros meios de jurisdição. Destaque para o equity, que remontava do séc XIII, quando, no contexto feudal, possibilitava ao monarca intervir pelas liberdades dos súditos quando a common law tomasse uma decisão injusta. No séc. XVI, o equity foi recuperado para tratar de matérias relativas a pessoa do rei, onde as garantias processuais da common law eram deixadas de lado. Outra modalidade de foram os tribunais especiais, como os tribunais marcantis, marítimos e eclesiásticos, neste último onde o rei era o chefe da igreja anglicana. Com o anacronismo da common law, Coke buscou modernizar e sistematizar o direito inglês, adaptando a common law pra o momento vivido então. Ele afirma que o common law deve, através dos juízes, controlar o parlamento, e se as decisões parlamentares que contrariarem a common law, devem ser declaradas nulas. Isso ia de encontro direto ao direito divino dos reis. Para Coke, a Magna Carta é um documento fundamental, para as liberdades individuais e para o poder dos juízes. O rei não tem nenhuma prerrogativa, a não ser aquels que a lei diz que tem. A guerra civil e a revolta contra o julgo normando Carlos I, sucessor de Jaime I, também não dava a importância ao parlamento, a relação entre o rei e as casas era de mútua desconfiança. Em 1698, Carlos I se vê “forçado” a sancionar o Petition of Rights, resultado do teor dos debates parlamentares, que invocavam as ideias de constituição antiga e as liberdades previstas na Magna Carta. Logo após Carlos I dissolve o parlamento, governando sozinho por 11 anos,quando aplicou medidas impopulares mediante métodos arbitrários. A desconfiança recíproca entre rei e nobres cresce. O rei foi obrigado e reconvocar o parlamento, mas a relação era péssima, chegando à guerra. Carlos I foi julgado pelo parlamento e executado. Em 1660, Carlos II restaura a monarquia, e junto com ela, a constituição mista. O orgulho da Revolução Gloriosa e o Bill of Rights Durante os últimos reinados Stuart, duas facções do parlamento, os whigs e os tories era as reminiscências dos parlamentaristas e dos realistas. Os protestantes temiam, devido a proximidade do rei com a frança, a restauração do catolicismo. A prerrogativa real volta a ser invocada para justificar atos unilaterais do rei, assim como os tribunais de exceção. O rei foi perdendo o apoio dos conservadores. Devido ao temor da restaura;’ao do catolicismo, o parlamento chama Guilherme I da Holanda para assumir o trono e garantir a religião anglicana no trono, o rei teve que se comprometer com uma Declaração de Direitos, que definia o papel do rei e o do parlamento, o Bill of Rights, que consagra a soberania do parlamento, delimitando claramente os poderes do monarca e das casas.
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